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August 16, 2010

Igreja contextualizada ou secularmente conformada?


O vídeo abaixo é uma bela crítica à nova tendência que começa a chegar no Brasil. Trata-se de um movimento que, sob o pretexto de contextualização cultural, tem deformado alguns pontos importantes de nossa tradição bíblico-reformada. Para estas igrejas o importante é a mensagem cultural, não a mensagem bíblica. Algumas marcas são comuns a este movimento:

1. As igrejas não se chamam igrejas, mas "comunidades", pois, na visão do movimento, "igreja" é uma palavra que mais assusta do que atrai;
2. Não há púlpito. No lugar dele, uma mesinha com laptop e um banquinho para o pregador apoiar-se;
3. Os pregadores usam sempre roupa informal, nunca terno e gravata;
4. A decoração do salão de cultos é repleta de imagens, banners, ou cartazes com frases de efeito;
5. O sermão nunca é chamado desta forma, mas de "palestra" ou "conversa";
6. No Brasil, músicas seculares de compositores como Vinícius de Morais, Toquinho, etc, são usadas dentro do culto.



No livro "Com Vergonha do Evangelho", John F. MacArthur Jr. descreve bem este tipo de igreja:

"Quando Charles Spurgeon nos advertiu a respeito daqueles que 'gostariam de unir igreja e palco, baralho e oração, danças e ordenanças', foi menosprezado como um alarmista. Mas a profecia de Spurgeon se cumpriu diante de nossos olhos. As igrejas modernas são construídas assemelhando-se a teatros ('casas de divertimento', Spurgeon as chamou). Em lugar do púlpito, o enfoque está no palco. As igrejas estão contratando, em regime de tempo integral, especialistas em mídia, consultores de programação, diretores de cenas, professores de teatro, peritos em efeitos especiais e coreógrafos.

Tudo isso não passa da extensão natural de uma filosofia norteada por marketing seguida pelas igrejas. Se a igreja funciona apenas com o objetivo  de promover um produto, é bom mesmo que seus líderes prestem atenção aos métodos da Avenida Madison. Afinal, a maior competição para a igreja é um mundo repleto de diversões seculares e uma gama de bens e serviços mundanos. Portanto, dizem os especialistas de marketing, jamais conquistaremos as pessoas até que desenvolvamos formas alternativas de entretenimento a fim de ganhar-lhes a atenção e a lealdade, desviando-as das ofertas do mundo. Desta forma, esse alvo estipula a natureza da campanha de marketing.


E o que há de errado nisso? Por um lado, a igreja não deveria mercadejar seu ministério, como sendo uma alternativa aos divertimentos seculares (1 Ts 3.2-6). Isto acaba corrompendo e barateando a verdadeira missão da igreja. Não somos apresentadores de carnaval, ou vendedores de carros usados, ou camelôs. Somos embaixadores de Cristo (2 Co 5.20). Conhecendo o temor do Senhor (v.11), motivados pelo amor a Cristo (v. 14), tendo sido completamente transformados por Ele (v. 17), imploramos aos pecadores que se reconciliem com Deus (v. 20).


Também, em lugar de confrontar o mundo com a verdade de Cristo, as mega igrejas norteadas por marketing estão promovendo com entusiasmo as piores técnicas da cultura secular. Alimentar o apetite das pessoas por entretenimento apenas agrava o problema das emoções insensatas, da apatia e do materialismo. Com toda franqueza, é difícil conceber uma filosofia de ministério mais contrária ao padrão que o Senhor nos confiou.


Proclamar e expor a Palavra, visando o amadurecimento e a santidade dos crentes deveria ser âmago do ministério de toda igreja. Se o mundo olha para a igreja e vê ali um centro de entretenimento, estamos transmitindo a mensagem errada. Se os cristãos enxergam a igreja como um salão de diversões, a igreja morrerá. Uma senhora, inconformada com sua igreja, que tinha abraçado todas essas excentricidades modernas, queixou-se recentemente: “Quando é que a igreja vai parar de tentar entreter os bodes e voltar a alimentar as ovelhas?”


