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September 3, 2020

O Problema com a "Adoração Eletrônica" é que ela gera a "Adoração Platônica" - N.T. Wright


Em países como o meu, onde igrejas (dentre outros locais de culto, incluindo sinagogas e mesquitas) foram fechadas, por razões completamente compreensíveis, há o perigo de enviarmos acidentalmente o sinal errado para o mundo inteiro. Nos últimos trezentos anos, o mundo ocidental tem considerado a ‘religião’ (a própria palavra mudou de significado para acomodar esse novo ponto de vista) como um assunto privado, ‘o que alguém faz no particular’. A fé cristã como um todo foi reduzida, na mentalidade pública, a um movimento ‘particular’ no sentido de que, segundo muitos alegam, não deveria ter lugar algum na vida pública. Assim, ainda posso comprar uma bebida em algum mercado ou loja de esquina; mas não posso me sentar no velho templo da igreja, do outro lado da rua, e participar de um culto de oração. Nesse caso, a adoração se torna invisível; e o fechamento de igrejas parece conspirar com isso. Ao dizer que aboliremos temporariamente o culto corporativo e nos reuniremos com outras pessoas apenas em cultos on-line, realizados ao vivo da sala de estar da casa do ministro, podemos dar a entender que, de fato, não passamos de um grupo de indivíduos com ideais semelhantes em busca de um passatempo arcano particular. Nesse contexto, o problema com a ‘adoração eletrônica’ é que ela acaba se transformando em uma ‘adoração platônica’, isto é, ‘sozinhos com todo o mundo’. Visto que já existem pressões culturais nessa direção, importa-nos reconhecer o perigo.

Felizmente, ao que tudo indica, muitas pessoas que ‘foram para a igreja’ nessa realidade virtual não teriam participado de um culto em algum templo físico; tal desenvolvimento é motivo de regozijo. No entanto, nossas igrejas têm sido há séculos lembretes físicos e audíveis – em ruas movimentadas e em lugares afastados, nos campos e nas cidades – de um estilo de vida que a modernidade ocidental tentou sufocar. Sem dúvida, temos aprendido muitas coisas neste tempo de ‘exílio forçado’ – é exatamente isso que estamos enfrentando, um exílio – mas devemos orar pelo dia em que nossos templos funcionarão, no contexto da nossa sociedade, da forma como foram planejados.

Em outras palavras, estou preocupado com o modo pelo qual a Igreja, deparando-se com uma grande crise, seguiu docilmente o parecer de uma liderança secularizada. Do ministério de Jesus em diante, o sinal da nova criação tem sido a presença restauradora do próprio Jesus e, acima de tudo, sua morte e ressurreição. A realização do culto público ao Deus Triúno – observadas todas as medidas de segurança – foi sempre parte importante do envio desse sinal ao mundo observador. Quando Paulo diz aos filipenses: ‘Alegrem-se sempre no Senhor’, a palavra ‘alegre-se’ não significa apenas ‘sinta-se muito feliz no seu interior’. Significa: ‘saia para a rua e comemore!’ – com o devido distanciamento, claro. Afinal, diversas outras pessoas estão fazendo isso. Nos dias de Paulo, havia muitas procissões, festas de rua e cerimônias religiosas acontecendo em público, de modo que todos podiam ver o que estava acontecendo. Paulo queria que os seguidores de Jesus fizessem a mesma coisa. Na Bíblia, a palavra para ‘alegria’ conota algo que você pode ouvir a uma certa distância. Veja, por exemplo, Neemias 12:43.

Pego-me entre esses dois pontos de vista; e ao que me parece, ambos estão corretos. Entendo perfeitamente que devemos ser responsáveis e escrupulosamente respeitosos. Fico alarmado com relatos de pessoas devotas, mas mal orientadas, que ignoram regulamentos de segurança por acreditarem que, como cristãs, serão automaticamente protegidas contra doenças ou que, como ouvi alguém dizer na televisão, ‘você está seguro dentro da igreja porque o Diabo não pode entrar lá’. (Queria dizer à pessoa que ouvi: ‘Acredite-me, senhora, sou bispo: o Diabo entra e sai de lá, como qualquer outra pessoa’). É o tipo de superstição que traz má reputação à fé cristã. Semelhantemente, debates sobre fechar a porta das igrejas podem facilmente gerar controvérsias paralelas – entre aqueles, por exemplo, para os quais o edifício e todos os seus elementos têm sido parte vital de sua espiritualidade e aqueles aos quais essas coisas são irrelevantes, visto que qualquer pessoa pode adorar a Deus em qualquer lugar. Ambos os lados podem aprender com a crise atual, e fazemos bem em acolher uns aos outros em oração e amor.

Parte da resposta a essa oração, como muitos já perceberam, pode ser o discernimento de que o presente momento é um tempo de exílio. Encontramo-nos ‘junto aos rios da Babilônia’, confusos e sofrendo a perda da nossa vida normal. ‘Como poderíamos cantar as canções do Senhor numa terra estrangeira?’ (Salmos 137:4) se traduz facilmente em: ‘Como posso sentir a alegria de participar da Ceia do Senhor olhando para a tela de um computador?’. Ou então: ‘Como posso celebrar a entronização de Jesus e o derramamento do Espírito Santo sem a companhia dos meus irmãos e irmãs?’

Evidentemente, parte da ideia de Salmos 137 é precisamente o fato de o poema ser, ele próprio, uma ‘canção do Senhor’. Eis a ironia: a escrita de um poema cujo tema é a incapacidade de escrevê-lo. Assim, parte da disciplina do lamento pode ser transformar o próprio lamento em uma canção de tristeza. Talvez seja uma das formas pelas quais somos chamados no momento a sermos pessoas de lamento – lamentando até o fato de não conseguirmos lamentar da forma como normalmente preferiríamos. Devemos explorar essas questões, e as novas disciplinas exigidas de nós, da melhor forma que pudermos. Pode ser que isso também deva ser aceito como parte da vida na Babilônia. Talvez devamos, como nos orientou Jeremias, estabelecer-nos nesse regime e ‘procurar a paz da cidade’ onde estamos [cf. Jr 29:7, ARC]. Todavia, não devemos fingir que é onde queremos estar. Não nos esqueçamos de Jerusalém, nem decidamos permanecer no exílio.

É a esse respeito que as igrejas (e outros grupos como líderes e pensadores judeus) necessitam urgentemente refletir e orar quanto ao que pode e deve ser dito, e sobre como dizê-lo de tal forma que os líderes do mundo ocidental possam ouvir e agir com sabedoria. Com esse fim em mente, abordamos a seção final deste capítulo.”

N. T. Wright, Deus e a Pandemia (RJ: Thomas Nelson, 2020), p. 126-130.

August 26, 2020

Flordelis e sua Queda

 

Flordelis teve um início de vida cristã muito bonito. Na juventude ajudou a dezenas de crianças e adolescentes envolvidos com crimes, tráfico, uso de drogas, prostituição ou que sofriam maus tratos em casa. Adulta, evangelizou em presídios e bocas de fumo. Aos 33 anos adotou 37 crianças (dos quais 14 bebês), moradores de rua que haviam sobrevivido à chacina da Candelária. Seu testemunho foi tão impressionante que virou filme em 2009 (Flordelis - Basta uma Palavra para Mudar). Neste mesmo ano ela e o marido fundaram a Comunidade Evangélica Ministério Flordelis, prenúncio de queda... um ministério personalíssimo, com seu próprio nome. Em 2019 foi eleita deputada federal, como a mulher mais votada do Estado do Rio de Janeiro. Desde maio de 2018 ela passou a colocar pequenas doses de veneno na comida do marido e, em junho de 2019, ele foi assassinado a tiros, a mando dela.

