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September 4, 2019

Vamos Falar sobre o Dízimo? - Gary North



Estudo baseado em “Tithing and the church” / Gary North, 1994. Traduzido por Raniere Menezes/Frases Protestantes



O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução. Provérbios 1:7.

Um assunto por vezes muito debatido, grandemente discutido, ora combatido, ora silenciado, e outras vezes transformado em tabu. Certamente bibliotecas de textos foram produzidas sobre o tema. E o que há de novo para que eu escreva este artigo? Nada! Assim como, guardando as devidas proporções, não há nada de novo em Deuteronômio. Este livro do Pentateuco foi dado para lembrar o povo de Israel da Lei de Deus; para RELEMBRAR.

Desde já, precisamos ter o seguinte discernimento: Não devemos deixar de buscar o que é certo por causa do mau uso do dinheiro e das atitudes dos maus obreiros. A Bíblia alerta contra os mercenários, diz: “Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não tarda”. 2 Pedro 2:3. A destruição não tardará para os falsos mestres. O mau uso é um caso a parte, que deve ser combatido com energia pelos cristãos.

Infelizmente, o dízimo é um assunto que tem dividido os cristãos por todos os lugares em muitas épocas. Não é um assunto fácil, pois envolve dinheiro. Mas precisamos falar.

Há quem defenda e quem seja contra. Há vários pontos de vista, se o percentual de 10% é fixo, se pode ser livre, se pode ser menos, se é somente válido para o Antigo Testamento e por aí vai. Uma das perguntas mais importantes que temos que fazer ao tratarmos este assunto é se há CONTINUIDADE do Antigo Testamento, o A.T. que se relacione com algum tipo de obediência e dever no Novo Testamento, N.T. Devemos fazer uma busca sincera como cristãos que professam que:

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça 2 Timóteo 3:16.

Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança. Romanos 15:4.

Não precisamos nos ater muito tempo no sistema doutrinário do dízimo, o qual muitos já conhecem, mas vejamos os fundamentos.

ORIGEM – ESCRITURAS SAGRADAS, ANTIGO TESTAMENTO

Abraão e Jacó praticaram o dízimo. Gn 14.20, 28.22:

E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo.
E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra;
E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.
Gênesis 14.18-20

E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.
Gênesis 28.22

Dízimo refere-se a dar 10% das posses ou renda a Deus. Entenda-se dar a Deus, dar aos representantes de Deus (escolhido por Deus e aceito pelo povo de Deus). Exemplo de Abraão e Jacó e seus descendentes.

Após o exílio de Jacó em Padã-Arã, ele construiu um altar em Betel, e ele ofereceu o dízimo ao Senhor segundo seu voto em Gn 28. 20-22:

E chamou o nome daquele lugar Betel; o nome, porém daquela cidade antes era Luz.
E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir;
E eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor me será por Deus;
E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.

Gênesis 28.19-22. (Cf. também Gn 35. 1-7). Quando os descendentes de Jacó semelhantemente retornaram de seu exílio, eles reconstruíram o altar em Jerusalém, mas eles foram grosseiramente negligentes em oferecer seus dízimos. Ver Neemias 13. 10-13:

Também entendi que os quinhões dos levitas não se lhes davam, de maneira que os levitas e os cantores, que faziam a obra, tinham fugido cada um para a sua terra.
Então contendi com os magistrados, e disse: Por que se desamparou a casa de Deus? Porém eu os ajuntei, e os restaurei no seu posto.
Então todo o Judá trouxe os dízimos do grão, do mosto e do azeite aos celeiros.
E por tesoureiros pus sobre os celeiros a Selemias, o sacerdote, e a Zadoque, o escrivão e a Pedaías, dentre os levitas; e com eles Hanã, filho de Zacur, o filho de Matanias; porque foram achados fiéis; e se lhes encarregou a eles a distribuição para seus irmãos.
Neemias 13:10-13

LIVRO DE MALAQUIAS

No profeta Malaquias capítulo 3.8, está escrito uma acusação do profeta contra seu povo. Malaquias acusa o povo de roubo por não dar o dízimo:

Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. 

A maior parte dos falsos mestres usa esta passagem para saquear o povo sem instrução ou que cobiçam lucros. E esses mestres são peritos em atingir o ponto fraco da ambição de muitos. Mas não vamos tratar sobre eles, vamos examinar o texto de Malaquias. E o contexto de Malaquias informa que o povo roubou também nas ofertas. Portanto, há em Malaquias uma diferença entre “contribuição voluntária” e “contribuição obrigatória”.

Continuemos em Malaquias, os dízimos eram trazidos à casa do tesouro, que era um tipo de setor administrativo-financeiro ligado ao templo e administrado pelos levitas. 1 Cr 9.26:

Porque havia naquele ofício quatro porteiros principais que eram levitas, e tinham o encargo das câmaras e dos tesouros da casa de Deus.

Havia dízimos e ofertas, basicamente estas coisas foram constituídas para a manutenção do templo, dos sacerdotes e levitas. Ao negligenciar seus dízimos e ofertas as pessoas no contexto de Malaquias geravam dificuldades financeiras para aqueles que se dedicavam ao trabalho espiritual. Este ponto é importante para a práxis econômico-financeira do ministério dos sacerdotes e levitas.

No verso 9, por causa do roubo da nação, o Malaquias profetizou uma maldição: Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. – Destaque para “toda” nação. A nação foi culpada por causa de alguns e dos maus sacerdotes: Se não ouvirdes e se não propuserdes, no vosso coração, dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos Exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e também já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o coração. (Ml 2.2).

Malaquias 3:10,11 – Falta de chuvas nas lavouras e pragas

Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.

E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos.

Nos versos 10 e 11 do capítulo 3 há uma descrição das consequências da maldição corporativa, condições climáticas e pragas. As pessoas desse contexto poderiam usar a desculpa e de não dar o dizimo por causa das dificuldades econômicas, mas não dar o dízimo foi a causa e não o efeito. Roubaram o que pertence a Deus, foi exatamente a desobediência que colocou o povo debaixo de maldição. Esta negligência (devocional) não podia ser justificada por causa da safra ruim (seca e pragas). Mas Deus revela que os desastres naturais são resultados da desobediência.

