Pesquise no Blog

Showing posts with label Igreja Amigável. Show all posts
Showing posts with label Igreja Amigável. Show all posts

May 22, 2013

A simplicidade do evangelho e a sofisticação da Igreja


O evangelho de Jesus Cristo é simples. Simples na forma e simples no conteúdo. A vida e o ministério de Jesus acontecem num cenário simples. Ele anunciou as boas novas do reino de Deus, demonstrou a presença do reino através de palavras, exemplos e ações. Convidou pessoas para estarem e aprenderem com ele. Sofreu as incompreensões do sistema religioso e político do seu tempo. Morreu e ressuscitou. Após a ressurreição, encontrou-se com seus discípulos e comunicou-lhes que recebera toda autoridade no céu e na terra, e que, como Rei e Senhor, enviou seus discípulos para anunciarem as boas novas, levando homens e mulheres a guardarem tudo o que ele ensinou, integrando-os numa comunidade trinitária por meio do batismo, e prometeu estar com eles todos os dias, até o fim.

Alguns dias depois, no meio da festa de Pentecostes, 120 discípulos estavam reunidos em Jerusalém, e a promessa de Jesus se cumpriu. Todos foram cheios do Espírito Santo, começaram a viver a nova realidade anunciada por Jesus, saíram alegremente, por todo canto, pregando a boa notícia de que Deus visitou seu povo e trouxe salvação, justiça e liberdade.

A história seguiu e os cristãos foram se multiplicando, organizando igrejas, criando instituições, formas e ritos. Porém, as instituições cresceram e suas estruturas se tornaram mais complexas e sofisticadas. Transformaram-se num fim em si mesma. A simplicidade do evangelho foi substituída pela complexidade institucional.

C. S. Lewis, na carta 17 do livro “Cartas de um Diabo a seu Aprendiz”, aborda o tema da glutonaria e afirma que uma das grandes realizações do maligno no último século foi retirar da consciência dos homens qualquer preocupação sobre o assunto, e isso aconteceu quando ele transformou a “gula do excesso na gula da delicadeza”. Para C. S. Lewis, o problema da gula, muitas vezes, não está no excesso de comida, mas na sofisticação, na exigência de detalhes em relação ao vinho, ao ponto do filé ou ao cozimento da massa. Fica impossível atender a um paladar tão sofisticado. A simplicidade do ato de comer dá lugar à sofisticação gastronômica. Pessoas assim, segundo o autor inglês, demitem cozinheiras, destratam garçons, abandonam restaurantes, cultivam relacionamentos falsos e terminam a vida numa solidão amarga.

Como igreja, corremos o mesmo risco. A simplicidade e pureza do evangelho já não provocam prazer na maioria dos cristãos ocidentais. A sofisticação da igreja, sim. É o vaso tornando-se mais valioso que o tesouro contido nele. Se a música não estiver no volume perfeito, o ar condicionado no ponto exato, a pregação no tempo apropriado, com conteúdo que agrade a todos os paladares e com o bom uso dos aparatos tecnológicos, talvez eu não me agrade desta igreja.

Justificamos a sofisticação com expressões como “busca por excelência”, “relevância”, “qualidade”. Parece justo. O problema é que a excelência ou a relevância do evangelho está exatamente na sua simplicidade. É cada vez mais fácil encontrar cristãos que acharam a “igreja certa” do que os que simplesmente encontraram o evangelho. A sofisticação da igreja mantém o cristão num estado de espiritualidade falsa e superficial. A maior deficiência do cristianismo não está na forma, mas no conteúdo.

A verdadeira experiência espiritual requer um coração aquecido e não sentidos aguçados. Precisamos elevar nossos afetos por Cristo, seu reino, sua Palavra e seu povo, e não os níveis de sofisticação e exigências institucionais. O vaso deve ser de barro, sempre. O tesouro que ele  guarda, o evangelho simples de Jesus Cristo, é que tem grande valor. A sofisticação produz queixas, impaciência, falta de caridade e egoísmo. A simplicidade sempre nos conduz a compaixão, sinceridade, devoção e auto-doação.

• Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de “Janelas para a Vida” e “O Caminho do Coração”.

May 12, 2013

Qual o problema com as Comunidades Presbiterianas?




Considerando a resolução da CE-SC/IPB-2012:

DOC. CCXV - Quanto ao documento 158 – Oriundo do(a): Sínodo Piratininga - Ementa: Consulta sobre Decisão da CE-SC/IPB 2006, Doc. XLV, quanto ao documento 179, sobre Igreja auto intitulada Comunidade Presbiteriana. Considerando: 1. Que a resolução CE-SC/IPB-2006 - Doc. XLV que proíbe o uso do termo "comunidade" para referir-se a uma igreja presbiteriana está em vigor; 2. Que a CE não é o fórum para tratar de assuntos teológicos deste tipo. A CE-SC/IPB - 2012 RESOLVE: 1. Tomar conhecimento; 2. Encaminhar este documento à próxima RO do SC.”

O Presbitério de Piratininga, preocupado com os rumos da denominação, resolveu enviar subsídios teológicos relativos às “comunidades presbiterianas” para auxílio na análise do movimento.

O Presbitério chama a atenção do Supremo Concílio para quatro problemas:

1.       Culto Antropocêntrico

O culto bíblico é teocêntrico – tem Deus no centro. Os Princípios de Liturgia da IPB prescrevem:

“Art. 7º. O culto público é um ato religioso, através do qual o povo de Deus adora o Senhor, entrando em comunhão com ele, fazendo-lhe confissão de pecados e buscando, pela mediação de Jesus Cristo, o perdão, a santificação da vida e o crescimento espiritual. É ocasião oportuna para proclamação da mensagem redentora do Evangelho de Cristo e para doutrinação e congraçamento dos crentes.
Art. 8º. O culto público consta ordinariamente de leitura da Palavra de Deus, pregação, cânticos sagrados, orações e ofertas. A ministração dos sacramentos, quando realizada no culto público, faz parte dele.

O culto praticado nas comunidades presbiterianas coloca o homem no centro. Seguindo o modelo norte-americano denominado “Seeker Sensitive” (sensível ao que busca) o culto é totalmente remodelado para atender aos anseios do não crente. Em uma das palestras do Centro de Treinamento para Plantadores de Igreja (CTPI) um dos pastores de comunidade presbiteriana ensina o que segue:

“Nós temos também alguns valores na nossa comunidade. O primeiro deles: adoração informal e inclusiva. Diferente de muitas outras igrejas, nós não temos uma adoração tradicional, com órgão de tubo, coral cantando com sua toga. Nós também não temos uma adoração parecida com a adoração das igrejas pentecostais e neopentecostais, quando todos ficam de pé, fazem as suas coreografias. A nossa igreja se propõe a apresentar um estilo de adoração informal e inclusivo. Nós não alteramos o tom da nossa voz. Nós não mudamos a maneira como falamos durante a liturgia. Nós falamos da maneira como conversamos com qualquer um, dentro de um restaurante, dentro de um café. A nossa adoração também é inclusiva. Procuramos escolher músicas que falem ao coração das pessoas que aqui estão. Principalmente ao coração daquelas pessoas que são visitantes e que não são iniciados na fé cristã, que não conhecem as coreografias evangélicas, que não conhecem os jargões que normalmente nós costumamos usar em nossas igrejas.”

O culto não deve ter como centro o visitante. O alvo do culto deve ser a adoração a Deus e a edificação dos crentes: “Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR, que nos criou. Ele é o nosso Deus, e nós, povo do seu pasto, e ovelhas da sua mão. Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o coração, como em Meribá...” (Sl 95.6-8). Nosso Senhor Jesus resistiu ao tentador citando Dt 6.13: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto” (Mt 4.10).