Flordelis é um triste exemplo de queda. Não sabemos quando os pecados não confessados começaram a se acumular em sua vida, mas nós estamos vendo a que ponto eles chegaram. Agora, “o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa.” (Rm 2.24). Jesus nos advertiu “É inevitável que venham escândalos, mas ai da pessoa pelo qual eles vêm! Melhor fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse atirado no mar, do que fazer tropeçar a um destes pequeninos.” (Lc 17.1,2). O escândalo gerado por ela é muito grande.

Será que há esperança para Flordelis dos Santos de Souza? Ora, para Davi houve. Depois que Deus pesou a mão sobre ele, no meio das dores e sofrimentos, arrependeu-se e encontrou o perdão de Deus. Sinceramente espero que, derrubado todo o castelo de cartas que Flordelis construiu (igreja, fama, política...), Deus trate o seu coração, ela se arrependa profundamente dos seus pecados, e retorne à simplicidade do Evangelho que viveu nos dias da sua juventude. Que Deus tenham misericórdia dela.

August 14, 2020

Sobre a mudança do shabat (descanso) do 7º para o 1º dia da semana

 

Muitas pessoas perguntam: Onde está, na Bíblia, a base para a mudança do shabat (descanso) do 7º dia da semana para o 1º dia?

Quando lemos o Novo Testamento é visível esta mudança a partir da ressurreição de Cristo. Depois da ressurreição, a igreja passou a reunir-se no primeiro dia da semana, como forma de marcar o grande evento que foi a vitória de Cristo sobre a morte.

Isso foi tão forte que o primeiro dia da semana passou a ser chamado de Domingo (Dominus Dei – Dia do Senhor), como esclarece Simon Kistemaker, doutor em Novo Testamento:

“É o dia da ressurreição do Senhor, e no fim do século 1° os cristãos haviam começado a se referir a ele não como primeiro dia da semana, mas como dia do Senhor (compare com a expressão a ceia do Senhor, em 1Co 11.20). É o dia dedicado ao Senhor.” (Comentário de Apocalipse, Editora Cultura Cristã, p. 128).

Note que os principais eventos da era cristã aconteceram no domingo.

- Jesus ressuscitou em um domingo (Jo 20.1)

- Jesus apareceu a dez discípulos quando estavam reunidos em um domingo (Jo 20.19)

- Jesus apareceu a onze discípulos quando estavam juntos em outro domingo (Jo 20.26)

- O Espírito Santo desceu no dia de Pentecostes, que era um domingo (Lv 23.15, 16 – o dia imediato ao sábado), e nesse mesmo domingo o primeiro sermão sobre a morte e ressurreição de Cristo foi pregado por Pedro (At 2.14) com 3000 novos convertidos.

- Em Trôade os crentes se juntaram para adorar no domingo (At 20.7). E note que eles deixaram passar o sábado (v. 6), mas fizeram o culto no domingo.

- Paulo instruiu aos crentes para trazerem as suas contribuições no domingo, dia em que eles estavam juntos para cultuar (1Co 16.2).

- Jesus apareceu a João, em Patmos, em um domingo (Ap 1.10).


O testemunho da história da Igreja confirma a mudança. Os sabatistas costumam ensinar, erroneamente, que a Igreja Cristã só passou a cultuar no domingo a partir de um decreto do imperador romano Constantino, no 4º século. Contudo, observe as citações abaixo, todas anteriores a Constantino:

Barnabé (96/98 d.C.) - “Por fim, [o Senhor] lhes disse: ‘Não tolero vossos novilúnios e vossos sábados’ [Isaías 1,13]. Observai como disse: ‘Não aceito os vossos sábados de agora, mas aquele que Eu fiz, aquele em que, fazendo descansar todas as coisas, farei o início de um oitavo dia, isto é, o início de um outro mundo. Justamente por isso nós celebramos também o oitavo dia com regozijo, por ser o dia em que Jesus ressuscitou dentre os mortos e, depois de Se manifestar, subiu aos céus” (Epístola de Barnabé, 15.8)

Didaqué (65/80 d.C.) – “Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro. 2 Aquele que está brigado com seu companheiro não pode juntar-se antes de se reconciliar, para que o sacrifício oferecido não seja profanado. 3 Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: "Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro porque sou um grande rei - diz o Senhor - e o meu nome é admirável entre as nações". (Didaquê, 14.1)

Inácio de Antioquia ( 107 d.C.) – “1. Assim os que andavam na velha ordem das coisas chegaram à novidade da esperança, não mais observando o sábado, mas vivendo segundo o dia do Senhor, no qual nossa vida se levantou por Ele e por Sua morte, embora alguns o neguem. Mas é por êsse mistério, que recebemos a fé e por êle é que perseveramos, para sermos de fato discípulos de Jesus Cristo nosso único mestre. 2 Como pois poderemos viver sem Êle, a quem mesmo os Profetas, discípulos pelo Espírito, esperavam como Seu mestre? E foi por isso que Êle, em quem esperavam na justiça, os ressuscitou dos mortos, pela Sua presença.” (Epístola aos Magnésios, 9.1)

Justino Mártir (100-165 d.C.) – “3No dia que se chama do sol, celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se lêem, enquanto o tempo o permite, as Memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas. 4Quando o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos esses belos exemplos. 5Em seguida, levantamo-nos todos juntos e elevamos nossas preces. Depois de terminadas, como já dissemos, oferece-se pão, vinho e água, e o presidente, conforme suas forças, faz igualmente subir a Deus suas preces e ações de graças e todo o povo exclama, dizendo: "Amém". Vem depois a distribuição e participação feita a cada um dos alimentos consagrados pela ação de graças e seu envio aos ausentes pelos diáconos. 6Os que possuem alguma coisa e queiram, cada um conforme sua livre vontade, dá o que bem lhe parece, e o que foi recolhido se entrega ao presidente. Ele o distribui a órfãos e viúvas, aos que por necessidade ou outra causa estão necessitados, aos que estão nas prisões, aos forasteiros de passagem, numa palavra, ele se torna o provedor de todos os que se encontram em necessidade. 7Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe-se que o crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguinte ao de Saturno, que é o dia do Sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutrinas que estamos expondo para vosso exame.” (Apologia 1, 67)

Tertuliano (160-220 d.C.) – “2. O Senhor dará a graça, a fim de que eles venham a ceder, ou então, sigam a sua opinião sem escandalizar os outros. Nós, porém, de acordo com a tradição que recebemos, somente no dia da ressurreição do Senhor evitamos não só ajoelhar-nos, mas também toda atitude ou ato de culto que exprima tristeza. E adiamos os nossos negócios, para não deixar ao diabo oportunidade alguma (cf. Ef 4,27).” (Da Oração, 23.2)

Concílio de Elvira ( 305 d.C.) – Se eles cometem crimes sexuais após completar a penitência, que deve ser negado qualquer comunhão mais uma vez receber a comunhão seria fazer uma paródia da comunhão de domingo.” (Cânone 3)

“Se alguém que mora na cidade não frequenta serviços religiosos durante três domingos, deixe essa pessoa ser expulso por um breve tempo a fim de fazer o opróbrio público.” (Cânone 21)

“Se um cristão confessa o adultério com uma mulher judaica ou pagã, a ele é negada a comunhão durante algum tempo. Se o seu pecado é exposto por outra pessoa, ele deve completar a penitência cinco anos antes de receber a comunhão de domingo.” (Cânone 78)

 

Enfim, a mudança do dia do descanso, do 7º para o 1º dia da semana, o dia do Senhor, tem base bíblica e comprovação histórica. Não é por acaso que a esmagadora maioria das igrejas cristãs, de todos os tempos, guarda o domingo e têm nos seus catecismos e confissões históricos esta doutrina bem definida. Que Deus nos abençoe para que cumpramos o 4º mandamento com fidelidade e alegria.

