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June 11, 2013

Um esclarecimento necessário


Nos últimos meses muitos crentes de nossas igrejas têm nos questionado sobre as posições do Rev. Marcos Amaral na mídia e sobre a posição oficial da IPB sobre estes temas. Como presidente do Sínodo de Piratininga, concílio histórico da IPB, escrevo as linhas abaixo com o objetivo de prestar algum esclarecimento: 

1. A Igreja Presbiteriana do Brasil não aprova o ecumenismo.

Já em 1966 o Supremo Concílio da IPB declarou que "... embora respeitando o foro íntimo de cada indivíduo, a IPB não entende que a liberdade de exame implique na abertura de suas portas a toda a sorte de dúvidas e heresias; 3) Determinar que os professores dos seminários da IPB se dediquem ao preparo intelectual e espiritual de seus alunos e se abstenham de propaganda e práticas ecumenistas e ideológico-políticas" (SC-66-091)

Em 1980 a Comissão Executiva do SC-IPB tratou de uma denúncia de ecumenismo e instruiu o Presbitério a tomar "conhecimento da denúncia no que tange à prática de ecumenismo por obreiros e igrejas sob sua jurisdição, verifique a procedência das acusações e processe a quem de direito" (CE-80-097)

Mais recentemente, em 2006 a Igreja Presbiteriana do Brasil decidiu desfiliar-se da Aliança Mundial de Igrejas Reformadas (AMIR) por constatar ecumenismo e outros problemas teológicos naquela Aliança. Dentre outras medidas, a IPB resolveu: "... 3º) repudiar as recomendações da AMIR às suas igrejas-membros, decorrentes das decisões tomadas na reunião de Accra - 2004, quanto à Bíblia, às missões, ao ecumenismo, ao aborto, ao feminismo e à sexualidade; 4º) protestar, de forma veemente, na qualidade de membro fundador da AMIR, contra a visita da diretoria da AMIR ao Vaticano com vistas ao ecumenismo com a Igreja Católica Apostólica Romana; 5º) retirar-se da filiação da Aliança Mundial das Igrejas Reformadas (AMIR), e lamentar estas recentes decisões que ferem nossos padrões de fé e princípios éticos; 6º) determinar a publicação desta decisão no órgão oficial de divulgação da IPB, com destaque em primeira página; 7º) dar conhecimento desta decisão à diretoria da Aliança Mundial das Igrejas Reformadas (AMIR) e às igrejas parceiras." (SC-2006- Doc. 11)

2. A Igreja Presbiteriana do Brasil não tem qualquer comunhão com as religiões do ramo espírita.

Tendo a Bíblia como única regra de fé e prática, a IPB condena a necromancia e a salvação pelas obras. Nesta pequena devocional o Rev. Hernandes Dias Lopes, ministro presbiteriano, condensa a posição da IPB:


"Os mortos não se comunicam com os vivos? Isaías 8:19 - A favor dos vivos se consultarão os mortos? 
Há muitas pessoas aflitas que ao perderem um ente querido recorrem aos médiuns para, pretensamente, se comunicarem com os seus mortos? A Bíblia diz que não. Deus considera essa prática uma abominação. A palavra de Deus pergunta: Em favor dos vivos se consultarão os mortos? A lei e aos profetas, se eles não falarem assim, jamais verão a alva. O rico que desprezou Lázaro em sua porta e morreu, foi para o inferno. No tormento das chamas, rogou ao pai Abraão que enviasse Lázaro, já no paraíso, a casa de seus pais. Jesus lhe disse, ele tem seus pais e seus profetas, ouçam-nos. Ele redarguiu, não senhor se alguém levantar dentre os mortos, eles ouvirão. Jesus respondeu: Ainda que alguém ressuscite e venham falar-lhes, eles não crerão, se não tiverem dado crédito aos profetas. Não devemos consultar os mortos nem mesmo recorrer a Deus em favor dos mortos. A Bíblia diz que ao homem está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo." (Gotas de Esperança para Alma)

3. A IPB é representada pela CE e pelo presidente do SC.

O brasileiro tem alma episcopal. Mesmo presbiterianos, acostumados ao regime representativo, em que as decisões são tomadas por concílios e não por indivíduos, por vezes se confundem nesta questão. O fato é que a Igreja Presbiteriana do Brasil não é representada pelo pastor A ou B que possa aparecer na mídia. Ela é representada por sua Comissão Executiva (Art. 1º, CI-IPB) e pelo presidente do SC (Art. 5º, RI-CE-SC).


4. O Evangelho não é inclusivista, mas exclusivista.


No século pluralista e inclusivista em que vivemos, ninguém gosta de exclusivistas, ou donos da verdade. Todavia, o próprio Jesus foi um exclusivista. Ele disse: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6) e "Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus" (Jo 3.18)


Pode se dizer que o Evangelho é inclusivista no sentido de raças, idades, classes sociais, como nos ensina a Palavra de Deus: "Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus." (Gl 3.28)


Todavia, no Evangelho, inclusão religiosa não existe. João Batista quando viu os religiosos fariseus e saduceus vindo para o batismo, os excluiu dizendo: "Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura?" (Mt 3.7)

Os que praticam as obras da carne, pela Palavra de Deus, estão excluídos: "Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam." (Gl 5.19-21)

Outra lista de exclusão: "Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus." (1Co 6.9,10)


Jesus, no julgamento final, excluirá a muitos dizendo: "... nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade." (Mt 7.23)


E no paraíso, nossa habitação final, apenas os que lavaram suas vidas com o sangue de Cristo entrarão na cidade de Deus. Os demais serão excluídos: "Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras [no sangue do Cordeiro], para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira." (Ap 22.13-15)


5. O Evangelho exige confrontação


As boas novas do Evangelho só fazem sentido quando entendemos quais são as más notícias. E as más notícias nos informam que o ser humano está totalmente morto espiritualmente, caminhando para o inferno. Sendo assim, impossível será pregarmos as boas novas de salvação se o receptor da mensagem não souber que está em perigo. Impossível será também qualquer arrependimento se os pecados daqueles que estão perdidos não forem  reconhecidos e confrontados.