Tratando sobre este movimento, R.C. Sproul diz o seguinte:

“É uma coisa muito, muito ruim. Muito ruim. Porque se apoia em um erro básico. O pressuposto é que incrédulos, de fora da igreja, estão buscando desesperadamente a Deus. Número um. O segundo erro básico é o de que o propósito da adoração coletiva no domingo de manhã é alcançar o perdido. Agora, por que são dois erros fundamentais? O primeiro é que a Bíblia deixa absolutamente claro que em nossa condição natural, em nosso estado caído, ninguém busca a Deus. As únicas pessoas que buscam a Deus são aquelas que já nasceram de novo. A busca por Deus começa com a regeneração. Nós somos os que o buscam. Em segundo lugar, o culto deve ser o encontro comunitário do povo de Deus para adoração. Você sempre supõe que haverá joio no meio do trigo, e que haverá incrédulos presentes no culto e você tem que ser sensível a isto, como Paulo indica aos coríntios. Então, você tem que, em algum momento, atingir o perdido em seu sermão, mas fundamentalmente o que está acontecendo no domingo de manhã é que os crentes estão reunidos no dia do Senhor para se sentar aos pés dos Apóstolos, para se unirem em oração, para louvor, para adoração, e celebração da Ceia do Senhor. E o que deveria mais nos preocupar sobre a nossa adoração é o que agrada a Deus, não o que agrada ao incrédulo. Essa é uma das grandes tragédias em nossos dias, eu entendo. E isso realmente terá um custo para a igreja.” (Conferência do Ministério Ligonier sobre o tema geral "Lutando pela Verdade", em 2007. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JWgqRTJF-48. Acesso em: 15 mai 2013.)

Falando do mesmo movimento, John MacArthur assevera::

“Nas Escrituras, nada indica que a igreja deveria atrair as pessoas a virem a Cristo através do apresentar o Cristianismo como uma opção atrativa. Quanto ao evangelho, nada é opcional: “E não há salvação em nenhum outro; porque debaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12). Tampouco o evangelho tem o objetivo de ser atraente, no sentido do marketing moderno. Conforme já salientamos, frequentemente a mensagem do evangelho é uma “pedra de tropeço e rocha de escândalo” (Rm 9.33; 1 Pe 2.8). O evangelho é perturbador, chocante, transtornador, confrontador, produz convicção de pecado e é ofensivo ao orgulho humano. Não há como “fazer marketing” do evangelho bíblico. Aqueles que procuram remover a ofensa, ao torná-lo entretenedor, inevitavelmente corrompem e obscurecem os pontos cruciais da mensagem. A igreja precisa reconhecer que sua missão nunca foi a de relações públicas ou de vendas; fomos chamados a um viver santo, a declarar a inadulterada verdade de Deus – de forma amorosa, mas sem comprometê-la – a um mundo que não crê." (John MacArthur Jr, Com Vergonha do Evangelho: Quando a Igreja se torna como o mundo, Editora Fiel, p. 78.)


2.       Interação exagerada com a cultura pop

A teologia reformada ensina que “toda verdade é verdade de Deus”, logo, obras culturais contêm elementos de verdade que devem ser apreciados pelos cristãos. Todavia, nota-se nas comunidades uma interação exacerbada com a cultura, trazendo filmes e músicas seculares para dentro do culto dominical. Não há problema em um filme ser analisado biblicamente em uma programação especial durante a semana ou em um sábado. Mas levar este expediente para o culto dominical, usando filmes e músicas como atrativos para a mensagem do Evangelho, é supervalorizar a cultura em detrimento do poder da Palavra de Deus. Sabemos que o atrativo para a vida cristã deve ser o próprio Jesus Cristo, pois as ovelhas verdadeiras ouvirão a sua voz (Jo 10.16) e que os elementos de culto devem ser os ensinados nas Santas Escrituras. Criticando esta tendência, Os Guinness adverte: “a questão levantada, como resultado, é se os evangelicalistas construirão suas igrejas sola Scriptura ou sola cultura...” (citado por David Wells, no livro “Coragem para Ser Protestante”, Editora Cultura Cristã, p. 15).

Seguem abaixo alguns exemplos desta interação.