August 13, 2020

19 fatores que levam você a ver pornografia - Brad Hambrick


Ao identificar fatores que motivam seu desejo sexual, também quero que você observe se está tratando seu pecado como um amigo, aliado, refúgio, etc. Esses insights são essenciais para o arrependimento fazer sentido como parte central da mudança. A não ser que vejamos como o nosso pecado procura substituir Deus em nossas vidas, nossa necessidade de nos corrigirmos diante de Deus surge como se Deus estivesse inibindo indevidamente a nossa sexualidade.

“Sua batalha com o vício sexual não começa com o seu comportamento. Ela começa com o que você quer, pelo que você vive” (David Powlison em Sexual Addiction, p. 6).

1.Tédio (O Pecado como a Minha Alegria)

Quando o tédio é o que aciona o nosso desejo sexual, então o pecado se torna a nossa alegria. Quando há um momento que pode ser ocupado com algo de nossa escolha, nós buscamos o pecado para preencher o vazio, e não Deus ou algum de Seus desejos legítimos. Nós começamos a perder nosso apetite para o prazer piedoso como a criança que come doce para de querer comida saudável. Mesmo quando eles sentem o entorpecimento dos altos e baixos das guloseimas, eles não conseguem conectar isso a sua dieta, e procuram outro “barato do açúcar” como a solução “óbvia”.

“Sexo não é supremo… Ídolos começam como coisas boas a que damos importância demais, e poucas coisas transformam-se em idolatria com mais frequência ou poder que o sexo. Nós permitimos que um bom dom de Deus suplante o Deus que o deu. Sexo é bom, até ótimo, mas não é supremo”. (Tim Challies em Desintoxicação Sexual, p.61.)

Leia Neemias 8.9-12. Deus é um Deus de grande alegria e prazer. Muitas vezes, vemos Deus como algo tão sério que acreditamos que “diversão” deve ser algo contrário a Ele. Quando Deus chamou Israel ao arrependimento por meio de Neemias e Esdras, Ele pediu que eles expressassem seu arrependimento em celebração. Se o fator do tédio o leva a pecar, permita que essa passagem desafie sua visão de Deus.

2. Solidão (O Pecado como Meu Amigo)

Quando a solidão é o que nos leva ao pecado sexual, o pecado se torna nosso “amigo”. O pecado sexual é sempre relacional quer o relacionamento seja fictício ou físico. Assim, ele se ajusta bem à solidão. É como se nosso pecado (uma pessoa, uma sala de bate-papo ou um vídeo) nos dissesse: “conte-me seus problemas”. Nós ficamos felizes em pegar uma cadeira e desabafar. Ao fazermos isso, falar com uma pessoa real ou com alguém que não é parte de nosso pecado torna-se muito arriscado. Agora, nós tememos ser julgados ou descobertos por qualquer pessoa além do nosso “amigo”.

“Eu posso criar um mundo perfeito. As coisas sempre acontecem exatamente do meu jeito. As pessoas fazem exatamente o que eu quero. Eu estou sempre no topo. A fantasia é ótima para alimentar o ego” (Testemunho anônimo no livro de David Powlison, Pornography: Slaying the Dragon, p. 19).

Leia Provérbios 27.6. Durante o pecado sexual, nós escrevemos esse provérbio ao contrário. Nós cremos que “Leais são os beijos do inimigo; mas as feridas do amigo são enganosas”. Quando o pecado reverte os papéis de amigo e inimigo, ele nos prende até que restituamos os rótulos certos às pessoas em nossas vidas. Se o fator da solidão o leva ao pecado sexual, então examine em oração quem ou o que você está chamando de “amigo”.

3. Stress (O Pecado como Meu Consolador)

Quando o stress é o que nos leva ao pecado sexual, o pecado se torna nosso “consolador”. Nós corremos para ele ou ela. O pecado ou nosso parceiro de adultério torna as coisas melhores (pelo menos enquanto ela ou ele permanece escondido e conosco). Porém o consolo possui uma qualidade viciante. O stress de que somos aliviados é multiplicado pelo stress que ele ou ela cria. Isso nos mantém num ciclo de stress, retornando a uma fonte primária de stress para ter alívio.

“Nós desejamos intimidade em um nível relacional. Nós nos sentimos solitários. Mas, nós também temos medo da intimidade. Nós não temos certeza de que podemos alcançá-la ou se estamos vulneráveis o bastante para manejá-la”. (Tim Chester in Closing the Window, p. 47)

Leia João 14.25-31. Jesus descreve o Espírito Santo como o “Ajudador” ou o “Consolador” (v. 26) e como a fonte de paz que é distinta da paz do mundo que sempre nos leva ao medo (v. 27). Se uma fonte de consolo não permite que você seja mais real com mais pessoas, então não é verdadeiro consolo. É uma droga que te entorpece você antes de te deixar doente. Se o fator do stress o leva ao pecado sexual, então examine se seu “consolo” é real ou uma forma de automedicação relacional.

4. Frustração (O Pecado como Minha Paz)

Quando a frustração é o que nos leva ao pecado sexual, então o pecado torna-se nossa fonte de paz. O pecado é tratado como um “oásis”. Quando isso acontece, nós rotulamos o pecado de nosso “abrigo” em comparação às partes da vida que nos chateiam. Isso torna o pecado nosso amigo e tudo o que se opõe ou interfere vira nosso inimigo.

Leia Romanos 16.17-20 e 1 Tessalonicenses 5.22-24. Perceba que cada passagem refere-se a conhecer o Deus de paz como alternativa a cair em tentações baseadas em desejos enganosos. Em quem você procura paz quando algo te frustra é aquilo que determina o seu caráter. Assim que você declara que algo ou alguém é a fonte de sua paz, você será leal a isso e o obedecerá.

5. Fadiga (O Pecado como Minha Fonte de Vida)

Quando a fadiga é o que nos leva ao pecado sexual, então o pecado torna-se nossa fonte de vida. Nós buscamos no pecado nosso impulso para suportar o dia. Pensar em nosso pecado nos faz prosseguir quando pensamos em desistir. A adrenalina da satisfação sexual (física ou romântica) torna-se uma droga que usamos para artificialmente nos estimularmos, a qual começamos a questionar se conseguiríamos viver sem.