Nas Escrituras, nada indica que a igreja deveria atrair as pessoas a virem a Cristo através do apresentar o Cristianismo como uma opção atrativa. Quanto ao evangelho, nada é opcional: “E não há salvação em nenhum outro; porque debaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12). Tampouco o evangelho tem o objetivo de ser atraente, no sentido do marketing moderno. Conforme já salientamos, freqüentemente a mensagem do evangelho é uma “pedra de tropeço e rocha de escândalo” (Rm 9.33; 1 Pe 2.8). O evangelho é perturbador, chocante, transtornador, confrontador, produz convicção de pecado e é ofensivo ao orgulho humano. Não há como “fazer marketing” do evangelho bíblico. Aqueles que procuram remover a ofensa, ao torná-lo entretenedor, inevitavelmente corrompem e obscurecem os pontos cruciais da mensagem. A igreja precisa reconhecer que sua missão nunca foi a de relações públicas ou de vendas; fomos chamados a um viver santo, a declarar a inadulterada verdade de Deus – de forma amorosa, mas sem comprometê-la – a um mundo que não crê." John MacArthur Jr, Com Vergonha do Evangelho: Quando a Igreja se torna como o mundo, Editora Fiel, p. 78.

Leia também:
A simplicidade do evangelho e a sofisticação da Igreja
Qual o problema com as Comunidades Presbiterianas?
IPB e a ética dos Juízes
Sproul e Mohler sobre a "igreja amigável"
O Palhaço e o Profeta
Plantão Médico e o Evangelho Açucarado
Não desperdice o seu Púlpito - John Piper
Na era do entretenimento até funeral vira show



July 9, 2010

Plantão Médico e o Evangelho Açucarado


Os roteiristas do seriado norte-americano ER (Plantão Médico) tiveram um momento de grande lucidez ao criarem uma cena em que um médico à beira da morte é aconselhado por uma capelã "evangélica" pós-moderna. Assista agora: 

September 17, 2009

As Confusões da "Cabana" - Dr. Paulo Romeiro*


Já faz tempo que o liberalismo teológico tem assediado e invadido uma boa parte do campo evangélico brasileiro. Os prejuízos para a pregação do evangelho têm sido enormes. A decadência doutrinária aumenta com rapidez e muitos crentes estão cada vez mais confusos.

Por várias décadas, o liberalismo teológico vem ganhando espaço nas denominações históricas e em seus seminários. Nos últimos anos, porém, alguns segmentos pentecostais foram atingidos por essa corrente de pensamento, algo inimaginável até então, pois, ser pentecostal significa crer no poder e na Palavra de Deus.

A exemplo dos liberais, alguns pentecostais se julgam espertos o suficiente para duvidar de Deus e da sua Palavra. Hostilizar o cristianismo, exaltar a dúvida e questionar a Bíblia Sagrada tornou-se para muitos um sinal de academicismo e inteligência.

É o que vemos hoje através das igrejas emergentes, que pregam uma ortodoxia generosa,¹ onde as verdades e temas vitais da fé cristã perdem sua importância. Tudo indica que há uma apostasia se instalando em muitas igrejas evangélicas, algo já predito na Palavra de Deus e que aponta para a volta de Cristo (2 Ts 2.3; 2 Tm 4.1; 2 Tm 4.1-4; 2 Pe 2.1).

É num solo assim, fértil para a semeadura e crescimento de distorções das doutrinas centrais da fé cristã que surge o livro A Cabana² promovendo o liberalismo teológico e fazendo sucesso entre os evangélicos e a sociedade em geral.

Este artigo apresenta uma breve análise, à luz da Bíblia, sobre esse best-seller a fim de responder algumas indagações de muitos cristãos.

I – Definições

Liberalismo teológico: Movimento da teologia protestante que surgiu no século XIX com o objetivo de modificar o cristianismo a fim de adaptá-lo à cultura e à ciência modernas.

O liberalismo rejeita o conceito tradicional das Escrituras Sagradas como revelação divina proposital e detentora de autoridade, preferindo o conceito de que a revelação é o registro das experiências religiosas evolutivas da humanidade. Apregoa também um Jesus mestre e modelo de ética, e não um redentor e Salvador divino.

Pluralismo religioso: A crença de que há muitos caminhos que levam a Deus, que há diversas expressões da verdade sobre ele, e que existem vários meios válidos para a salvação.

Relativismo: Negação de quaisquer padrões objetivos ou absolutos, especialmente em relação à ética. O relativismo propala que a verdade depende do indivíduo ou da cultura.

Teologia relacional (teísmo aberto): Conceito teológico segundo o qual alguns atributos tradicionalmente ligados a Deus devem ser rejeitados ou reinterpretados. Segundo seus proponentes, Deus não é onisciente e nem onipotente. A presciência divina é limitada pelo fato de Deus ter concedido livre-arbítrio aos seres humanos.