LIVRO DE AGEU

Ageu 1:6-11

Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartais; bebeis, porém não vos saciais; vestis-vos, porém ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o num saco furado.
Assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos.
Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me agradarei, e serei glorificado, diz o Senhor.
Esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu dissipei com um sopro. Por que causa? disse o Senhor dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, enquanto cada um de vós corre à sua própria casa.
Por isso retém os céus sobre vós o orvalho, e a terra detém os seus frutos.
E mandei vir a seca sobre a terra, e sobre os montes, e sobre o trigo, e sobre o mosto, e sobre o azeite, e sobre o que a terra produz; como também sobre os homens, e sobre o gado, e sobre todo o trabalho das mãos.

Ageu 2:16-19

Antes que sucedessem estas coisas, vinha alguém a um montão de grão, de vinte medidas, e havia somente dez; quando vinha ao lagar para tirar cinquenta, havia somente vinte.
Feri-vos com queimadura, e com ferrugem, e com saraiva, em toda a obra das vossas mãos, e não houve entre vós quem voltasse para mim, diz o Senhor.
Considerai, pois, vos rogo, desde este dia em diante; desde o vigésimo quarto dia do mês nono, desde o dia em que se fundou o templo do Senhor, considerai essas coisas.
Porventura há ainda semente no celeiro? Além disso a videira, a figueira, a romeira, a oliveira, não têm dado os seus frutos; mas desde este dia vos abençoarei.

A nação já havia estado sob maldição durante o ministério de Ageu. Ageu 1:3-6:

A razão porque estavam focados em construir suas próprias casas, enquanto o templo de Deus restava incompleto.
Veio, pois, a palavra do Senhor, por intermédio do profeta Ageu, dizendo:
Porventura é para vós tempo de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto esta casa fica deserta?
Ora, pois, assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos.
Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartais; bebeis, porém não vos saciais; vestis-vos, porém ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o num saco furado.

DESOBEDIÊNCIA OBSTINADA DOS ANTIGOS -- “desde os dias dos vossos pais”

Em Malaquias 3.7 Deus acusa o povo de não guardar suas ordenanças, “desde os dias dos vossos pais”:

Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?

Tanto em Ageu como em Malaquias Deus exige que se coloque a sua honra ante ao conforto pessoal. Cf Ag 1.7-8. Em Malaquias para reparar o dano da relação Deus-Israel o povo devia trazer novamente todos os dízimos a casa do Senhor. Cf. Ml 3.10. Aqui não é algo opcional ou voluntário, seu comando não deve ser desobedecido ou ignorado com base na preferência ou qualquer justificativa. Todos os dízimos, toda nação. (v.9). Toda nação foi acusada de roubo. E o dever teria de ser restaurado.

Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao Senhor em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas. -- Números 18:24ª

Nos versos 10 e 11 de Malaquias 3 há uma promessa condicional, o povo obedece e Deus abençoa a terra dando chuva e controlando as pragas das safras. E no mesmo contexto há a exigência da santidade, a necessidade da santidade é exigida no Antigo Testamento. Neste contexto de Malaquias 2.13; 3.3-4, o povo de Israel foi favorecido como sempre fora ao longo do Antigo Testamento:

E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. - Gênesis 12:3

E a sua posteridade será conhecida entre os gentios, e os seus descendentes no meio dos povos; todos quantos os virem os conhecerão, como descendência bendita do Senhor. -- Isaías 61:9

E há de suceder, ó casa de Judá, e casa de Israel, que, assim como fostes uma maldição entre os gentios, assim vos salvarei, e sereis uma bênção; não temais, esforcem-se as vossas mãos. -- Zacarias 8:13

Baseado em Malaquias, Deus exigiu uma restauração do culto e da piedade, uma reforma do ministério, uma reforma de devoção (que envolvia o dízimo). O compromisso devia ser renovado e significava retornar as ordenanças de Deus.

Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar? -- Malaquias 3:7.

O contexto de Malaquias era apoiar o ministério sacerdotal e levítico com dízimos. Se há uma relação do A.T. com o N.T. esse apoio ministerial é continuado. Não pode ser negado que há uma relação de CONTINUIDADE em relação às promessas e bênçãos do A.T. com o N.T., mas com relação ao dízimo, será que era exclusivo a uma época e um sistema ministerial? Houve descontinuidade total do dízimo? Sem dúvida há CONTINUIDADE em muitos aspectos do A.T. no N.T.

LEIS DO A.T. NO N.T.

Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: "Sejam santos, porque eu sou santo".
1 Pedro 1:15,16.

O apóstolo Pedro está citando uma lei do A.T.:

Diga o seguinte a toda comunidade de Israel: Sejam santos porque eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo. Levítico 19:2.

Pedro usa outra lei do A.T. para tratar sobre o sacerdócio:
Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. 1 Pedro 2.9.

Agora, se me obedecerem fielmente e guardarem a minha aliança, vocês serão o meu tesouro pessoal dentre todas as nações. Embora toda a terra seja minha, vocês serão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa’. Essas são as palavras que você dirá aos israelitas". Êxodo 19:5,6.

Pois vocês são povo consagrado ao Senhor, ao seu Deus. Dentre todos os povos da face da terra, o Senhor os escolheu para serem o seu tesouro pessoal. Deuteronômio 14:2.

E hoje o Senhor declarou que vocês são o seu povo, o seu tesouro pessoal, conforme ele prometeu, e que vocês terão que guardar todos os seus mandamentos. Ele declarou que lhes dará uma posição de glória, fama e honra muito acima de todas as nações que ele fez, e que vocês serão um povo santo para o Senhor, para o seu Deus, conforme ele prometeu. Deuteronômio 26:18,19.

Pactualmente o que é aplicado a Israel é aplicado a Igreja. Fato indiscutível é que Pedro cita a Lei. A questão é se a Igreja é o novo Israel de Deus ou não. Se há CONTINUIDADE e como ela se aplica. Uma objeção comum é que a prática do dízimo era algo ligado exclusivamente a Israel que no N.T., por termos uma revelação maior daquilo que era apenas “sombra”, tem-se a orientação do Espírito Santo para “dar tudo que possuímos” e não apenas uma décima parte das posses, pois tudo pertence a Deus. – A partir dessa objeção se tem duas opções a seguir: Negar a TRANSIÇÃO da Revelação Progressiva do A.T. para o N.T. ou submeter a aceitação de uma CONTINUIDADE do A.T. com o N.T. (tendo como parâmetro o dízimo ou oferta livre).