Leia 2 Coríntios 4.7-18. Essa passagem usa muitas palavras que podem ser sinônimas ou criam fadiga: aflitos (v. 8), perplexos (v. 8), perseguidos (v. 9), abatidos (v. 9) e desfalecer (v. 16). A fadiga pode fazer você se sentir só e o pecado sexual torna-se sua companhia vivificadora. Paulo diz que é somente Cristo que pode ser a vida em nós que enfrenta a fatigante morte ao nosso redor (v. 10-12). Duvidar dessa verdade revela que estamos acreditando em (ou pelo menos ouvindo atentamente) mentiras.

6. Dor (O Pecado como Meu Refúgio)

Quando a dor é o que nos leva ao pecado sexual, o pecado se torna nosso refúgio. Em nossos momentos de fuga pecaminosa, nos sentimos protegidos da vida e uma crescente lealdade ao nosso pecado se desenvolve. Na verdade, nosso pecado nos fornece tanta proteção quanto uma criança puxando a coberta sobre a própria cabeça, mas, em nossos momentos de dor, apreciamos mesmo o pseudo-refúgio do pecado comparado à aparente ausência de qualquer outro abrigo.

Leia o Salmo 31. Esse salmo alterna entre um pedido de socorro e uma canção de confiança. Assim, o salmo revela o realismo com que a Escritura fala. O pecado sexual é um pseudo-refúgio à disposição. Mesmo quando não podemos ter o pecado, podemos fantasiar sobre a presença dele. Entretanto, o verdadeiro refúgio de Deus está disponível pelo mesmo tipo de exercício “meditativo”. Porém, ele pode nos livrar de verdade por meio do direcionamento da Escritura, da presença de Seu Espírito e do envolvimento de Seu povo.

7. Traição (O Pecado como Minha Vingança)

Quando a traição é o que nos leva ao pecado sexual, o pecado se torna a nossa vingança. Nós sabemos como a traição (especialmente traição sexual) é poderosa, então decidimos usar seu poder para nossos propósitos de vingar-nos daqueles que nos magoaram. Cegos pela dor, tentamos usar a dor para conquistar a dor, mas apenas a multiplicamos. Nós continuamos esse efeito dominó potencialmente infinito que nos agride, alternando as experiências da dor da traição e da vergonha de trair, apesar de sabermos como isso perpetua a dor.

Leia Romanos 12.17-21. É bastante tentador ler essa passagem como se Deus o impedisse de ter um doce alívio e satisfação. Mas, na realidade, Deus está te impedindo de transformar a traição de outro em autodestruição. Deus não está removendo a vingança. Ele está simplesmente dizendo que Ele é o único que pode manejar seu poder sem ser vencido por ela. O pecado não pode derrotar o pecado; não mais que o óleo pode remover uma mancha de suas roupas. É tolice crer que seu pecado sexual pode fazer o que somente a morte de Cristo na cruz conseguiria – trazer justiça à injustiça.

8. Amargura (O Pecado como Minha Justiça)

Quando a amargura é o que nos leva ao pecado sexual, o pecado se torna a nossa justiça. Se o pecado como vingança é rápido e ardente, o pecado como justiça é lento e frio. Não estamos mais procurando ferir os outros com nossos atos; agora, estamos meramente nutrindo nossa ferida. Se tentássemos explicar nosso pecado em palavras, teríamos de dizer que achamos que nosso pecado tem algum poder de cura. Mas, porque isso parece tolice, tendemos mais a apenas justificá-lo com o pecado cometido contra nós.

Leia Hebreus 12.15-17. Nesta passagem, uma “raiz de amargura” é diretamente ligada ao pecado sexual (v. 16). Quando a amargura distorce nossa perspectiva, trocamos coisas de grande valor (nossa integridade e/ou unidade da família) por coisas de pouco valor (um desejo liberado ou uma fantasia rapidamente trazida à vida) como Esaú vendeu sua primogenitura por uma tigela de sopa.

9. Oportunidade (O Pecado como Meu Prazer)

Quando a oportunidade é o que nos leva ao pecado sexual, o pecado se torna nosso prazer. Muitas vezes, o pecado sexual não exige mais que um tempo sozinho com um computador, um momento livre para mandar mensagem ou um membro do sexo oposto para “conversar” (isto é, flerta ou permitir que leve meus fardos). Quando o caso é esse, o pecado sexual tornou-se nossa diversão normal, nosso passatempo preferido. Quanto mais o nosso pecado sexual se infiltra nas partes comuns da vida, mais abrangentes serão as mudanças de coração e estilo de vida necessárias para arrancá-lo.

“A realidade é que, muitas vezes, não gostamos da vergonha e das consequências do pecado, mas ainda gostamos do pecado em si… É por isso que a pornografia é agradável. Vamos ser honestos sobre isso. Se fingirmos que não, jamais a venceremos. As pessoas gostam de assistir pornografia – ou elas não assistiriam. A Bíblia fala sobre os prazeres do pecado. Eles são temporários. Eles são perigosos. Eles são prazeres vazios comparados com a glória de Deus. Mas, não obstante, eles são prazeres”. (Tim Chester em Closing the Window, p. 15)

Leia Filipenses 3.17-21. Paulo está abordando aqueles que têm um “deus em seu ventre” (v. 19). Essas são pessoas cujos apetites básicos, as partes cotidianas de suas vidas, estão em confronto com Deus. Paulo chorava ao pensar em pessoas nessa condição (v. 18). Se a mera oportunidade se torna um motivo central para seu pecado, que essa passagem lhe choque e acorde!

10. Rejeição (O Pecado como Meu Conforto)

Quando a rejeição é o que nos leva ao pecado sexual, o pecado se torna nosso conforto. Nossa cultura fez as coisas feitas por causa do “medo de rejeição” parecerem neutras, como se a motivação negativa negasse a malignidade do pecado; como se nós nos tornássemos vítimas de nosso próprio pecado quando tememos a rejeição. O problema com temer a rejeição é que isso nos torna tolos. Somente o temor do Senhor pode nos fazer sábios (Pv 1.7). Quando reagimos por medo da rejeição, naturalmente buscamos o conforto das pessoas em vez do conforto de Deus.

“Assim que entendemos que o alvo primário do comportamento sexualmente viciante é evitar a dor relacional – em essência, controlar a vida – começamos a descobrir o problema principal… Sob diversas camadas da superfície há uma força penetrante e integral que exige o direito de evitar a dor e experimentar a autorrealização. Essa energia egocêntrica é a própria essência do que a Bíblia chama de ‘pecado’”. (Harry Schaumburg em False Intimacy, p. 20, 24)

Leia Provérbios 29.25. A Escritura chama do “medo de rejeição” de “temor do homem” .Não é algo inocente porque substitui Deus como Aquele por cuja aprovação nós vivemos. São os valores, caráter e preferências de quem tememos que influenciam nossas decisões, emoções, moralidade e reações instintivas. Se a rejeição é seu motivo primário para o pecado sexual, permita que essa passagem desafie a orientação da sua vida.