II – O livro A cabana

A história do livro

Durante uma viagem que deveria ser repleta de diversão e alegria, uma tragédia marca para sempre a vida da família de Mack Allens: sua filha mais nova, Missy, desaparece misteriosamente. Depois de exaustivas investigações, indícios de que ela teria sido assassinada são encontrados numa velha cabana.

Imerso numa dor profunda e paralisante, Mack entrega-se à Grande Tristeza, um estado de torpor, ausência e raiva que, mesmo após quatro anos de desaparecimento da menina, insiste em não diminuir.

Um dia, porém, ele recebe um bilhete, assinado por Deus, convidando-o para um encontro na cabana abandonada. Cheio de dúvidas, mas procurando um meio de aplacar seu sofrimento, Mack atende ao chamado e volta ao cenário de seu pesadelo.

Chegando lá, sua vida dá uma nova reviravolta. Deus, Jesus e o Espírito Santo estão à sua espera para um “acerto de contas” e, com imensa benevolência, travam com Mack surpreendentes conversas sobre vida, morte, dor, perdão, fé, amor e redenção, fazendo-o compreender alguns dos episódios mais tristes de sua história (Informações extraídas da orelha do livro).

O livro é uma ficção cristã, um gênero que cresce muito na cultura cristã contemporânea e comunica sua mensagem de uma forma leve e fácil de se ler. O autor, William P. Young trata de temas vitais para a fé cristã tais como: Quem é Deus? Quem é Jesus? Quem é o Espírito Santo? O que é a Trindade? O que é salvação? Jesus é o único caminho para Deus?

III – Pontos principais do livro³

1. Hostilidade ao cristianismo

“As orações e os hinos dos domingos não serviam mais, se é que já haviam servido... A espiritualidade do Claustro não parecia mudar nada na vida das pessoas que ele conhecia... Mack estava farto de Deus e da religião...” (p. 59).

“Nada do que estudara na escola dominical da igreja estava ajudando. Sentia-se subitamente sem palavras e todas as suas perguntas pareciam tê-lo abandonado” (81).

Resposta bíblica: Jesus disse que as portas do inferno não prevaleceriam contra a sua Igreja (Mt 16.18).

2. Experiência acima da revelação

As soluções para os probemas da vida surgem de experiência extrabíblicas e não da Palavra de Deus. As alegadas revelações da “Trindade” são a base de todo o enredo do livro. Mesmo fazendo alusões às verdades bíblicas, elas não são a base autoritativa da mensagem.

3. A rejeição de Sola Scriptura

A Cabana rejeita a autoridade da Bíblia como o único instrumento para decidir as questões de fé e prática. Para ouvir Deus, Mack é convidado a ouvir Deus numa cabana através de experiências e não através da leitura e meditação da Bíblia Sagrada.

Resposta bíblica: Rm 15.4: “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”.

2 Tm 3.16, 17: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a coreção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”.

A igreja não precisa de uma nova revelação, mas de iluminação para entender o que foi revelado nas Escrituras.

4. Uma visão antibíblica da natureza e triunidade de Deus

Além de errar sobre a Bíblia, A Cabana apresenta uma visão distorcida sobre a Trindade. Deus aparece como três pessoas separadas, o que pode ser chamado de triteísmo.

O autor tenta negar isso ao escrever: “Não somos três deuses e não estamos falando de um deus com três atitudes, como um homem que é marido, pai e trabalhador. Sou um só Deus e sou três pessoas, e cada uma das três é total e inteiramente o um” (p. 91).

Young parece endossar uma pluralidade de Deus em três pessoas separadas: duas mulheres e um homem (p. 77). Deus o pai é apresentado como uma negra enorme, gorda (p. 73, 74, 75, 76, 79), governanta e cozinheira, chamada Elousia (p.76).

Jesus aparece como um homem do Oriente Médio, vestido de operário, com cinto de ferramentas e luvas, usando jeans cobertos de serragem e uma camisa xadrez com mangas enroladas acima dos cotovelos, mostrando os antebraços musculosos. Não era bonito (p. 75).

O Espírito Santo é apresentado como uma mulher asiática e pequena (p. 74), chamada Sarayu (p. 77, 101).

Resposta bíblica: Dentro da natureza do único Deus verdadeiro há três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. São três pessoas distintas, mas, não separadas como o livro apresenta. Além disso, o Pai e o Espírito Santo não possuem um corpo físico. Veja Jó 10.4; João 4.24 e Lucas 24.39.