Muitos crentes hoje entendem ser invasiva a confrontação dos pecados do próximo, todavia, não é isso o que nos mostra a Palavra de Deus. Vejamos alguns exemplos:


- Natã confrontou o Rei Davi em seu pecado de adultério e assassinato (2Sm 12.1-15)


- Elias confrontou os pecados do Rei Acabe (1Re 18.18) e o povo em geral (1Re 18.21)


- João Batista confrontou fariseus e saduceus (Mt 3.8-10), o povo (Lc 3.7-14) e o próprio Rei Herodes (Mt 14.1.12). Aliás, porque confrontou o adultério de Herodes, foi decapitado...


- Pedro confrontou Simão, o mágico, pelo pecado de querer comprar o dom de Deus (At 8.20)


- Paulo confrontou Elimas, outro mágico, por tentar impedir a pregação do Evangelho (At 13.8-12)


- Em Atenas, capital do saber antigo, Paulo confrontou o pecado de idolatria dos atenienses (At 17.16-34).


- Por fim, nosso Senhor Jesus, nosso mestre a quem devemos imitar, passou seu ministério confrontando pecadores, especialmente os religiosos. Certa ocasião, tratando com fariseus, disse: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nela a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5.39,40). 


John MacArthur, no livro "O Caminho da Felicidade", Editora Cultura Cristã, faz uma importante constatação sobre este assunto:

"Jesus veio ao mundo e expôs o pecado do povo. Eles foram confrontados com a realidade do pecado. Se Jesus não tivesse vindo, poderiam tê-lo encoberto. Estavam se saindo muito bem acalmando as próprias consciências. Sua religião tinha literalmente fechado os olhos para a verdade e, em sua cegueira, estavam marchando para o inferno. Cristo rasgou o véu e disse: "Olhem para si mesmos!" Então viram seus pecados e odiaram-no pelo que fez. Na verdade, não nos odeiam. Odeiam a justiça. Odeiam a Cristo. Apenas tenha uma vida justa, ser sal da terra e aguarde para ver o que acontecerá. Você já colocou sal em uma ferida?Arde. Apenas seja reto em uma sociedade corrupta e verá qual será a reação." (p. 190)


6. A igreja não deve se imiscuir em assuntos do Estado.

A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma igreja confessional, isto é, adota uma das confissões históricas como sistema expositivo de doutrina. A confissão de fé adotada pela IPB é a de Westminster. Pastores, presbíteros e diáconos de nossa denominação afirmam sua crença e compromisso com a Palavra de Deus e lealdade para com a Confissão de Fé e os Catecismos. 

No capítulo XXXI da Confissão de Fé, dos Sínodos e Concílios, encontramos a seguinte prescrição:


"IV.Os sínodos e concílios não devem discutir nem determinar coisa alguma que não seja eclesiástica; não devem imiscuir-se nos negócios civis do Estado, a não ser por humilde petição em casos extraordinários, ou por conselhos, em satisfação de consciência, se o magistrado civil os convidar a fazê-lo."

Reafirma-se aqui a histórica separação entre Igreja e Estado, tão cara aos reformados. Este ponto não foi invenção dos reformadores, mas um resgate da verdade bíblica. Veja os textos prova:

Lc 12.13,14: Nesse ponto, um homem, que estava no meio da multidão lhe falou: Mestre, ordena a meu irmão que reparta comigo a herança. Mas Jesus lhe respondeu: Homem, quem me constituiu juiz ou partidor entre vós?

Jo 18.36: Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.

Mt 22.21: Responderam: De César. Então lhes disse: Daí, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.

Isto posto, ministros do Evangelho não devem misturar assuntos de Igreja com assuntos de cunho civil. Ministros presbiterianos, especialmente, devem tomar muito cuidado neste sentido, pois levam a imagem da igreja, automaticamente. Isso não quer dizer que os crentes devam ser omissos como cidadãos. Cada crente tem o dever e a responsabilidade de amar ao próximo como a si mesmo, denunciar as injustiças da sociedade e lutar por um mundo melhor. Todavia, deve fazê-lo como indivíduo, como crente. A Igreja, como instituição, está proibida de fazer isso, pelas razões acima.

7. A Igreja Presbiteriana do Brasil não aprova o homossexualismo

Sendo a IPB uma igreja que segue a Bíblia como única regra de fé e prática, automaticamente condenará a prática homossexual, por ser ela proibida nas Escrituras. Todavia, em 2007 a IPB se manifestou contrariamente ao tema, em documento público denominado "Manifesto Presbiteriano". Eis abaixo alguns trechos:

"... a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualidade como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos."

"... as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo ratificou esse entendimento ao dizer, “. . . desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher” (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam que a prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de Deus (Romanos 1.24-27; 1 Coríntios 6:9-11)."

"Ante ao exposto, por sua doutrina, regra de fé e prática, a Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualidade não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais."

