Pense no desenho de um cartão de
Natal. O que você vê? A manjedoura, os reis magos, os pastores, José, Maria, o
recém-nascido Jesus, a estrela resplandecente, os presentes, os animais...
Estas figuras refletem exatamente a história do Natal, certo? Errado. Estudando
com atenção os textos que narram o natal de Jesus você vai perceber que a
maioria de nós crê em uma versão distorcida do seu nascimento. Versão recebida
do Catolicismo Romano e diferente do que encontramos na Bíblia. Vejamos:
Os magos
Magos ou reis magos? Esta é a
primeira questão. A tradição católico romana diz que eram “reis magos”, porém,
a Bíblia não diz isso. Em nenhum lugar das Escrituras encontramos a expressão
“reis magos”. De acordo com Mateus, eles eram apenas, e tão somente, magos (Mt
2.1).
E o que eram os magos naquela
época? Magos, ou sábios (como aparece em algumas versões da Bíblia em inglês)
eram aqueles que se dedicavam ao estudo das estrelas. Vieram do Oriente, de
terras em que a astronomia era praticada, provavelmente, dos países que
conhecemos hoje sob o nome de Irã e Iraque.
E quantos eram eles? A Bíblia não
diz. Diz apenas “uns magos”. Imaginou-se três por causa dos três presentes que
a criança recebeu (Mt 2.11). Contudo, podem ter sido dois, seis, nove, doze,
dezoito, vinte... A tradição oriental cria em doze magos e entre eles os
armênios falavam em quinze. Não sabemos, a Bíblia não diz. Não sabemos também
os seus nomes. A Igreja Católica os chama de Melchior, Baltazar e Gaspar,
porém, sem nenhuma base bíblica.
Vemos que os magos são
personagens misteriosos dentro da história de Jesus. Pouco sabemos a respeito
deles. O que sabemos é que eles desempenham um papel especial na história de
Cristo. Eles mostram que Jesus é o salvador não apenas dos judeus, mas de todos
os povos. Ele é digno de toda honra e adoração, por isso a longa viagem e a
entrega de presentes tão valiosos.
Estes são os verdadeiros magos
(não reis-magos) da história de Cristo. Vamos ver agora outro elemento da
história do Natal que também tem sido mal comprendido...
A estrela
Como a estrela que guiou os magos
até Jesus é geralmente apresentada? Na maioria das figuras ela é grande e com
intenso brilho. Em alguns casos, ela aparece até com uma grande cauda, própria
de cometa. Como terá sido esta estrela, na realidade?
O texto de Mateus nos leva a crer
que era uma estrela de proporções normais. Os magos somente a identificaram
porque eram estudiosos das estrelas. Conheciam os astros celestes e perceberam
que aquela estrela era especial. E, de fato, se fosse uma estrela gigantesca,
com intenso brilho e fulgor, como geralmente aparece representada, não só os
magos a teriam visto, mas também Herodes e todo o povo de Jerusalém. Tamanho
astro celeste não passaria despercebido por aquelas terras em que a iluminação
vem sempre do céu. Todos iriam atrás da estrela, não só os magos.
Deus falou com os magos por meio
de uma linguagem que só eles compreendiam – uma estrela.
E como eles associaram esta
estrela ao nascimento de Jesus? Teriam eles acesso às Escrituras para, como os
judeus, esperar a vinda do Messias? Conheciam os magos a profecia de Números
24.17? “Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela
procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe e
destruirá todos os filhos de Sete.” Ou teriam tido uma revelação mais direta de
Deus quanto ao significado desta estrela? Todas as respostas são possíveis,
porém, não sabemos qual é a correta. A Bíblia não diz.
O que sabemos, e o que Mateus
deixa bem claro no registro bíblico, é que os magos chegaram em Jerusalém com
um firme propósito: “... vimos a sua estrela no Oriente e viemos para
adorá-lo.” (v.2). E eles conseguiram. O verso 11 nos mostra os magos
prostrando-se, adorando o menino rei e lhe entregando seus presentes. A
estrela, guiada por Deus, os conduziu àquele que é a luz do mundo.
Onde estava Jesus
A nossa última questão é: Onde
estava Jesus quando os magos vieram adorá-lo. O que você acha? Na estrebaria?
Então leia o versículo 11, de Mateus 2. A resposta correta é: em uma casa.
Quando os magos chegaram em
Belém, Jesus não estava mais na manjedoura. Ele estava com seus pais em uma
casa. A viagem dos magos foi longa. Meses de percurso. Mais de um ano havia se
passado e José e Maria não estavam mais naquela moradia provisória em que Jesus
nasceu. Ao contrário do que muitos pensam, quando os magos chegaram, Jesus já
tinha mais de um ano de idade. Podemos inferir isso analisando a sangrenta
ordem do rei Herodes:
“Vendo-se iludido pelos magos,
enfureceu-se Herodes grandemente e mandou matar todos os meninos de Belém e de
todos os seus arredores, de dois anos para baixo, conforme o tempo do qual com
precisão se informara dos magos” (Mt 2.16).