O problema é que esta “oferta livre”, que tem como base a “totalidade das posses” (pois tudo pertence a Deus), na PRÁTICA torna-se um conflito para o ofertante e entra em contradição com o A.T. Quer dizer que no A.T. 90% das posses do povo não era de Deus? 90% pertencia ao povo e 10% a Deus? Evidente que o entendimento do dízimo no A.T. era amplo e bem aplicado. Com base nisto, é apropriado perguntar, por que os crentes do N.T. estão isentos dos 10% mas não dão 100%? Quem afirma que é 100% aumentou com que base? Uma resposta retórica, “porque tudo é de Deus”, esta é a base. Porém não dá tudo, e muitas vezes abaixo de 10%. Uma parte dizimal poderia ser pelo menos o parâmetro mínimo.

Certa vez, concordei com um pastor que ensinava desse modo, pelo “parâmetro mínimo”, mas na prática a doação não aumentou. E o ministério torna-se insuportavelmente desgastante pela falta constante de captação de recurso para manutenção do ministério.

Por outro lado, no N.T., não há revogação do dízimo estabelecido por Deus no A.T. – Uma objeção contemporânea comum é que não há afirmação explícita do dízimo no N.T., mas também não há revogação. É fato, Deus estabeleceu o dizimo e não ha revogação. Será que deixou de ser um princípio divino? Exemplo de princípio, a Igreja como herança e propriedade de Deus é semelhante a Israel do A.T.

A vocês, o Senhor tomou e os tirou da fornalha de fundir ferro, do Egito, para serem o povo de sua herança, como hoje se pode ver. Deuteronômio 4:20.

Vocês são povo consagrado ao Senhor, ao seu Deus. Dentre todos os povos da face da terra, o Senhor os escolheu para serem o seu tesouro pessoal. Deuteronômio 14:2.

E este povo eleito dedicava a Deus os primeiros frutos e o dízimo, como uma devoção pactual, uma dedicação a Deus por toda colheita, renda e até a vida. As primícias, os primogênitos do rebanho, e não o resto. Não o que sobra, mas a primeira parte ao Senhor. Este é o princípio. E em todas as épocas os eleitos são sua possessão. É importante que o cristão reconheça que não se deve recusar a dar o dízimo com a justificativa que reter o dízimo é dar tudo ao Senhor. Reter o dízimo não é dar tudo ao Senhor.

Quem defende o dízimo, por princípio defende também a mordomia cristã, a qual ensina que devemos dar tudo a Deus. Devemos dar nossa vida, família, tempo, trabalho e renda. Como dizer que dá tudo e nega o dízimo? O dízimo é como uma oferta dos primeiros frutos de todas as coisas. Este é o princípio, estabelecido e não revogado.

JESUS, não aboliu, suprimiu ou menosprezou o dízimo.
Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas.

Mateus 23.23.

Paulo disse que abriu mão do "DIREITO" de receber o apoio financeiro ministerial, observe que falou em “DIREITO”. Apesar de que em outro momento aceitou um apoio financeiro. -- Como vocês sabem, filipenses, nos seus primeiros dias no evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja partilhou comigo no que se refere a dar e receber, exceto vocês; pois, estando eu em Tessalônica, vocês me mandaram ajuda, não apenas uma vez, mas duas, quando tive necessidade. Filipenses 4:15,16.

Paulo não diz aos cristãos para reterem o apoio financeiro dos ministros, pelo contrário ensina que o trabalho ministerial é digno de salário integral. Quem serve como soldado a sua própria custa? Como era o sustento ministerial no A.T.? Como é no N.T.? Uma coisa é certa, não se pode negar apoio financeiro aos ministros legítimos do Evangelho, negar este apoio é reter seu salário, legítimo. Enganar neste apoio é como roubar a Deus. É um direito. Leia atentamente:

... Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo.
Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar?
Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.
1 Coríntios 9:12-14.

Para quem ainda pensa que o dízimo do A.T. é somente uma lei obsoleta da Antiga Aliança e que foi abolida pela Nova Aliança, observe que Paulo afirma o DIREITO do ministro legítimo em receber apoio financeiro. Que vivam do Evangelho. Como os antigos sacerdotes eram sustentados?

Em 1Timoteo 5.17,18, Paulo escreve: Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino, pois a Escritura diz: "Não amordace o boi enquanto está debulhando o cereal", e "o trabalhador merece o seu salário". A “dupla honra” está contexto direto com “o trabalhador merece seu salário”. Ou seja, dupla honra pode significar “receber em dobro”. O contexto é sobre dinheiro, não honra. Vimos antes que é um DIREITO. Cabe uma pergunta neste ponto, é um dinheiro devido ou uma oferta voluntária? Pagar um ministro digno não é um ato de generosidade ou nobreza por parte dos cristãos, é uma obrigação. Para os dias de hoje parece uma palavra politicamente incorreta, mas é o que ensina as Escrituras. Não tenha receio da palavra “obrigação”, temos muitas exigidas por Deus em sua Palavra.

Há um mito que no N.T. há um silêncio total e absoluto sobre o dízimo. Primeiro, se levarmos em consideração a TRANSIÇÃO do A.T. para o N.T., não encontramos no N.T. uma abolição, mas pelo contrário encontramos indícios para reafirmar o dízimo.

Ser contra o dízimo por causa dos falsos mestres e mercenários é um erro. Por algo ser falso não justifica eliminar o verdadeiro. O discurso do dinheiro virou tabu para os verdadeiros mestres, por causa dos maus obreiros? E muitos bons ministros sentem medo ou vergonha de falar em dízimo.

Não devemos brigar ou causar divisão porque os cristãos estão divididos em relação ao tema, mas numa coisa todos devemos concordar: DAR. E todos devemos tomar cuidado contra os perigos da cobiça, avareza e ganância. O dever de sustentar financeiramente um ministério genuinamente cristão faz parte, importante, do Reino de Deus.

