Nos
últimos dias tenho ouvido falar de uma posição teológica contrária a
instrumentos musicais no culto. A posição apresenta 3 argumentos principais:
1º
Instrumentos musicais não são permitidos porque ferem o Princípio Regulador do
Culto;
2º
Não são permitidos porque estão associados ao sistema sacrificial do Antigo
Testamento e, cessado este sistema, o uso deles também cessou;
3º
Não podem ser usados porque apenas os levitas foram encarregados do seu uso no
culto e, cessado o período dos levitas, não temos mais ninguém autorizado a
utilizá-los.
Com
base nestes argumentos principais, que considero equivocados, resolvi escrever
5 argumentos favoráveis à continuidade do uso de instrumentos musicais no culto
da nova aliança. Esclareço que não vejo como obrigatório o uso de instrumentos no culto. É possível louvar a Deus sem eles. Mas são instrumentos úteis, que ajudam na adoração. Vamos aos 5 argumentos:
1.
Instrumentos musicais são utilizados no culto porque são neutros.
1.1.
Instrumentos musicais foram criados bem antes do tabernáculo e sem objetivo
religioso.
“Ada deu à luz a Jabal;
este foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado. O nome de seu irmão
era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta. Zilá, por sua
vez, deu à luz a Tubalcaim, artífice de todo instrumento cortante, de bronze e
de ferro; a irmã de Tubalcaim foi Naamá.” (Gn 4.20-22)
Da
mesma forma que não são religiosos os que habitam em tendas, criam gado e mexem
com bronze e ferro, não o são os que tocam harpa e flauta (v. 21). Instrumentos
musicais geram sons quando tocados. O uso que será feito do som depende da
intenção do que toca.
É
certo que Davi mandou fazer milhares de instrumentos, considerando que havia 4
mil levitas músicos (1Cr 23.4,5), mas alguns destes instrumentos já existiam há
muito tempo, como a harpa (Gn 4.21; Gn 31.27; 1Cr 15.16).
O
mesmo não acontece com os elementos do sistema levítico. Ao contrário de instrumentos
musicais, tudo no tabernáculo e no templo foi criado com objetivo religioso. O
local, os móveis, os sacrifícios, tudo.
1.2.
Instrumentos musicais não apontavam para Cristo.
Eram neutros e usados em diversas ocasiões, religiosas ou não. Eram utilizados...
-
Em despedidas (Gn 31.27)
-
Em recepções (Jz 11.34)
-
Em guerras (Js 6.4,5; 2Cr 13.14; Jr 4.19; Ez 7.14; Am 2.2)
-
Na entronização de reis (1Rs 1.39,40; 2Rs 9.13; 2Rs 11.14)
-
Em banquetes (Is 5.12)
-
Em momentos de ócio (Jó 21.11,12; Am 6.5)
-
Em cultos idólatras (Dn 3.3-5)
Ao
contrário dos instrumentos, no tabernáculo e no templo tudo era religioso e
tudo apontava para Cristo.
1.3.
Instrumentos musicais não tinham a mesma sacralidade dos móveis.
Os
móveis do tabernáculo contavam com argolas e varões para serem transportados
pelos levitas. Nem os levitas, podiam tocá-los (1Cr 13.9,10).
Se
os instrumentos musicais fizessem parte do sistema sacrificial, seria natural
que também fossem consagrados e tivessem o seu transporte restrito. Mas nada é
falado sobre consagração de instrumentos musicais.
Os
instrumentos, tanto não faziam parte do sistema sacrificial, que só foram
inseridos no culto, na época de Davi, no templo (1Cr 15.16-22). Se tivessem o
mesmo peso dos sacrifícios, teriam sido inseridos já no tabernáculo.
