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October 24, 2017
A Ideologia de Gênero sendo desmantelada pela feminista Camille Paglia
A feminista Camille Paglia, no programa Roda Viva Internacional, em 22/10/2015.
September 26, 2017
Mudanças no Culto
"Muitas
igrejas mudaram a natureza de elementos tradicionais do culto. Os dirigentes
leem textos muito mais curtos da Bíblia e passam muito menos tempo em oração. É
mais provável os sermões serem psicológicos em lugar de teológicos ou
expositivos. Como cuidar do estresse ou do tempo ou do dinheiro parece estar
entre as questões espirituais mais prementes da época. A Ceia do Senhor pode
ficar ou eliminada ou enfeitada de novidades cerimoniais e simbolismo.
Muitas igrejas
viram mudanças grandes na área da música. Dão muito mais tempo à música e fazem
uso de maior variedade de instrumentos e mais música especial, notadamente de
solistas e corais. O estilo da música também mudou em muitas igrejas. Música
clássica e os hinos tradicionais deram lugar a cânticos de louvor em estilos
que variam do rock ou pop ao country e sertanejo. Mais importante ainda, o
papel da música mudou para muitos. Enquanto que a música tradicional era parte
importante do diálogo entre Deus e seu povo, para muitos a música tornou-se a
alma do culto, até sendo chamada da parte de “Louvor e Adoração” do culto. A
música para alguns parece ter-se tornado um novo sacramento, transmitindo como
intermediário a presença e experiência de Deus, estabelecendo um elo místico
entre Deus e o adorador. Com os olhos fechados e as mãos no ar, os
participantes repetem frases simples que se tornam mantras cristãos.
Muitas
igrejas abandonaram a prática histórica de um ministro ordenado dirigir o
culto. Várias partes da liturgia são agora dirigidas por profissionais ou
membros da igreja. Em alguns lugares nenhuma parte do culto—nem sermão,
sacramentos, bênção—parece estar reservada para o ministro.
Há
igrejas que têm feito mudanças quanto ao horário do culto. Em muitos lugares o
culto de domingo à noite morreu. Mas sábado à noite apareceu como novo horário
de culto para os ocupados, que guardam o domingo para trabalho ou recreação. Algumas
igrejas dão muito maior atenção aos dias “santos” do ano eclesiástico. O Natal
recebe pelo menos um mês de preparação em muitas igrejas (bem como no
comércio). Mas, estranhamente, muitas vezes não se fazem cultos no próprio Dia
de Natal."
W.
Robert Godfrey, no livro “Reforma Hoje”, da Editora Cultura Cristã, p. 159
December 27, 2016
Sobre comidas e bebidas...
Quando eu tinha 9 anos de idade,
em 1981, o primeiro McDonald’s de São Paulo chegou na Avenida Paulista. Foi um
evento! Naquela época não havia muitas opções de restaurantes. Na verdade, ir a
um restaurante era algo apenas para quem tinha muito dinheiro. Não havia também
a enormidade de shoppings centers que hoje temos no país, com suas grandes
praças de alimentação. Em São Paulo, em 1981, só havia dois shoppings. Bebida
também era algo de pouca opção: Refrigerantes, tubaína, Tang e algumas poucas marcas
de sucos.
Trinta e poucos anos depois e o universo
de comidas e bebidas ficou imenso. Você entra em uma praça de alimentação e tem
todo tipo de opções, para todos os tipos de paladares e bolsos. Você vai a um
hipermercado e encontra todo tipo de bebidas: de refrigerantes a bebidas
lácteas, chás, bebidas energéticas, etc...
Os programas de televisão que
envolvem gastronomia fazem muito sucesso e alguns alimentos triplicam de preço
quando acompanhados do nome “gourmet”. Por exemplo, brigadeiro gourmet, pipoca
gourmet e até tapioca gourmet...
A grande pergunta é: Por que o
mercado de comida e bebida evoluiu tanto? A resposta não é difícil. Alguém já
disse que quando uma sociedade se afasta dos prazeres do espírito, o que restam
são os prazeres da carne... Desde a época do profeta Isaías (Is 22.13),
passando pelo tempo do apóstolo Paulo (1Co 15.32) e chegando aos nossos dias, o
lema prático da maioria das pessoas é “comamos e bebamos porque amanhã
morreremos” ou, em outras palavras, aproveitemos os prazeres da mesa e da cama
enquanto há tempo. Neste sentido, o pensamento existencialista de Kierkegaard,
Sartre, Camus e outros continua vivo. Embora as pesquisas apontem um brasileiro
que crê em Deus, na prática, a situação é bem outra. A maioria das pessoas usa
a ideia de Deus apenas para satisfazer ao verdadeiro ídolo, o próprio ego, com
todos os seus prazeres materiais.
Aos que se identificam como
discípulos de Cristo vai o alerta: Não viva como aqueles que não temem a Deus.
Não coloque a mesa e a cama antes do Reino de Deus. Busque os prazeres do
espírito antes que os prazeres da carne.
Em dias comemorativos, de festas, infelizes são aqueles que estão correndo para preparar as comidas e
as sobremesas especiais, mas não estão preocupados com o alimento espiritual.
Nestas épocas os shoppings, os restaurantes e as casas ficam cheios, mas, as igrejas,
vazias... Volta ao primeiro amor, povo de Deus, antes que seja tarde.
Que sigamos o nosso Mestre Jesus ao ponto de
dizer com ele: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou...”
(Jo 4.34).
December 12, 2016
12 conselhos para festas de crianças cristãs
Como
Deus nos deu a bênção de termos 3 filhos e, sendo pastor, a questão das festas
de aniversário já ocupou boa parte de nosso tempo e pensamentos. Posto abaixo
algumas conclusões que eu e minha esposa temos obtido no decorrer destes anos,
em forma de 12 conselhos:
1. Sempre
comemore o aniversário da sua criança. Não deixe passar em branco. Nem que seja
um bolinho feito em casa na presença apenas dos pais e dos irmãos. Reúna-se em
torno da mesa, ore ao Senhor, cante o parabéns e celebre o ano de vida. Tire
fotos para registrar o momento.
2. Não
ensine materialismo à sua criança. Se para você a coisa mais importante em um
aniversário é um buffet luxuoso, roupas impecáveis, a melhor comida e bons
presentes, sem querer você pode estar passando ao seu filho a ideia de que
coisas são mais importantes que pessoas e do que Deus.
3. Ensine
a humildade, não ostentação. As festas infantis de boa parte dos que não temem
a Deus são festas de ostentação. Os pais acabam usando o luxo das festas para
ostentarem sua condição financeira nas redes sociais. Lembre-se de que Deus nos
chama para uma vida de humildade na Sua presença.
4. Buffets
oferecem uma estrutura que deixa os pais sem preocupações quanto à comida,
entretenimento, etc, todavia, têm custos altos. Se você não tem dinheiro
sobrando, saiba que há opções mais baratas. Nos shoppings centers há espaços de
brinquedos, com pequenas salas de festas, que podem ser locados para
aniversários. O valor é acessível e as crianças desfrutam dos brinquedos. É
preciso, porém, atentar para a segurança, pois o local fica aberto para outras
pessoas estranhas à festa.
5. Outras
opções de festa possíveis são: 1. A escola da criança. Em algumas escolas é
possível combinar com a professora e organizar a festa no final de uma aula
para os amiguinhos da classe participarem. 2. O salão social da igreja. Algumas
igrejas têm salões sociais que comportam bem a festa. Converse com a liderança
da igreja sobre esta possibilidade. 3. O salão de festas do prédio. Se você
mora em apartamento sabe que, na maioria dos prédios, há um salão de festas. O
espaço não costuma ser grande, mas é possível organizar uma festa ali para
pessoas mais próximas. 4. Sua própria casa. No passado, quando não havia
buffets, essa era a principal opção. Reúna familiares e amigos em sua casa e
faça ali uma agradável festa.
6. Tenha
critérios com a decoração da festa de sua criança. Hoje vivemos em um mundo mau
e, infelizmente, alguns desenhos infantis são sensuais e outros exaltam as
obras das trevas por meio do terror. Analise bem os personagens que seu filho
tem apreciado.
7. Não
permita bebidas alcoólicas na festa da sua criança. A Bíblia não condena a
bebida, mas a embriaguez. Todavia, não faz sentido bebida alcoólica em uma
festa infantil. Afinal, que tipo de exemplo você quer deixar aos seus filhos?
8. A
quem você deve agradecer pela vida do seu filho ou filha? A Deus, sem dúvida. Então,
não realize a festa sem um momento de gratidão a Ele. Convide o seu pastor
para, antes do partir do bolo, ler e explicar um trecho da Palavra de Deus e
dirigir a todos em oração. Este será um momento de gratidão pela vida de sua
criança. Isso tem sido esquecido em muitos aniversários de famílias cristãs. Se
você é um dos esquecidos, conserte isso. Aliás, lembre-se de que esta é uma
excelente oportunidade para pregar o Evangelho aos convidados não-crentes da
festa.