8. A igreja não crê que sua visibilidade deva se dar por marchas ou caminhadas

Em 2006 o Supremo Concílio da IPB pronunciou-se sobre a "Marcha para Jesus" de modo contrário ao movimento. Segue abaixo parte da resolução:

"... Considerando: 1. o que estabelece o art. 97, na alínea “m” e em seu parágrafo único; 2. que apesar de serem realizados eventos em locais diferentes por outras lideranças evangélicas, existe certa unidade entre eles quanto à natureza, ao propósito, às datas e à teologia; tanto no uso da marca e do nome “Marcha para Jesus”, quanto a inexistência de qualquer esforço para distinguir-se daquele realizado em São Paulo-Capital demonstram tal unidade. 3. que na “Marcha para Jesus” – SP houve participação de grupos gays, que se consideram evangélicos, com ampla divulgação na imprensa, sem qualquer pronunciamento por parte da liderança do evento. 4. que o caráter teológico do evento é contrário às Sagradas Escrituras e aos Símbolos de Fé da IPB, a saber: a) Teologia da Prosperidade; b) Confissão Positiva; c) Batalha Espiritual (inclusive Espíritos Territoriais); d) Teologia Triunfalista; e outros, O SC-IPB-2006 RESOLVE: 1.pronunciar-se contrário à participação de seus concílios e membros na “Marcha para Jesus” e movimentos ou eventos de natureza teológica similar; 2. determinar aos concílios e aos pastores que orientem suas igrejas para que não se envolvam em eventos e movimentos dessa natureza..." (SC-2006- Doc. 148)

Em agosto de 2012 aconteceu no Rio de Janeiro, promovida por concílios da IPB a "Caminhada Presbiteriana". Certamente que a teologia por detrás da "Caminhada Presbiteriana" nada tem a ver com a da  "Marcha para Jesus", todavia, em nossa opinião, há um equívoco: O alegado objetivo da visibilidade da Igreja, por meio de uma marcha ou caminhada, não encontra respaldo bíblico.

Não temos paralelo bíblico de manifestação do povo de Deus, nos tempos bíblicos, por meio de marchas. Naquele tempo, a marcha da igreja se dava de forma silenciosa e efetiva, tal qual o sal penetrando no alimento (Mt 5.13); pessoal e de relacionamento, como na igreja primitiva (At 8.4); cotidiana e sem cessar, como entre os primeiros convertidos (At 2.42-47).

Marchas, caminhadas ou passeatas têm caráter isolacionista, próprio de gueto, e não o que Cristo nos ensinou, a saber, envolvimento amplo na sociedade, como sal e luz (Mt 5.13-16), com irrepreensível testemunho cristão: “…mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (1 Pe 2.12).

Neste sentido, o Rev. Cláudio Marra, editor da Editora Cultura Cristã, publicou precioso texto no editorial do Jornal Brasil Presbiteriano de maio passado:

"Ocorre que as marchas, manifestações, caminhadas, etc., têm sido promovidas pelas minorias da sociedade, ou grupos isolados, de qualquer proporção e tamanho, como um meio de afirmação de sua identidade e reivindicação do livre exercício de seus direitos civis. Assim é que afro-descendentes, indígenas, homossexuais, mulheres, operários de uma mesma categoria profissional e outros grupos periodicamente ocupam os espaços públicos (espaços privados, às vezes!) para gritar suas palavras de ordem e apresentar as suas exigências. Aí vão os evangélicos para a rua com seus cânticos e bandeiras e, desse modo, anunciam para a sociedade que somos apenas mais um grupo barulhento no meio dessa babel pós-moderna de confusas facções. Não somos, porém, só mais um grupo. Somos minoritários, mas não somos apenas outra minoria no mosaico social. (...) O cristianismo fala à sociedade as palavras de Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Venham pessoas de todos os grupos, categorias, minorias, maiorias. Venham como estão. Certamente não continuarão como estão. Nos que vêm a ele Jesus opera por seu Espírito algo que a sociedade não pode proporcionar: a remissão de seus pecados, a comunhão com o Pai, a inclusão na família de Jesus. Isso não tem marcha que dê jeito..."

Tanta força, dinheiro e entusiasmo despendidos nestas marchas/caminhadas deveriam ser canalizados para preparar nosso povo na pregação do Evangelho. Quantos crentes que, há anos, não sabem o que é evangelizar? A maioria não sabe como testemunhar sua fé ou discipular um amigo. Sair em grupos, pelas ruas, com faixas e bandeiras é relativamente fácil. O desafio é marcharmos individualmente na escola, no trabalho, na faculdade, pregando o Evangelho, confrontando pecados. É isso o que nosso Senhor Jesus espera de nós.

Concluo este texto pedindo a Deus que abençoe a Igreja Presbiteriana do Brasil, bem como a igreja evangélica brasileira. Os dias são maus e, mais do que nunca a mentira se parecerá com a verdade. É preciso estarmos em comunhão com o Pai, em vigilância contra o erro e com o coração repleto da Palavra de Deus. Que Ele nos ajude. Amém.

Leia também: 10 motivos para não ir na Marcha para Jesus

February 25, 2013

20 Conselhos Práticos para uma Guarda do Domingo mais Proveitosa



1. Durante a semana, vá ao mercado, à feira e compre tudo o que você necessita para não ter que fazer isso no domingo.

2. Cuide também de outros afazeres como lavar e passar roupa, limpar o carro, cuidar da casa, praticar esportes, etc. Deixe o domingo livre de tudo isso.

3. Se você é estudante, programe-se para fazer as leituras e trabalhos durante a semana, separando o domingo apenas para os estudos devocionais.

4. No sábado, providencie a comida do domingo (almoço e jantar) para que o Dia do Senhor não tenha que ser passado na cozinha.

5. No sábado à noite, não vá dormir tarde. Durma o número de horas suficientes para que você acorde descansado e, assim, aproveite bem o Dia do Senhor.

6. No domingo, acorde mais cedo, demonstrando seu interesse em usufruir deste dia. Levantar mais cedo também é bom para evitar os atrasos do Culto ou Escola Dominical e as discussões e aborrecimentos que resultam deles.