1.4. Instrumentos musicais não contam com o detalhamento característico de elementos do sistema sacrificial.
Deus
revelou detalhadamente a forma como cada elemento do sistema sacrificial
judaico deveria ser feito:
-
Circuncisão (Gn 17.8-14)
-
Tabernáculo (Ex 20.23-26)
-
Desenhos, lapidação e entalhe (Gn 35.30-35)
-
A arca (Êx 25.10-22; 26.33)
-
Cortina (Êx 26.31-33)
-
Coluna da cortina (Êx 26.31,32)
-
Lugar santo (Êx 26.33)
-
Lugar santíssimo (Êx 26.33)
-
Cortina – reposteio (Êx 26.36)
-
Coluna da cortina – reposteio (Êx 26.37)
-
Base de cobre com encaixe (Êx 26.37)
-
Altar do incenso (Êx 30.1-6)
-
Mesa dos pães da proposição (Êx 25.23-30; 26.35)
-
Candelabro (Êx 25.31-40; 26.35)
-
Panos de linho (Êx 26.1-6)
-
Panos de pelo de cabra (Êx 26.7-13)
-
Cobertura de pele de carneiro (Êx 26.14)
-
Cobertura de peles finas (Êx 26.14)
-
Armação (Êx 26.15-18, 29)
-
Base de prata com encaixe para a armação (Êx 26.19-21)
-
Travessa (Êx 26.26-29)
-
Base de prata com encaixe (Êx 26.32)
-
Bacia de cobre (Êx 30.18-21)
-
Altar da oferta queimada (Êx 27.1-8)
-
Pátio (Êx 27.17,18)
-
Entrada (Êx 27.16)
-
Cortinados de linho (Êx 27.9-15)
-
Turbante do sacerdote (Êx 28.39)
-
Tiara de ouro (Êx 28.36, 29.6)
-
Pedra de ônix (Êx 28.9)
-
Correntinha (Êx 28.14)
-
Peitoral do julgamento (Êx 28.15-21)
-
Éfode e cinto (Êx 28.6,8)
-
Túnica sem mangas azul (Êx 28.31)
-
Barra de sinos e romãs (Êx 28.33-35)
-
Veste comprida de linho fino (Êx 28.39)
A
grande pergunta é: onde está o detalhamento dos instrumentos musicais se eles
também faziam parte do sistema sacrificial?
É
evidente que eles não faziam parte. Se fizessem, teriam o mesmo detalhamento, a
mesma sacralidade e teriam sido inseridos junto com os sacrifícios no
tabernáculo.
1.5. Instrumentos não aparecem nas listas de elementos do sistema levítico.
As
duas trombetas de prata foram feitas por ordem de Deus a Moisés (Nm 10.1,2).
Elas serviam para convocar o povo (Nm 10.1-9) e também para o culto ao SENHOR
(Nm 10.10). O toque das trombetas era realizado não pelos levitas, mas pelos
sacerdotes (Nm 10.8).
Note
que, embora utilizadas nas solenidades, as duas trombetas de prata não aparecem
nas listas de elementos do tabernáculo. Não aparecem entre os objetos
litúrgicos do culto de Israel. Isso confirma que instrumentos musicais não
tinham o mesmo status dos outros elementos do sistema sacrificial.
2.
Instrumentos musicais são utilizados no culto porque há registro deles depois
do sistema levítico.
2.1.
No Salmo 150
O
Salmo 150 descreve o louvor final dos santos nos céus:
“Aleluia! Louvai a Deus no seu
santuário; louvai-o no firmamento, obra do seu poder.” (v.1)
João
Calvino comenta que “Quanto ao termo santuário, há pouca dúvida de que
ele se refere ao céu, como é frequente em outras passagens.” (CALVINO, João. Salmos.