  



Na série de sermões “Paradoxos de Diana” a música dos vídeos exibidos a cada domingo é “Candle in the Wind” cantada por Elton John:

Vela ao Vento

Adeus, Rosa da Inglaterra
Que você sempre floresça em nossos corações
Você foi o encanto que colocou a si mesma
Onde vidas foram dilaceradas
Você bradou para nosso país
E sussurrou para aqueles que sofriam
Agora você pertence ao céu
E as estrelas soletram seu nome

E me parece que você viveu sua vida
como uma vela ao vento
Nunca enfraquecendo com o pôr-do-sol
quando a chuva vem
E suas pegadas sempre permanecerão aqui
Ao longo das colinas mais verdes da Inglaterra
Sua vela se apagou muito antes que
sua lenda se apagará.




Na série de sermões “UFC Família” faz-se referência ao UFC, sigla de Ultimate Fighting Championship. Trata-se da maior organização de artes marciais mistas do mundo, que contém os maiores lutadores do esporte e produz eventos ao redor de todo o mundo. Estes campeonatos de luta também são conhecidos como “vale tudo” e são muito populares entre os jovens. Em uma das comunidades, no lugar do púlpito, foi montada uma réplica de ringue para a ministração do sermão.



Em um dos vídeos da série “A Família no banco dos réus” é apresentado um vídeo de 2min40s com vários trechos do desenho “Os Simpsons”.



Na série de sermões “Transforma meu pranto em dança” é exibido um clipe do grupo U2 no meio do sermão.


Na série “Revisão de Vida” o clipe apresentado nos sermões tem a música “Epitáfio”, da banda Titãs. Segue a letra:

Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar








Por ocasião dos 100 anos de nascimento de Vinícius de Moraes, uma das comunidades presbiterianas fez a série de sermões dominicais intitulada “Alegria de Vinícius”. Os vídeos, exibidos na hora do sermão, contém depoimentos de Maria Bethânia, Toquinho, Edu Lobo, Caetano Veloso e Chico Buarque exaltando a vida de Vinicius de Moraes.

É sabido que Vinícius foi um homem de vida dissoluta. No vídeo de abertura dos sermões, ouve-se a música de Vinícius “Samba da Bênção”:

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração
Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não.

Fazer samba não é contar piada
E quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração.



Na série “Deus entre versos” uma das comunidades presbiterianas fez sermões analisando poemas dos escritores Carlos Drummond de Andrade, Adélia Prado, Castro Alves e Cecília Meireles.



Na série “Tão certo quanto a vida” o vídeo dos sermões contém cenas do filme “Encontro Marcado” com os atores Anthony Hopkins e Brad Pitt. A música tocada é “Dias Melhores” do grupo Jota Quest.






Uma das séries das comunidades foi a “Mais que um vingador”, baseada no filme “Os Vingadores”, em que os personagens são heróis de desenhos animados (Hulk, Thor, Homem de Ferro e Capitão América).


Em uma das comunidades, na pregação sobre o Hulk, o pastor rodou o vídeo de um homem quebrando seu ambiente de trabalho ao som da música “Nookie” do grupo Limp Bizkit de conteúdo altamente imoral. Segue abaixo a letra traduzida:

Sexo
Checando... um, um, dois

Eu vim a esse mundo como um rejeitado
Olhe nesses olhos
Então você verá o tamanho das chamas
Vivendo no passado
Está queimando o meu cérebro
Todos que queimam tem que aprender pela dor
Hey, eu penso no dia
Minha garota fugiu com meu salário
Quando caras vieram para jogar
Agora ela está presa com meus amigos com quem ela transou
E eu sou apenas um otário com um nó na garganta, hey

Hey, como um idiota... (8 x)

Eu deveria estar me sentindo mal? (não)
Eu deveria estar me sentindo bem? (não)
É meio triste quando eu sou a piada do bairro
Você pensaria que eu teria superado isso
Mas eu sou um idiota como disse
F... na cabeça, Não!
Talvez ela só tenha cometido um erro
E eu devia dar um tempo a ela
Meu coração vai doer de qualquer jeito
Hey, que diabo, O que você quer que eu diga?
Eu não vou mentir, Isso eu não posso negar

Eu fiz tudo pelo sexo, Vamos lá
O sexo, Vamos lá
Então você pode pegar esse biscoito
e enfiar no seu...!
Enfia no seu...!
Enfia no seu...!
Enfia no seu...!