7. Quando começarem as orações e as leituras da Palavra, deixe de lado seus pensamentos particulares e una-se em mente e espírito ao povo de Deus.

8. Preste máxima atenção à palavra do pregador ou do professor da Escola Dominical. Atente para as coisas que você já sabe, e está recordando, e para as coisas novas que está aprendendo agora. Perceba que pecados Deus está confrontando em sua vida e ore pedindo misericórdia e graça para abandoná-los.

9. Terminadas as atividades da manhã na igreja, una sua família ao redor da mesa para o almoço. Ore agradecendo a Deus pelo alimento espiritual recebido e pelo físico que está à mesa. Ao invés de fazer comentários maldosos sobre algo que aconteceu na igreja, converse sobre os ensinos recebidos pela manhã. Pergunte a todos o que aprenderam e como podem colocar em prática estes ensinos.

10. No período da tarde, descanse, mas lembre-se de que o Dia do Senhor não pode ser de ociosidade. Ao invés de ver programas inúteis e pecaminosos na televisão, prefira ver um filme com princípios cristãos, ler um livro edificante ou escutar músicas de louvor e adoração a Deus.

11. Como o domingo é o dia por excelência para as obras de misericórdia, visite alguém que está precisando de cuidados físicos ou espirituais.

12. A tarde pode ser preenchida ainda com programações na igreja, tais como almoços comunitários e períodos de louvor e adoração por meio da música.

13. No final do dia, chegue mais cedo na igreja. Vá ao banheiro, beba água e certifique-se de que não precisará sair do culto para fazer qualquer coisa. Lembre-se de que, talvez, em um cinema, assistindo a um filme interessante, você não sairia para isso.

14. Antes de o culto começar, escolha um bom lugar para assentar-se, desligue aparelhos eletrônicos como celulares, smartphones, etc, e aguarde o início do culto em oração e leitura da Palavra.

15. No culto, una-se em um só coração com o corpo de Cristo para adorá-lo. Deixe que a mensagem da Palavra de Deus destrua suas ideias e comportamentos pecaminosos e edifique conceitos e atitudes de obediência e consagração.

16. No culto não desperdice tempo reparando nas roupas das pessoas, nos eventuais erros de português do pregador ou em qualquer outro detalhe periférico. Concentre-se em adorar a Deus corretamente e em ouvir a Sua voz por meio das Escrituras.

17. Terminado o culto, não saia apressado da Casa de Deus, como se ali fosse um local desagradável. Converse com as pessoas, confraternize-se, aumentando a comunhão com seus irmãos.

18. Não frequente restaurantes neste dia. Lembre-se que o mandamento envolve não trabalhar e não fazer com que outros trabalhem também. Prefira reunir o grupo de irmãos em sua casa para saborear os pratos que você já providenciou no sábado.

19. Ao chegar em casa, ao invés de ligar a televisão e perder boa parte do que foi aprendido neste dia especial, vá para a cama ler um livro e medite nos ensinos recebidos durante o dia.

20. E lembre-se, o domingo é um dia de deleite, agradável. Os puritanos o chamavam de “feira da alma”. Isaías disse ao povo de Deus no passado: “Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no SENHOR...” (Is 58.13,14).

Concluindo, uma citação de Thomas Brooks, um pregador puritano do século 17: "... não há crentes, em todo o mundo, que se comparem, quanto ao poder da piedade e quanto à excelência nos terrenos da graça, da santidade e da comunhão com Deus, como aqueles que se mostram mais estritos, sérios, estudiosos e meticulosos na santificação do dia do Senhor... A verdadeira razão pela qual o poder da piedade tem caído a níveis tão baixos, tanto neste como em outros países, é que o domingo não está mais sendo observado de forma estrita e consciente...”.

December 4, 2012

Crianças podem mesmo participar da Ceia?


É possível um bebê ou uma criança pequena participar da Ceia do Senhor, diante do exposto nos catecismos de Westminster?


Pergunta 97. Que se exige para participar dignamente da Ceia do Senhor?
Resposta: Exige-se daqueles que desejam participar dignamente da Ceia do Senhor que se examinem sobre o seu conhecimento em discernir o corpo do Senhor, sobre a sua fé para se alimentarem dele, sobre o seu
arrependimento, amor e nova obediência, para não suceder que, vindo indignamente, comam e bebam para si a condenação. (Breve Catecismo)


Pergunta 171. Como devem os que recebem o sacramento da Ceia do Senhor preparar-se para o receber?
Resposta: Os que recebem este sacramento devem preparar-se para o receber, examinando-se a si mesmos, se estão em Cristo, a respeito dos seus pecados e necessidades, da verdade e medida do seu conhecimento, fé, arrependimento, amor para com Deus e para com os irmãos; da caridade para com todos os homens, perdoando aos que lhes têm feito mal; dos seus desejos de ter Cristo e da sua nova obediência, renovando o exercício destas graças pela meditação séria e pela oração fervorosa. (Catecismo Maior)


Pergunta 172. Uma pessoa que duvida de que esteja em Cristo, ou de que esteja convenientemente preparada, deverá ir à Ceia do Senhor? 
Resposta: Uma pessoa que duvida de que esteja em Cristo, ou de que esteja convenientemente preparada para participar da Ceia do Senhor, pode ter um verdadeiro interesse em Cristo, embora não tenha ainda a certeza disto; mas aos olhos de Deus o tem, se está devidamente tocada pelo receio da falta desse interesse e sem fingimento deseja ser achada em Cristo e apartar-se da iniqüidade. Neste caso, desde que as promessas são feitas, e este sacramento é ordenado para o alívio até dos cristãos fracos e que estão em dúvida, deve lamentar a sua incredulidade e esforçar-se para ter as suas dúvidas dissipadas; e, assim fazendo, pode e deve vir à Ceia do Senhor para ficar mais fortalecida. (Catecismo Maior)