São José dos Campos: Editora Fiel, 2009, Sl 150.1)
O
final do salmo faz paralelo com a adoração descrita no Apocalipse:
“Todo ser que respira louve ao Senhor. Aleluia!” (v. 6)
Allan Harman, no seu comentário dos
Salmos, escreveu: “Este imperativo final ao louvor no Saltério tem seu eco numa
visão do Livro do Apocalipse. João diz: ‘Então ouvi toda criatura no céu e na
terra e debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles existe, cantando: àquele
que se assenta no trono e ao Cordeiro seja o louvor e a honra e a glória e o
poder, para todo o sempre!’ (Ap 5.13)” (HARMAN, Allan. Salmos. São
Paulo: Editora Cultura Cristã, 2011, Salmo 150.6).
Nesta antevisão dos céus, vários
instrumentos são mencionados:
“Louvai-o ao som da trombeta; louvai-o
com saltério e com harpa. Louvai-o com adufes e danças; louvai-o com
instrumentos de cordas e com flautas. Louvai-o com címbalos sonoros; louvai-o
com címbalos retumbantes.” (vs. 3-5).
Simon Kistemaker aplica a variedade
instrumental descrita neste Salmo ao culto dos nossos dias:
"As liturgias diferem em todas
essas igrejas. Algumas não possuem qualquer acompanhamento musical; em outras,
o órgão ou o piano acompanham o cântico congregacional, e ainda em outras os
violões, flautas ou tambores fazem parte do culto. A variedade de instrumentos
musicais usados para louvar a Deus é refletida no último salmo do Saltério (Sl
150), onde o salmista menciona a harpa, a lira, o tamborim, instrumentos de
cordas, flauta e címbalos." (KISTEMAKER, Simon. Atos. São Paulo: Editora
Cultura Cristã, 2016, Vol. 1, p. 350).
2.2.
Em 1 Coríntios 14.26, Efésios 5.19 e Colossenses 3.16
Paulo
utiliza a palavra “salmo”, grego ψαλμος, três vezes em suas cartas.
A palavra “salmos”, no grego, significa “toque, ato de fazer vibrar e produzir
som” (Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong, # 5568)
John
Stott, comentando Efésios 5.19, escreveu: “... a menção de ‘salmos, hinos e
cânticos espirituais’ (que não se distinguem facilmente entre si, embora a
primeira palavra subentenda um acompanhamento musical) indica que o contexto é
o culto público” (STOTT, John. A Mensagem de Efésios. São Paulo: ABU
Editora, 1994, Efésios 5.19).
A
pergunta que naturalmente surge é: Por que não temos registros da Igreja
Primitiva utilizando instrumentos musicais? O não uso de instrumentos naquele
período se deve às perseguições que a igreja sofreu. A partir de 35 d.C. a
igreja não teve mais paz. Sempre sob perseguição, não teve condição alguma de
estabelecer um culto em lugar amplo e mais conforto. Como explicam H.M. Best e
D. Huttar:
“A
Igreja Primitiva era sempre uma hóspede temporária, alojada temporariamente em
casas, navios, praias e praças públicas. Estava frequentemente escondida
daqueles que tentavam eliminá-la. Ela não tinha tempo para coisa alguma a não
ser para os mais simples meios musicais e atividades em sua prática de
adoração” (H.M. Best, D. Huttar, Música: Instrumentos Musicais. In: Merrill C. Tenney, Org. Ger., Enciclopédia da Bíblia, São Paulo: Cultura
Cristã, 2008, Vol. 4, p. 418).
2.3.