John Piper vai além e diz que uma porcentagem fixa (como 10%) está fora de questão para muitos, ele cita as classes médias e altas americanas como injustas quando estipulam apenas 10%, num mundo onde 10 mil pessoas morrem de fome por dia e muito mais que morrem na incredulidade. A questão não é o percentual, mas quanto se pode gastar individualmente e de modo compromissado. Que isto fique bem claro, a questão não é o percentual mas o comprometimento baseado no princípio. Se alguém é contra o ensino do dízimo mas tem comprometimento em DAR, na prática é um dizimista inconsciente.

James M. Boice diz que no N.T. as obrigações são maiores, as obrigações das leis são intensificadas em vez de diminuídas. Em circunstâncias razoáveis qualquer cristão deve dar mais que 10%. Para surpresa de muitos, no A.T. se exigia vários dízimos e somando dava uns 23%. Dar 10% é bastante leve em comparação ao A.T., por isso para muitos teólogos deve ser considerado apenas um ponto de partida.

Ele ordenou ao povo de Jerusalém que desse aos sacerdotes e aos levitas a porção que lhes era devida a fim de que pudessem dedicar-se à Lei do Senhor. 2 Crônicas 31:4.
Atenção à prudência cristã, não temos nenhuma de apoiar um herege, pelo contrário devemos fazer oposição ao seu ensino. -- Se alguém chega a vocês e não trouxer esse ensino, não o recebam em casa nem o saúdem. Pois quem o saúda torna-se participante das suas obras malignas. 2 João 1:10,11. – Não devemos sustentar ministérios heréticos.

Infelizmente muitos pastores não acreditam no aviso de Malaquias. Poucos tentam pregar corretamente, e muitos pregam para tirar proveito mercenário. São os dias de hoje. Mesmo as igrejas que pregam o dízimo não tem coragem de disciplinar um membro que se recusa a entregar o dízimo. Esta é uma cultura aceita e concretizada, hoje. Parece haver dois tipos de igrejas, as que não aplicam a lei de Deus, e as que pregam sobre a lei mas não a aplicam eclesiasticamente, pois parece inútil, uma luta inglória. É algo impopular e espanta membros. E o ministro está arriscado a ser dispensado. Portanto, um assunto perigoso e delicado.

Há muitas distorções sobre o dizimo, parece um assunto maldito. Se tem quem defenda o ensino, vai parecer mercenário ou ignorante. Há quem pague com uma mão aberta e a outra no bolso, e ainda pensa, “se todo mundo da igreja der o dízimo, a arrecadação vai subir, e o pastor vai ter aumento” ou algo do tipo, o interesse sobre o assunto é sempre econômico, cruelmente econômico. Quando o interesse deveria ser devocional, missional ou ministerial. A verdade é que muitos pastores têm medo de pregar a advertência em Malaquias. Este livro está ou não em vigor? Se não está qual o motivo? Os pastores devem voltar a pregar sobre o dízimo, pois têm responsabilidades diante de Deus e dos homens. Este é o alerta derivado de Malaquias. E certamente há muitas igrejas que praticam corretamente o dízimo.

Onde Jesus, que nos precedeu, entrou em nosso lugar, tornando-se sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. Hebreus 6.20

Pode-se até dizer que Levi, que recebe os dízimos, entregou-os por meio de Abraão. Hebreus 7:9.

Quero dizer isto: A lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não anula a aliança previamente estabelecida por Deus, de modo que venha a invalidar a promessa. Pois, se a herança depende da lei, já não depende de promessa. Deus, porém, concedeu-a gratuitamente a Abraão mediante promessa. Gálatas 3:17,18.

Paulo deixa claro que a aliança de Deus com Abraão foi cumprida e culminada em Cristo.
Assim também as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. A Escritura não diz: "E aos seus descendentes", como se falando de muitos, mas: "Ao seu descendente", dando a entender que se trata de um só, isto é, Cristo. Gálatas 3:16.

A Nova Aliança tem origem nesta promessa da Antiga Aliança. A herança abraâmica é a base da lei mosaica. O que Deus prometeu a Abraão é crucial para estabelecer a autoridade da igreja. Esta é uma doutrina familiar aos comentadores protestantes, desde Lutero até o presente, mas as suas implicações para a eclesiologia nem sempre foram claramente reconhecidas. É importante resgatar a importância do dízimo em suas implicações eclesiológicas e de modo equilibrado.

Qual a ligação do ministério de Abraão com Melquisedeque? Ele estava sob autoridade eclesiástica? Se sim, qual a marca de subordinação? O DÍZIMO. Abraão deu o dízimo a Melquisedeque, rei-sacerdote de Salém, um homem sem genealogia.

Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. Hebreus 7:3

E Jesus Cristo, filho de Judá, em vez de Levi, traçou sua função sacerdotal em Melquisedeque, não em Levi nem em Arão. Seu sacerdócio é mais elevado do que o deles. Hebreus iguala o sacerdócio de Jesus com o sacerdócio de Melquisedeque. Isto é importante? Em que sentido é importante? O sacerdócio de Melquisedeque é superior ao levítico?

As relações entre A.T. e N.T. são muitas, senão vejamos. A refeição da comunhão da Nova Aliança esta relacionada a Antiga Aliança.

E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. Gênesis 14:18.

A Ceia do Senhor está ligada a páscoa, obviamente, porém os elementos, o pão e o vinho de Melquisedeque são anteriores a páscoa. Em nossos dias, é comum ouvir de antidizimistas que não estão mais debaixo da lei mosaica, então não tem obrigação de dar o dízimo (e ponto final?). Mas o N.T. não baseia o dízimo na lei mosaica, mas em Hebreus 7 é estabelecida sua autoridade. O antinomianismo não deve ser prevalecente na igreja hoje. 

Hebreus 7 estabelece a autoridade do Sumo Sacerdote Jesus Cristo, que está relacionada ao sacerdócio de Melquisedeque. Abraão deu o dízimo a Melquisedeque, um representante judicial ou ministerial, de certo fora um ato de submissão e devoção a Deus.

A igreja perdeu sua ligação com Abraão? A igreja é herdeira das promessas abraâmicas?

Tanto quanto a Bíblia revela, o dízimo começou com Abraão entregando a Melquisedeque. O dízimo está relacionado nas duas alianças ou apena uma? O dízimo é para Deus, representado por sua Igreja, uma agência legítima. Quem aplica os sacramentos de Deus? A igreja. A família não é a instituição central da sociedade cristã; a Igreja é. A família não vai se estender para eternidade (Mt 22:30.); A igreja, sim (Ap 21: 1-2). Teologicamente, havia igreja no A.T.? Sim. O entendimento da revelação progressiva e da doutrina pactual faz com que enxerguemos a graça, a salvação, a igreja, no A.T.