Pergunta 173. Pode alguém que professa a fé e deseja participar da Ceia do Senhor ser excluído dela?
Resposta: Os que forem achados ignorantes ou cometerem escândalos, não obstante a sua profissão de fé e o desejo de participar da Ceia do Senhor, podem e devem ser excluídos desse sacramento, pelo poder que Cristo deixou à sua Igreja, até que recebam instrução ou tenham melhor procedimento. (Catecismo Maior)


Pergunta 174. Que se exige dos que recebem o sacramento da Ceia, na ocasião de celebrar-se?
Resposta: Exige-se dos que recebem o sacramento da Ceia que durante a sua celebração, esperem em Deus, nessa ordenança, com toda a santa reverência e atenção; que diligentemente observem os elementos e os atos sacramentais; que atentamente discirnam o corpo do Senhor e cheios de amor, meditem na sua morte e sofrimentos, e assim se despertem a um exercício das suas graças, julgando-se a si mesmos e entristecendo-se pelo pecado; tendo fome e sede ardentes em Cristo, alimentando-se nele pela fé, recebendo da sua plenitude, confiando nos seus méritos, regozijando-se no seu amor, sendo gratos pela sua graça e renovando o pacto que fizeram com Deus e o amor que votaram a todos os crentes. (Catecismo Maior)


Pergunta 175. Qual é o dever dos crentes depois de receberem o sacramento da Ceia do Senhor?
Resposta: O dever dos crentes, depois de receberem este sacramento é de seriamente considerar como se portaram nele, e com que proveito; se foram vivificados e confortados, devem bendizer a Deus por isto, pedir a continuação do mesmo, vigiar contra a reincidência no pecado, cumprir os seus votos e animar-se a assistir freqüentemente a esta ordenança; se não acharem, porém, nenhum benefício, deverão refletir novamente, e com mais cuidado, na sua preparação para esta ordenança e no comportamento que tiverem na ocasião, podendo, em uma e outra coisa, apoiar-se em Deus e em suas consciências, esperando com o tempo o fruto da sua participação; se perceberem, porém, que nessas coisas foram remissos, deverão humilhar-se, e para o futuro assistir a esta ordenança com mais cuidado e diligência. (Catecismo Maior)


Pergunta 177. Em que diferem os sacramentos do Batismo e da Ceia do Senhor?
Resposta: Os sacramentos do Batismo e da Ceia do Senhor diferem em dever o Batismo ser administrado uma vez só com água, para ser sinal e selo da nossa regeneração e união com Cristo, e administrado também às crianças; ao passo que a Ceia do Senhor deve ser celebrada freqüentemente, com os elementos de pão e vinho, para representar e dar Cristo, como o alimento espiritual para a alma; e para confirmar a nossa continuação e crescimento nele e isso somente aqueles que têm a idade e aptidão para se examinarem a si mesmos. (Catecismo Maior)

Para terminar, João Calvino sobre o tema:

"Finalmente objetam que, segundo esta razão, deveria administrar-se a Ceia do Senhor às crianças, as quais, no entanto, de modo algum são admitidas. Como se a Escritura não assinalasse de todas as formas haver entre eles larga diferença! De fato foi isto freqüentemente praticado na Igreja antiga, como se constata de Cipriano e Agostinho; mas esse costume, com razão, se fez obsoleto. Ora, se ponderarmos a natureza e o caráter específico do batismo, na realidade ele é um como que ingresso e uma, pode-se dizer, iniciação à Igreja, mercê da qual somos contados no povo de Deus: sinal de nossa regeneração espiritual, através da qual somos nascidos de novo para ser filhos de Deus; quando, em contrapartida, a Ceia foi atribuída aos mais adultos que, ultrapassada a infância mais tenra, já estejam em condições de suportar alimento sólido, distinção que se demonstra mui evidentemente na Escritura; porque aí, quanto concerne ao batismo, o Senhor não faz nenhuma seleção de idades. A Ceia, porém, não a exibe à participação de todos igualmente; pelo contrário, somente àqueles que sejam idôneos para discernir-se o corpo e o sangue do Senhor, para examinar-se a própria consciência, a anunciar-se a morte do Senhor, a ponderar-se sua eficácia. Queremos algo mais evidente do que o que o Apóstolo ensina, quando exorta que “cada um se prove e examine a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice” [1Co 11.28]? Impõe-se, pois, examinar-se primeiro, o que
em vão se espera de crianças. De igual modo: “Quem come indignamente, come e bebe para si condenação, não discernindo o corpo do Senhor” [1Co 11.29]. Se não podem participar dignamente, senão aqueles que saibam distinguir corretamente a santidade do corpo de Cristo, por que a nossos filhos ainda tenros ofereçamos veneno em vez de alimento vivificante? Que significa este preceito do Senhor: “Fazei-o em memória de mim” [Lc 22.19; 1Co 11.25]? Que significa este outro preceito que o Apóstolo deduz daí: “Sempre que comerdes este pão, anunciais a morte do Senhor até que ele venha” [1Co 11.26]? Que memória deste fato, pergunto, exigiremos de crianças, memória que nunca apreenderam pelo senso? Que pregação da cruz de Cristo, cuja virtude e benefício ainda não compreendem com a mente?