11. Fracasso (O Pecado como Meu Sucesso)

Quando o fracasso é o que nos leva ao pecado sexual, o pecado se torna nosso sucesso. No mundo da fantasia do pecado sexual (pornografia, mídia romântica ou adultério), você sempre ganha. Você fica com a garota. Você é a donzela resgatada. Nenhuma parte da vida real pode competir com a taxa de sucesso rápido do pecado. O pecado vem primeiro e o custo depois. O custo do sucesso verdadeiro vem primeiro. Em casamentos saudáveis, sacrifício é uma parte primária da alegria. Ao entregar-se ao pecado sexual como uma forma de sucesso, ele o levará a desejar o tipo de sucesso que destrói uma família. Mesmo se o relacionamento de adultério se torne estável, ele se tornará “real” o bastante para não mais jogar pelas suas regras preferidas de sucesso.

Leia Mateus 21.28-32. Por que o segundo filho disse “eu vou” e não cumpriu a tarefa (v. 30)? Um motivo potencial é o medo do fracasso. Sem dúvida, ele teria visto o pai insatisfeito com ele e se sentiria mais próximo de alguém que somente quer que ele faça o que tem vontade (i.e., pornografia, mídia romântica ou parceiro de adultério). Usar o pecado sexual como sucesso barato resulta em ferir relacionamentos reais, mentira, ficar na defensiva por ser “julgado” e retroceder a relacionamentos doentios ou fictícios. Em vez de avaliar os outros por como eles nos fazem se sentir, arrependa-se de seu medo do fracasso.

12. Sucesso (O Pecado como Minha Recompensa)

Quando o sucesso é o que nos leva ao pecado sexual, o pecado se torna a nossa recompensa. O seu pecado sexual se tornou o que você faz quando precisa descansar ou o que você “merece” depois de completar algo difícil? O seu pecado sexual tornou-se a cenoura que você balança na sua frente para manter a motivação? Quando o pecado se torna a nossa recompensa, nos sentimos enganados pelo arrependimento. Deus e todo mundo que fala em Seu nome tornam-se estraga-prazeres.

Leia Hebreus 11.23-28. Moisés estava diante de uma escolha entre que recompensa ele considerava mais satisfatória: o tesouro do Egito ou o privilégio de ser servo de Deus (v. 26). O pecado sexual nos dá uma escolha semelhante: um tesouro fácil ou um serviço humilde. A não ser que Cristo seja seu herói, e Deus o seu Pai admirável, então a escolha parece facilmente ser andar na direção da destruição.

13. Direito (O Pecado como o que Mereço)

Quando o direito é nosso motivo para o pecado sexual, o pecado se torna o que merecemos. Quando você está diante do seu pecado sexual, você pensa ou diz “Como eu vou conseguir o que preciso… mereço… conquistei?”. Você consegue ver como o pecado sexual tornou-se sua medida para o que é um “bom dia” ou se alguém está contra ou a favor de você? Você está disposto a permitir que apenas Cristo, que morreu pelo pecado de onde você está tentando obter vida, seja a medida do que é “bom” em sua vida?

Leia Jeremias 6.15 e 8.12. O povo de Deus tinha perdido a habilidade de envergonhar-se do pecado. Por quê? Uma explicação possível (que pode explicar nossa incapacidade de envergonhar mesmo se não se aplica a eles) é que eles criam que mereciam seu pecado. Quando isso acontece, acreditamos que sabemos mais que Deus. Nós creditamos que as situações únicas da nossa vida são mais importantes que as verdades eternas da ordem criada de Deus. Nossa confiança para discutir nos furta a humildade necessária para se envergonhar.

14. Desejo de Agradar (O Pecado como Minha Auto-Afirmação)

Quando o desejo de agradar é nosso motivo para o pecado sexual, então o pecado se torna nossa auto-afirmação. É fácil agradar um ator pornô ou um parceiro de adultério. Eles têm interesse em serem agradados. Toda o relacionamento é baseado em comércio (“o cliente tem sempre a razão”) ou conveniência (“se eu não estou agradando você, você tem outro lugar para ir”) em vez de comprometimento (“eu escolho você incondicional e fielmente nos tempos bons e ruins”). Muito frequentemente, o pecado torna-se um lugar de fuga quando você não está querendo fazer alguém feliz.

Leia Efésios 4.25-32. Note que o tipo de interação relacional descrita nesses versos é incompatível com um desejo exagerado de agradar os outros. Não podemos viver a vida para a qual Deus nos chamou (quer estejamos pecando sexualmente ou não) se nosso principal desejo é agradar os outros. Nossas conversas devem ser graciosas e boas para a edificação (v. 29), mas isso pressupõe que estamos dispostos a falar sobre áreas de fraquezas com aqueles que amamos.

15. Horário (O Pecado como Tranquilizante)

Quando o horário é o que nos leva ao pecado sexual, o pecado se torna nosso tranquilizante. Você usa seu pecado sexual para ajudar a dormir, começar o dia, acabar com o tédio, passar o tempo ou como um estimulante? Quais são os horários do dia ou da semana em que normalmente você luta contra o pecado sexual? O seu pecado sexual tem se tornado uma rotina?

Leia 1 Timóteo 4.7-10. Quando você usa o pecado como um tranquilizante, você está se exercitando na impiedade (veja o v. 7). Muitas vezes, como essas ocorrências acontecem durante períodos de inatividade, achamos que não são tão ruins. Nós as vemos mais como uma criança que ainda chupa o dedo em vez de uma criança que está desafiando a instrução direta dos pais. Se disciplinar-nos para a piedade significa algo, isso é importante quando nos sentimos indisciplinados.

16. Lugar (O Pecado como Meu Escape).

Quando o lugar é o que nos leva ao pecado sexual, o pecado se torna o nosso escape. A natureza fantasiosa de todo pecado sexual o torna uma fuga perfeita de um local desagradável. Nós podemos estar “presentes” e “ausentes” ao mesmo tempo. Nós podemos receber presença (ou pelo menos evitar levar falta) sem precisar estar presentes. Podemos estar mentalmente com nosso amante enquanto enfrentamos um encontro chato, crianças difíceis, um cônjuge desinteressado, um apartamento solitário ou outro contexto desgradável.

Leia o Salmo 32. Perceba que o salmo começa falando sobre um tempo ou lugar desagradável (v. 1-5). Mas, em vez de fugir, Davi correu para Deus (v. 7) e encontrou a alegria que você busca por meio da fuga pelo pecado sexual (v. 10-11). Quando nós fugimos em uma fantasia sexual, estamos usando nossa fantasia como um Deus substituto. Estamos, com efeito, orando para e meditando sobre nosso pecado durante um período de dificuldade em busca de libertação.

17. Pensamentos Negativos (O Pecado como Meu Silenciador)

Quando pensamentos negativos são nosso motivo para pecar, o pecado torna-se nosso silenciador. Na fantasia sexual (pornografia, mídia romântica ou parceiro de adultério), sempre somos desejados e vemos a nós mesmos pelos olhos de quem nos deseja. Nós nos entregamos a eles não apenas fisicamente, mas na imaginação. Porque nós sabemos que o relacionamento tem curto prazo, estamos dispostos a isso. Se o relacionamento fosse permanente, o poder do efeito silenciador seria diluído com o passar do tempo e negado por nosso crescente número de falhas na presença do (a) parceiro (a).

Leia o Salmo 103. O pecado (ou mesmo um relacionamento humano saudável) nunca fará o que somente Deus pode fazer. O silêncio definitivo para os nossos pensamentos negativos é a morte de Cristo na cruz – afirmando que éramos tão maus quanto pensávamos, mas substituindo nossa deficiência com Sua justiça. O pecado sexual oferece uma justiça fantasiosa. Ele só pode oferecer o tipo de cobertura zombada no clássico livro infantil A Roupa Nova do Imperador.