9. Como
o aniversário de sua criança deve ser uma expressão de gratidão a Deus por mais
um ano de vida, troque a trilha sonora do aniversário por músicas mais saudáveis.
Hoje em dia há músicas boas, cristãs, que são bem mais apropriadas que algumas
trilhas que os buffets utilizam. Faça uma seleção e leve o pendrive ou cd à
festa.
10. Em
alguns buffets o momento de cantar o parabéns e partir o bolo é uma grande
bagunça conduzida pelos funcionários do salão de festas. Se você pretende ter
um momento de leitura da Palavra e oração, avise a liderança do buffet que este
momento será do seu jeito e não do deles.
11. Cuidado
com a exaltação humana. Na vida do cristão quem deve ser exaltado é Deus. Os
buffets têm algumas práticas que transformam a homenagem em exaltação
desnecessária e prejudicial ao ego da criança. Entradas triunfais, luzes,
discursos... fique atento a isso.
12. Nesta
sociedade materialista é um grande desafio convencer nossas crianças de que o
maior presente é a salvação que temos em Cristo, a presença de pessoas queridas
e não os brinquedos recebidos. Mas, semeie os valores corretos no coração da
sua criança. Como nos é ensinado em Deuteronômio 6, os valores de Deus devem
ser inculcados em nossos filhos durante todo o dia, naquilo que falamos e não
falamos. Invista nisso.
Os
conselhos acima podem ser facilmente adaptados às festas de aniversário de
adultos. Aliás, dia desses, eu tive uma grata surpresa: Fui convidado à festa
de aniversário de uma jovem senhora da igreja e, quando cheguei, perguntei ao
marido: “Posso dar uma palavra e orar na hora de partir o bolo?” Ao que o
marido me respondeu: “Pastor, eu já preparei uma pequena liturgia e uma palavra.
O sr. se importa?” “É claro que não”, respondi. O que se seguiu foi um precioso
momento de oração, cânticos de gratidão acompanhados por um violão, exposição
da Palavra e oração. Eu, feliz, comentei com a minha esposa: “Festa de crente é
outra coisa...”
Que
Deus nos abençoe para aplicarmos a nossa fé em Cristo em todos os momentos de
nossa vida, até nas festas. “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra
coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” 1 Coríntios 10.31
Na dúvida, Eu ou o Reino?
08 de Agosto de 1536. Ao anoitecer,
chega de viagem o jovem francês Jean Cauvin na cidade de Genebra, Suíça,
acompanhado de dois irmãos mais novos, Antoine e Marie. O seu plano era passar ali
uma noite e prosseguir viagem até a cidade de Estrasburgo. De temperamento
introspectivo e tímido, Calvino desejava um lugar calmo para estudar, escrever
livros, e oferecer um recomeço de vida aos seus dois irmãos mais novos.
Calvino é reconhecido por algumas
pessoas e a notícia de seu pernoite chega a Guilherme Farel, pregador do
Evangelho, homem que lutava para que a Reforma Protestante atingisse Genebra.
Farel rapidamente vai encontrar-se com Calvino e, na conversa, Farel mostra a ele
a necessidade de uma reforma em Genebra. Farel tenta convencer Calvino de que
ele é o homem certo para aquela obra. Calvino não aceita. Ele se considera
jovem demais, inexperiente, e tamanho trabalho estava fora de seus planos. Cansado
de argumentar em vão, Farel, dedo em riste, solta uma imprecação dizendo que
Deus poderia amaldiçoar o tempo livre e a paz para estudar que Calvino buscava
se ele lhe virasse as costas, recusando seu apoio e ajuda em uma situação de
tamanha necessidade como aquela. Calvino abala-se com as fortes palavras. Ele sente
que é o próprio Deus chamando-o para o serviço. Percebe que o Reino de Deus
deveria estar em primeiro lugar e não o seu descanso e tranquilidade.
Alguns anos mais tarde, ele
escreve “o bem-estar desta Igreja, é verdade, era algo tão íntimo de meu
coração, que por sua causa não hesitaria a oferecer minha própria vida; minha
timidez, não obstante, sugeriu-me muitas razões para escusar-me uma vez mais
de, voluntariamente, tomar sobre meus ombros um fardo tão pesado. Entretanto,
finalmente uma solene e conscienciosa consideração para com meu dever
prevaleceu e me fez consentir em voltar ao rebanho do qual fora separado.” (João
Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1, p. 42).
O patriarca Abraão deixou todo o
conforto de sua cidade, rumo ao incerto, quando atendeu ao chamado de Deus para
a obra. O mesmo fizeram os profetas e os apóstolos de Cristo. Entre o conforto
de suas casas, famílias e planos pessoais, optaram pelo serviço ao Reino de
Deus.
Os tempos mudam, mas Deus
continua chamando seus filhos ao trabalho. A Sua Igreja necessita de pessoas
para trabalharem nas sociedades internas, na Escola Dominical e na
evangelização. Assim, quando você for nomeado ou eleito para algum serviço no
Reino de Deus, não vire as costas diante da necessidade. Entenda que é Deus
quem nos chama. As nomeações do Conselho ou os votos dos crentes são apenas os
instrumentos que Deus usa para efetivar seu chamado individual.
É triste pensar que alguns
crentes não atendem ao chamado de Deus alegando cansaço e falta de tempo, mas,
se lhes fossem oferecidos mil reais mensais para fazer este serviço o cansaço
sumiria e o tempo apareceria. Quem merece mais atenção de nossa parte: Deus ou
o dinheiro?
Na dúvida, entre os seus planos e o chamado de Deus, fique com o chamado. Buscai primeiro o reino de Deus.
October 27, 2016
Liberais parasitas
Ontem, ao retornar do trabalho, minha esposa me chamou para
mostrar uma das árvores do quintal ̶ um pé de orvalha, fruta pouco conhecida.
A árvore estava tomada por trepadeiras sugando suas forças e apodrecendo alguns
galhos. Resolvi cuidar da árvore e passei ali mais de uma hora retirando as
trepadeiras parasitas.
Enquanto retirava cuidadosamente as plantas daninhas da árvore me lembrava das aulas de Teologia Bíblica, quando aprendíamos sobre o
reino parasita de Satanás. A ideia de que Satanás não tem um reino próprio, mas
se estabelece no Reino de Deus como parasita, usufruindo da criação do Senhor.
Me lembrei também dos parasitas que existem nas igrejas.
Pastores que entraram no ministério sagrado por interesses baixos, visando dinheiro, status, fama, poder. A motivação para alguém ingressar no ministério sagrado
deveria ser, sempre, evangelizar pessoas, ajudar os carentes, cuidar de gente, contribuir para o avanço do Reino de Deus, mas, infelizmente, alguns hoje estão querendo ser pastores pelos motivos errados.
Ao retirar as dezenas de raízes sugadoras, emaranhadas no tronco e enroladas nos galhos eu me lembrei de homens que ocupam postos
importantes na Igreja, mas que trabalham contra os princípios da Igreja. Dia
desses um colega me contou que um destes declarou a plenos pulmões em um evento: “Eu odeio os puritanos!” Enquanto meu colega contava o
ocorrido eu pensava “Que ignorância”. Não sabe este pastor que nossa Igreja foi
fundada por puritanos? Não percebe ele que os padrões confessionais de nossa
Igreja, os Símbolos de Fé de Westminster, foram produzidos pelo que havia de melhor do puritanismo da época? Não atina ele para o fato de que “odiar os puritanos” é rejeitar a
própria história?
Estes, afinal, são os parasitas eclesiásticos. Fazem o curso do Seminário financiados
pela Igreja. São acolhidos e sustentados pela Igreja. Recebem a honra de serem
identificados como pastores da Igreja, mas trabalham contra a Igreja. Pregam
contra a doutrina da Igreja e criticam a história da Igreja. No momento da
ordenação pastoral juram lealdade às doutrinas da Igreja, mas, passado pouco tempo, quebram o juramento solene.
Retiram da árvore os nutrientes, sugam tudo o que podem, mas não para o bem da árvore, e sim para o bem do estômago e do próprio ego. Sobre estes foi que Paulo nos alertou: “Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos” (Rm 16.17,18).
Depois de muito trabalho e cuidado eu consegui
extirpar da árvore a trepadeira parasitária. Valeu a pena ver novamente o tronco e os
galhos da árvore e saber que agora ela poderá retomar o crescimento e gerar
novos frutos. Minha esperança e oração é que a Igreja de Cristo se veja livre dos
parasitas! Só assim, com unidade de pensamento e propósito (1Co 1.10) poderemos
crescer e gerar frutos. Que Deus cuide desta árvore.
September 24, 2016
10 motivos para crianças cultuarem junto com os pais
Na igreja em que pastoreio os professores da Escola Dominical
realizam campanhas para os alunos terem frequência na ED, trazerem bíblias,
visitantes, etc. Um dos elementos da campanha é a participação dos alunos no
culto e a anotação do sermão. Desta forma, eu tenho a grata satisfação de, como
pastor, olhar do púlpito e ver crianças e adolescentes prestando atenção máxima
no sermão, fazendo anotações. Tem sido uma bênção preciosa ter as crianças e os
adolescentes cultuando junto com os pais e recebendo o sermão com atenção.