Nada dessas coisas se prescreve no batismo, porquanto mui grande é a diferença entre estes dois sinais, os quais também já notamos em sinais similares sob o Antigo Testamento. A circuncisão, com efeito, que se observou ser correspondente ao nosso batismo, fora destinada às crianças [Gn 17.12]. A páscoa, porém, cujo lugar assume agora a Ceia, não admitia a todos e quaisquer convivas indiscriminadamente; antes, era corretamente comida por aqueles que, pela idade, pudessem indagar-lhe a respeito do significado [Ex 12.26]. Se uma simples migalha de cérebro sadio restasse a esses, porventura se fariam cegos para uma causa tão clara e óbvia?" (As Institutas, IV, 16, 30.)

Precisa de mais argumentos? Então leia este artigo dBrian M. Schwertley




July 2, 2012

Quando a regra de fé é a própria Prática...


“A Bíblia é nossa única regra de fé e prática” – qualquer crente com certo tempo de igreja já ouviu esta frase, pelo menos uma vez. Mas, é triste observar que a frase não tem passado de um mero aforismo. Para a maioria dos evangélicos a Prática (e não a Palavra) é a verdadeira regra de fé. Explico:

Quando um líder de igreja está prestes a formular uma lei ou a responder a uma consulta de concílio inferior e, ao invés de perguntar “O que diz a Bíblia?”, pergunta “Qual tem sido a prática da igreja?” ele acaba de mostrar onde está a base de sua fé.

Da mesma forma, quando o membro de igreja elogia um pastor chamando-o de “equilibrado”, ou refere-se a uma igreja como sendo “equilibrada” ele revela, sem saber, o quanto a Prática tem prevalecido sobre a Palavra em sua mente.

Esta forma de pensar tem mais a ver com a dialética de Hegel do que com a Palavra de Deus. Para Hegel a história é um movimento de confronto entre tese (afirmação) e antítese (oposição da tese) gerando assim a síntese.

Desta forma, o que é um pastor “equilibrado”? É um pastor que não fica nos denominados “extremos”. Mas, e se a verdade estiver exatamente no extremo? Por exemplo, um pastor crê que dinheiro é prova de fé e ensina que crente tem de ser rico. O outro pastor, no outro extremo, crê que o amor ao dinheiro é raiz de todos os males e que cobiça é pecado e não virtude. Onde fica o equilíbrio? No meio do caminho entre o certo e o errado? O meio certo é o alvo a ser alcançado?

E quando o assunto é culto? Onde estará a vontade de Deus: na síntese entre um culto certo e um culto errado ou no que a Palavra aponta como sendo o culto certo?

Portanto, de volta ao início, a Bíblia é a nossa única regra de fé e de prática. A sociedade é dialética. Faz sínteses entre o certo e o errado, gerando mais conceitos errados. Nós, crentes, temos nas mãos a Palavra de Deus, poderosa para “destruir fortalezas, anulando sofismas” (2Co 10.4) Cabe a nós não sermos seguidores de Hegel, mas de Cristo. Levando a ele, cativo, todo pensamento à sua obediência.

June 20, 2012

Ceia Acridoce - Objeções




"Pois os sacramentos são visíveis sinais e selos de uma realidade interna e invisível. Através deles, Deus opera em nós, pelo poder do Espírito Santo. Por isso, os sinais não são vãos nem vazios para nos enganar, porque Jesus Cristo é a verdade deles e, sem Ele, nada seriam..." Confissão Belga, Artigo 33

"... o apóstolo nos ensina que há uma relação íntima entre o símbolo (pão e vinho) e a coisa significada (Cristo) ao ponto de que, se profanarmos os símbolos, pecamos contra o que é simbolizado, isto é, o corpo e o sangue de Cristo."
Augustus Nicodemus, Paulo e os Espirituais. 

De 07 a 09 de Junho aconteceu em Belo Horizonte a Consulta Nacional da Fraternidade Teológica Latino Americana, Setor Brasil. Em um dos cultos da Consulta foi realizada uma ceia incomum. Fotos postadas no Facebook mostravam duas bandejas, uma com pedaços de limão e outra com cubos de doce de leite. A explicação dada por um dos participantes, no Facebook, foi esta: "Compartilhamos o doce e o amargo da vida simbolizados pelo limão e doce de leite. Vida e comunhão é muito mais que elementos e rituais".

Muitas críticas pertinentes foram escritas sobre o acontecimento (clique nos nomes para acessar os textos): Norma BragaRenato Vargens e Allen Porto

O que pretendo aqui não é escrever mais sobre o assunto, mas abordar as costumeiras objeções que são levantadas sempre que surge esta discussão.


1ª Objeção - A presença de outros elementos na ceia de Corinto não abre espaço para elementos adicionais ao pão e ao vinho?

Tanto na instituição da Ceia, por nosso Senhor Jesus Cristo (Mt 26.26-30) quanto nas instruções de Paulo aos Coríntios (1Co 11.17-34) encontramos mais elementos que apenas pão e vinho nas mesas. Em Mateus 26, temos a instituição da Ceia em uma Páscoa. E sabemos quais eram os alimentos consumidos na Páscoa Judaica: carne assada de cordeiro ou de cabrito, pães asmos e ervas amargas (Ex 12.1-28, Nm 9.1-14). Em Corinto, os crentes se reuniam para comerem juntos uma refeição e também para participarem da Santa Ceia. Esta prática tornou-se comum na Igreja Primitiva (At 2.46). Sendo assim, nas refeições comuns, certamente havia mais alimentos do que apenas o pão e o vinho.

Todavia, na instituição da Ceia, não obstante estarem ali a carne assada e as ervas amargas, é o pão que Jesus toma, abençoa, parte e distribui aos discípulos dizendo: "Tomai, comei; isto é o meu corpo." Da mesma forma, ele pega o cálice, dá graças, passa-o aos discípulos e diz: "Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados..." Apenas os dois elementos são instituídos.