A igreja hoje em sua maioria parece caminhar para uma instituição estritamente voluntária, contratual e não instituição da aliança. Apenas mais uma instituição voluntária entre muitas. Isso também é refletido na mesa da comunhão, que está se transformando em um ritual ocasional que se apega apenas a uma recordação. Na prática a igreja é hoje mais um clube social sem fins lucrativos, ela não é reconhecida como uma autoridade representativa. Elas agem como não históricas, como liberais.

A igreja moderna não acredita que a igreja manifesta um padrão moral e judicial para o mundo, assim como Israel manifestou seu padrão sob a Aliança mosaica. Na prática hoje achamos que não há nenhuma relação judicial divina no tribunal civil, nas urnas de eleições politicas. As frases transformaram-se em meras formalidades, a exemplo dos juramentos judiciais e políticos. Ou como nas frases devocionais nas cédulas de dinheiro, como, “Deus seja louvado”. Invocar o nome de Deus tornou-se uma mera convenção.

April 16, 2015

Determinações Bíblicas Para Dízimos e Ofertas Alçadas - Pb. Solano Portela


1. DÍZIMOS
O assunto principal que quero abordar é a base bíblica das ofertas, não pretenderia, portanto, me alongar no tratamento do dízimo. Sinto-me, entretanto, na obrigação de colocar algumas poucas e objetivas palavras sobre a questão do dízimo. Não é minha intenção dar uma exposição detalhada de que o dízimo é uma determinação procedente de Deus, que precedeu a lei cerimonial e judicial da nação de Israel (incorporando-se posteriormente a essas), sendo portanto válido para todas as épocas e situações. Não é, também, minha intenção partir para uma exposição da seriedade com a qual Deus apresentou e tratava essa questão do dízimo. Não vou, portanto, examinar as severas advertências àqueles que desprezavam suas determinações. Tudo isso já foi dito e exposto por outros de uma forma bem melhor e mais completa do que eu poderia aqui fazer.

Gostaria apenas de reforçar dois princípios bíblicos sobre o dízimo, extraídos do Novo Testamento. Por isso os classificaremos como princípios neotestamentários, que devem regular a nossa contribuição sistemática:

a) O primeiro princípio neotestamentário que desejo ressaltar, é que a Palavra de Deus nos ensina que devemos contribuir planejadamente. Temos este ensinamento em 2 Co 9.7, que diz: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento (Atualizada: ‘necessidade’); porque Deus ama ao que dá com alegria”.

Freqüentemente nos concentramos apenas no entendimento superficial do versículo, e interpretamos que ele fala simplesmente da voluntariedade da contribuição. Mas o fato de que ele nos ensina que a nossa contribuição deve ser alvo de prévia meditação e entendimento nos indica, com muito mais força, que ele deve ser uma contribuição planejada, não aleatória, não dependente da emoção do momento. O dar com emoção é válido. O dar seguindo o impulso momentâneo do coração, possivelmente, mas ambos não se constituem no cerne do “dar” neotestamentário.

Deus está nos ensinando que o seu “mover do nosso coração” não significa a abdicação de nossas responsabilidades. Ele nos ensina que não podemos simplesmente esquecer as portas abertas que ele coloca à nossa frente, relacionadas com as necessidades de sua igreja, e esperar o “mover do espírito”. Tudo isso soa muito piedoso e espiritual, mas se vamos propor no nosso coração, significa que vamos considerar com seriedade que a nossa contribuição deve ser planejada.

Bem, o irmão pode achar uma excelente forma de planejar, mas eu não encontro melhor forma do que a estabelecida na Bíblia: que é a dádiva do dízimo, reconhecimento simbólico de que tudo o que temos pertence a Deus. O dízimo representa a essência da contribuição planejada e sistemática e, conseqüentemente, deveríamos propor no nosso coração dar o dízimo. Vêem como isso muda a compreensão que tantos têm do verso? Alguns dizem: o dízimo constrange e retira a alegria da contribuição, quando o ensinamento é justamente o contrário: proponha no seu coração, sistematize sua contribuição e a contribuição fluirá de você sistematicamente, sem constrangimentos, com alegria. Não procure inventar: contribua na forma ensinada pelo próprio Deus ao seu povo.

b) Um segundo princípio neotestamentário, é que Deus espera que a nossa contribuição seja proporcional aos nossos ganhos, ou seja, devemos contribuir proporcionalmente. Encontramos esta lição em 1 Co 16.2-3, que diz: “No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder, conforme tiver prosperado, guardando-o, para que se não façam coletas quando eu chegar.”
O ensinamento é, mais uma vez muito claro. É óbvio que Paulo espera uma contribuição sistemática, pois ele diz que ela deveria ser realizada aos domingos (no primeiro dia da semana), que é quando os crentes se reuniam. O versículo é muito rico em instrução, demonstrando até a propriedade de nos reunirmos e cultuarmos ao Senhor aos domingos, contra os ensinamentos dos sabatistas, testemunhas de jeová e, agora, até da Valnice Milhomens, de que deveríamos voltar ao Velho Testamento e estarmos guardando o sábado, o sétimo dia da semana.

Quero chamar a sua atenção, entretanto, para o fato de que Paulo, pela inspiração do Espírito Santo, nos ensina que temos que contribuir conforme Deus permitir que prosperemos, ou seja, conforme os nossos ganhos. Essa é a grande forma de justiça apontada por Deus: as contribuições devem ser proporcionais, ou seja um percentual dos ganhos. Assim, todos contribuem igualmente, não em valor, mas em percentual.

Mais uma vez, o irmão pode querer inventar um percentual qualquer. Admito até que isso pudesse acontecer se nunca tivesse tido acesso ao restante da Bíblia, mas todos nós sabemos qual foi o percentual que o próprio Deus estabeleceu ao seu povo: dez por cento dos nossos ganhos! Isso, para mim me parece satisfatório e óbvio. Não preciso sair procurando por outro meio e forma, principalmente porque se assim eu o fizer posso até dizer, eu contribuo sistematicamente com o percentual que eu escolhi, mas nunca vou puder dizer que o faço em paridade e justiça com os outros irmãos, pois quem garante que o percentual dele é igual ao meu? Eu destruiria com isso, o próprio ensinamento da proporcionalidade que Deus nos ensina através de Paulo. Porque não seguir a forma, o planejamento e a proporção que já havia sido determinada por Deus?