5. A punição do pecado

O livro apregoa que Deus não castiga os pecados: “Mas o Deus que me ensinaram derramou grandes doses de fúria, mandou o dilúvio e lançou pessoas num lago de fogo. — Mack podia sentir sua raiva profunda emergindo de novo, fazendo brotar as perguntas, e se chateou um pouco com sua falta de controle. Mas perguntou mesmo assim: — Honestamente, você não gosta de castigar aqueles que a desapontam? Diante disso, Papai interrompeu suas ocupações e virou-se para Mack. Ele pôde ver uma tristeza profunda nos olhos dela. — Não sou quem você pensa, Mackenzie. Não preciso castigar as pessoas pelos pecados. O pecado é o próprio castigo, pois devora as pessoas por dentro. Meu objetivo não é castigar. Minha alegria é curar. — Não entendo...”

Resposta bíblica:

A Cabana mostra um Deus apenas de amor e não de justiça. Apesar da Bíblia ensinar que Deus é amor, não falha em apresentá-lo como um Deus de justiça que pune o pecado:

“A alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18.4).

“Semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro” (Rm 1.27).

“porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23).

“E a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus” (2 Ts 1.7, 8). Cristo morreu pelos nossos pecados (1Co 15.3).

6. O milagre da encarnação

O livro apresenta uma visão errada da encarnação de Jesus Cristo: “Quando nós três penetramos na existência humana sob a forma do Filho de Deus, nos tornamos totalmente humanos. Também optamos por abraçar todas as limitações que isso implicava. Mesmo que tenhamos estado sempre presentes nesse universo criado, então nos tornamos carne e sangue” (p. 89).

Resposta bíblica:

De acordo com a Bíblia, somente o verbo encarnou (Jo 1.14). Veja ainda Gl 4.4; Cl 2.9 e 1Tm 2.5.

7. Jesus, o melhor ou único caminho para o Pai?

No livro, Jesus é apresentado como o melhor e não o único caminho para Deus: “Eu sou o melhor modo que qualquer humano pode ter de se relacionar com Papai ou com Sarayu” (p. 101).

Resposta bíblica:

A Bíblia é muito clara ao afirmar que Cristo é o único que pode salvar: Is 43.11; Jo 6.68; Jo 14.6; At 4.12 e 1 Tm 2.5.

8. Patripassionismo

O livro promove uma antiga heresia denominada patripassionismo, que é o sofrimento do Pai na cruz: “O olhar de Mack seguiu o dela, e pela primeira vez ele notou as cicatrizes nos punhos da negra, como as que agora presumia que Jesus também tinha nos dele. Ela permitiu que ele tocasse com ternura as cicatrizes, marcas de furos fundos” (p. 86). “Olhou para cima e notou novamente as cicatrizes nos pulsos dela” (p. 92). “Você não viu os ferimento em Papai também”? (p. 151).

Resposta bíblica

A Bíblia mostra que foi Jesus quem sofreu na cruz e recebeu as marcas dos cravos e não o Pai ou o Espírito Santo. Veja João 20.20, 25, 28.

9. Universalismo

A Cabana promove o universalismo, isto é, que todas as pessoas serão salvas, não importa a sua religião ou sistema de crença. “Os que me amam estão em todos os sistemas que existem. São budistas ou mórmons, batistas ou muçulmanos, democratas, republicanos e muitos que não votam nem fazem parte de qualquer instituição religiosa. Tenho seguidores que foram assassinos e muitos que eram hipócritas. Há banqueiros, jogadores, americanos e iraquianos, judeus e palestinos” (p. 168, 169).

“Não tenho desejo de torná-los cristãos, mas quero me juntar a eles em seu processo para se transformarem em filhos e filhas do Papai, em irmãos e irmãs, em meus amados” (p. 169).
Jesus afirma: “A maioria das estradas não leva a lugar nenhum. O que isso significa é que eu viajarei por qualquer estrada para encontrar vocês” (p. 169).

Resposta bíblica

Não há base bíblica para tais afirmações. A Palavra de Deus ensina que não existe salvação fora de Jesus Cristo. Apesar de o universalismo ser uma doutrina agradável, popular e que reflete a política da boa vizinhança, a Bíblia afirma que nem todos serão salvos: Veja Mt 7. 13, 14; 25.31-46; 2 Ts 3.2.