Na ceia de Corinto, embora houvesse mais alimentos na mesa, o apóstolo Paulo restringe-se ao que foi instituído: "Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei..." e segue repetindo as palavras da instituição, mencionando apenas o pão e o cálice.

Aliás, a expressão "eu recebi do Senhor o que também vos entreguei" é digna de nota. Mostra o compromisso fiel de Paulo em entregar aos Corintios exatamente o que recebeu de Cristo. Mais adiante na carta, falando sobre a ressurreição, ele repete a fórmula: "Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados..." (1Co 15.3). Isto é, o que Paulo estava ministrando ali na Ceia era a expressão exata do que havia recebido de Cristo, sem acréscimos, substituições ou omissões. Assim sendo, a resposta a esta objeção é não. Apenas o pão e o vinho foram alvos da instituição.

2ª Objeção – Se não se pode alterar os elementos instituídos por Cristo, com que autoridade a maioria das igrejas usa pão fermentado ao invés do pão asmo e suco de uva no lugar do vinho?

Se formos seguir este argumento de modo rigoroso, a Ceia não poderá repetir-se jamais. Teremos que produzir pão asmo (ou ázimo) com o mesmo trigo daquela época e o vinho com a exata fermentação daquela região, sem qualquer adição de componentes químicos, tão comuns nos vinhos de hoje. Certamente Jesus, ao instituir um sacramento que duraria séculos e que chegaria até aos confins do mundo, não foi específico desta forma. Ele instituiu simplesmente pão e vinho.

Mas e quanto ao suco de uva? Não deveria ser apenas vinho? Ora vinho e suco de uva não são, ambos, fruto da videira? Na instituição da Ceia, Cristo disse: "... porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados. E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira..." Mt 26.28,29

O erro, portanto, não está em utilizar-se de variações dentro da mesma categoria, mas em trocar o elemento instituído. Em outras palavras, o pão pode ser fermentado, ázimo, artesanal, de forma, integral, etc, desde que não desconfigure o sentido de pão que temos ao ler as Escrituras (pão asmo). O fruto da videira pode ser fermentado ou não, desde que seja fruto da videira. 

3ª Objeção - Um missionário famoso trocou os elementos da Ceia, então, podemos fazer o mesmo.

Missionários são servos do Senhor a quem devemos todo o respeito. Eles enfrentam dificuldades nos campos que, normalmente, não enfrentamos nas cidades. Todavia, eles não são infalíveis. Eles também podem errar. Um dos famosos lemas da Reforma Protestante foi o Sola Scriptura. Este lema nos ensina que as Escrituras, e só elas, são nossa regra de fé e de prática. Desta forma, mesmo que um fiel servo de Deus faça algo que não tem base bíblica, nós devemos ficar com a Bíblia e não com o homem. Os crentes de Beréia foram elogiados por Paulo por examinarem constantemente as Escrituras confirmando se o que ouviam estava correto (At 17.11). Escrevendo aos Gálatas, Paulo os orientou a duvidarem até dele mesmo se um dia aparecesse pregando um evangelho diferente daquele que, até aquele dia, pregara: "Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema." (Gl 1.8). Sendo assim, o ato de uma pessoa, por mais respeitada que seja, não invalida o que está na Palavra.

4ª Objeção - Em contexto missionário, os elementos da ceia podem ser substituídos.

Tenho visto o argumento da dificuldade do missionário em certas regiões do país, ser usado bastante. Na minha percepção, ou entendemos que os elementos da ceia são aqueles mesmos e que não pode haver flexibilização, ou o céu é o limite para as contextualizações...

Creio que o que nos ajuda nesta questão é a flexibilização não dos elementos, mas da ministração da ceia. Nada nos obriga a ministrar a ceia dominicalmente, ou mensalmente. Até João Calvino, em Genebra, cedeu nesta questão. Se em uma região missionária os elementos só chegarão em 3 meses, aguarde-se a chegada deles para que o sacramento seja feito com fidelidade. Repito, nada obriga a celebração do sacramento se não há os elementos próprios à mão.


Neste sentido, uma experiência particular. Minha família, no interior do Ceará, passou algumas décadas contando com a presença de um pastor, por vezes, de 6 em 6 meses. E a ceia só era recebida quando o pastor chegava. Certamente, não é situação ideal, mas é melhor que distorcer o instituído no sacramento.
Fico pensando se algum dos que gostam de flexibilizar o sacramento da Ceia teria coragem de, na falta de água para o batismo, ministrá-lo com álcool, suco de laranja ou gasolina...


Concluo com a desconfiança de que outras objeções virão, todavia, tenho plena certeza de que não precisamos de qualquer outro elemento neste sacramento e nem de significados adicionais ao rito. A ceia é uma refeição espiritual completa. Nas palavras de João Calvino, nela "nos são oferecidos todos os dulçores do Evangelho" (As Institutas, 1541, IV.12)

March 5, 2012

É correto afastar um disciplinado da Ceia do Senhor?


Este blog é acessado por irmãos de várias denominações e escrito com estes leitores em mente. Todavia, eu gostaria de pedir licença a você que não é da Igreja Presbiteriana do Brasil para tratar de um tema que tem surgido em nosso meio. É possível que, mesmo não sendo da IPB, você possa aproveitar a discussão.

Vamos a ela: É correto o Conselho de uma igreja impedir que a Ceia do Senhor seja ministrada a um membro que está sob disciplina eclesiástica? A resposta é afirmativa.

Na IPB, os pastores ordenados devem aceitar integralmente os Símbolos de Fé da Igreja. Além disso, o artigo 33 da Constituição diz que  "o novo ministro, por ocasião da cerimônia de ordenação, reafirmará sua crença nas Escrituras Sagradas como a Palavra de Deus, bem como a sua lealdade à Confissão de Fé, aos Catecismos e à Constituição da Igreja Presbiteriana do Brasil. Prometerá também cumprir com zelo e fidelidade o seu ofício, manter e promover a paz, unidade, edificação e pureza da Igreja."