Sabemos que temos muita argumentação falha, a favor do dízimo, que procura utilizar prescrições da lei cerimonial (cumprida em Cristo) ou da lei judicial de Israel (de caráter temporal, para aquela nação). Entretanto, temos, igualmente, muitos princípios válidos e exemplos sobre o dízimo, tanto no Velho como no Novo Testamento. No nosso caso, procurei me concentrar apenas nesses dois princípios.

Acredito, portanto, na primazia da contribuição sistemática, planejada, que não está sujeita ou escravizada às flutuações da nossa natureza pecaminosa, mas que segue o modelo e percentual utilizado pelo povo de Deus e que procedeu das próprias determinações divinas.

2. OFERTAS
Necessitamos, em adição, ir até à Palavra de Deus e verificarmos que a contribuição sistemática, periódica e proporcional não é a única encontrada nas Escrituras, nem como registro histórico, nem como determinação.

Além do dízimo, Deus fez registrar a propriedade das ofertas alçadas, ou seja, de contribuições esporádicas que fluíam dos corações de servos movidos pelo desejo de ir além, de sua contribuição dizimal, quer por mera gratidão, quer por uma causa específica, colocada por Deus perante eles, quer por uma necessidade extrema de auxílio, de caráter social.

Nesse sentido, vamos estudar algumas passagens. Elas não esgotam o assunto, mas são ilustrativas de nossas responsabilidades e privilégios perante Deus, no que diz respeito a essa questão.

a. Velho Testamento:

(1) Êxodo 25-36
Este trecho nos fala da construção do tabernáculo. Foi uma construção ordenada por Deus. Aquela construção atenderia a necessidade de providenciar um local de adoração ao povo que peregrinava pelo deserto. Dizia respeito, portanto, ao acondicionamento físico do povo e dos instrumentos litúrgicos. Muitas das coisas determinadas aqui possuem o simbolismo característico do Velho Testamento e eram destinadas a demonstrar a majestade da presença de Deus, a sua santidade e a apontar para o redentor prometido.

Deus, com todo o seu poder, poderia ter produzido do nada uma casa de adoração. Quis ele que tudo fosse feito com os recursos do povo, entrelaçando a construção com o dia-a-dia de Israel. Para a construção e para os ornamentos havia a necessidade de muitos objetos de valor, utensílios, ouro, prata, cobre. Nenhum estudioso sério da palavra de Deus questionaria que o dízimo estava em vigor, nesta ocasião (no máximo temos os que questionam a sua validade no novo testamento, mas quanto à isso, já nos posicionamos). Porque Deus não utilizou os dízimos de seu povo para esta necessidade? A razão é bem direta: porque os dízimos, sendo a contribuição sistemática, já tinham a sua aplicação normal: serviam ao sustento dos levitas, dos líderes religiosos, e serviriam à manutenção dos atos de adoração, mas não poderiam fazer face à necessidade específica, esporádica e extra-normal que agora era colocada por Deus perante seu povo. Deus os chama, conseqüentemente, a contribuir com ofertas alçadas, extras.

O princípio básico está colocado no versículo 2: “Fala aos filhos de Israel que me tragam uma oferta alçada; de todo homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada”. A versão Atualizada, diz apenas “oferta”. O original (hebr.: T’Rumáh—oferta alçada, da raiz Rum­–oferta), entretanto, traz “oferta alçada”. Isso não quer dizer nada com relação ao valor – se seria pouco ou muito. Representa algo (um bem, metal precioso, ou dinheiro) extraído do meio do povo que é levantado (alçado) e apresentado ao Senhor como uma dádiva especial, de forma voluntária. Os rituais levíticos posteriores tinham as ofertas alçadas, que eram levantadas perante o altar apenas uma vez, pelo sacerdote, e a oferta “abanada”, que era levantada ou movida várias vezes perante o altar, representando a consagração da dádiva. Tal oferta não era, nem poderia ser, compulsória. Ela era voluntária. O texto diz com muita clareza: todo o homem cujo coração se mover voluntariamente. 
Esses eram os contribuintes. Eles deveriam trazer ofertas especiais, de gratidão e reconhecimento, coisas de valor a serem utilizadas nas necessidades físicas da adoração espiritual que é devida somente a Deus.

Os próximos seis capítulos de Êxodo (até o 31) registram em detalhes o que Deus queria que fosse feito em sua casa de adoração. No capítulo 35, Moisés chama o povo e começa a passar a ele as instruções recebidas de Deus. No versículo 5 ele diz: “Tomai de entre vós uma oferta para o Senhor; cada um cujo coração é voluntariamente disposto, a trará por oferta alçada ao Senhor: ouro, prata e bronze…” Mais uma vez, o caráter voluntário da oferta é ressaltado. Nos versículos 21 e 22, temos o registro da ocorrência das ofertas (recapitulando: primeiro Deus ordena a Moisés, depois Moisés ordena ao povo e agora, temos o fato real). Mais uma vez o registro da voluntariedade é ressaltado. 
Diz o trecho:

(21) E veio todo homem cujo coração o moveu, e todo aquele cujo espírito o estimulava, e trouxeram a oferta alçada do Senhor para a obra da tenda da revelação, e para todo o serviço dela, e para as vestes sagradas.

(22) Vieram, tanto homens como mulheres, todos quantos eram bem dispostos de coração, trazendo broches, pendentes, anéis e braceletes, sendo todos estes jóias de ouro; assim veio todo aquele que queria fazer oferta de ouro ao Senhor.
O versículo 29 reforça ainda mais o princípio:

(29) Trouxe uma oferta todo homem e mulher cujo coração voluntariamente se moveu a trazer alguma coisa para toda a obra que o senhor ordenara se fizesse por intermédio de Moisés; assim trouxeram os filhos de Israel uma oferta voluntária ao Senhor.