Eu fiz tudo pelo sexo, Vamos lá
O sexo, Vamos lá
Então você pode pegar esse biscoito
e enfiar no seu ...!
Enfia no seu ...!
Enfia no seu ...!
Enfia no seu...!


Na série de sermões “Convergência – Por um estilo de vida simples” a música tema é “A cura”, cantada por Lulu Santos.







Na série “Vitórias e Derrotas” os sermões foram baseados na vida de Steve Jobs, co-fundador da Apple Inc., empresa de computação.



Com a morte de Nelson Mandela uma das comunidades promoveu uma série de sermões sobre a sua vida.



Em uma das igrejas que segue os métodos das comunidades, no dia em que se iniciava a série de sermões sobre “Os Vingadores” o culto teve em sua liturgia um momento de reflexão sobre a fala do Padre Henry Nowen seguida pela música “Ando Devagar”, de Almir Sater. Em outro culto, na mesma igreja, o pastor chamou o grupo de louvor para tocar a música “Solidão” de Oswaldo Montenegro, para ilustrar o seu sermão.

3.       Quebra do 5º mandamento

O Catecismo Maior, pergunta 128, ensina “Quais são os pecados dos inferiores contra os seus superiores? Resposta: Os pecados dos inferiores contra os seus superiores são: toda a negligência dos deveres exigidos para com eles; a inveja, o desprezo e a rebelião contra as suas pessoas e posições em seus conselhos, mandamentos e correções legítimos; a maldição, a zombaria e todo comportamento rebelde e escandaloso, que vem a ser uma vergonha e desonra para eles e para o seu governo.”

Nosso código de disciplina assevera que concílios estão em falta quando “... c) são deliberadamente contumazes, na desobediência às observações que, sem caráter disciplinar, o concílio superior fizer no exame periódico do livro de atas; d) tornam-se desidiosos no cumprimento de seus deveres, comprometendo o prestígio da igreja ou a boa ordem do trabalho; e) adotam qualquer medida comprometedora da paz, unidade, pureza e progresso da igreja.” (CD Art. 7º).

Desde 2006 há resoluções determinando o não uso do nome “comunidade presbiteriana” e a volta ao estabelecido em nossos modelos de estatutos:

CE-SC/IPB-2006 – DOC. XLV – Quanto ao documento 179 - Ementa: Oriundo do Sínodo Oeste Fluminense, consulta sobre o uso do nome "Comunidade". A CE-SC-IPB 2006 RESOLVE: 1. Tomar conhecimento. Considerando: 2. Que a IPB possui nome legitimado pela CI/IPB, conforme Art. 4º, combinado com o Art. 1º do Modelo de Estatutos para Igreja Local; 3. Que a IPB possui uma identidade visual devidamente aprovada. Resolve: 1. Determinar que todas as igrejas organizadas ou que venham a organizar-se, usem no nome o padrão "Igreja Presbiteriana de..." 2. Estranhar o uso do termo 'Comunidade' em nosso Anuário, quando deveria ser "Igreja" determinando que se corrija para o futuro, inclusive em comunicações oficiais; 3. Determinar aos Sínodos que por sua vez, determinem aos Presbitérios a imediata mudança, conforme as normas constitucionais da IPB.