NOTAS

* Pastor presidente da ICT - Igreja Cristã da Trindade; Presidente da Agir - Agência de Informações Religiosas
¹ Brian McLaren. Uma ortodoxia generosa. Brasília. Editora Palavra. 2007. Este livro promove muitas das propostas denunciadas neste estudo.
² YOUNG, William P. A cabana. Rio de Janeiro. Editora Sextante. 2008.
³ Algumas idéias foram extraídas de um trabalho publicado por Norman Geisler: “Norm Geisler Takes “The Shack”to the Wood Shed. Acessado em 18 de dezembro de 2008. www.thechristianworldview.com

BIBLIOGRAFIA

EVANS, C. Stephen. Dicionário de apologética e filosofia da religião. São Paulo. Vida. 2004.
NICODEMUS, Augustus. O que estão fazendo com a Igreja. São Paulo. Mundo Cristão. 2008.
PIPER, John et alli. Teísmo aberto: uma teologia além dos limites bíblicos. São Paulo. Editora vida. 2006.
WILSON, Douglas (org.). Eu não sei mais em quem eu tenho crido: confrontando a teologia relacional. São Paulo. Editora Cultura Cristã. 2006.
YOUNG, William P. A cabana. Rio de Janeiro. Editora Sextante. 2008.

July 8, 2009

Na era do entretenimento até funeral vira show


Na era do entretenimento até um momento sério e grave como o de um funeral vira show.

No último dia 07/07 aconteceu o funeral do cantor Michael Jackson. Com lágrimas, mas muita música e a presença de artistas famosos como Mariah Carey, Queen Latifah, Stevie Wonder, Lionel Richie, entre outros, o evento foi transmitido, ao vivo, durante cerca de três horas, por 19 cadeias de televisão americanas. O funeral foi assistido por 30,9 milhões de americanos, pela televisão, segundo dados divulgados pela empresa "Nielsen Media Research", que mede níveis de audiência, isso sem contar as milhares de pessoas que assistiram pela internet, no mundo inteiro.

Não é de se estranhar que a sociedade tenha chegado a este ponto. J.I. Packer, no seu livro "Religião Vida Mansa" (Editora Cultura Cristã) fala sobre o que está acontecendo com nossa sociedade:

"Qual o símbolo que você acharia apropriado para representar a cultura ocidental moderna? Um hambúrguer? Um aparelho de som? Um carro? Um avião? Uma TV? Um computador? Minha escolha é a banheira quente. Por quê? Por que uma banheira quente é tão divertida! (...) Assim como a imagem do cão olhando para o tubo de som nas etiquetas daqueles discos antigos transmite a idéia do fascinado deleite com aquilo que está sendo ouvido, assim também o emblema da banheira quente expressa perfeitamente a paixão obsessiva do mundo moderno em encontrar formas agradáveis de se relaxar. Nossos antepassados descansavam para estar prontos para trabalhar; nós trabalhamos para estar livres para descansar. Dedicamos uma inventividade sem fim em encontrar novos meios para nos divertir e ficar contentes. Férias, feriados, viagens, esportes, diversão pública, artes de lazer, tudo que a banheira quente representa, de um modo ou de outro, são as coisas que o nossa era materialista presume que definam a vida. Isto tem conseqüências perturbadoras para a cristandade ocidental. O hedonismo (a síndrome da busca do prazer) distorce a santidade, e o hedonismo hoje exerce uma influência férrea sobre nossas prioridades." (p. 49)

O que temos visto hoje é típico da época em que vivemos, a pós-modernidade. O conceito de certo e errado deixaram de ter importância. O hedonismo, o materialismo e o humanismo fazem com que as escolhas passem pelo critério, não do que é moralmente correto, mas do que é sensorialmente aprazível, confortante. Em termos bem práticos, não importa como eu conduzo meu namoro ou casamento. Não importa se, de acordo com a Bíblia, eu estou em flagrante pecado. O que importa é o meu prazer obtido, meu bem-estar. Não importa se, para conseguir bens eu tenha que usar de expedientes ilícitos e desonestos, o que importa é o bem-estar e o conforto financeiro meu e de minha família.