Pensando nisso, resolvi colocar no papel alguns dos motivos que são importantes
para mantermos as crianças em todo o período do culto adorando ao Senhor junto
com os seus pais.
1°. Crianças aprendendo o que é culto e como cultuar a Deus
de forma reverente, não lúdica.
2°. Crianças sendo instruídas sobre o sentido de corpo, de
adoração comunitária, adorando com os pais e os outros irmãos do Corpo de
Cristo.
3°. Crianças descobrindo, pela simples observação dos
adultos, algumas emoções importantes e pouco encontradas em outros ambientes
como reverência, alegria, contrição, arrependimento, exortação, consolo...
4°. Pastores pregando mensagens com linguagem mais simples e
aplicações direcionadas também para crianças e adolescentes.
5°. Pais treinando os filhos para o culto, durante a semana,
por meio do culto doméstico diário.
6°. Pais ensinando seus filhos a permanecerem em silêncio em
ambientes que o requerem, como o culto.
7°. Pais continuando o ensino do sermão em casa, verificando
se os filhos entenderam a mensagem, resolvendo dúvidas, e aplicando o ensino
mais diretamente na vida do filho.
8°. Adultos sendo menos egoístas, aprendendo a suportar
algum eventual barulho infantil.
9°. Adultos “adotando” crianças no culto, isto é, trazendo
para seu banco crianças cujos pais não são crentes, para que elas não fiquem
sozinhas;
10°. Pastores com a consciência tranquila em cumprir exatamente
o prescrito na Palavra: Família da Aliança em adoração conjunta.
Por estes motivos tenho incentivado meus colegas pastores a
deixarem as crianças no culto, não apenas no domingo da Ceia, mas em todos os
domingos. A recomendação do Pastor John Piper, neste sentido, é eloquente: "Você
quer que eles aprendam o que é um culto autêntico. A adoração autêntica,
verdadeira é a coisa mais valiosa na experiência humana. Pense nisso. O efeito
acumulativo de 650 cultos com a mãe e o pai em uma autêntica comunhão com Deus
e o seu povo com seus filhos de 4 à 17 anos de idade não tem preço. Isto é incalculável!"
August 26, 2016
3 Razões para o Cristão ser Absolutamente Contrário ao Aborto
Estima-se que mais de 50 milhões de abortos são
realizados no mundo, por ano. Isso é mais de 8 vezes o número de judeus que
morreram no holocausto nazista, que foi de 6 milhões. O genocídio nazista foi
uma mancha na história da humanidade, sem dúvida. Mas o que dizer do
assassinato de milhões de crianças indefesas? Mais: o que dizer de cristãos que
se dizem discípulos de Jesus e fazem apologia do aborto? Para responder estas
questões exponho abaixo 3 motivos pelos quais o cristão deve ser radicalmente
contrário ao aborto:
1º A Sacralidade da Vida
A vida humana é sagrada. Não pertence a nós,
pertence ao Criador. Deus fez homem e mulher de modo singular, diferente do
restante da criação. Primeiro, soprando em suas narinas o fôlego da vida (Gn
2.7). Nenhum animal teve este privilégio. Segundo, colocando toda a criação
debaixo do domínio do homem: Tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as
aves dos céus, etc (Gn 2.26). Terceiro, criando homem e mulher à sua própria
imagem e semelhança (Gn 1.26,27). Os animais foram criados “segundo a sua
espécie”, todos de uma só vez. Já o ser humano foi uma criação única, à imagem
e semelhança do Criador. No momento da criação do homem a Trindade se reúne e
delibera (no plural): Façamos o homem à nossa imagem. Veja os textos abaixo. Eu
grifei as expressões que dignificam e sacralizam a vida humana.
“Também disse Deus:
Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança; tenha
ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais
domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela
terra. Criou Deus, pois, o homem à sua
imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” Gênesis 1.26,27
“Este é o livro da
genealogia de Adão. No dia em que Deus
criou o homem, à semelhança de Deus o fez; homem e mulher os criou, e os
abençoou, e lhes chamou pelo nome de Adão, no dia em que foram criados.”
Gênesis 5.1,2
“Se alguém derramar o
sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem.” Gênesis 9.6
“... que é o homem,
que dele te lembres E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no
entanto, por um pouco, menor do que Deus e
de glória e de honra o coroaste.” Salmo 8.4,5
“... o homem não deve
cobrir a cabeça, por ser ele imagem e
glória de Deus” 1 Coríntios 11.7
“Com ela, bendizemos
ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.” Tiago 3.9
Repare em Gênesis 9.6 o motivo pelo qual nós
não podemos tirar a vida de alguém: “porque Deus fez o homem segundo a sua
imagem”. Por isso, não podemos tirar a vida do próximo. Atentar contra a vida
do meu semelhante é, em primeira instância, atentar contra Deus, pois o meu
próximo carrega consigo a imagem e a semelhança do Criador.
Por consequência, quando um aborto é
realizado, a vítima do assassinato é uma criança que traz em si a imagem e
semelhança de Deus. Isso é sério.
2º A Antiguidade da Vida
Este assunto sempre suscita a pergunta:
Quando começa a vida? A ciência não tem uma resposta consensual. Há aqueles que
admitem começar na fecundação; há os que apontam para o período entre o 7º e o
10º dia, quando ocorre a fixação do óvulo fecundado no útero; há os que
defendem começar na 3ª semana de gestação, quando o embrião pode se dividir
dando origem a outros indivíduos e, por fim, há os que marcam o início da vida
somente após a 8ª semana de gravidez, com o início da atividade cerebral.
O curioso é que quando a ciência encontra uma
bactéria na lua a considera como vida, sem hesitar. Curioso também é que a
ciência não tem valores absolutos. O que é verdade hoje pode não ser amanhã.
Portanto, é necessário cautela.
Neste assunto, o referencial mais seguro é a
Palavra de Deus. Nela nós temos evidências de que a vida começa na fecundação.
Veja os textos abaixo que mostram vida já no ventre das mães:
“Os filhos lutavam no ventre dela; então, disse: Se é assim, por que
vivo eu? E consultou ao Senhor.” Gênesis 25.22
“Respondeu-lhe o
Senhor: Duas nações há no teu ventre,
dois povos, nascidos de ti, se dividirão...” Gênesis 25.23
“... porquanto o
menino será nazireu consagrado a Deus
desde o ventre de sua mãe; e ele começará a livrar a Israel do poder dos
filisteus” Juízes 13.5
“... porque o menino
será nazireu consagrado a Deus, desde o
ventre materno até ao dia de sua morte” Juízes 13.7
“Nunca subiu navalha
à minha cabeça, porque sou nazireu de
Deus, desde o ventre de minha mãe...” Juízes 16.17
“As tuas mãos me plasmaram e me aperfeiçoaram, porém,
agora, queres devorar-me. Lembra-te de que me formaste como em barro; e queres, agora, reduzir-me a
pó? Porventura, não me derramaste como leite e não me coalhaste como
queijo? De pele e carne me vestiste e de
ossos e tendões me entreteceste. Vida me concedeste na tua
benevolência, e o teu cuidado a mim me guardou.” Jó 10.8-12
“Aquele que me
formou no ventre materno não os fez também a eles? Ou não é o mesmo que nos formou na madre?” Jó 31.15
“A ti me entreguei desde o meu nascimento; desde o ventre de minha mãe, tu és meu Deus”
Salmo 22.10
“Eu nasci na
iniqüidade, e em pecado me concebeu
minha mãe” Salmo 51.5
“Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre seu galardão” Salmo 127.3.
“Pois tu formaste o
meu interior, tu me teceste no seio de minha mãe. Graças te dou, visto que por
modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a
minha alma o sabe muito bem; os meus
ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado, e entretecido como nas profundezas da
terra. Os teus olhos me viram a substância
ainda informe” Salmo 139.13-16.
“Assim diz o Senhor,
que te criou, e te formou desde o ventre,
e que te ajuda: Não temas, ó Jacó, servo meu, ó amado, a quem escolhi.” Isaías
44.2
“Assim diz o Senhor,
que te redime, o mesmo que te formou
desde o ventre materno: Eu sou o Senhor, que faço todas as coisas, que
sozinho estendi os céus e sozinho espraiei a terra...” Isaías 44.24
“Ouvi-me, ó casa de
Jacó e todo o restante da casa de Israel; vós, a quem desde o nascimento
carrego e levo nos braços desde o ventre
materno.” Isaías 46.3
“... porque eu sabia
que procederias mui perfidamente e eras
chamado de transgressor desde o ventre materno.” Isaías 48.8
“Ouvi-me, terras do
mar, e vós, povos de longe, escutai! O Senhor me chamou desde o meu nascimento,
desde o ventre de minha mãe fez menção
do meu nome.” Isaías 49.1
“Mas agora diz o
Senhor, que me formou desde o ventre
para ser seu servo...” Isaías 49.5
Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te
conheci, e, antes que saísses da madre,
te consagrei, e te constituí profeta às nações. Jeremias 1.5
“Por que não me matou Deus no ventre materno?