Perante essa evidência não podemos, meus irmãos, dizer que o dízimo é a única forma de contribuição encontrada na Palavra de Deus. Ofertas voluntárias têm o seu lugar e são apropriadas em casos específicos, como o que Deus colocou à nossa frente.

Uma segunda coisa que aprendemos nesse trecho, é que a voluntariedade da oferta não significava aleatoriedade. Ou seja, por ser voluntária não significava que não podia ser planejada. Na realidade lemos, no capítulo 36, v. 3, o seguinte: “…e receberam de Moisés toda a oferta alçada, que os filhos de Israel tinham do para a obra do serviço do santuário, para fazê-la; e ainda eles lhe traziam cada manhã ofertas voluntárias”. Ou seja, enquanto durou a construção, as ofertas eram trazidas sistematicamente, repetidamente, a cada manhã. Não vamos pensar, portanto, que o planejamento e sistematização tiram a espiritualidade da oferta planejada e dada de coração. Essa sistematização muito deve ter auxiliado aqueles que necessitavam dar andamento à construção.

Que glorioso resultado foi alcançado com o entendimento correto e com a predisposição do povo de Deus, nessa dádiva de ofertas. Vejam o que registram os versículos 4 a 7, deste mesmo capítulo 36:

(4) Então todos os sábios que faziam toda a obra do santuário vieram, cada um da obra que fazia,

(5) e disseram a Moisés: O povo traz muito mais do que é necessário para o serviço da obra que o Senhor ordenou se fizesse.

(6) Pelo que Moisés deu ordem, a qual fizeram proclamar por todo o arraial, dizendo: Nenhum homem, nem mulher, faça mais obra alguma para a oferta alçada do santuário. Assim o povo foi proibido de trazer mais.

(7) Porque o material que tinham era bastante para toda a obra, e ainda sobejava.
Que coisa gloriosa se Deus fosse servido mover o nosso povo ao ponto em que precisaríamos vir até à frente PROIBIR, para que nada mais se trouxesse!

(2) Levítico 22:18-19
Este outro trecho da Palavra de Deus está inserido nas regras e determinações sobre o dia-a-dia das práticas do povo de Deus. Temos esta colocação nos versículos 18 e 19:

“Fala a Arão, e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel, e dize-lhes: Todo homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros em Israel, que oferecer a sua oferta, seja dos seus votos, seja das suas ofertas voluntárias que oferecerem ao Senhor em holocausto, para que sejais aceitos, oferecereis macho sem defeito, ou dos novilhos, ou dos cordeiros, ou das cabras.”

Desse registro aprendemos:

1. Mesmo sem nenhuma ocasião especial, a prática de ofertas voluntárias era permitida e disciplinada no meio do povo de Deus. Não existe, portanto incompatibilidade entre os dízimos e ofertas.

2. O que era ofertado deveria vir sem defeito, ou seja, não ofertamos daquilo que nós mesmos não queremos, mas sim do que é agradável e aceitável. Deus merece o melhor.

3. A determinação era para os israelitas e para os estrangeiros em Israel, ou seja, não podemos restringir a oferta voluntária apenas aos membros do povo de Deus. Lembremo-nos, entretanto, que são ofertas voluntárias e não demandadas, solicitadas, constrangidas. A responsabilidade primordial é do Povo de Deus.

b. Novo Testamento.

(1) Uma Oferta a Paulo
Paulo estava na prisão quando escreveu a carta aos Filipenses. É uma carta de amor e gratidão, na qual ele expressa a possibilidade do crente exercitar essa alegria em Cristo independentemente das circunstâncias pelas quais está passando. Pensemos na situação de Paulo. Ela era dura e amarga. Estava afastado do convívio dos seus amigos, em uma prisão e certamente tinha várias necessidades.
A igreja de Filipo, consciente das necessidades de Paulo, levantou e enviou uma oferta específica para ele. No capítulo 4 (10-19) temos o registro e alguns detalhes da ocorrência. Lemos ali:

(10) Ora, muito me regozijo no Senhor por terdes finalmente renovado o vosso cuidado para comigo; do qual na verdade andáveis lembrados, mas vos faltava oportunidade.

(11) Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre.

(12) Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade.

(13) Posso todas as coisas naquele que me fortalece.

(14) Todavia fizestes bem em tomar parte na minha aflição.

(15) Também vós sabeis, ó Filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo no sentido de dar e de receber, senão vós somente;

(16) porque estando eu ainda em Tessalônica, não uma só vez, mas duas, mandastes suprir-me as necessidades.

(17) Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta.

(18) Mas tenho tudo; tenho-o até em abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus.

(19) Meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo Jesus.

Vemos que é o agradecimento de ofertas, remetidas duas vezes e com toda probabilidade em dinheiro, pois no verso 16 lemos: “não somente uma vez, mas duas, mandastes o bastante para as minhas necessidades”. Essas ofertas foram levadas à Paulo por Epafrodito, como nos fala o verso 18, e é exatamente para este versículo que eu gostaria de dirigir a nossa atenção, pois dele extraímos quatro lições sobre ofertas.

Aprendemos que a oferta voluntária:

1. É um ato desejável por Deus (“aroma suave”). A oferta é comparada a um aroma suave, a um perfume não agressivo, mas suave. Aquele cheiro que permanece e que nos traz memórias e lembranças, que nos faz desejar estar de novo sentindo ele. Nesse sentido, é um privilégio poder contribuir, poder fazer algo que é desejável por Deus. Veja no versículo 10 que Paulo diz que “..vos faltava oportunidade”. Isso significa que devemos ver as situações de necessidade de contribuição que Deus coloca à nossa frente, como grandes oportunidades a serem aproveitadas.

2. É um ato aceitável por Deus (“Sacrifício aceitável”). Não podemos, portanto, dizer que ofertas não sejam aceitas por Deus, pois Paulo nos ensina o contrário.

3. É um ato agradável a Deus (“aprazível”). O texto diz que ela é aprazível, ou seja, traz prazer a Deus.

4. É um ato direcionado a Deus (“a Deus”, traz o final do verso). Se vamos contribuir com outro propósito em mente: prosperidade, barganha com Deus, para agradar o Conselho, para agradar o pastor, até para termos mais orgulho da Igreja, tudo isso foge ao propósito principal: a oferta correta é direcionada a Deus e somente a ele. Nesse sentido é que acompanha o dízimo como um ato de gratidão e de louvor.