No Apocalipse
No
livro do apocalipse, com o Cordeiro que foi morto já glorificado e exaltado,
vemos a presença de harpas na adoração em duas passagens:
1ª
Os 4 seres viventes e os 24 anciãos adorando com harpas:
“Veio, pois, e tomou o
livro da mão direita daquele que estava sentado no trono; e, quando tomou o
livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se
diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de
incenso, que são as orações dos santos, e, quando tomou o livro, os quatro
seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro,
tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as
orações dos santos, e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro
e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para
Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os
constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.” (Ap 5.7-10)
2ª
Os remidos louvando a Deus com harpas:
“Vi como que um mar de
vidro, mesclado de fogo, e os vencedores da besta, da sua imagem e do número do
seu nome, que se achavam em pé no mar de vidro, tendo harpas de Deus; e
entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo:
Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso! Justos e
verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações! Quem não temerá e não
glorificará o teu nome, ó Senhor? Pois só tu és santo; por isso, todas as
nações virão e adorarão diante de ti, porque os teus atos de justiça se fizeram
manifestos.” (Ap 15.2-4)
Os
que defendem a proibição de instrumentos no culto dizem que estes textos são
simbólicos, por isso não servem de base para a aceitação de instrumentos. A
isso respondemos que o livro de Apocalipse está repleto de linguagem simbólica,
mas há muito de literalidade também. As perguntas a serem feitas aos textos
acima são: É verdade que estes dois cânticos de exaltação ao Cordeiro serão
entoados em algum momento? Se é verdade, quem os cantará? E quais instrumentos
o texto informa que acompanharão o canto? Observe que, olhando deste prisma,
não há linguagem simbólica. São instrumentos de fato.
3.
Instrumentos musicais são utilizados no culto porque os sacrifícios foram
revogados no Novo Testamento, os instrumentos não.
Com
a chegada de Cristo, o Cordeiro Perfeito, todo o sistema sacrificial foi revogado.
Não há mais...
-
Local consagrado para adoração (Jo 1.14; Jo 4.19-24; 1Pe 2.5)
-
Separação pelo véu (Mt 27.51; Hb 10.19-25)
-
Sacrifícios pelos pecados (Hb 7.26-28; 9.11-14; 10.8-10)
-
Sacerdotes humanos (Hb 6.20; 10.11-14)
-
Leis dietéticas (At 10.10-15; Rm 14.1-3; 1Tm 4.3-5)
Se
os instrumentos musicais faziam parte da lei cerimonial, onde está a sua
revogação? A resposta é que, como não faziam parte do mobiliário do tabernáculo
ou do templo de Salomão, não podem ser considerados tipos da obra consumada de
Cristo e, portanto, não foram revogados no Novo Testamento.
4.
Instrumentos musicais são utilizados no culto porque não são elementos de
culto, mas de circunstância.
O
culto ao Senhor é formado por elementos determinados pelo próprio Deus nas
Escrituras. Antes de entrar na terra prometida, Deus advertiu o povo:
“Agora,
pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os
cumprirdes, para que vivais, e entreis, e possuais a terra que o SENHOR, Deus
de vossos pais, vos dá. Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem
diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que
eu vos mando.” (Dt 4.1-2).
Como
escreveu Jeremiah Burroughs (1599-1646) “... no culto a Deus não pode haver
nada apresentado a Deus, que Ele não tenha ordenado; o que quer que pratiquemos
no culto a Deus, deve ter fundamentação proveniente da Palavra de Deus".
De
acordo com a Confissão de Fé de Westminster, estes são os elementos do culto:
“III.
A oração com ações de graças, sendo uma parte especial do culto religioso, é
por Deus exigida de todos os homens; e, para que seja aceita, deve ser feita em
o nome do Filho, pelo auxílio do seu Espírito, segundo a sua vontade, e isto
com inteligência, reverência, humildade, fervor, fé, amor e perseverança. Se
for vocal, deve ser proferida em uma língua conhecida dos circunstantes (...) V.
A leitura das Escrituras com o temor divino, a sã pregação da palavra e a
consciente atenção a ela em obediência a Deus, com inteligência, fé e
reverência; o cantar salmos com graças no coração, bem como a devida
administração e digna recepção dos sacramentos instituídos por Cristo - são
partes do ordinário culto de Deus, além dos juramentos religiosos; votos,
jejuns solenes e ações de graças em ocasiões especiais, tudo o que, em seus
vários tempos e ocasiões próprias, deve ser usado de um modo santo e religioso.”