CE-SC/IPB-2012 - DOC. CCXIV - Quanto  ao  documento 285  - Oriundo  do(a):   Sínodo Vale do Paraíba  - Ementa:   Consulta quanto  ao  uso do  termo  Comunidade.  A CE-SC/IPB  - 2012  RESOLVE: 1.  Reafirmar a  resolução CE-2006  - Doc.   XLV, transcrita abaixo,  que  proíbe  o uso  do nome  "comunidade":  "CE-SC/IPB-2006 - DOC. XLV - Quanto ao  documento 179  - Ementa: Oriundo  do Sínodo Oeste Fluminense, consulta sobre o uso  do nome  "Comunidade".  A CE-SC-IPB  2006 RESOLVE:  1.  Tomar  conhecimento. Considerando: 2.  Que  a IPB possui nome legitimado  pela  CI/IPB, conforme  Art.  4º, combinado com  o Art.     do Modelo de Estatutos para  Igreja Local; 3. Que  a IPB possui uma  identidade visual devidamente aprovada. Resolve: 1. Determinar que todas as igrejas  organizadas ou que venham a organizar-se, usem no nome o padrão "Igreja Presbiteriana de..." 2. Estranhar o uso  do termo  ’Comunidade’  em nosso Anrio, quando deveria  ser "Igreja" determinando  que se corrija para o futuro, inclusive em comunicações oficiais; 3. Determinar aos  Sínodos que  por sua  vez, determinem aos  Presbitérios a imediata mudança, conforme  as normas constitucionais da  IPB."; 2.   Determinar às igrejas federadas que obedeçam a esta resolução; 3.  Determinar aos concílios que jurisdicionam "comunidades presbiterianas" que verifiquem o cumprimento desta decisão.

CE-SC/IPB-2012 - DOC. CCXV - Quanto ao documento 158 Oriundo do (a): Sínodo Piratininga - Ementa: Consulta sobre Decisão da CE-SC/IPB 2006, Doc.  XLV, quanto ao documento 179, sobre Igreja auto intitulada Comunidade Presbiteriana. Considerando: 1.  Que a resolução CE-SC/IPB-2006 - Doc. XLV que proíbe o uso  do termo "comunidade" para referir-se  a uma  igreja presbiteriana está em vigor; 2. Que a CE não é o forum para tratar de assuntos teológicos deste tipo.  A CE-SC/IPB – 2012  RESOLVE: 1.  Tomar conhecimento; 2.  Encaminhar este documento à próxima RO do SC.

CE-SC/IPB-2013 DOC. CCXII - Quanto ao documento 175 - Oriundo do(a): Sínodo Piratininga - Ementa: Consulta sobre Movimento de Comunidades da Igreja Presbiteriana do Brasil. Considerando: Que há resoluções anteriores sobre o referido assunto, conforme Resolução CE-SC/IPB - 2006 - Doc. XLV e CE-SC/IPB 2012 Doc. CCXIV; A CE-SC/IPB - 2013 RESOLVE: 1. Tomar conhecimento; 2. Afirmar que as igrejas presbiterianas estão sob a jurisdição de seus Conselhos; os Presbitérios exercem jurisdição sobre os ministros e conselhos de determinada região conforme o Art. 62, alíneas a e b da CI/IPB; 3. Determinar que a Comissão de Relações Inter-Eclesiásticas da IPB preste relatório sobre a situação da Spanish River Church à CE/SC/IPB 2014; 4. Determinar que os Presbitérios cumpram e façam cumprir as resoluções do SC/IPB; 5. Agradecer ao Sínodo Piratininga pelo cuidado e zelo demonstrados.

Esta desobediência das igrejas, intituladas comunidades, às decisões do Supremo Concílio da IPB macula o princípio de autoridade exposto na CI (Art. 3º e 61) e é péssimo exemplo para os membros das igrejas locais.

4.       Descaracterização da identidade presbiteriana

As comunidades presbiterianas têm uma forma própria. O sermão é chamado de "palestra" para não deixar desconfortável o não crente que não gosta de igreja (filosofia “Seeker Sensitive”). É a mesma preocupação que os leva a não utilizar a palavra “culto”, mas “encontro” ou “celebração”, e a não usar a palavra “igreja”, mas “comunidade”. O uso do púlpito também é descartado pelo mesmo motivo.

Os cultos das comunidades, chamados “encontros”, são informais e alguns contêm Música Popular Brasileira (MPB). A maioria das comunidades não tem Escola Dominical e Sociedades Internas.