Por que minha mãe não foi minha sepultura? Ou não permaneceu grávida
perpetuamente?” Jeremias 20.17
“No ventre, pegou do calcanhar de seu irmão; no vigor da sua idade,
lutou com Deus” Oséias 12.3
“Pois ele será grande
diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno.” Lucas 1.15
“Ouvindo esta a
saudação de Maria, a criança lhe
estremeceu no ventre; então, Isabel ficou possuída do Espírito
Santo. E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito
o fruto do teu ventre! E de
onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor? Pois, logo que me
chegou aos ouvidos a voz da tua saudação, a
criança estremeceu de alegria dentro de mim.” Lucas 1.41-44
Repare
que os textos não deixam dúvida de que a vida começa no ventre materno.
Portanto, pílulas do dia seguinte ou qualquer outro método abortivo atentam
contra uma vida que já está presente, conhecida e criada por Deus.
3º A Prioridade da Vida
“Não matarás” Êxodo 20.13
Se homens brigarem e
ferirem uma mulher grávida, e ela der à
luz prematuramente, não havendo, porém, nenhum dano sério, o ofensor pagará a indenização que o
marido daquela mulher exigir, conforme a determinação dos juízes. Êxodo 21.22
(NIV)
“Quem matar alguém será morto. Mas quem matar um animal o
restituirá: igual por igual” Levítico 24.17,18
Dentro
deste tema encontramos a atual legislação brasileira autorizando o aborto em 3
situações específicas:
1. Risco de morte da
mãe.
Creio que esta seja a única possibilidade de
um cristão verdadeiro concordar com o aborto. Todavia, os casos desta natureza
são raríssimos hoje em dia, por conta do avanço da medicina.
A medicina atual já tem condições de retirar,
de forma prematura, o feto que oferece risco à vida da mãe e dar a ele boas
condições de sobrevivência. Em 2009, em Pernambuco, uma menina de 9 anos de
idade ficou grávida e, imediatamente, as autoridades médicas da região
indicaram e promoveram o aborto dos gêmeos de 4 meses de vida que estavam no
ventre da menina. A alegação era de que a menina gestante corria risco de
morrer por ter apenas 9 anos de idade. Se eles tivessem pesquisado um pouco antes
de assassinar os gêmeos indefesos teriam descoberto a história da peruana Lina
Medina que deu à luz ao seu primeiro filho aos 5 anos de idade e isso em 1939. Há
registros de muitas outras meninas de 8, 9 e 10 anos, em situações semelhantes,
que não abortaram e não morreram.
2. Gestação
proveniente de estupro.
O movimento feminista insiste que a mulher é
dona do seu próprio corpo e que tem total direito sobre ele. Isso lhe dá total
direito ao aborto, principalmente, no caso de um estupro. A cristã verdadeira
saberá que, primeiro, o corpo não pertence a nós. O corpo e a vida são
propriedades de Deus. Eis a razão porque o suicídio é um pecado (e crime em
alguns países).
Mesmo na situação crítica de um estupro, a
mãe não tem o direito de assassinar a criança inocente que não tem culpa alguma
do ato violento sofrido pela mãe. Em casos assim, o melhor caminho é dar
prosseguimento à gravidez, cuidando desta mãe e, se no nascimento da criança
ela não tiver condições de cuidar deste filho, submetê-lo a alguém que queira
cuidar.
Sei que as feministas que leem este texto
devem estar revoltadas dizendo: Mas e a vida da mulher que foi estuprada? Ela
não tem direitos? Como ela vai viver com esta dor? Ora, a resposta é que uma
dor emocional é menor que um assassinato. Ambos são difíceis, mas assassinar
uma criança inocente nunca será o caminho.
Cuidemos do trauma emocional da mãe, vítima
de um estupro, mas não cometamos um mal ainda maior que é assassinar uma
criança que não tem nada a ver com este mundo violento.
Aliás, pensando nesta argumentação feminista
de que o que importa é o sentimento emocional desesperador da mulher, eu
gostaria de propor um teste:
Imagine que você tem na sua frente uma mesa
com 2 botões e, do outro lado da mesa, uma mulher e uma criança. Você,
obrigatoriamente, tem que apertar um dos botões. Se você apertar o botão azul a
mulher é estuprada. Se você apertar o botão vermelho a criança leva um tiro na
cabeça. Qual botão você apertaria?
É óbvio que o mal menor é o estupro. Não podemos
assassinar crianças, nem em situações críticas assim. Nosso Deus é Deus vingador.
Ele vingará as crianças assassinadas, não importam os motivos.
3. Gravidez de feto
anencefálico.
Ultimamente a justiça tem autorizado a
interrupção da gestação de feto anencefálico. A argumentação é a de que uma
criança com este diagnóstico será natimorta, isto é, nascerá morta. A
experiência tem mostrado o engano deste argumento. O caso mais conhecido é o da
Marcela. Ela nasceu anencéfala, mas sentia, ouvia e tinha consciência. Viveu durante
1 ano e 8 meses contrariando o que vinha sendo dito sobre os anencéfalos.
Teríamos outros casos assim se lhes fossem dados o direito à vida.
O que está por trás desta autorização
judicial é o pensamento evolucionista (feto não é vida), materialista (esta
criança atrasará a sociedade) e eugenista (precisamos melhorar a raça). O
nazismo começou assim. Hoje em dia não é incomum vermos médicos orientando suas
pacientes ao aborto ao constatarem que o filho em gestação terá alguma
deficiência física ou mental. Fico imaginando o que um médico desta linha diria
a um pai sifilítico e uma mãe tuberculosa que tiveram quatro filhos: o
primeiro, cego de nascença; o segundo, morto logo após o parto; o terceiro,
surdo-mudo; o quarto, tuberculoso, e que, agora, a mãe está grávida do quinto
filho. O que um médico abortista recomendaria? O aborto, por óbvio. Se este
médico tivesse existido no passado, teria matado Beethoven.
A palavra de Deus nos ensina que toda a vida é
sagrada e bem de Deus, mesmo a dos deficientes. “Quem fez a boca do homem? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que vê,
ou o cego? Não sou eu, o Senhor?” (Êx 4.11)
Não são poucos os casos de sobreviventes de
aborto que hoje mostram o seu valor à sociedade. Talvez o caso mais conhecido
seja da jovem Gianna Jessen (link abaixo), todavia, dia desses, por ocasião das
paraolimpíadas, apareceu na mídia a história de Eliza McIntosh, uma
atleta de 21 anos que só está hoje entre nós por graça divina e zelo dos pais. Na
sua gestação, os médicos recomendaram o aborto aos pais porque, com “dysgenesis
espinhal”, a garota, na melhor
das hipóteses, viveria em estado vegetativo e que seria necessário um tubo de
respiração durante toda a vida. Agora ela é uma atleta.
Histórias assim confirmam o que a Bíblia nos
orienta: Não matarás. A vida é sagrada e não pertence a nós. O feto, por menor
que seja, já é portador da imagem e semelhança de Deus e tem de ser preservado.
Que Deus nos dê coragem para defendermos estas vítimas inocentes.
Leia
também:
January 28, 2016
A Igreja Universal do Reino de Deus e os 10 Mandamentos
A ironia é perceber que a “igreja” que fez dos 10 Mandamentos sua atual fonte de lucro na TV e agora no cinema, quebra o 1º mandamento ao colocar o dinheiro como seu deus, quebra o 2º ao promover cultos falsos, quebra o 3º ao usar o nome de Deus em vão em campanhas de prosperidade, quebra o 4º ao exibir programas imorais em sua emissora de TV aos domingos, quebra o 5º ao sonegar impostos, quebra o 6º ao aprovar o assassinato de crianças (aborto), quebra o 7º ao exibir sensualidade em sua emissora de TV, quebra o 8º ao se aproveitar de pessoas menos instruídas surrupiando seu dinheiro, quebra o 9º ao falsificar o evangelho de Cristo transformando-o em materialismo e quebra o 10º mandamento criando uma cultura de cobiça por bens materiais em seus fiéis.
Quão mais proveitoso seria se tanto esforço de marketing fosse para conduzir o povo ao estudo sério da Palavra de Deus...