18. Público (O Pecado como Meu Parque de Diversões)

Quando o público é o que nos leva ao pecado sexual, o pecado se torna nosso parque de diversões. Nós caminhos pela vida como uma criança num parque; admirando cada pessoa que vemos como um brinquedo novo ou uma aventura romântica, fazendo insinuações sexuais grosseiras a cada comentário ou tratando todos os presentes como se eles existissem para nos divertir e nos estimular sexualmente. Nosso pensamentos particulares são alimentados por uma interpretação hipersexualizada do que está à nossa volta.

“O ato de olhar pornografia é em si mesmo parte do socorro que ela pretende oferecer. Eu posso procurar mulheres que estão disponíveis para mim. Eu posso escolher entre elas como um ser soberano. Isso oferece um senso de controle”. (Tim Chester, em Closing the Window, p. 50).

Leia Romanos 1.24-25. Você consegue ver na descrição do sexo como um parque o que significa “mudar a verdade de Deus em mentira, e honrar e servir mais a criatura do que o Criador” (v. 25)? Deus nos entregará a esse tipo de coração lascivo (v. 24). É por isso que uma amputação radical do pecado é uma resposta sábia e necessária para impedir que o pecado sexual se torne nosso parque de diversões (Mt 5.27-30).

19. Fraqueza (O Pecado como Meu Poder)

Quando fraqueza é o que nos leva ao pecado sexual, o pecado se torna nosso poder. A estimulação (física e química associada com a excitação) do pecado sexual oferece uma fachada de força. Outra pessoa se deleitando em você produz uma aparência de importância. Como acontece com muitos desses motivos, o sexo torna-se um meio para um fim. Sexo não é mais uma expressão de amor, mas uma tentativa de obter algo. Isso é sempre uma receita para sexo disfuncional e insatisfatório.

“Meu pastor pregava que a principal questão do adultério é que você quer alguém para adorar e servir você, para estar à sua disposição. Isso ecoou em mim. Eu podia enxergar esse tema em minhas fantasias”. (Testemunho anônimo em Pornography: Slaying the Dragon, de David Powlison, p. 15).

Leia 2 Coríntio 11.30. Você está disposto (expor pública e verbalmente) sua fraqueza como uma maneira de fazer Cristo mais conhecido e viver em relacionamentos mais autênticos? Essa é a única liberdade que permitirá que você desfrute o que está procurando no pecado sexual. Se isso soa retrógrado, leia o que Paulo diz em sua primeira carta aos Coríntios (1.20-25) e pergunte a si mesmo se sua “sabedoria” é ficar mais perto ou mais longe de onde você quer estar.

Liste e faça um ranking dos top cinco motivos para seu pecado sexual.

  1. __________________________________________________
  2. __________________________________________________
  3. __________________________________________________
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“Pornografia sempre é um sintoma de questões mais profundas. Envolve lascívia, mas também envolve raiva, intimidade, controle, medo, fuga e assim por diante. Muitos desses problemas aparecerão em outras áreas da vida”. (Tim Chester, em Closing the Window, p. 109).

Para algumas pessoas, o motivo de seu pecado sexual será muito evidente. Talvez você possa rapidamente entender os motivos que o levam a acreditar que o pecado “vale a pena” ou “funcionará” dessa vez. Para outros, exige reflexão no momento de tentação para discernir o que os atrai.

O valor de entender o motivo de nosso pecado é que nos permite ouvir as promessas vazias que o pecado faz para que possamos voltar para nosso amoroso Pai Celestial que quer e pode cumprir essas promessas. Eu espero que esse post tenha te ajudado a enxergar o vazio do pecado e te preparado a aceitar a plenitude de Deus no evangelho.

Publicado em português em: https://voltemosaoevangelho.com/blog/2019/04/19-fatores-que-levam-voce-a-ver-pornografia/

August 3, 2020

5 Argumentos a Favor do Uso de Instrumentos Musicais no Culto Público


Nos últimos dias tenho ouvido falar de uma posição teológica contrária a instrumentos musicais no culto. A posição apresenta 3 argumentos principais:

1º Instrumentos musicais não são permitidos porque ferem o Princípio Regulador do Culto;

2º Não são permitidos porque estão associados ao sistema sacrificial do Antigo Testamento e, cessado este sistema, o uso deles também cessou;

3º Não podem ser usados porque apenas os levitas foram encarregados do seu uso no culto e, cessado o período dos levitas, não temos mais ninguém autorizado a utilizá-los.

Com base nestes argumentos principais, que considero equivocados, resolvi escrever 5 argumentos favoráveis à continuidade do uso de instrumentos musicais no culto da nova aliança. Esclareço que não vejo como obrigatório o uso de instrumentos no culto. É possível louvar a Deus sem eles. Mas são instrumentos úteis, que ajudam na adoração. Vamos aos 5 argumentos: 


1. Instrumentos musicais são utilizados no culto porque são neutros.

1.1. Instrumentos musicais foram criados bem antes do tabernáculo e sem objetivo religioso.

“Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado. O nome de seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta. Zilá, por sua vez, deu à luz a Tubalcaim, artífice de todo instrumento cortante, de bronze e de ferro; a irmã de Tubalcaim foi Naamá.” (Gn 4.20-22)

Da mesma forma que não são religiosos os que habitam em tendas, criam gado e mexem com bronze e ferro, não o são os que tocam harpa e flauta (v. 21). Instrumentos musicais geram sons quando tocados. O uso que será feito do som depende da intenção do que toca.

É certo que Davi mandou fazer milhares de instrumentos, considerando que havia 4 mil levitas músicos (1Cr 23.4,5), mas alguns destes instrumentos já existiam há muito tempo, como a harpa (Gn 4.21; Gn 31.27; 1Cr 15.16).

O mesmo não acontece com os elementos do sistema levítico. Ao contrário de instrumentos musicais, tudo no tabernáculo e no templo foi criado com objetivo religioso. O local, os móveis, os sacrifícios, tudo.


1.2. Instrumentos musicais não apontavam para Cristo.

Eram neutros e usados em diversas ocasiões, religiosas ou não. Eram utilizados...

- Em despedidas (Gn 31.27)

- Em recepções (Jz 11.34)

- Em guerras (Js 6.4,5; 2Cr 13.14; Jr 4.19; Ez 7.14; Am 2.2)

- Na entronização de reis (1Rs 1.39,40; 2Rs 9.13; 2Rs 11.14)

- Em banquetes (Is 5.12)

- Em momentos de ócio (Jó 21.11,12; Am 6.5)

- Em cultos idólatras (Dn 3.3-5)

Ao contrário dos instrumentos, no tabernáculo e no templo tudo era religioso e tudo apontava para Cristo.

 

1.3. Instrumentos musicais não tinham a mesma sacralidade dos móveis.

Os móveis do tabernáculo contavam com argolas e varões para serem transportados pelos levitas. Nem os levitas, podiam tocá-los (1Cr 13.9,10).

Se os instrumentos musicais fizessem parte do sistema sacrificial, seria natural que também fossem consagrados e tivessem o seu transporte restrito. Mas nada é falado sobre consagração de instrumentos musicais.