John MacArthur Jr, no livro "Com Vergonha do Evangelho: quando a Igreja se torna como o Mundo" (Editora Fiel) fala sobre esta transição cultural:

"Enquanto Charles Spurgeon batalhava na Controvérsia do Declínio, uma tendência mundial começava a emergir, a qual estabeleceria o curso dos afazeres humanos em todo o século XX. Era o surgimento do entretenimento como o centro da vida familiar e cultural. Essa mesma tendência viu o declínio do que Neil Postman chamou de a "Era da Exposição", cuja característica era uma ponderada troca de idéias, de forma escrita e verbal (pregação, debates, preleções). Isso contribuiu para o surgimento da "Era do Show Business" - na qual a diversão e o entretenimento se tornaram os aspectos mais importantes e que mais consumiriam o tempo e a conversa das pessoas. Dramatização, filmes e, finalmente, a televisão colocaram o "show business" no centro de nossas vidas - em última análise, bem no centro de nossa sala de estar. No "show business", a verdade é irrelevante; o que realmente importa é se estamos sendo ou não entretidos. Atribui-se pouco valor ao conteúdo; o estilo é tudo. Nas palavras de Marshall McLuhan, o veículo é a mensagem. Infelizmente, hoje essa forma de pensar norteia tanto a igreja quanto o mundo." (p. 73).

De fato, a igreja tem sido influenciada por este modo de vida. Pragmatismo e hedonismo tem andado de mãos dadas em nossas igrejas. O pragmatismo, isto é, a idéia de que o valor de algo é determinado, não pelo que é certo, mas por seus resultados, tem feito com que líderes criem as programações mais diversas e inovadoras, não com o propósito de ensinar a verdade, mas de encher auditórios. Do outro lado, o hedonismo é observado nas pessoas que vão à igreja não para aprender o que Deus requer delas, mas para se divertirem ou para ver o que podem ganhar materialmente em sua relação com Deus. Novamente cito Packer:

"O último passo, é claro, seria tirar os assentos dos auditórios das igrejas e instalar banheiras quentes em seu lugar; então nunca haveria problemas de freqüência. Enquanto isso, muitas igrejas, muitos evangelistas e muitos religiosos eletrônicos já estão oferecendo ocasiões que são planejadas para nos levar a sentir que só perdem para uma banheira quente - isto é, são reuniões felizes e descuidadas, momentos verdadeiramente divertidos para todos. A felicidade tem sido definida como um bichinho de estimação bem quentinho. Este tipo de religião projeta a felicidade na forma de calorosas boas vindas a todos os que se sintonizam ou aparecem ali; um coral quente, com um balanço chegado; na oração e na pregação, um uso cálido de palavras que acariciam nossas costas; e um encerramento caloroso e encorajador (próprio de uma banheira quente)." (p. 51).

E MacArthur:

"Até mesmo a música e a dramatização são cuidadosamente escolhidas para que os incrédulos sintam-se bem. Nada, praticamente, é dispensado como impróprio para o culto: rock nostálgico, os ritmos disco, heavy metal, rap, dança, comédia, palhaços, mímica e magia teatral; tudo se tornou parte do repertório evangélico. Aliás, uma das poucas coisas que é considerada como inadequada é a pregação clara e poderosa..." (p. 46).

Enquanto muitos se orgulham de estarem na "vanguarda" do evangelismo, usando métodos "criativos" de evangelização e conseguindo resultados surpreendentes, enchendo seus auditórios com pessoas "animadas", a Bíblia não dá sustentação a este tipo de estratégia. Pelo contrário, a Palavra de Deus condena o uso de artifícios na evangelização, pois estes, no máximo, conduzirão pessoas a conversões falsas.

Paulo, escrevendo aos coríntios, diz o seguinte: "Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e, sim, no poder de Deus (1Co 2.1-5).

Paulo também escreve aos Tessalonicenses o que segue: "Pois a nossa exortação não procede de engano, nem de impureza, nem se baseia em dolo; pelo contrário, visto que fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar ele o evangelho, assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração. A verdade é que nunca usamos de linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos gananciosos. Deus disto é testemunha. Também jamais andamos buscando glória de homens, nem de vós, nem de outros." (1Ts 2.3-6).

Em uma era em que até velório virá show com transmissão mundial, que Deus nos guarde. Que não nos tomemos a forma deste século (Rm 12.2) indo à igreja atrás de convívio social, antes que comunhão com Deus, buscando entretenimento, ao invés de contrição, ou fazendo esforços para agradar as pessoas, ao invés de sermos fiéis a Deus.

Como disse D.L. Moody, "o lugar do navio é dentro do mar, mas Deus ajude o navio se o mar entrar dentro dele".

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