January 22, 2016
Os Puritanos e o Dia do Senhor - J.I. Packer
S
|
e tivermos de aproveitar dos
escritos dos Puritanos sobre esse ou sobre qualquer outro assunto, nossa
abordagem de estudo precisa ser correta. É muito fácil que os admiradores dos
Puritanos estudem suas obras de um modo que os Puritanos seriam os primeiros a
condenar. Assim, podemos ter uma atitude errada para com os homens; podemos reverenciá-los
como se fossem autoridades infalíveis; mas eles nos açoitariam por tão
grosseiro lapso, o qual considerariam como papismo ou idolatria. Eles nos
lembrariam que não passavam de servos e expositores da Palavra de Deus, e
também nos incumbiriam de jamais considerar seus escritos como se fossem mais
que ajudas e guias para entendermos a Palavra. Nos assegurariam que, visto que
todos os homens, incluindo os Puritanos, podem errar, sempre devemos testar o
ensino deles com o máximo rigor, por meio da própria Palavra que eles buscavam
expor. Ou, novamente, podemos fazer uma aplicação errônea de seus ensinos. Podemos
imitar a linguagem deles e copiar suas maneiras, imaginando que, desse modo,
nos estamos pondo dentro da verdadeira tradição Puritana. Mas os Puritanos
procurariam impressionar-nos quanto ao fato que, se assim agíssemos, estaríamos
falhando precisamente nisso. Eles procuravam aplicar as eternas verdades da
Bíblia às circunstâncias particulares de sua própria época — morais, sociais,
políticas, eclesiásticas e assim por diante.
Se quisermos
nos manter na verdadeira tradição Puritana, então teremos de cuidar em aplicar essas
mesmas verdades às diferentes circunstâncias de nossos próprios dias. A
natureza humana não se modifica, mas os tempos, sim; portanto, embora a
aplicação da verdade divina à vida humana sempre seja a mesma em princípio, os
seus detalhes variam de uma época para outra. Contentar-nos em imitar os
Puritanos significaria um retrocesso mental do século XX, onde Deus nos
colocou, até ao século XVII, onde não estamos. Isso tanto é falta de
espiritualidade quanto não é realista. O Espírito Santo, acima de tudo, é
realista, e Ele foi dado para ensinar os crentes como devem viver para Deus, na
situação em que se encontram, e não em alguma outra situação onde outros santos
viveram. Abafamos o Espírito quando nos permitimos viver no passado. Tal
atitude mental é teologicamente culpável, pois mostra que teremos evitado um estágio
essencial em nossa maneira de pensar sobre a verdade de Deus — o estágio que
consiste em aplicá-la a nós mesmos. A aplicação jamais deve ser feita em
segunda mão, como um produto já acabado; antes, cada homem, de cada geração,
deve pôr em ação a sua consciência a fim de discernir, por si mesmo, como a
verdade se aplica e o que ela requer, na situação particular onde ele se acha.
A aplicação pode ser similar quanto aos detalhes, de uma geração para outra,
mas não devemos pensar de antemão que assim será. Portanto, nosso alvo, ao
estudar os Puritanos, deve ser aprender, observando como aplicaram a Palavra a
si mesmos, em sua época, para que saibamos como aplicá-la a nós mesmos, em nossa
época.
Esse ponto é
crucial para nós, que cremos que o evangelicalismo moderno precisa ser
corrigido e enriquecido mediante a mais antiga tradição evangélica. Parece que
o evangelicalismo moderno é culpado precisamente desse erro de viver no passado
— nesse caso, no passado recente, os fins do século XIX. Por muitas vezes,
contentamo-nos hoje em tentar viver bem por reapresentarmos a rala sopa de
doutrinas e as ideias algumas vezes duvidosas acerca de sua aplicação ética, eclesiástica
e evangelística, que caracterizaram aquele período decadente da história evangélica.
Mas a resposta a essa situação é, enfaticamente, que não devemos retroceder
ainda mais, procurando agora viver não mais no século XIX, mas no século XVII.
De vários modos, esse tipo de cura é pior do que a enfermidade. Por certo
devemos recuar até antes do século XIX, reabrindo as minas mais ricas do ensino
evangélico mais antigo; mas também devemos nos esforçar por avançar para além
da mentalidade do século XIX, chegando a uma genuína apreciação de nossa
situação no século XX, a fim de que possamos fazer uma aplicação genuinamente contemporânea
do evangelho eterno.
Esse princípio
é tão relevante, quando estudamos o assunto do dia do Senhor, como quando
estudamos qualquer outro assunto. Pois aqui, não há dúvida, temos um assunto
sobre o qual estamos muito defasados quanto a uma aplicação contemporânea dos
princípios bíblicos. Nossas ideias e nossa linguagem a respeito, com
frequência, deixam transparecer um certo grau de legalismo negativo de nossa
parte. Se impusermos a nós mesmos a aplicação rígida do quarto mandamento, que
os Puritanos elaboraram em termos de sua própria época, então meramente
estaríamos perpetuando e aumentando aquele legalismo. Não obstante, se
resistirmos à tentação de adotar essa aplicação pronta e nos atirarmos à tarefa
de reaplicar, de modo realista, a lei de Deus às nossas atuais condições, então
descobriremos na exposição dos Puritanos uma apresentação incomparavelmente
rica e sugestiva dos princípios positivos que nos devem guiar em nosso
julgamento sobre essa questão.
Antes de tudo,
porém, precisamos preencher o pano de fundo histórico de nosso estudo.[1]
Os Puritanos
criaram o domingo cristão inglês — ou seja, o conceito e a observância do
primeiro dia da semana como dia de trégua tanto nos negócios como nas
recreações organizadas, para que o tempo todo fosse deixado livre para a
adoração, o companheirismo e as "boas obras". Esse ideal nunca foi
aceito de modo geral pelos protestantes do continente europeu, conforme Baxter
observou: "A Inglaterra tem sido uma felizarda quanto a esse aspecto da
reforma".[2] A
história dessa realização Puritana prolonga-se por um século. Nos fins do
século XVI, era costume dos ingleses, depois de terminado o culto na igreja,
passar o resto do domingo "frequentando peças teatrais obscenas... jogos,
bebidas alcoólicas, festas e comemorações; ou então fumando cachimbo, dançando,
jogando dados, jogando baralho, boliche, tênis, açulando cães contra ursos
acorrentados, brigas de galo, falcoaria, caçadas, e coisas semelhantes; ou
então frequentando feiras e mercados... ou indo a partidas de futebol e outros
passatempos diabólicos".[3]
Os crentes sérios (os "Puritanos", no sentido popular) ficaram cada
vez mais preocupados com isso. O ponto de vista "Puritano" sobre o
assunto, que Dennison mostrou já ter sido firmado, em essência, pelos bispos
Hooper[4]
e Latimer[5]
pelo deão Edmund Bunny[6]
e Gervase Babington,[7] recebeu
sua primeira declaração formal, impressa, no livro do Dr. Nicholas Bound, True
Doctrine of the Sabbath (A Verdadeira Doutrina a Respeito do Dia do Senhor -
1595) — embora a primeira exposição sobre a mesma doutrina a ser escrita pareça
ter sido a obra de Richard Greenham, Treatise of the Sabbath (Tratado a
Respeito do Dia do Senhor), que circulou privativamente por alguns anos.
A Declaração de
Esportes, do rei Tiago I (1618), estabeleceu que, à parte dos esportes com
touros e ursos e do boliche, todos os jogos populares podiam ser efetuados aos
domingos, terminada a reunião na igreja. De fato, Tiago, por esse meio,
"meramente reiterou o que já era lei do Estado e da igreja desde os
primeiros dias da Reforma";[8]
mas aquela Declaração deixou consternado o grupo crescente de clérigos e leigos
Puritanos. Em 1633, Carlos I republicou-a e ordenou que os bispos determinassem
que todo o clero a lesse em seus púlpitos; alguns recusaram-se a fazê-lo e como
resultado perderam os seus rendimentos. Podemos ver através destas palavras de
Baxter, como transcorriam as coisas no país, naquela época:
Em minha
juventude... um dos inquilinos de meu pai era o flautista da cidade, e o lugar
das danças ficava a menos de cem metros de nossa porta; assim, no dia do
Senhor, não podíamos ler um capítulo da Bíblia, ou orar, ou entoar um hino, ou
catequizar, ou instruir um servo, senão com o barulho da flauta, do tamborim e
dos gritos que, da rua, chegavam continuamente aos nossos ouvidos; e... éramos
alvos das zombarias de todos, sendo apelidados de puritanos, rigoristas ou
hipócritas, porque preferíamos ler as Escrituras do que fazer o que eles
faziam... E quando o povo, de acordo com o livro [isto é, a Declaração de
1633], recebeu permissão de folgar e dançar, exceto no horário do culto
público, eles tinham tanta dificuldade em interromper suas diversões que, por
muitas vezes, o leitor preferia esperar até que a flauta e os folgazões
cessassem. Algumas vezes, os dançarinos folclóricos entravam nos templos, com todas
as suas roupas, cachecóis e vestimentas extravagantes, com folclóricas sinetas
sonindo, penduradas em suas pernas, e, assim que terminava a leitura da oração,
eles se precipitavam de novo para as suas danças. Seria isso uma conduta
celestial?[9]
Mas o ensino
dos Puritanos teve os seus efeitos. Como resultado da atuação de Baxter em
Kidderminster, aquela que antes havia sido uma comunidade de pessoas
briguentas, viciadas no álcool e irreligiosas, foi de tal modo transformada que
"no dia do Senhor não se via qualquer desordem em nossas ruas; pelo
contrário, podia-se ouvir uma centena de famílias entoando salmos ou repetindo
sermões, quando passávamos pelas ruas".[10]
Reforma similar
ocorreu em muitos lugares onde ministravam pastores Puritanos. O Parlamento e
seus sucessores, impulsionados por convicções Puritanas, decretaram uma série
de determinações proibindo jogos, negócios e viagens aos domingos. Finalmente,
em 1677, quando os Puritanos já tinham perdido a autoridade, um Parlamento
violentamente anti-puritano assinou o Ato de Observância do Domingo, o qual
reiterava e confirmava a legislação republicana (1649) sobre a questão. Esse
ato prescrevia que ninguém deveria passar o domingo negociando, viajando, "trabalhando
secularmente, em negócios ou ocupando-se em suas profissões", mas
"exercitando-se... nos deveres da piedade e da verdadeira religião,
pública e particular". A significação dessa legislação é clara. A Inglaterra
tinha chegado a aceitar, de modo generalizado, o ideal Puritano acerca do
domingo. Monarquistas e republicanos, conformistas e não-conformistas
igualmente concordavam nisso. O ensino dos mestres Puritanos havia criado uma
consciência nacional sobre o assunto; e isso apesar do fato que os teólogos da
época dos reis Carlos I e Carlos II haviam feito oposição constante ao ponto de
vista dos Puritanos, como algo teologicamente incorreto.