Os instrumentos, tanto não faziam parte do sistema sacrificial, que só foram inseridos no culto, na época de Davi, no templo (1Cr 15.16-22). Se tivessem o mesmo peso dos sacrifícios, teriam sido inseridos já no tabernáculo.

 

1.4. Instrumentos musicais não contam com o detalhamento característico de elementos do sistema sacrificial.

Deus revelou detalhadamente a forma como cada elemento do sistema sacrificial judaico deveria ser feito:

- Circuncisão (Gn 17.8-14)

- Tabernáculo (Ex 20.23-26)

- Desenhos, lapidação e entalhe (Gn 35.30-35)

- A arca (Êx 25.10-22; 26.33)

- Cortina (Êx 26.31-33)

- Coluna da cortina (Êx 26.31,32)

- Lugar santo (Êx 26.33)

- Lugar santíssimo (Êx 26.33)

- Cortina – reposteio (Êx 26.36)

- Coluna da cortina – reposteio (Êx 26.37)

- Base de cobre com encaixe (Êx 26.37)

- Altar do incenso (Êx 30.1-6)

- Mesa dos pães da proposição (Êx 25.23-30; 26.35)

- Candelabro (Êx 25.31-40; 26.35)

- Panos de linho (Êx 26.1-6)

- Panos de pelo de cabra (Êx 26.7-13)

- Cobertura de pele de carneiro (Êx 26.14)

- Cobertura de peles finas (Êx 26.14)

- Armação (Êx 26.15-18, 29)

- Base de prata com encaixe para a armação (Êx 26.19-21)

- Travessa (Êx 26.26-29)

- Base de prata com encaixe (Êx 26.32)

- Bacia de cobre (Êx 30.18-21)

- Altar da oferta queimada (Êx 27.1-8)

- Pátio (Êx 27.17,18)

- Entrada (Êx 27.16)

- Cortinados de linho (Êx 27.9-15)

- Turbante do sacerdote (Êx 28.39)

- Tiara de ouro (Êx 28.36, 29.6)

- Pedra de ônix (Êx 28.9)

- Correntinha (Êx 28.14)

- Peitoral do julgamento (Êx 28.15-21)

- Éfode e cinto (Êx 28.6,8)

- Túnica sem mangas azul (Êx 28.31)

- Barra de sinos e romãs (Êx 28.33-35)

- Veste comprida de linho fino (Êx 28.39)

A grande pergunta é: onde está o detalhamento dos instrumentos musicais se eles também faziam parte do sistema sacrificial?

É evidente que eles não faziam parte. Se fizessem, teriam o mesmo detalhamento, a mesma sacralidade e teriam sido inseridos junto com os sacrifícios no tabernáculo.

 

1.5. Instrumentos não aparecem nas listas de elementos do sistema levítico.

As duas trombetas de prata foram feitas por ordem de Deus a Moisés (Nm 10.1,2). Elas serviam para convocar o povo (Nm 10.1-9) e também para o culto ao SENHOR (Nm 10.10). O toque das trombetas era realizado não pelos levitas, mas pelos sacerdotes (Nm 10.8).

Note que, embora utilizadas nas solenidades, as duas trombetas de prata não aparecem nas listas de elementos do tabernáculo. Não aparecem entre os objetos litúrgicos do culto de Israel. Isso confirma que instrumentos musicais não tinham o mesmo status dos outros elementos do sistema sacrificial.

 

2. Instrumentos musicais são utilizados no culto porque há registro deles depois do sistema levítico.

2.1. No Salmo 150

O Salmo 150 descreve o louvor final dos santos nos céus:

“Aleluia! Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento, obra do seu poder.” (v.1)

João Calvino comenta que “Quanto ao termo santuário, há pouca dúvida de que ele se refere ao céu, como é frequente em outras passagens.” (CALVINO, João. Salmos. São José dos Campos: Editora Fiel, 2009, Sl 150.1)

O final do salmo faz paralelo com a adoração descrita no Apocalipse:

“Todo ser que respira louve ao Senhor. Aleluia!” (v. 6)

Allan Harman, no seu comentário dos Salmos, escreveu: “Este imperativo final ao louvor no Saltério tem seu eco numa visão do Livro do Apocalipse. João diz: ‘Então ouvi toda criatura no céu e na terra e debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles existe, cantando: àquele que se assenta no trono e ao Cordeiro seja o louvor e a honra e a glória e o poder, para todo o sempre!’ (Ap 5.13)” (HARMAN, Allan. Salmos. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2011, Salmo 150.6).

Nesta antevisão dos céus, vários instrumentos são mencionados:  

“Louvai-o ao som da trombeta; louvai-o com saltério e com harpa. Louvai-o com adufes e danças; louvai-o com instrumentos de cordas e com flautas. Louvai-o com címbalos sonoros; louvai-o com címbalos retumbantes.” (vs. 3-5).

Simon Kistemaker aplica a variedade instrumental descrita neste Salmo ao culto dos nossos dias:

"As liturgias diferem em todas essas igrejas. Algumas não possuem qualquer acompanhamento musical; em outras, o órgão ou o piano acompanham o cântico congregacional, e ainda em outras os violões, flautas ou tambores fazem parte do culto. A variedade de instrumentos musicais usados para louvar a Deus é refletida no último salmo do Saltério (Sl 150), onde o salmista menciona a harpa, a lira, o tamborim, instrumentos de cordas, flauta e címbalos." (KISTEMAKER, Simon. Atos. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2016, Vol. 1, p. 350).

 

2.2. Em 1 Coríntios 14.26, Efésios 5.19 e Colossenses 3.16

Paulo utiliza a palavra “salmo”, grego ψαλμος, três vezes em suas cartas. A palavra “salmos”, no grego, significa “toque, ato de fazer vibrar e produzir som” (Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong, # 5568)

John Stott, comentando Efésios 5.19, escreveu: “... a menção de ‘salmos, hinos e cânticos espirituais’ (que não se distinguem facilmente entre si, embora a primeira palavra subentenda um acompanhamento musical) indica que o contexto é o culto público” (STOTT, John. A Mensagem de Efésios. São Paulo: ABU Editora, 1994, Efésios 5.19).

A pergunta que naturalmente surge é: Por que não temos registros da Igreja Primitiva utilizando instrumentos musicais? O não uso de instrumentos naquele período se deve às perseguições que a igreja sofreu. A partir de 35 d.C. a igreja não teve mais paz. Sempre sob perseguição, não teve condição alguma de estabelecer um culto em lugar amplo e mais conforto. Como explicam H.M. Best e D. Huttar:

“A Igreja Primitiva era sempre uma hóspede temporária, alojada temporariamente em casas, navios, praias e praças públicas. Estava frequentemente escondida daqueles que tentavam eliminá-la. Ela não tinha tempo para coisa alguma a não ser para os mais simples meios musicais e atividades em sua prática de adoração” (H.M. Best, D. Huttar, Música: Instrumentos Musicais. In: Merrill C. Tenney, Org. Ger., Enciclopédia da Bíblia, São Paulo: Cultura Cristã, 2008, Vol. 4, p. 418).