Herodes mandou matar todos os
meninos de dois anos para baixo. Mas, por que dois anos? Que cálculo ele fez
para chegar a este limite de idade? A resposta está no versículo 7: “Com isto,
Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles com precisão
quanto ao tempo em que a estrela aparecera”; e no final do verso 16: “... de
dois anos para baixo, conforme o tempo do qual com precisão se informara dos
magos”.
A informação que Herodes obteve
dos magos, quanto ao aparecimento da estrela, o levou à idade de dois anos para
baixo. Exterminando os meninos dentro deste limite de idade, com certeza, o
maquiavélico rei atingiria o menino Jesus.
Assim sendo, podemos sugerir que
Jesus tinha menos de dois e mais de um ano de idade quando os magos o
visitaram. Isto porque, se a informação dos magos levasse Herodes a concluir
que Jesus estava com apenas alguns meses de vida, não haveria o porquê de se
estipular o limite de dois anos para a chacina. Matando os meninos de um ano
para baixo já seria o suficiente para atingir Jesus. Se ele estabeleceu “de dois
anos para baixo” é porque Jesus já tinha mais de um ano de idade.
E os pastores? Onde entram nesta
história? Entram bem no ínicio dela. Eles foram os primeiros a ver o rei Jesus.
Os pastores o encontraram logo após o seu nascimento, ainda na manjedoura (Lc
2.12,16).
Ao contrário do que geralmente
aparece desenhado nos cartões de natal, os pastores não viram a estrela e nem
se encontraram com os magos. Eles foram ao encontro de Jesus Cristo, o viram, e
voltaram glorificando e louvando a Deus (Lc 2.20). Os magos, como vimos,
chegaram muito tempo após a vinda dos pastores.
Qual seria, então, a ordem
correta dos acontecimentos, de acordo com a Bíblia? Simplificando a história, a
ordem seria esta:
1. José e Maria sobem para Belém,
a fim de alistarem-se (Lc 2.1-5).
2. Jesus nasce e Maria o deita em
uma manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria (Lc 2.6,7)
3. Nos campos, um anjo
acompanhado por uma milícia celestial anuncia a uns pastores o nascimento do
Salvador (Lc 2.8-14).
4. Os pastores imediatamente vão
ver Jesus e o encontram deitado na manjedoura (Lc 2.15-19)
5. Os pastores voltam para os
campos glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto (Lc
2.20).
(...) Em algum momento, que só
Deus sabe, uma estrela aparece aos magos em algum país ao oriente de Jerusalém.
(...) Os magos iniciam a sua
longa jornada.
6. Após meses de viagem, os magos
chegam em Jerusalém (Mt 2.1,2).
7. Herodes chama os magos, se
informa quanto ao tempo em que a estrela apareceu a eles, e pede aos magos que
o avisem assim que encontrarem o rei Jesus (Mt 2.7,8).
8. Os magos partem para Belém (Mt
2.9).
9. Os magos continuam seguindo a
estrela e chegam na casa em que está Jesus (Mt 2.9-11).
10. Os magos entram na casa e
encontram Jesus com sua mãe. Prostram-se e o adoram. Abrem os seus tesouros e
lhe entregam as suas ofertas: ouro, incenso e mirra (Mt 2.11).
11. Em sonho, recebem a
advertência de Deus para não voltarem à presença do rei Herodes (Mt 2.12).
12. Os magos regressam, por outro
caminho, para a sua terra (Mt 2.12).
13. Em sonho, um anjo do Senhor
manda José fugir com Maria e Jesus para o Egito, para escapar das mãos de
Herodes (Mt 2.13).
14. José, de noite, toma Jesus e
Maria e vai para o Egito (Mt 2.14).
15. Herodes percebe que foi
enganado pelos magos e manda matar todos os meninos de Belém e arredores, de
dois anos para baixo. Mas Jesus está a salvo, por causa da obediência de José.
A história continua e é bom a
lermos sempre para não sermos influenciados pelas versões que encontramos por aí.
Muito tem sido falado sobre
Jesus. As informações vêm de todos os lados: da tradição Católica, dos
programas de televisão, das revistas e até dos cartões de Natal. Contudo, é
necessário que a nossa fonte de informações sobre Cristo seja sempre a Bíblia.
A minha oração é que neste Natal
Deus nos ajude a compreender a lição que aqueles magos nos deixaram. Que a
nossa disposição para servir a Deus seja como a daqueles homens, que não
mediram esforços para adorar a Deus. Enfrentaram a distância, os desconfortos e
os perigos da viagem para se prostrar perante o Rei Eterno. Que a nossa fé seja
firme como a daqueles sábios.
E que, em todos os momentos da
nossa vida, nós possamos, como aqueles homens, ter os olhos fixos nos céus. Que
o nosso olhar esteja sempre voltado para o alto, para o rei sublime.
Olhando para os céus, seguiremos
a nossa jornada amparados por Deus e sempre na direção certa. Boa viagem.