(CFW, cap. 21)
Em
suma, estes são os elementos de culto e suas bases bíblicas:
Oração
- Dt 6.9; 1Ts 5.17; Hb 13.18; Fp 4.6; Tg 1.5; 1Co 11.13-15; Dt 22.5
Leitura
da Palavra - Mc 4.16-20; At 13.15; 1Tm 4.13; Ap 1.13; At 1.13, 16.13; 1Co 11.20
Pregação
- Mt 26.13; Mc 16.15; At 9.20; 2Tm 4.2; At 20.8, 17.10; 1Co 14.28
Cântico
- 1Cr 16.9; Sl 95.1,2; Sl 105.2; 1Co 14.26; Ef 5.19; Cl 3.16
Sacramentos
- Mt 28.19; Mt 26.26-29; 1Co 11.24-25
Votos
- Dt 6.13; Ne 10.29; Ec 5.4,5
Elementos
são os formadores obrigatórios de um culto. Sem eles, a reunião não pode ser
considerada culto. Por exemplo, se você for comemorar o aniversário de um filho
e chamar o pastor para ler um texto e orar, isso não se constitui culto, mas
reunião de ações de graças. Culto é quando a maioria dos elementos está
presente e o culto é cristocêntrico, isto é, tem Cristo no centro.
Auxiliando
a compreensão deste assunto temos as chamadas circunstâncias de culto, que
tratam daquilo que não é obrigatório, mas varia de acordo com o tempo, o lugar
e a cultura vigentes. Sobre este assunto, a Confissão de Fé de Westminster diz
o seguinte:
“VI.
Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória
dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na
Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se
acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por
tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima
iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas
reveladas na palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de
Deus e ao governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm
de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as
regras gerais da palavra, que sempre devem ser observadas." (CFW, cap.
1 – grifos meus)
Um
dos mais capazes membros da Assembleia de Westminster, George Gillespie, disse
o seguinte sobre as circunstâncias de culto:
"Circunstâncias
devem, em primeiro lugar, não ser uma parte substancial do culto, o que significa
que elas não devem ter nenhum significado religioso. Em segundo lugar, as circunstâncias
dizem respeito a questões que facilitem a adoração, mas que não podem ser
determinadas pela Escritura. Em terceiro lugar, deve haver "uma boa
razão" para as circunstâncias, tornando-as necessárias para o cumprimento
dos mandamentos de Deus". (GILLESPIE, George. A Dispute English
Popish Ceremonies Obtruded on the Church of Scotland. Dallas: Naphtali
Press, 1993, pp. 112-115).
São
exemplos de circunstância de culto: Instrumentos musicais, energia elétrica,
púlpito, internet, ventilador, ar-condicionado, bíblia em papel, uso de
capítulos e versículos, bancos de madeira, horário de culto. Tudo isso é
neutro, não tem significado religioso em si mesmo e facilita a adoração.
Dentro
do nosso assunto, o elemento de culto é o canto congregacional. Os instrumentos
musicais são circunstanciais, pois não têm significado religioso e facilitam a
adoração.
5.
Instrumentos musicais são utilizados no culto porque, entre os reformados, esta
é uma questão adiáfora.
Adiáfora
significa algo secundário, indiferente. Em teologia o termo é usado para
questões que não são essenciais à fé cristã.
No
decorrer da história o entendimento quanto a esta questão foi diverso. Entre os
reformadores e entre os puritanos houve os que rejeitaram instrumentos e os que
os admitiram. No mundo reformado atual, a situação é semelhante. No Brasil, a
maioria dos pastores reformados é favorável aos instrumentos no culto. Nos
Estados Unidos, Joel Beeke, por exemplo, tem órgão em sua igreja.
Nestas
questões, o princípio bíblico de Romanos 14.1-12 se aplica. Que Deus nos dê
sabedoria, discernimento e amor neste sentido.