 

2.3. No Apocalipse

No livro do apocalipse, com o Cordeiro que foi morto já glorificado e exaltado, vemos a presença de harpas na adoração em duas passagens:

1ª Os 4 seres viventes e os 24 anciãos adorando com harpas:

“Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono; e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos, e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.” (Ap 5.7-10)

2ª Os remidos louvando a Deus com harpas:

“Vi como que um mar de vidro, mesclado de fogo, e os vencedores da besta, da sua imagem e do número do seu nome, que se achavam em pé no mar de vidro, tendo harpas de Deus; e entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações! Quem não temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor? Pois só tu és santo; por isso, todas as nações virão e adorarão diante de ti, porque os teus atos de justiça se fizeram manifestos.” (Ap 15.2-4)

Os que defendem a proibição de instrumentos no culto dizem que estes textos são simbólicos, por isso não servem de base para a aceitação de instrumentos. A isso respondemos que o livro de Apocalipse está repleto de linguagem simbólica, mas há muito de literalidade também. As perguntas a serem feitas aos textos acima são: É verdade que estes dois cânticos de exaltação ao Cordeiro serão entoados em algum momento? Se é verdade, quem os cantará? E quais instrumentos o texto informa que acompanharão o canto? Observe que, olhando deste prisma, não há linguagem simbólica. São instrumentos de fato.

 

3. Instrumentos musicais são utilizados no culto porque os sacrifícios foram revogados no Novo Testamento, os instrumentos não.

Com a chegada de Cristo, o Cordeiro Perfeito, todo o sistema sacrificial foi revogado. Não há mais...

- Local consagrado para adoração (Jo 1.14; Jo 4.19-24; 1Pe 2.5)

- Separação pelo véu (Mt 27.51; Hb 10.19-25)

- Sacrifícios pelos pecados (Hb 7.26-28; 9.11-14; 10.8-10)

- Sacerdotes humanos (Hb 6.20; 10.11-14)

- Leis dietéticas (At 10.10-15; Rm 14.1-3; 1Tm 4.3-5)

Se os instrumentos musicais faziam parte da lei cerimonial, onde está a sua revogação? A resposta é que, como não faziam parte do mobiliário do tabernáculo ou do templo de Salomão, não podem ser considerados tipos da obra consumada de Cristo e, portanto, não foram revogados no Novo Testamento.

 

4. Instrumentos musicais são utilizados no culto porque não são elementos de culto, mas de circunstância.

O culto ao Senhor é formado por elementos determinados pelo próprio Deus nas Escrituras. Antes de entrar na terra prometida, Deus advertiu o povo:

“Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes, para que vivais, e entreis, e possuais a terra que o SENHOR, Deus de vossos pais, vos dá. Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que eu vos mando.”  (Dt 4.1-2).

Como escreveu Jeremiah Burroughs (1599-1646) “... no culto a Deus não pode haver nada apresentado a Deus, que Ele não tenha ordenado; o que quer que pratiquemos no culto a Deus, deve ter fundamentação proveniente da Palavra de Deus".

De acordo com a Confissão de Fé de Westminster, estes são os elementos do culto:

“III. A oração com ações de graças, sendo uma parte especial do culto religioso, é por Deus exigida de todos os homens; e, para que seja aceita, deve ser feita em o nome do Filho, pelo auxílio do seu Espírito, segundo a sua vontade, e isto com inteligência, reverência, humildade, fervor, fé, amor e perseverança. Se for vocal, deve ser proferida em uma língua conhecida dos circunstantes (...) V. A leitura das Escrituras com o temor divino, a sã pregação da palavra e a consciente atenção a ela em obediência a Deus, com inteligência, fé e reverência; o cantar salmos com graças no coração, bem como a devida administração e digna recepção dos sacramentos instituídos por Cristo - são partes do ordinário culto de Deus, além dos juramentos religiosos; votos, jejuns solenes e ações de graças em ocasiões especiais, tudo o que, em seus vários tempos e ocasiões próprias, deve ser usado de um modo santo e religioso.” (CFW, cap. 21)

Em suma, estes são os elementos de culto e suas bases bíblicas:

Oração - Dt 6.9; 1Ts 5.17; Hb 13.18; Fp 4.6; Tg 1.5; 1Co 11.13-15; Dt 22.5

Leitura da Palavra - Mc 4.16-20; At 13.15; 1Tm 4.13; Ap 1.13; At 1.13, 16.13; 1Co 11.20

Pregação - Mt 26.13; Mc 16.15; At 9.20; 2Tm 4.2; At 20.8, 17.10; 1Co 14.28

Cântico - 1Cr 16.9; Sl 95.1,2; Sl 105.2; 1Co 14.26; Ef 5.19; Cl 3.16

Sacramentos - Mt 28.19; Mt 26.26-29; 1Co 11.24-25

Votos - Dt 6.13; Ne 10.29; Ec 5.4,5

Elementos são os formadores obrigatórios de um culto. Sem eles, a reunião não pode ser considerada culto. Por exemplo, se você for comemorar o aniversário de um filho e chamar o pastor para ler um texto e orar, isso não se constitui culto, mas reunião de ações de graças. Culto é quando a maioria dos elementos está presente e o culto é cristocêntrico, isto é, tem Cristo no centro.

Auxiliando a compreensão deste assunto temos as chamadas circunstâncias de culto, que tratam daquilo que não é obrigatório, mas varia de acordo com o tempo, o lugar e a cultura vigentes. Sobre este assunto, a Confissão de Fé de Westminster diz o seguinte:

“VI. Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas reveladas na palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da palavra, que sempre devem ser observadas." (CFW, cap. 1 – grifos meus)

Um dos mais capazes membros da Assembleia de Westminster, George Gillespie, disse o seguinte sobre as circunstâncias de culto:

"Circunstâncias devem, em primeiro lugar, não ser uma parte substancial do culto, o que significa que elas não devem ter nenhum significado religioso. Em segundo lugar, as circunstâncias dizem respeito a questões que facilitem a adoração, mas que não podem ser determinadas pela Escritura. Em terceiro lugar, deve haver "uma boa razão" para as circunstâncias, tornando-as necessárias para o cumprimento dos mandamentos de Deus". (GILLESPIE, George. A Dispute English Popish Ceremonies Obtruded on the Church of Scotland. Dallas: Naphtali Press, 1993, pp. 112-115).

São exemplos de circunstância de culto: Instrumentos musicais, energia elétrica, púlpito, internet, ventilador, ar-condicionado, bíblia em papel, uso de capítulos e versículos, bancos de madeira, horário de culto. Tudo isso é neutro, não tem significado religioso em si mesmo e facilita a adoração.

Dentro do nosso assunto, o elemento de culto é o canto congregacional. Os instrumentos musicais são circunstanciais, pois não têm significado religioso e facilitam a adoração.

 

5. Instrumentos musicais são utilizados no culto porque, entre os reformados, esta é uma questão adiáfora.

Adiáfora significa algo secundário, indiferente. Em teologia o termo é usado para questões que não são essenciais à fé cristã.

No decorrer da história o entendimento quanto a esta questão foi diverso. Entre os reformadores e entre os puritanos houve os que rejeitaram instrumentos e os que os admitiram. No mundo reformado atual, a situação é semelhante. No Brasil, a maioria dos pastores reformados é favorável aos instrumentos no culto. Nos Estados Unidos, Joel Beeke, por exemplo, tem órgão em sua igreja.

Nestas questões, o princípio bíblico de Romanos 14.1-12 se aplica. Que Deus nos dê sabedoria, discernimento e amor neste sentido.

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