Esta diferença entre comunidades presbiterianas e igrejas convencionais da IPB pode indispor os crentes das comunidades com a própria denominação, levantando barreiras à comunhão das igrejas irmãs pelas diferenças radicais de liturgia e de estrutura interna. Além disso, dificulta-se bastante a chegada de outro pastor que não seja do mesmo "modelo".

Diante dos pontos elencados acima, nosso concílio revela sua preocupação com o avanço do movimento de comunidades presbiterianas no Brasil e roga a Deus que a IPB tome medidas para que estes irmãos retornem aos caminhos da confessionalidade.

November 2, 2011

O Palhaço e o Profeta


Hermisten M.P. Costa

Certa vez, um circo se instalou próximo de uma cidadezinha dinamarquesa. Este circo pegou fogo. O proprietário do circo vendo o perigo do fogo se alastrar e atingir a cidade mandou o palhaço, que já estava vestido a caráter, pedir ajuda naquela cidade a fim de apagar o fogo, falando do perigo iminente. Mas, inútil foi todo o esforço do palhaço para convencer os seus ouvintes. Os aldeões riam e aplaudiam o palhaço entendendo ser esta uma brilhante estratégia para fazê-los participar do espetáculo... Quanto mais o palhaço falava, gritava e chorava, insistindo em seu apelo, mais o povo ria e aplaudia... O fogo se propagou pelo campo seco, atingiu a cidade e esta foi destruída. (1)
De forma semelhante, temos nós muitas vezes apresentado uma mensagem incompreensível aos nossos ouvintes, talvez porque ela também seja incompreensível a nós. As pessoas se acostumaram a nos ouvir brincar tanto com as coisas sagradas, que não conseguem descobrir o sagrado em nossas brincadeiras. Alguns de nós pregam como se estivessem no picadeiro. Por outro lado, nossos ouvintes, por não perceberem a diferença entre o palhaço e profeta, reforçam este comportamento mutante através de um aplauso até mesmo literal. Deste modo, a profecia (pregação) torna-se motivo de simples gostar ou não gostar e o circo perde um de seus talentosos componentes. Assim, sem nos darmos conta, estamos compactuando com a indiferença de nossos ouvintes, que, de certa forma, estão “cansados” da palavra “Evangelho”, sem que na realidade, nunca tenham sido ensinados a respeito do Evangelho de Cristo. A avaliação da mensagem pregada fica restrita ao gostar ou não do ouvinte. Se gostei foi boa, se não, é ruim. Criamos uma categoria arbitrária do que de fato é verdadeiro ou não a partir do gosto, como se este também não fosse afetado pelas consequências do pecado. Na realidade, o gostar ou não deve estar subordinado ao exame das Escrituras (At 17.11). Procedendo assim, descobriremos, para surpresa nossa, o quão o nosso gosto pode ser pecaminoso e inconsequente.
O Evangelho é uma mensagem acerca de Deus – da Sua Glória e de Seus atos salvadores –, acerca do homem – do seu pecado e miséria –, acerca da salvação e da condenação condicionada à submissão ou não a Cristo como Senhor de sua vida. Esta mensagem que envolve uma decisão na História, ultrapassa a História, visto ter valor eterno. Portanto, não podemos brincar com ela, não podemos fazer testes: estamos falando de vida e morte eternas (Jo 3.16-18).
Parece-me correto o comentário de Vincent quando diz que “A demanda gera o suprimento. Os ouvintes convidam e moldam os seus próprios pregadores. Se as pessoas desejam um bezerro para adorar, o ministro que fabrica bezerros logo é encontrado.” (2) É preciso atenção redobrada para não cairmos nesta armadilha já que não é difícil confundir os efeitos de uma mensagem com o conteúdo do que anunciamos: a pregação deve ser avaliada pelo seu conteúdo; não pelos seus supostos resultados. Esse assunto está ligado à vertente relacionada ao crescimento de igreja. Iain Murray está correto ao afirmar: “O crescimento espiritual na graça de Cristo vem em primeiro lugar. Onde esse crescimento é menosprezado em troca da busca de resultados, pode haver sucesso, mas será de pouca duração e, no final, diminuirá a eficácia genuína da Igreja. A dependência de número de membros ou a preocupação com números frequentemente tem se confirmado como uma armadilha para a igreja.” (3)