Assim sendo, o ministro presbiteriano, comprometido com a Constituição da sua denominação e com os Símbolos de Fé da Igreja, afastará da Ceia do Senhor aqueles que estão sob disciplina eclesiástica. E ele procederá assim em obediência aos seguintes artigos:

Constituição da IPB

Art. 13 - Somente os membros comungantes gozam de todos os privilégios e direitos da Igreja.
(...)
§ 3º - Somente membros de igreja evangélica, em plena comunhão, poderão tomar parte na Santa Ceia do Senhor e apresentar ao batismo seus filhos, bem como os menores sob sua guarda.

Código de Disciplina

Art. 9º - Os Concílios só podem aplicar a pena de:
(...)
b) Afastamento, que em referência aos membros da Igreja, consiste em serem impedidos de comunhão; em referência, porém, aos oficiais, consiste em serem impedidos do exercício do seu ofício e, se for o caso, da comunhão da Igreja. O afastamento deve dar-se quando o crédito da religião, a honra de Cristo e o bem do faltoso o exigem, mesmo depois de ter dado satisfação ao tribunal. Aplica-se por tempo indeterminado, até o faltoso dar prova do seu arrependimento, ou até que a sua conduta mostre a necessidade de lhe ser imposta outra pena mais severa;

Princípios de Liturgia da IPB

Art. 14 - O Conselho deve cuidar de que os membros professos da Igreja não se ausentem da Mesa do Senhor e velar para que não participem dela os que se encontrarem sob disciplina.
Art. 16 - Poderão ser convidados a participar da Ceia do Senhor os membros, em plena comunhão, de quaisquer igrejas evangélicas.

Confissão de Fé

CAPÍTULO XXX - DAS CENSURAS ECLESIÁSTICAS
(...)
IV. Para a melhor obtenção destes fins, os oficiais da Igreja devem proceder dentro da seguinte ordem, segundo a natureza do crime e demérito da pessoa: repreensão, suspensão do sacramento da Ceia do Senhor por algum tempo e exclusão da Igreja.

Breve Catecismo

Pergunta 97. Que se exige para participar dignamente da Ceia do Senhor?
Resposta: Exige-se daqueles que desejam participar dignamente da Ceia do Senhor que se examinem sobre o seu conhecimento em discernir o corpo do Senhor, sobre a sua fé para se alimentarem dele, sobre o seu arrependimento, amor e nova obediência, para não suceder que, vindo indignamente, comam e bebam para si a condenação. (grifo meu)

Catecismo Maior

Pergunta 168. O que é a Ceia do Senhor?
Resposta: A Ceia do Senhor é o sacramento do Novo Testamento no qual, dando-se e recebendo-se pão e vinho, conforme a instituição de Cristo, é anunciada a sua morte; e os que dignamente participam dele, alimentam-se do corpo e do sangue de Cristo para sua nutrição espiritual e crescimento na graça; têm a sua união e comunhão com ele confirmadas; testemunham e renovam a sua gratidão e consagração a Deus e o seu mútuo amor uns com os outros, como membros do mesmo corpo místico. (grifo meu)

Pergunta 173. Pode alguém que professa a fé e deseja participar da Ceia do Senhor ser excluído dela?
Resposta: Os que forem achados ignorantes ou cometerem escândalos, não obstante a sua profissão de fé e o desejo de participar da Ceia do Senhor, podem e devem ser excluídos desse sacramento, pelo poder que Cristo deixou à sua Igreja, até que recebam instrução ou tenham melhor procedimento.


Isto posto, não vemos a possibilidade de um ministro presbiteriano ou de um Conselho de Igreja franquear a um membro disciplinado a participação da Ceia. Agir assim seria incorrer em desobediência clara às leis da Igreja e aos seus Símbolos de Fé.

Todavia, surge outra questão: Estariam as leis atuais da IPB, bem como seus Símbolos de Fé, corretos neste assunto? Ora, tanto as leis como os Símbolos de Fé não são inspirados, nem inerrantes, logo, podem estar equivocados a este respeito.

De fato, os concílios podem errar, e erram. Todavia, no que diz respeito a este tema eu não creio que os Divines de Westminster tenham se equivocado. Alguns textos bíblicos apontam a necessidade de disciplina de afastamento àqueles que não estão demonstrando comunhão sincera com o Senhor e estão causando escândalo no meio da Igreja. Senão vejamos:

Mt 18.17: E, se ele não atender, dize-o a Igreja; e, se recusar ouvir também a Igreja, considera-o como gentio e publicano.

2Ts 3.6,14,15: Nós vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebestes. Caso alguém não preste obediência à nossa palavra, dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado. Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti-o como irmão. (grifos meus)

1Co 11.29: Pois quem come e bebe, sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si.

1Co 5.11: Mas agora vos escrevo para que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal nem ainda comais. (grifos meus)

Especialmente o texto de 2 Tessalonicenses 3 e o de 1 Coríntios 5 mostram que devem sofrer afastamento da mesa do Senhor aqueles que estão vivendo na prática do pecado. Não se deve manter comunhão com ele (aparteis) e muito menos sentar-se à mesma mesa (nem ainda comais). Isso é necessário para que o disciplinado sinta o peso da disciplina e se arrependa dos seus pecados. Conforme Hebreus 12, "Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça."

Na IPB, o afastamento da comunhão dura apenas até o disciplinado arrepender-se dos seus pecados. Feito isso, ele é imediatamente restaurado à comunhão e admitido a todos os privilégios da Igreja.

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