(2) Uma oferta aos Crentes de Jerusalém
Uma outra situação de necessidade foi registrada no Novo Testamento: os crentes de Jerusalém passaram a ser intensamente perseguidos e começaram a passar dificuldades financeiras. Muitos foram expulsos de suas casas, outros perderam suas ocupações, não podiam exercer suas profissões. Paulo registra que coletas foram feitas em favor das necessidades destes crentes em Romanos 15:25-28 (“…coleta em benefício dos pobres dentre os santos que vivem em Jerusalém.”) pelas igrejas da Grécia (Acáia) e Macedônia. Em 2 Coríntios 8 e 9 ele menciona essas coletas e fornece vários princípios relativos a contribuições.

Peço que os irmãos notem, neste trecho e incidente, os seguintes ensinamentos:

1. Proporcionalidade e voluntariedade não são incompatíveis entre si – 2 Co 8.3: “…na medida de suas posses.” Mais uma vez a questão da proporcionalidade no dar. Teríamos, possivelmente, uma inferência aos dízimos. Mas o versículo continua e registra: “e mesmo acima delas se mostraram voluntários.” Não resta dúvida que fala de contribuições voluntárias, destinadas a fazer face à uma necessidade. Contribuindo, dessa forma eles foram além dos dízimos, além da contribuição sistemática. Os versos 12 e 13 reforçam a questão da proporcionalidade e da justiça nas contribuições: Deus não quer o que o homem não tem. O seu propósito não é o de dar sobrecarga, mas o de proporcionar a igualdade.

2. O privilégio de contribuir – 2 Co 8.4. Lemos que os crentes dessas regiões “pediram com muitos rogos” a graça de participarem da assistência que se apresentava! Que diferença aos dias de hoje. Verificamos que hoje os solicitantes e não os crentes é que emitem “muitos rogos” compelindo os contribuintes a darem tudo de qualquer forma, sob qualquer pretexto. Que bênção seria se tivéssemos os diáconos sendo abordados “com muitos rogos” por crentes ansiando a participação no privilégio de contribuir com suas ofertas às necessidades da igreja! Este privilégio é uma atitude desejável - 2 Co 8.7. Paulo suplica para que eles continuem “abundando nesta graça”, ou seja, a prática da contribuição voluntária é algo desejável, é uma graça da parte de Deus aos seus servos. O desprendimento das coisas materiais e a colocação delas ao serviço do Mestre são um alvo a ser alcançado pelo servo fiel.

3. A procedência da contribuição verdadeira. É o coração sincero. A oferta, na visão de Paulo, era uma prova da “sinceridade do vosso amor” (8.8). Paulo estava dizendo que aquelas ações provariam as palavras de apreço, que não ficaram só nas palavras, mas estavam sendo transformadas em ação.

4. A importância do planejamento. Em 9.3, Paulo escreve que o fato das igrejas da Acáia (Grécia) estarem preparadas desde o ano anterior, para tal contribuição era uma prova do “zelo” deles e representava “um estímulo” para muitos. Não existia, portanto, nada não espiritual no planejar. Na realidade, Paulo informa que mandou um mensageiro de ante-mão, para que a reputação dos irmãos não fosse abalada (9.3) e eles estivessem preparados com a oferta que estavam a coletar. Paulo recomenda, portanto que “preparem de antemão a vossa dádiva”, chamando-a de “expressão de generosidade e não de avareza.” Muitas vezes somos chamados a planejar nossas ofertas porque isso pode auxiliar os que dela precisam e pode servir também de estímulo aos demais que, vendo a fidelidade da Igreja, se animam a contribuir.

(3) Uma oferta de uma pessoa pobre
Em Marcos 12.41-44 e Lucas 21.1-4 temos o registro de uma oferta trazida por uma viúva pobre ao templo. Lemos nesses trechos:

MARCOS 12

(41) E sentando-se Jesus defronte do gazofilácio (cofre das ofertas), observava como a multidão lançava dinheiro no cofre; e muitos ricos depositavam grandes quantias.

(42) Vindo, porém, uma pobre viúva, lançou duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante.

(43) E chamando ele os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos os que deitavam ofertas no gazofilácio;

(44) porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha, mesmo todo o seu sustento.

LUCAS 21

(1) Jesus, levantando os olhos, viu os ricos deitarem as suas ofertas no cofre;

(2) viu também uma pobre viúva lançar ali duas pequenas moedas;

(3) e disse: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos;

(4) porque todos aqueles deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha para o seu sustento.

Podemos, desse resgistro, extrair as seguintes lições:

1. Deus se agrada das ofertas. Isso fazia parte da liturgia e não há qualquer palavra de condenação à prática.

2. Faz parte, portanto, de nossos deveres, pois Jesus aprovou a oferta da viúva.

3. A evidência do amor, não é a quantidade dada, mas a quantidade comparada com as nossas posses.

4. Deus requer de nós o mínimo, mas é apropriado até darmos tudo o que temos a Ele.

5. Deus não despreza a oferta humilde, na realidade Ele lhe dá maior valor do que a que procede do sobejo.

6. Não existe pessoa, portanto, que não possa, dessa forma, mostrar o seu amor a Deus.

7. Devemos estar constantemente pesquisando os nossos motivos, nas nossas ofertas.

8. Devemos pesquisar os nossos valores, também: estamos ofertando somente daquilo que sobra, aquilo que não tem serventia para ninguém?

3. CONCLUSÃO

Muitas outras passagens e ensinamentos poderiam ser examinados. Acreditamos, entretanto, que aqueles que tivemos a oportunidade de estudar, representam prova de que Deus se agrada e se tem prazer em nossas ofertas. Essas não tomam o lugar do dízimo, mas representam uma forma adicional de prestarmos a nossa adoração e amor para com Ele. Que possamos ter a visão bíblica da realidade, que não sejamos avarentos, mesquinhos e que estejamos sempre prontos a atender as necessidades que Deus colocou na nossa frente, sempre com ações de graças por termos parte em tão grande privilégio.

(Estudo adaptado de uma palestra originalmente proferida em uma Igreja Presbiteriana formada na “cultura do dízimo” mas com muitos questionamentos com relação a quaisquer outros tipos de ofertas.)

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