Contra esse
pano de fundo da história, voltamo-nos agora para o ensino propriamente dito
dos Puritanos.
1 - Significado
do Quarto Mandamento (Êx 20.8-11). Neste ponto, os Puritanos foram à frente dos
reformadores. Estes últimos tinham seguido Agostinho e, em geral, o ensino
medieval, negando que o domingo fosse, em qualquer sentido, um dia de descanso.
Eles afiançavam que o sábado, prescrito pelo quarto mandamento, era um
mandamento tipicamente judaico, prefigurando o "descanso" proveniente
do relacionamento com Cristo, pela graça e pela fé. Eis a explicação dada por
Calvino:
é extremamente
apta a analogia entre o sinal externo e a realidade simbolizada, visto que a
nossa santificação consiste na mortificação de nossa própria vontade... Devemos
desistir de todos os atos de nossa própria mente a fim de que, operando Deus em
nós, possamos descansar nEle, conforme ensina o apóstolo (Hb 3.13; 4.3,9).[11]
Mas, agora que
Cristo já veio, o tipo foi cancelado, e seria um erro perpetuá-lo, tal como
seria um equívoco continuar a oferecer os sacrifícios levíticos. Calvino
apelava aqui para Colossenses 2.16, que ele interpretava como alusão ao dia
semanal de descanso. Ele admitia que, além e acima de sua significação típica,
o quarto mandamento também ensina o princípio de que deve haver adoração
pública e particular, além de servir de dia de descanso para os servos e
empregados, pelo que a plena interpretação cristã seria tríplice:
Primeiro, por
toda a nossa vida podemos ter por alvo um constante descanso de nossas próprias
obras, a fim de que o Senhor possa operar em nós por meio do seu santo
Espírito; segundo, cada pessoa deveria exercitar-se, com diligência, em devota
meditação nas obras de Deus, e... todos devem observar a ordem legal
determinada pela igreja para que se ouça a Palavra, para que se administre as
ordenanças e a oração pública; terceiro, devemos evitar oprimir àqueles que nos
estiverem sujeitos.[12]
Calvino falava
como se isso fosse tudo quanto aquele mandamento prescrevesse, nada encontrando
no mesmo, em seu sentido cristão, que proibisse trabalho ou diversão no
domingo, após o tempo passado na igreja. A maior parte dos reformadores falava
no mesmo tom. O que há de notável é que suas declarações, em outros contextos,
mostram que "os reformadores, como um grupo, defendiam a autoridade divina
e a obrigação de observar o quarto mandamento, requerendo que um dia em cada
sete fosse empregado na adoração e serviço de Deus, admitindo somente as obras
de necessidade e de misericórdia, em favor dos pobres e aflitos".[13]
É um quebra-cabeça, porém, porque eles nunca perceberam a incoerência entre
afirmar isso em termos gerais, e ainda assim apresentar a exegese de Agostinho
sobre o domingo cristão. Podemos apenas supor que isso se deve ao fato que não
queriam entreter a ideia que Agostinho poderia estar enganado, razão que os
cegava para o fato que estavam montando dois cavalos ao mesmo tempo.
Eles, contudo,
corrigiram essa incoerência. De forma virtualmente unânime, insistiram que,
embora os reformadores estivessem certos ao verem apenas um sentido típico e
temporário em algumas das detalhadas prescrições do sábado judaico, havia o
princípio de um dia de descanso, para efeito de adoração a Deus, pública e
particular, após cada seis dias de trabalho, como uma lei da criação,
estabelecida em benefício do homem, e, portanto, obrigatória para o homem
enquanto ele viver neste mundo. Também destacavam que, figurando entre nove
leis indubitavelmente morais e permanentes do decálogo, o quarto mandamento
dificilmente teria uma natureza apenas típica e temporária.
De fato, eles
viam esse mandamento como parte integral da primeira tábua da lei, que aborda
sistematicamente a questão da adoração: "O primeiro mandamento fixa o
objeto; o segundo, o meio; o terceiro, a maneira; e o quarto, o tempo" .[14]
Também observaram que o quarto mandamento começa com as palavras
"Lembra-te...", e isso nos faz olhar para trás, para antes da
instituição mosaica. Observavam que o trecho de Gênesis 2.1 e seguintes representa
o sétimo dia de descanso como o próprio descanso de Deus após a criação, e que
a sanção atrelada ao quarto mandamento, em Êxodo 20.8 ss., olha de volta para
aquele fato, retratando o dia como um memorial semanal da criação, "para
ser observado para a glória do Criador, como o dever que temos de servi-Lo e
como um encorajamento para confiarmos nAquele que criou os céus e a terra. Por
meio da santificação do sábado, os judeus declaravam que eles adoravam ao Deus
que criou a terra..." Assim falou Matthew Henry, aquele que posteriormente
representou todos os Puritanos, ao comentar sobre Êxodo 20.11. Henry também
frisou que o mandamento afirma que Deus santificou o sétimo dia (ou seja,
apropriou-o para Si mesmo) e o abençoou (isto é, derramou bênçãos sobre ele,
encorajando- nos a esperar bênçãos, ao guardarmos de forma religiosa aquele
dia"); e que Cristo, embora tivesse reinterpretado a lei sobre o sábado,
não a cancelou, mas antes, firmou-a, observando-a Ele mesmo e mostrando que
esperava que os seus discípulos continuassem a observá-la (cf. Mt 24.20).
Tudo isso,
argumentavam os Puritanos, mostrava que o descanso do sétimo dia era mais que
um mandamento judaico; era um memorial da criação, parte da lei moral (a
primeira tábua, que prescreve a adoração apropriada ao Criador), e, como tal,
era perpetuamente obrigatória para todos os homens. Assim, quando o Novo
Testamento nos diz que os cristãos se reuniam para adorar no primeiro dia da
semana (At 20.7; 1 Co 16.2), guardando aquele dia como "o dia do
Senhor" (Ap 1.10), isso só pode significar uma coisa: por preceito
apostólico, e, provavelmente, por injunção dominical durante os quarenta dias
antes da ascensão, esse tornara-se o dia em que os homens, doravante, deveriam guardar
o dia de descanso prescrito pelo quarto mandamento. Os Puritanos notaram que
essa mudança, do sétimo dia da semana (o dia que assinalara o fim da antiga
criação) para o primeiro (o dia da ressurreição de Cristo, que assinalara o
início da nova criação), não era excluída pelas palavras do quarto mandamento,
que "meramente determina que devemos descansar e guardar, como descanso,
cada sétimo dia ...mas ...de modo algum determina onde deve começar a sequência
de dias... Não há, no quarto mandamento, qualquer orientação sobre como
computar o tempo..." [15]Portanto,
coisa alguma impede-nos de supor que o Novo Testamento parece requerer que
foram os apóstolos que fizeram a alteração. Nesse caso, torna-se claro que a
condenação (em Cl 2.16) do sabatismo judaico nada tem a ver com a observância
do dia do Senhor. Essas, em esboço, foram as considerações feitas pelos
Puritanos, com base na doutrina do dia do Senhor, a qual é bem sintetizada na Confissão
de Westminster (XXI:vii-viii).
2 - O caráter do quarto mandamento. Comentando
sobre Marcos 2.27, escreveu Matthew Henry:
o dia de
descanso é uma sagrada e divina instituição; mas devemos recebê-lo e adotá-lo
como um privilégio e um benefício, não como uma tarefa ou uma carga enfadonha.
Primeiro, Deus nunca planejou que o dia de descanso fosse uma imposição para
nós, por isso não devemos transformá-lo em uma imposição... Segundo, Deus
planejou-o para que fosse uma vantagem para nós, por isso devemos recebê-lo e aprimorá-lo...
Ele teve consideração pelos nossos corpos, nessa instituição, para que possamos
descansar... Ele teve muito mais consideração pelas nossas almas. Ele foi
instituído como o dia de descanso, somente a fim de ser um dia de atividade
santa, um dia de comunhão com Deus, um dia de louvor e ação de graças; assim, o
descanso, depois de atividades seculares, é uma necessidade, a fim de podermos
nos dedicar ao louvor e à ação de graças, passando todo o tempo nessas
atividades, pública e particularmente... Vê-se aqui quão bom é o Senhor a quem
servimos, porquanto a Ele pertencem todas essas instituições que visam ao nosso
benefício...
Essa citação
resume com clareza a abordagem Puritana quanto ao dia do Senhor. Queremos aqui
meramente sublinhar três dos pontos destacados por Matthew Henry, adicionando
um quarto ponto, como resultado.
(a) Guardar o
domingo significa ação, e não inércia. O dia do Senhor não é um dia de
ociosidade. "A ociosidade é um pecado em qualquer dia, e muito mais no dia
do Senhor".[16] Não
se guarda o domingo ficando atirado em algum lugar, sem fazer nada. Convém que
descansemos das atividades de nossos afazeres diários, ocupando-nos nas
atividades próprias à nossa vocação celestial. Se não passarmos o dia ocupados
nestas atividades, não o estaremos santificando.
(b) Guardar o
domingo não é uma carga entediante, mas um jubiloso privilégio. O domingo não é
um jejum, mas uma festa, um dia de regozijo nas obras do Deus gracioso, e a
alegria deve ser a nossa atitude durante todo esse dia (cf. Is 58.13). "A
alegria nunca é tão própria a alguém como a um santo, tornando-se o domingo
tanto um feriado quanto um descanso".[17]
É dever e
glória do crente regozijar-se no Senhor a cada dia, especialmente no dia do
Senhor... Jejuar no dia do Senhor, dizia Inácio, é matar a Cristo; mas
regozijar-se no Senhor nesse dia, e regozijar-se em todos os deveres do dia...
isso é coroar a Cristo, isso é exaltar a Cristo.[18]
A alegria deve ser a tônica da adoração
pública; Baxter, em particular, deplorava os cultos insípidos e monótonos. Não
deveria haver tristeza no dia do Senhor. E aqueles que dizem que não podem
achar alegria nos exercícios espirituais do domingo mostram que há algo gravemente
errado consigo.
(c) Guardar o
domingo não é um labor inútil; é um meio de graça.
Por meio dessa
instituição, Deus encarregou-nos de separar esse dia para uma busca especial
por sua graça e bênção. E daí podemos argumentar que Ele, de forma especial,
confere a sua graça sobre aqueles que O buscam... O domingo é um tempo
oportuno, um dia de salvação, um período durante o qual Deus, em especial,
aprecia ser buscado, amado e encontrado...[19]
Assim manifestou-se Edwards, e Swinnock
mostrou-se lírico ao elogiar a graça do domingo:
Salve tu que és
altamente favorecido por Deus; tu, pote de ouro da semana; tu, dia de feira da
alma; tu, romper do dia de eterno resplendor; tu, rei dos dias; o Senhor seja
contigo, bendito és entre os dias... Oh! como homens e mulheres esvoaçam para
cima e para baixo nos dias de semana, como a pomba faz por sobre as águas, mas
não podem achar descanso para as suas almas, até chegarem a ti, que és a sua
arca, até estenderes a mão e recolhê-los para dentro! Oh! como se assentam à tua
sombra com grande deleite e acham teus frutos doces ao seu paladar! Oh! a mente
a alçar-se, o coração a encantar-se de felicidade, a consolação da alma, que em
ti eles desfrutam no bendito Salvador!"[20]
(d) Não guardar
o domingo atrai o castigo, o que também sucede ao abuso contra qualquer
privilégio e meio de graça dados por Deus. Declínio espiritual e perda material
têm sido colhidos por pessoas e comunidades, por causa desse pecado. Os
excelentes dons de Deus não podem ser desprezados sem impunidade. Thomas Fuller
pensava que a Guerra Civil (e Brooks, sobre o incêndio de Londres) viera como
juízo divino sobre a nação, por estar negligenciando o domingo.
O caráter
evangélico e admiravelmente positivo dessa abordagem quanto ao dia do Senhor
dificilmente poderá ser melhorado.
3 - Princípios
práticos quanto à observância do dia do Senhor. Os Puritanos eram homens
metódicos, levando em conta todos os pormenores; e achamo-los a dar uma
detalhada atenção a esse aspecto de nosso assunto. Quatro princípios, em
particular, precisam ser considerados aqui.
(a) Devem ser
feitos preparativos para o dia do Senhor. Primeiramente, os Puritanos
recomendavam, devemos perceber a importância do dia do Senhor, aprendendo a
dar-lhe o devido valor. Esse é um grande dia para a igreja e para o crente:
"Um dia de feira para a alma," um dia de entrar nos próprios
"subúrbios do céu", com orações e louvores coletivos. Logo, nunca
devemos permitir que os nossos domingos tornem-se rotineiros; com tal atitude,
logo os reduziremos a uma formalidade enfadonha. Todo domingo tem por desígnio
ser um grande dia, e deveríamos nos aproximar dele com atitude de expectação,
na plena consciência do fato. Portanto, cumpre-nos planejar nossa semana, para
que possamos tirar o máximo proveito de nosso domingo. A falta de providência e
o acaso eliminam nosso proveito aqui, tal como o fariam em qualquer outro
empreendimento.
Aquele cuidado
que vemos nos homens naturais acerca de seus corpos, devemos aprender acerca de
nossas almas; eles planejam e providenciam de antemão o que haverão de
comprar... e vender... assim, se quisermos fazer bons negócios em favor de
nossas almas, teremos [durante toda a semana anterior] de ir preparando nossos
corações... para que então não nos reste preocupação nem com o pecado e nem com
os cuidados deste mundo... Compete-nos... eliminar todas as distrações e empecilhos,
elevando nossos corações contra a indiferença e o enfado... se quisermos passar
o dia do Senhor na obra do Senhor, de uma maneira confortável e proveitosa.[21]
Preparar o
coração reveste-se da maior importância possível, pois o dia do Senhor é, acima
de tudo, um "dia de trabalho do coração".[22]
Desse ângulo, a batalha pelo nosso domingo é ganha ou perdida na noite anterior,
no sábado, quando devemos separar algum tempo para o auto-exame, a confissão e
a oração em favor do dia seguinte. A confraternização dos jovens, dirigida por
Richard Baxter, costumava usar três horas, cada sábado à noite, para se
prepararem para o dia do Senhor. Swinnock garantiu: "Se quiseres deixar
teu coração com Deus, no sábado à noite, então poderás achá-lo com Ele, na
manhã do dia do Senhor".[23]
A regra final para essa preparação veio de Richard Baxter, que possuía uma mente
prática por excelência: "Recolhe-te ao leito ainda cedo, para que não
estejas sonolento no dia do Senhor".[24]
(b) A adoração
pública deve ter o lugar central no dia do Senhor. O dia deve girar em torno da
adoração pública, pela manhã, à tarde e à noite ("os cultos públicos devem
ocorrer pelo menos duas vezes a cada domingo"[25]).
As devoções particulares devem ocupar o segundo lugar, se tivermos de escolher
entre o culto público e a devoção particular. Mas devemos levantar-nos na manhã
do domingo com tempo suficiente para prepararmos o coração, a fim de louvar,
orar e ouvir a pregação da Palavra de Deus, pois "se chegarmos
abruptamente na casa do Senhor, depois de termos brigado ou discutido, ou assim
que sairmos da cama... a Palavra será cansativa e servirá somente para
endurecer ainda mais os nossos corações".[26]
Os cultos dirigidos pelos Puritanos
prolongavam-se por cerca de três horas; e os Puritanos pouco simpatizavam com
aqueles que se queixavam de quão longas eram as suas reuniões. O comentário de
Baxter foi que aqueles que pensavam que os cultos nas igrejas são entediantes, e,
contudo, podiam passar muito mais tempo em algum bar ou entretenimento, sem se
enfadarem, devem ter corações maus; Baxter aproveitou a oportunidade para dizer
uma oportuna palavra aos pregadores, sugerindo-lhes
uma maneira
mais honesta de curar o cansaço das pessoas. Prega com vida e despertamento
sério... e com um método fácil e variedade de assunto atrativo, para que as
pessoas nunca se cansem de ti. Derrama abundantemente o amor e os benefícios de
Deus; abre diante das pessoas os privilégios da fé, as alegrias da esperança, a
fim de que nunca fiquem iradas. Quantas vezes tenho ouvido as pessoas dizerem
sobre tais pregadores: Eu poderia ouvi-lo o dia inteiro e nunca me cansaria!
Elas ficam perturbadas com a brevidade dos sermões, desejando que fossem mais
longos...[27]
(c) A família
deve funcionar como uma unidade religiosa no dia do Senhor. O Catecismo Maior de Westminster, em sua
pergunta 118, é enfático a esse respeito: "O mandamento de guardar o dia
do Senhor (domingo) é especialmente dirigido aos chefes de família e a outros superiores,
porque estes são obrigados, não somente a guardá-lo por si mesmos, mas a fazer
que seja observado por todos os que estão sob o seu cuidado". Um chefe de
família deve dirigir as orações domésticas, levar a família à igreja, examinar
e ensinar a Bíblia às crianças e aos empregados depois do culto,
certificando-se que realmente absorveram o sermão ouvido. O princípio envolvido
neste ponto é que o chefe da família tem a inalienável responsabilidade de
cuidar das almas dos de sua casa, e que é supremamente no dia do Senhor que ele
deve exercer tal responsabilidade. Os pastores Puritanos, distinguindo-se dos modernos
pastores evangélicos, não planejavam atingir os homens através das mulheres e
das crianças, mas faziam exatamente o contrário. Não eram eles, talvez, mais
sábios, e também mais bíblicos?
(d) Devem ser
evitadas as armadilhas do legalismo e do farisaísmo, no tocante ao dia do
Senhor. Essas atitudes erradas são ameaçadoras nesse campo, como em todos os
demais aspectos da vida espiritual. Não havia desacordos entre os Puritanos
que, conforme a pergunta 60 do Breve
Catecismo de Westminster, afirmavam:
O domingo deve
ser santificado como um santo descanso o dia inteiro, incluindo atividades e
recreações que são legítimas em outros dias; o crente deve passar todo o tempo
nos exercícios públicos e particulares da adoração a Deus, excetuando aquilo
que deve ser dedicado às obras necessárias e de misericórdia.
Contudo,
existem maneiras certas e erradas de atingirmos os alvos, e o mais esperto de
todos os mestres esforçou-se para advertir que tanto o legalismo (o hábito
negativo que frisa o que a pessoa não deve fazer no dia do Senhor, sem dizer
mais nada) quanto o farisaísmo (o hábito auto-justificador que está sempre
disposto a censurar outras pessoas, por lapsos reais ou imaginários quanto a
essa questão) são, ambos, violações do espírito do evangelho. Baxter, como já
seria de esperar, é quem mais tem a dizer sobre essas atitudes,
contrabalançando-as com um construtivo princípio evangélico de julgamento:
Primeiramente
considerarei os deveres positivos de um homem no dia do Senhor — como ouve, lê,
ora e passa o seu tempo, e como instrui e ajuda os seus familiares. Se busca a
Deus com diligência e efetua seus deveres espirituais, então serei mal-educado
ao julgá-lo por causa de alguma palavra ou ato, sobre coisas terrenas corriqueiras...[28]
Aqui, por
certo, vemos a sabedoria cristã.
As citações
acima falam por si mesmas, não havendo necessidade de maiores comentários. As
questões sobre bem-estar espiritual, que elas suscitaram, devem ser deixadas
para cada leitor considerar por si mesmo. Encerramos com um testemunho e uma
admoestação.
O testemunhho é
aquele do juiz do Supremo Tribunal inglês, Sir Matthew Hale:
“Através de uma
estrita e diligente observação, tenho descoberto que a devida observância dos
deveres do dia do Senhor sempre é acompanhada por uma bênção sobre o resto de
meu tempo, e que a semana assim iniciada tem sido abençoada e próspera para
mim; por outro lado, quando me mostro negligente acerca dos deveres desse dia,
o restante da semana tem sido um fracasso e tenho sido infeliz em minhas
atividades seculares. Escrevo isso não de forma leviana e impensada, mas depois
de longa e sã observação e experiência."[29]
A admoestação é
aquela de Thomas Brooks:
Para terminar,
lembremo-nos que não há crentes, em todo o mundo, que se comparem, quanto ao
poder da piedade e quanto à excelência nos terrenos da graça, da santidade e da
comunhão com Deus, como aqueles que se mostram mais estritos, sérios,
estudiosos e meticulosos na santificação do dia do Senhor... A verdadeira razão
pela qual o poder da piedade tem caído a níveis tão baixos, tanto neste como em
outros países, é que o domingo não está mais sendo observado de forma estrita e
consciente... Oh! que esses simples conselhos fossem tão abençoados pelo céu
que nos impulsionassem a uma santificação mais constante, séria e meticulosa do
dia do Senhor...[30]
[1] Ver especialmente
W.B.Whitaker, Sunday in Tudor and Stuart
Times (Houghton Publishing Co, Londres, 1933), e James T.Dennison, Jr., The Market Day of the Soul: The Puritan
Doutrine of the Sabbath in England, 1532-1700 (University Press of America,
Lanham, 1983).
[2] Richard Baxter, Works, II:906 (George Virtue, Londres,
1838).
[3] Philip Stubbes, Anatomie of Abuses in England (1583).
[4] Early Writings of John Hooper (Parker
Society, Cambridge, 1843), p. 342: "O domingo, que nós guardamos, não é um
mandamento dos homens... mas, por intermédio de palavras claras, é ordenado que
guardemos este dia como o nosso sábado, tal como nos declaram as palavras do
apóstolo Paulo (1 Co 16...)".
[5] Sermons by Hugh Latimer (Parker Society,
Cambridge, 1844), pp. 471- 473: "Este dia foi designado por Deus para que
ouçamos a sua Palavra, aprendamos as leis e, consequentemente, o sirvamos...
Deus odeia a rejeição do seu dia, tanto agora como antes (na época do Velho
Testamento)... Ele quer que guardemos o seu dia, tanto agora como
antes..."
[6] Edmund
Bunny, The Whole Summe of Christian
Religion (1576), p. 47: "O quarto mandamento requer que o crente gaste
todo o seu dia de descanso ou nos exercícios públicos, ou nos exercícios
ordinários, na leitura de sermões, ou na meditação particular".
[7] Gervase
Babington, A Very Fruitfull Exposition of
the Commandments (1583): "Uma das principais asseverações a respeito
daquilo que a história conhece como a doutrina Puritana do dia de descanso... O
mandamento do sábado está perpetuamente ligado a todos os homens. Santificar o
dia de descanso: 1) descansar de todos os labores; 2) reunir-se para a
adoração; 3) descansar do pecado..." (Dennison, op cit, p. 29).
[8] Whitaker, op cit, p. 95.
[9] Baxter, Works, III:904, citado de The
Divine Appointment of the Lord's Day, Proved
(1671).
[10] Reliquiae Baxterianae, editado por M.Sylvester
(Londres, 1696), primeira paginação, p. 84.
[11] John Calvin, Institutes of the Christian Religion, II:viii:29.
[12] ibid, II:viii:34.
[13] Patrick Fairbairn, The Typology of Scripture (Smith and
English, Filadélfia, 1854), II:142; ver Apêndice A, pp. 514, 515, quanto à
evidência.
[14] Jonathan
Edwards, sermão II, a respeito da "Perpetuidade e Mudança do Sábado",
uma primorosa afirmação do ponto de vista Puritano; em Works, editado por Henry Hickman (Banner of Truth, Edimburgo,
1974), II:95. A posição definitiva encontra-se na Westminster Confession XXI:vii: "Visto ser lei da natureza
que, em geral, uma devida proporção do tempo seja separada para a adoração a
Deus; assim, em sua Palavra, por meio de um mandamento positivo, moral e
perpétuo, que obriga todos os homens, em todas as épocas, Ele designou
particularmente um dia em sete a fim de ser um dia de descanso, para ser
santificado a Ele. Este dia, desde a criação do mundo até a ressurreição de
Cristo, foi o último dia da semana; e, desde a ressurreição de Cristo, foi
mudado para o primeiro dia da semana, que, nas Escrituras, é chamado o dia do
Senhor e continuará, até o fim do mundo, como o sábado cristão".
[15] ibid, II:96.
[16] John Dod e Robert Cleaver, A Plaine and Familiar Exposition of the Ten Commandments
(Londres, 1628), p. 143.
[17] "George Swinnock, Works (James Nichol, Edimburgo, 1868),
1:239.
[18] Thomas Brooks, Works, VI:299 (James Nichol, Edimburgo,
1867).
[19] Edwards, Works, II:102.
[20] Swinnock, Works, I.
[21] Dod e Cleaver, op cit, pp. 138, 139.
[22] Baxter, Works, I:470.
[23] Swinnock, Works, I:230.
[24] Baxter, Works, I:472.
[25] Richard Greenham, Works (edição de 1611), p. 208.
[26] Dod e Cleaver, op cit, p. 145.
[27] Baxter, Works, III:905.
[28] ibid, III:908.
[29] Works of Sir Matthew Hale, editado por T.Thirlwell
(1805), I:196.
[30] Brooks, Works, VI:305, 306.
Fonte: Capítulo 14 do livro "Entre os Gigantes de Deus", Editora Fiel
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