Devemos nos lembrar de que o pregador não “compartilha” opiniões nem dá suas “opiniões” sobre o texto bíblico, nem faz uma paráfrase irreverente do texto, antes, ele prega a Palavra. O seu objetivo é expressar o que Deus disse através de Seus servos. Pregar é explicar e aplicar a Palavra aos nossos ouvintes. O aval de Deus não é sobre nossas teorias e escolhas, muito menos sobre a “graça” de nossas piadas, mas sobre a Sua Palavra. Portanto, o pregador prega o texto, de onde provém a verdade de Deus para o Seu povo.
 O púlpito não é o lugar para se exercitar as opiniões pessoais e subjetivas, mas sim, para pregar a Palavra, anunciando todo o desígnio de Deus, sob a iluminação do Espírito. Alexander R. Vinet (1797-1847) definiu bem a pregação, ao dizer ser ela “a explicação da Palavra de Deus, a exposição das verdades cristãs, e a aplicação dessas verdades ao nosso rebanho.” (4) Sem a Palavra, o púlpito torna-se um lugar que no máximo serve como terapia para aliviar as tensões de um auditório cansado e ansioso em busca de alívio para as suas necessidades mais imediatamente percebidas. Ele pode conseguir o alívio do sintoma, mas não a cura para as suas reais necessidades.
 Albert Martin apresenta uma crítica pertinente; ele diz: “O esforço desnatural de certos pregadores para serem ‘contadores de piadas’, entre a nossa gente, constitui uma tendência que precisa acabar. A transição de um palhaço para um profeta é uma metamorfose extremamente difícil.” (5)
(...)
Imaginem um jovem entre centenas de outros, ansiosamente procurando seu nome nas listas afixadas nas paredes na universidade a fim de saber se foi aprovado ou não no vestibular. De repente surge um amigo com um sorriso largo e com os braços abertos, dizendo: “parabéns, você foi aprovado”. O jovem dá-lhe um abraço apertado, pula, grita, ri, chora, comemora... Depois de alguns minutos de euforia, aquele “amigo” diz: “É brincadeira; seu nome não consta entre os aprovados”. Se você fosse aquele vestibulando, como reagiria? Pense nisto: Se você corretamente não admite brincadeiras com coisas sérias, o Evangelho, que envolve vida e morte eternas seria passível de brincadeiras, de gracejos? A pregação é assunto para profetas, não para palhaços. Pensemos nisso.

Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa é professor de Teologia Sistemática e Teologia Contemporânea do Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição e integra a equipe de pastores da Igreja Presbiteriana de São Bernardo do Campo.

Notas:
(1) Esta parábola é contada por Kierkegaard (1813-1855) e aplicada nas obras de Harvey Cox, (A Cidade do Homem2ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1971, p. 270) e J. Ratzinger (Introdução ao Cristianismo, São Paulo, Herder, 1970, p. 7-8). Todavia a aplicação que ambos fazem é divergente entre si. E a que faço é diferente da de ambos.
(2) Marvin R. Vincent, Word Studies in the New Testament, Peabody, MA., Hendrickson Publishers, [s.d.], Vol. 4, (2Tm 4.3), p. 321.
(3) Iain Murray, A Igreja: Crescimento e Sucesso: In: Fé para Hoje, São José dos Campos, SP., Fiel, nº 6, 2000, p. 27.
(4) A.R. Vinet, Pastoral Theology: or, The Theory of the Evangelical Ministry,2ª ed. New York, Ivison, Blakeman, Taylor & Co. 1874, p. 189.
(5) Albert N. Martin, O Que há de Errado com a Pregação de Hoje?, São Paulo, Fiel, (s.d.), p. 23.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails