Muitas pessoas perguntam: Onde está, na Bíblia, a base para a mudança do shabat (descanso) do 7º dia da semana para o 1º dia?
Quando lemos o Novo Testamento é visível esta mudança a partir da ressurreição de Cristo. Depois da ressurreição, a igreja passou a reunir-se no primeiro dia da semana, como forma de marcar o grande evento que foi a vitória de Cristo sobre a morte.
Isso foi tão forte que
o primeiro dia da semana passou a ser chamado de Domingo (Dominus Dei – Dia do
Senhor), como esclarece Simon Kistemaker, doutor em Novo Testamento:
“É o dia da
ressurreição do Senhor, e no fim do século 1° os cristãos haviam começado a se
referir a ele não como primeiro dia da semana, mas como dia do Senhor (compare com a expressão a ceia do Senhor, em 1Co 11.20). É o dia dedicado ao Senhor.” (Comentário
de Apocalipse, Editora Cultura Cristã, p. 128).
Note que os principais
eventos da era cristã aconteceram no domingo.
- Jesus ressuscitou em
um domingo (Jo 20.1)
- Jesus apareceu a dez
discípulos quando estavam reunidos em um domingo (Jo 20.19)
- Jesus apareceu a onze
discípulos quando estavam juntos em outro domingo (Jo 20.26)
- O Espírito Santo
desceu no dia de Pentecostes, que era um domingo (Lv 23.15, 16 – o dia imediato
ao sábado), e nesse mesmo domingo o primeiro sermão sobre a morte e
ressurreição de Cristo foi pregado por Pedro (At 2.14) com 3000 novos
convertidos.
- Em Trôade os crentes
se juntaram para adorar no domingo (At 20.7). E note que eles deixaram passar o
sábado (v. 6), mas fizeram o culto no domingo.
- Paulo instruiu aos
crentes para trazerem as suas contribuições no domingo, dia em que eles estavam
juntos para cultuar (1Co 16.2).
- Jesus apareceu a
João, em Patmos, em um domingo (Ap 1.10).
O testemunho da história da Igreja confirma a mudança. Os sabatistas costumam ensinar, erroneamente, que a Igreja Cristã só passou a cultuar no domingo a partir de um decreto do imperador romano Constantino, no 4º século. Contudo, observe as citações abaixo, todas anteriores a Constantino:
Barnabé (96/98 d.C.) - “Por fim, [o Senhor] lhes disse: ‘Não tolero vossos novilúnios e vossos sábados’ [Isaías 1,13]. Observai como disse: ‘Não aceito os vossos sábados de agora, mas aquele que Eu fiz, aquele em que, fazendo descansar todas as coisas, farei o início de um oitavo dia, isto é, o início de um outro mundo. Justamente por isso nós celebramos também o oitavo dia com regozijo, por ser o dia em que Jesus ressuscitou dentre os mortos e, depois de Se manifestar, subiu aos céus” (Epístola de Barnabé, 15.8)
Didaqué (65/80 d.C.) – “Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro. 2 Aquele que está brigado com seu companheiro não pode juntar-se antes de se reconciliar, para que o sacrifício oferecido não seja profanado. 3 Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: "Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro porque sou um grande rei - diz o Senhor - e o meu nome é admirável entre as nações". (Didaquê, 14.1)
Inácio de Antioquia (≅ 107 d.C.) – “1. Assim os que andavam na velha ordem das coisas chegaram à novidade da esperança, não mais observando o sábado, mas vivendo segundo o dia do Senhor, no qual nossa vida se levantou por Ele e por Sua morte, embora alguns o neguem. Mas é por êsse mistério, que recebemos a fé e por êle é que perseveramos, para sermos de fato discípulos de Jesus Cristo nosso único mestre. 2 Como pois poderemos viver sem Êle, a quem mesmo os Profetas, discípulos pelo Espírito, esperavam como Seu mestre? E foi por isso que Êle, em quem esperavam na justiça, os ressuscitou dos mortos, pela Sua presença.” (Epístola aos Magnésios, 9.1)
Justino Mártir (100-165 d.C.) – “3No dia que se chama do sol, celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se lêem, enquanto o tempo o permite, as Memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas. 4Quando o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos esses belos exemplos. 5Em seguida, levantamo-nos todos juntos e elevamos nossas preces. Depois de terminadas, como já dissemos, oferece-se pão, vinho e água, e o presidente, conforme suas forças, faz igualmente subir a Deus suas preces e ações de graças e todo o povo exclama, dizendo: "Amém". Vem depois a distribuição e participação feita a cada um dos alimentos consagrados pela ação de graças e seu envio aos ausentes pelos diáconos. 6Os que possuem alguma coisa e queiram, cada um conforme sua livre vontade, dá o que bem lhe parece, e o que foi recolhido se entrega ao presidente. Ele o distribui a órfãos e viúvas, aos que por necessidade ou outra causa estão necessitados, aos que estão nas prisões, aos forasteiros de passagem, numa palavra, ele se torna o provedor de todos os que se encontram em necessidade. 7Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe-se que o crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguinte ao de Saturno, que é o dia do Sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutrinas que estamos expondo para vosso exame.” (Apologia 1, 67)
Tertuliano (160-220 d.C.) – “2. O Senhor dará a graça, a fim de que eles venham a ceder, ou então, sigam a sua opinião sem escandalizar os outros. Nós, porém, de acordo com a tradição que recebemos, somente no dia da ressurreição do Senhor evitamos não só ajoelhar-nos, mas também toda atitude ou ato de culto que exprima tristeza. E adiamos os nossos negócios, para não deixar ao diabo oportunidade alguma (cf. Ef 4,27).” (Da Oração, 23.2)
Concílio de Elvira (≅ 305 d.C.) – “Se eles cometem crimes sexuais após completar a penitência, que deve ser negado qualquer comunhão mais uma vez receber a comunhão seria fazer uma paródia da comunhão de domingo.” (Cânone 3)
“Se alguém que mora na cidade não frequenta serviços
religiosos durante três domingos, deixe essa pessoa ser expulso por um breve
tempo a fim de fazer o opróbrio público.” (Cânone 21)
“Se um cristão confessa o adultério com uma mulher judaica ou
pagã, a ele é negada a comunhão durante algum tempo. Se o seu pecado é exposto por
outra pessoa, ele deve completar a penitência cinco anos antes de receber a
comunhão de domingo.” (Cânone 78)
Enfim, a mudança do dia do descanso, do 7º para o 1º dia da
semana, o dia do Senhor, tem base bíblica e comprovação histórica. Não é por
acaso que a esmagadora maioria das igrejas cristãs, de todos os tempos, guarda
o domingo e têm nos seus catecismos e confissões históricos esta doutrina bem
definida. Que Deus nos abençoe para que cumpramos o 4º mandamento com
fidelidade e alegria.
Ao identificar fatores que motivam seu desejo
sexual, também quero que você observe se está tratando seu pecado como um
amigo, aliado, refúgio, etc. Esses insights são essenciais
para o arrependimento fazer sentido como parte central da mudança. A não ser que
vejamos como o nosso pecado procura substituir Deus em nossas vidas, nossa
necessidade de nos corrigirmos diante de Deus surge como se Deus estivesse
inibindo indevidamente a nossa sexualidade.
“Sua batalha com o vício sexual não
começa com o seu comportamento. Ela
começa com o que você quer, pelo que você vive” (David Powlison em Sexual
Addiction, p. 6).
1.Tédio (O Pecado como a Minha Alegria)
Quando o tédio é o que aciona o nosso
desejo sexual, então o pecado se torna a nossa alegria. Quando há um momento
que pode ser ocupado com algo de nossa escolha, nós buscamos o pecado para
preencher o vazio, e não Deus ou algum de Seus desejos legítimos. Nós começamos
a perder nosso apetite para o prazer piedoso como a criança que come doce para
de querer comida saudável. Mesmo quando eles sentem o entorpecimento dos altos
e baixos das guloseimas, eles não conseguem conectar isso a sua dieta, e
procuram outro “barato do açúcar” como a solução “óbvia”.
“Sexo não é supremo… Ídolos começam como coisas boas a que damos importância demais,
e poucas coisas transformam-se em idolatria com mais frequência ou poder que o
sexo. Nós permitimos que um bom dom de Deus suplante o Deus que o
deu. Sexo é bom, até ótimo, mas não é supremo”. (Tim Challies
em Desintoxicação Sexual, p.61.)
Leia Neemias 8.9-12. Deus é um
Deus de grande alegria e prazer. Muitas
vezes, vemos Deus como algo tão sério que acreditamos que “diversão” deve ser
algo contrário a Ele. Quando Deus chamou Israel ao arrependimento por meio de
Neemias e Esdras, Ele pediu que eles expressassem seu arrependimento em
celebração. Se o fator do tédio o leva a pecar, permita que essa passagem
desafie sua visão de Deus.
2. Solidão (O Pecado como Meu Amigo)
Quando a solidão é o que nos leva ao
pecado sexual, o pecado se torna nosso “amigo”. O pecado sexual é sempre
relacional quer o relacionamento seja fictício ou físico. Assim, ele se ajusta
bem à solidão. É como se nosso pecado (uma pessoa, uma sala de bate-papo ou um
vídeo) nos dissesse: “conte-me seus problemas”. Nós ficamos felizes em pegar
uma cadeira e desabafar. Ao fazermos isso, falar com uma pessoa real ou com
alguém que não é parte de nosso pecado torna-se muito arriscado. Agora, nós
tememos ser julgados ou descobertos por qualquer pessoa além do nosso “amigo”.
“Eu posso criar um mundo perfeito. As coisas sempre acontecem exatamente do meu jeito. As
pessoas fazem exatamente o que eu quero. Eu estou sempre no topo. A
fantasia é ótima para alimentar o ego” (Testemunho anônimo no livro de
David Powlison, Pornography: Slaying the Dragon, p. 19).
Leia Provérbios 27.6. Durante o
pecado sexual, nós escrevemos esse provérbio ao contrário. Nós cremos que “Leais são os beijos do inimigo; mas as feridas do
amigo são enganosas”. Quando o pecado reverte os papéis de amigo e inimigo, ele
nos prende até que restituamos os rótulos certos às pessoas em nossas vidas. Se
o fator da solidão o leva ao pecado sexual, então examine em oração quem ou o
que você está chamando de “amigo”.
3. Stress (O Pecado como Meu Consolador)
Quando o stress é o que nos leva ao
pecado sexual, o pecado se torna nosso “consolador”. Nós corremos para ele ou
ela. O pecado ou nosso parceiro de adultério torna as coisas melhores (pelo
menos enquanto ela ou ele permanece escondido e conosco). Porém o consolo
possui uma qualidade viciante. O stress de que somos aliviados é multiplicado
pelo stress que ele ou ela cria. Isso nos mantém num ciclo de stress,
retornando a uma fonte primária de stress para ter alívio.
“Nós desejamos intimidade em um nível
relacional. Nós nos sentimos solitários. Mas,
nós também temos medo da intimidade. Nós não temos certeza de que
podemos alcançá-la ou se estamos vulneráveis o bastante para manejá-la”. (Tim
Chester in Closing the Window, p. 47)
Leia João 14.25-31. Jesus descreve o Espírito Santo como o “Ajudador” ou o “Consolador” (v.
26) e como a fonte de paz que é distinta da paz do mundo que sempre nos leva ao
medo (v. 27). Se uma fonte de consolo não permite que você seja mais real com
mais pessoas, então não é verdadeiro consolo. É uma droga que te entorpece você
antes de te deixar doente. Se o fator do stress o leva ao pecado sexual, então
examine se seu “consolo” é real ou uma forma de automedicação relacional.
4. Frustração (O Pecado como Minha Paz)
Quando a frustração é o que nos leva
ao pecado sexual, então o pecado torna-se nossa fonte de paz. O pecado é
tratado como um “oásis”. Quando isso acontece, nós rotulamos o pecado de nosso
“abrigo” em comparação às partes da vida que nos chateiam. Isso torna o pecado
nosso amigo e tudo o que se opõe ou interfere vira nosso inimigo.
Leia Romanos 16.17-20 e 1
Tessalonicenses 5.22-24. Perceba
que cada passagem refere-se a conhecer o Deus de paz como alternativa a cair em
tentações baseadas em desejos enganosos. Em quem você procura paz quando algo
te frustra é aquilo que determina o seu caráter. Assim que você declara que
algo ou alguém é a fonte de sua paz, você será leal a isso e o obedecerá.
5. Fadiga (O Pecado como Minha Fonte de Vida)
Quando a fadiga é o que nos leva ao
pecado sexual, então o pecado torna-se nossa fonte de vida. Nós buscamos no
pecado nosso impulso para suportar o dia. Pensar em nosso pecado nos faz
prosseguir quando pensamos em desistir. A adrenalina da satisfação sexual
(física ou romântica) torna-se uma droga que usamos para artificialmente nos
estimularmos, a qual começamos a questionar se conseguiríamos viver sem.
Leia 2 Coríntios 4.7-18. Essa passagem usa muitas palavras que podem ser sinônimas ou criam
fadiga: aflitos (v. 8), perplexos (v. 8), perseguidos (v. 9), abatidos (v. 9) e
desfalecer (v. 16). A fadiga pode fazer você se sentir só e o pecado sexual
torna-se sua companhia vivificadora. Paulo diz que é somente Cristo que pode
ser a vida em nós que enfrenta a fatigante morte ao nosso redor (v. 10-12).
Duvidar dessa verdade revela que estamos acreditando em (ou pelo menos ouvindo
atentamente) mentiras.
6. Dor (O Pecado como Meu Refúgio)
Quando a dor é o que nos leva ao
pecado sexual, o pecado se torna nosso refúgio. Em nossos momentos de fuga
pecaminosa, nos sentimos protegidos da vida e uma crescente lealdade ao nosso
pecado se desenvolve. Na verdade, nosso pecado nos fornece tanta proteção
quanto uma criança puxando a coberta sobre a própria cabeça, mas, em nossos
momentos de dor, apreciamos mesmo o pseudo-refúgio do pecado comparado à
aparente ausência de qualquer outro abrigo.
Leia o Salmo 31. Esse salmo alterna entre um pedido de socorro e uma canção de confiança.
Assim, o salmo revela o realismo com que a Escritura fala. O pecado sexual é um
pseudo-refúgio à disposição. Mesmo quando não podemos ter o pecado, podemos
fantasiar sobre a presença dele. Entretanto, o verdadeiro refúgio de Deus está
disponível pelo mesmo tipo de exercício “meditativo”. Porém, ele pode nos
livrar de verdade por meio do direcionamento da Escritura, da presença de Seu
Espírito e do envolvimento de Seu povo.
7. Traição (O Pecado como Minha Vingança)
Quando a traição é o que nos leva ao
pecado sexual, o pecado se torna a nossa vingança. Nós sabemos como a traição
(especialmente traição sexual) é poderosa, então decidimos usar seu poder para
nossos propósitos de vingar-nos daqueles que nos magoaram. Cegos pela dor,
tentamos usar a dor para conquistar a dor, mas apenas a multiplicamos. Nós
continuamos esse efeito dominó potencialmente infinito que nos agride,
alternando as experiências da dor da traição e da vergonha de trair, apesar de
sabermos como isso perpetua a dor.
Leia Romanos 12.17-21. É bastante tentador ler essa passagem como se Deus o impedisse de ter um
doce alívio e satisfação. Mas, na realidade, Deus está te impedindo de
transformar a traição de outro em autodestruição. Deus não está removendo a
vingança. Ele está simplesmente dizendo que Ele é o único que pode manejar seu
poder sem ser vencido por ela. O pecado não pode derrotar o pecado; não mais
que o óleo pode remover uma mancha de suas roupas. É tolice crer que seu pecado
sexual pode fazer o que somente a morte de Cristo na cruz conseguiria – trazer
justiça à injustiça.
8. Amargura (O Pecado como Minha Justiça)
Quando a amargura é o que nos leva ao
pecado sexual, o pecado se torna a nossa justiça. Se o pecado como vingança é
rápido e ardente, o pecado como justiça é lento e frio. Não estamos mais
procurando ferir os outros com nossos atos; agora, estamos meramente nutrindo
nossa ferida. Se tentássemos explicar nosso pecado em palavras, teríamos de
dizer que achamos que nosso pecado tem algum poder de cura. Mas, porque isso
parece tolice, tendemos mais a apenas justificá-lo com o pecado cometido contra
nós.
Leia Hebreus 12.15-17. Nesta passagem, uma “raiz de amargura” é diretamente ligada ao pecado
sexual (v. 16). Quando a amargura distorce nossa perspectiva, trocamos coisas
de grande valor (nossa integridade e/ou unidade da família) por coisas de pouco
valor (um desejo liberado ou uma fantasia rapidamente trazida à vida) como Esaú
vendeu sua primogenitura por uma tigela de sopa.
9. Oportunidade (O Pecado como Meu Prazer)
Quando a oportunidade é o que nos
leva ao pecado sexual, o pecado se torna nosso prazer. Muitas vezes, o pecado
sexual não exige mais que um tempo sozinho com um computador, um momento livre
para mandar mensagem ou um membro do sexo oposto para “conversar” (isto é,
flerta ou permitir que leve meus fardos). Quando o caso é esse, o pecado sexual
tornou-se nossa diversão normal, nosso passatempo preferido. Quanto mais o
nosso pecado sexual se infiltra nas partes comuns da vida, mais abrangentes
serão as mudanças de coração e estilo de vida necessárias para arrancá-lo.
“A realidade é que, muitas vezes, não
gostamos da vergonha e das consequências do pecado, mas ainda gostamos do
pecado em si… É por isso que a pornografia
é agradável. Vamos ser honestos sobre isso. Se
fingirmos que não, jamais a venceremos. As pessoas gostam de
assistir pornografia – ou elas não assistiriam. A Bíblia fala sobre
os prazeres do pecado. Eles são temporários. Eles são
perigosos. Eles são prazeres vazios comparados com a glória de
Deus. Mas, não obstante, eles são prazeres”. (Tim Chester
em Closing the Window, p. 15)
Leia Filipenses 3.17-21. Paulo está abordando aqueles que têm um “deus em seu ventre” (v. 19).
Essas são pessoas cujos apetites básicos, as partes cotidianas de suas vidas,
estão em confronto com Deus. Paulo chorava ao pensar em pessoas nessa condição
(v. 18). Se a mera oportunidade se torna um motivo central para seu pecado, que
essa passagem lhe choque e acorde!
10. Rejeição (O Pecado como Meu Conforto)
Quando a rejeição é o que nos leva ao
pecado sexual, o pecado se torna nosso conforto. Nossa cultura fez as coisas
feitas por causa do “medo de rejeição” parecerem neutras, como se a motivação
negativa negasse a malignidade do pecado; como se nós nos tornássemos vítimas
de nosso próprio pecado quando tememos a rejeição. O problema com temer a
rejeição é que isso nos torna tolos. Somente o temor do Senhor pode nos fazer
sábios (Pv 1.7). Quando reagimos por medo da rejeição, naturalmente buscamos o
conforto das pessoas em vez do conforto de Deus.
“Assim que entendemos que o alvo
primário do comportamento sexualmente viciante é evitar a dor relacional
– em essência, controlar a vida – começamos a descobrir o problema
principal… Sob diversas camadas da superfície há uma força penetrante e
integral que exige o direito de evitar a dor e experimentar a autorrealização. Essa energia egocêntrica é a própria essência do que a Bíblia
chama de ‘pecado’”. (Harry Schaumburg em False Intimacy,
p. 20, 24)
Leia Provérbios 29.25. A Escritura chama do “medo de rejeição” de “temor do homem” .Não é algo
inocente porque substitui Deus como Aquele por cuja aprovação nós vivemos. São
os valores, caráter e preferências de quem tememos que influenciam nossas
decisões, emoções, moralidade e reações instintivas. Se a rejeição é seu motivo
primário para o pecado sexual, permita que essa passagem desafie a orientação
da sua vida.
11. Fracasso (O Pecado como Meu Sucesso)
Quando o fracasso é o que nos leva ao
pecado sexual, o pecado se torna nosso sucesso. No mundo da fantasia do pecado
sexual (pornografia, mídia romântica ou adultério), você sempre ganha. Você
fica com a garota. Você é a donzela resgatada. Nenhuma parte da vida real pode
competir com a taxa de sucesso rápido do pecado. O pecado vem primeiro e o
custo depois. O custo do sucesso verdadeiro vem primeiro. Em casamentos
saudáveis, sacrifício é uma parte primária da alegria. Ao entregar-se ao pecado
sexual como uma forma de sucesso, ele o levará a desejar o tipo de sucesso que
destrói uma família. Mesmo se o relacionamento de adultério se torne estável,
ele se tornará “real” o bastante para não mais jogar pelas suas regras
preferidas de sucesso.
Leia Mateus 21.28-32. Por que o segundo filho disse “eu vou” e não cumpriu a tarefa (v. 30)?
Um motivo potencial é o medo do fracasso. Sem dúvida, ele teria visto o pai
insatisfeito com ele e se sentiria mais próximo de alguém que somente quer que
ele faça o que tem vontade (i.e., pornografia, mídia romântica ou parceiro de
adultério). Usar o pecado sexual como sucesso barato resulta em ferir
relacionamentos reais, mentira, ficar na defensiva por ser “julgado” e
retroceder a relacionamentos doentios ou fictícios. Em vez de avaliar os outros
por como eles nos fazem se sentir, arrependa-se de seu medo do fracasso.
12. Sucesso (O Pecado como Minha Recompensa)
Quando o sucesso é o que nos leva ao
pecado sexual, o pecado se torna a nossa recompensa. O seu pecado sexual se
tornou o que você faz quando precisa descansar ou o que você “merece” depois de
completar algo difícil? O seu pecado sexual tornou-se a cenoura que você
balança na sua frente para manter a motivação? Quando o pecado se torna a nossa
recompensa, nos sentimos enganados pelo arrependimento. Deus e todo mundo que
fala em Seu nome tornam-se estraga-prazeres.
Leia Hebreus 11.23-28. Moisés estava diante de uma escolha entre que recompensa ele considerava
mais satisfatória: o tesouro do Egito ou o privilégio de ser servo de Deus (v.
26). O pecado sexual nos dá uma escolha semelhante: um tesouro fácil ou um
serviço humilde. A não ser que Cristo seja seu herói, e Deus o seu Pai
admirável, então a escolha parece facilmente ser andar na direção da
destruição.
13. Direito (O Pecado como o que Mereço)
Quando o direito é nosso motivo para
o pecado sexual, o pecado se torna o que merecemos. Quando você está diante do
seu pecado sexual, você pensa ou diz “Como eu vou conseguir o que preciso…
mereço… conquistei?”. Você consegue ver como o pecado sexual tornou-se sua
medida para o que é um “bom dia” ou se alguém está contra ou a favor de você?
Você está disposto a permitir que apenas Cristo, que morreu pelo pecado de onde
você está tentando obter vida, seja a medida do que é “bom” em sua vida?
Leia Jeremias 6.15 e 8.12. O povo de Deus tinha perdido a habilidade de envergonhar-se do
pecado. Por quê? Uma explicação possível (que pode explicar nossa incapacidade
de envergonhar mesmo se não se aplica a eles) é que eles criam que mereciam seu
pecado. Quando isso acontece, acreditamos que sabemos mais que Deus. Nós
creditamos que as situações únicas da nossa vida são mais importantes que as
verdades eternas da ordem criada de Deus. Nossa confiança para discutir nos
furta a humildade necessária para se envergonhar.
14. Desejo de Agradar (O Pecado como Minha Auto-Afirmação)
Quando o desejo de agradar é nosso
motivo para o pecado sexual, então o pecado se torna nossa auto-afirmação. É
fácil agradar um ator pornô ou um parceiro de adultério. Eles têm interesse em
serem agradados. Toda o relacionamento é baseado em comércio (“o cliente tem
sempre a razão”) ou conveniência (“se eu não estou agradando você, você tem
outro lugar para ir”) em vez de comprometimento (“eu escolho você incondicional
e fielmente nos tempos bons e ruins”). Muito frequentemente, o pecado torna-se
um lugar de fuga quando você não está querendo fazer alguém feliz.
Leia Efésios 4.25-32. Note que o tipo de interação relacional descrita nesses versos é
incompatível com um desejo exagerado de agradar os outros. Não podemos viver a
vida para a qual Deus nos chamou (quer estejamos pecando sexualmente ou não) se
nosso principal desejo é agradar os outros. Nossas conversas devem ser
graciosas e boas para a edificação (v. 29), mas isso pressupõe que estamos
dispostos a falar sobre áreas de fraquezas com aqueles que amamos.
15. Horário (O Pecado como Tranquilizante)
Quando o horário é o que nos leva ao
pecado sexual, o pecado se torna nosso tranquilizante. Você usa seu pecado
sexual para ajudar a dormir, começar o dia, acabar com o tédio, passar o tempo
ou como um estimulante? Quais são os horários do dia ou da semana em que
normalmente você luta contra o pecado sexual? O seu pecado sexual tem se
tornado uma rotina?
Leia 1 Timóteo 4.7-10. Quando você usa o pecado como um tranquilizante, você está se
exercitando na impiedade (veja o v. 7). Muitas vezes, como essas ocorrências
acontecem durante períodos de inatividade, achamos que não são tão ruins. Nós
as vemos mais como uma criança que ainda chupa o dedo em vez de uma criança que
está desafiando a instrução direta dos pais. Se disciplinar-nos para a piedade
significa algo, isso é importante quando nos sentimos indisciplinados.
16. Lugar (O Pecado como Meu Escape).
Quando o lugar é o que nos leva ao
pecado sexual, o pecado se torna o nosso escape. A natureza fantasiosa de todo
pecado sexual o torna uma fuga perfeita de um local desagradável. Nós podemos
estar “presentes” e “ausentes” ao mesmo tempo. Nós podemos receber presença (ou
pelo menos evitar levar falta) sem precisar estar presentes. Podemos estar
mentalmente com nosso amante enquanto enfrentamos um encontro chato, crianças
difíceis, um cônjuge desinteressado, um apartamento solitário ou outro contexto
desgradável.
Leia o Salmo 32. Perceba que o salmo começa falando sobre um tempo ou lugar desagradável
(v. 1-5). Mas, em vez de fugir, Davi correu para Deus (v. 7) e encontrou a
alegria que você busca por meio da fuga pelo pecado sexual (v. 10-11). Quando
nós fugimos em uma fantasia sexual, estamos usando nossa fantasia como um Deus
substituto. Estamos, com efeito, orando para e meditando sobre nosso pecado
durante um período de dificuldade em busca de libertação.
17. Pensamentos Negativos (O Pecado como Meu Silenciador)
Quando pensamentos negativos são
nosso motivo para pecar, o pecado torna-se nosso silenciador. Na fantasia
sexual (pornografia, mídia romântica ou parceiro de adultério), sempre somos
desejados e vemos a nós mesmos pelos olhos de quem nos deseja. Nós nos
entregamos a eles não apenas fisicamente, mas na imaginação. Porque nós sabemos
que o relacionamento tem curto prazo, estamos dispostos a isso. Se o
relacionamento fosse permanente, o poder do efeito silenciador seria diluído
com o passar do tempo e negado por nosso crescente número de falhas na presença
do (a) parceiro (a).
Leia o Salmo 103. O pecado (ou mesmo um relacionamento humano saudável) nunca fará o que
somente Deus pode fazer. O silêncio definitivo para os nossos pensamentos
negativos é a morte de Cristo na cruz – afirmando que éramos tão maus quanto
pensávamos, mas substituindo nossa deficiência com Sua justiça. O pecado sexual
oferece uma justiça fantasiosa. Ele só pode oferecer o tipo de cobertura
zombada no clássico livro infantil A Roupa Nova do Imperador.
18. Público (O Pecado como Meu Parque de Diversões)
Quando o público é o que nos leva ao
pecado sexual, o pecado se torna nosso parque de diversões. Nós caminhos pela
vida como uma criança num parque; admirando cada pessoa que vemos como um
brinquedo novo ou uma aventura romântica, fazendo insinuações sexuais
grosseiras a cada comentário ou tratando todos os presentes como se eles
existissem para nos divertir e nos estimular sexualmente. Nosso pensamentos
particulares são alimentados por uma interpretação hipersexualizada do que está
à nossa volta.
“O ato de olhar pornografia é em si
mesmo parte do socorro que ela pretende oferecer. Eu posso procurar mulheres que estão disponíveis para mim. Eu
posso escolher entre elas como um ser soberano. Isso oferece um
senso de controle”. (Tim Chester, em Closing the Window, p. 50).
Leia Romanos 1.24-25. Você consegue ver na descrição do sexo como um parque o que significa
“mudar a verdade de Deus em mentira, e honrar e servir mais a criatura do que o
Criador” (v. 25)? Deus nos entregará a esse tipo de coração lascivo (v. 24). É
por isso que uma amputação radical do pecado é uma resposta sábia e necessária
para impedir que o pecado sexual se torne nosso parque de diversões (Mt
5.27-30).
19. Fraqueza (O Pecado como Meu Poder)
Quando fraqueza é o que nos leva ao
pecado sexual, o pecado se torna nosso poder. A estimulação (física e química
associada com a excitação) do pecado sexual oferece uma fachada de força. Outra
pessoa se deleitando em você produz uma aparência de importância. Como acontece
com muitos desses motivos, o sexo torna-se um meio para um fim. Sexo não é mais
uma expressão de amor, mas uma tentativa de obter algo. Isso é sempre uma
receita para sexo disfuncional e insatisfatório.
“Meu pastor pregava que a principal
questão do adultério é que você quer alguém para adorar e servir você, para
estar à sua disposição. Isso ecoou em mim. Eu
podia enxergar esse tema em minhas fantasias”. (Testemunho anônimo
em Pornography: Slaying the Dragon, de David Powlison, p. 15).
Leia 2 Coríntio 11.30. Você está disposto (expor pública e verbalmente) sua fraqueza como uma
maneira de fazer Cristo mais conhecido e viver em relacionamentos mais
autênticos? Essa é a única liberdade que permitirá que você desfrute o que está
procurando no pecado sexual. Se isso soa retrógrado, leia o que Paulo diz em
sua primeira carta aos Coríntios (1.20-25) e pergunte a si mesmo se sua
“sabedoria” é ficar mais perto ou mais longe de onde você quer estar.
Liste e faça um ranking dos top cinco
motivos para seu pecado sexual.
“Pornografia sempre é um sintoma de
questões mais profundas. Envolve lascívia, mas também
envolve raiva, intimidade, controle, medo, fuga e assim por diante. Muitos
desses problemas aparecerão em outras áreas da vida”. (Tim Chester,
em Closing the Window, p. 109).
Para algumas pessoas, o motivo de seu
pecado sexual será muito evidente. Talvez você possa rapidamente entender os
motivos que o levam a acreditar que o pecado “vale a pena” ou “funcionará”
dessa vez. Para outros, exige reflexão no momento de tentação para discernir o
que os atrai.
O valor de entender o motivo de nosso pecado é que nos permite ouvir as promessas vazias que o pecado faz para que possamos voltar para nosso amoroso Pai Celestial que quer e pode cumprir essas promessas. Eu espero que esse post tenha te ajudado a enxergar o vazio do pecado e te preparado a aceitar a plenitude de Deus no evangelho.
Publicado em português em: https://voltemosaoevangelho.com/blog/2019/04/19-fatores-que-levam-voce-a-ver-pornografia/
Nos
últimos dias tenho ouvido falar de uma posição teológica contrária a
instrumentos musicais no culto. A posição apresenta 3 argumentos principais:
1º Instrumentos musicais não são permitidos porque ferem o Princípio Regulador do Culto;
2º Não são permitidos porque estão associados ao sistema sacrificial do Antigo Testamento e, cessado este sistema, o uso deles também cessou;
3º Não podem ser usados porque apenas os levitas foram encarregados do seu uso no culto e, cessado o período dos levitas, não temos mais ninguém autorizado a utilizá-los.
Com base nestes argumentos principais, que considero equivocados, resolvi escrever 5 argumentos favoráveis à continuidade do uso de instrumentos musicais no culto da nova aliança. Esclareço que não vejo como obrigatório o uso de instrumentos no culto. É possível louvar a Deus sem eles. Mas são instrumentos úteis, que ajudam na adoração. Vamos aos 5 argumentos:
1. Instrumentos musicais são utilizados no culto porque são neutros.
1.1. Instrumentos musicais foram criados bem antes do tabernáculo e sem objetivo religioso.
“Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado. O nome de seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta. Zilá, por sua vez, deu à luz a Tubalcaim, artífice de todo instrumento cortante, de bronze e de ferro; a irmã de Tubalcaim foi Naamá.” (Gn 4.20-22)
Da mesma forma que não são religiosos os que habitam em tendas, criam gado e mexem com bronze e ferro, não o são os que tocam harpa e flauta (v. 21). Instrumentos musicais geram sons quando tocados. O uso que será feito do som depende da intenção do que toca.
É certo que Davi mandou fazer milhares de instrumentos, considerando que havia 4 mil levitas músicos (1Cr 23.4,5), mas alguns destes instrumentos já existiam há muito tempo, como a harpa (Gn 4.21; Gn 31.27; 1Cr 15.16).
O mesmo não acontece com os elementos do sistema levítico. Ao contrário de instrumentos musicais, tudo no tabernáculo e no templo foi criado com objetivo religioso. O local, os móveis, os sacrifícios, tudo.
1.2. Instrumentos musicais não apontavam para Cristo.
Eram neutros e usados em diversas ocasiões, religiosas ou não. Eram utilizados...
- Em despedidas (Gn 31.27)
-
Em recepções (Jz 11.34)
-
Em guerras (Js 6.4,5; 2Cr 13.14; Jr 4.19; Ez 7.14; Am 2.2)
-
Na entronização de reis (1Rs 1.39,40; 2Rs 9.13; 2Rs 11.14)
-
Em banquetes (Is 5.12)
-
Em momentos de ócio (Jó 21.11,12; Am 6.5)
-
Em cultos idólatras (Dn 3.3-5)
Ao contrário dos instrumentos, no tabernáculo e no templo tudo era religioso e tudo apontava para Cristo.
1.3.
Instrumentos musicais não tinham a mesma sacralidade dos móveis.
Os móveis do tabernáculo contavam com argolas e varões para serem transportados pelos levitas. Nem os levitas, podiam tocá-los (1Cr 13.9,10).
Se os instrumentos musicais fizessem parte do sistema sacrificial, seria natural que também fossem consagrados e tivessem o seu transporte restrito. Mas nada é falado sobre consagração de instrumentos musicais.
Os instrumentos, tanto não faziam parte do sistema sacrificial, que só foram inseridos no culto, na época de Davi, no templo (1Cr 15.16-22). Se tivessem o mesmo peso dos sacrifícios, teriam sido inseridos já no tabernáculo.
1.4. Instrumentos musicais não contam com o detalhamento característico de elementos do sistema sacrificial.
Deus revelou detalhadamente a forma como cada elemento do sistema sacrificial judaico deveria ser feito:
- Circuncisão (Gn 17.8-14)
-
Tabernáculo (Ex 20.23-26)
-
Desenhos, lapidação e entalhe (Gn 35.30-35)
-
A arca (Êx 25.10-22; 26.33)
-
Cortina (Êx 26.31-33)
-
Coluna da cortina (Êx 26.31,32)
-
Lugar santo (Êx 26.33)
-
Lugar santíssimo (Êx 26.33)
-
Cortina – reposteio (Êx 26.36)
-
Coluna da cortina – reposteio (Êx 26.37)
-
Base de cobre com encaixe (Êx 26.37)
-
Altar do incenso (Êx 30.1-6)
-
Mesa dos pães da proposição (Êx 25.23-30; 26.35)
-
Candelabro (Êx 25.31-40; 26.35)
-
Panos de linho (Êx 26.1-6)
-
Panos de pelo de cabra (Êx 26.7-13)
-
Cobertura de pele de carneiro (Êx 26.14)
-
Cobertura de peles finas (Êx 26.14)
-
Armação (Êx 26.15-18, 29)
-
Base de prata com encaixe para a armação (Êx 26.19-21)
-
Travessa (Êx 26.26-29)
-
Base de prata com encaixe (Êx 26.32)
-
Bacia de cobre (Êx 30.18-21)
-
Altar da oferta queimada (Êx 27.1-8)
-
Pátio (Êx 27.17,18)
-
Entrada (Êx 27.16)
-
Cortinados de linho (Êx 27.9-15)
-
Turbante do sacerdote (Êx 28.39)
-
Tiara de ouro (Êx 28.36, 29.6)
-
Pedra de ônix (Êx 28.9)
-
Correntinha (Êx 28.14)
-
Peitoral do julgamento (Êx 28.15-21)
-
Éfode e cinto (Êx 28.6,8)
-
Túnica sem mangas azul (Êx 28.31)
-
Barra de sinos e romãs (Êx 28.33-35)
-
Veste comprida de linho fino (Êx 28.39)
A grande pergunta é: onde está o detalhamento dos instrumentos musicais se eles também faziam parte do sistema sacrificial?
É evidente que eles não faziam parte. Se fizessem, teriam o mesmo detalhamento, a mesma sacralidade e teriam sido inseridos junto com os sacrifícios no tabernáculo.
1.5. Instrumentos não aparecem nas listas de elementos do sistema levítico.
As duas trombetas de prata foram feitas por ordem de Deus a Moisés (Nm 10.1,2). Elas serviam para convocar o povo (Nm 10.1-9) e também para o culto ao SENHOR (Nm 10.10). O toque das trombetas era realizado não pelos levitas, mas pelos sacerdotes (Nm 10.8).
Note que, embora utilizadas nas solenidades, as duas trombetas de prata não aparecem nas listas de elementos do tabernáculo. Não aparecem entre os objetos litúrgicos do culto de Israel. Isso confirma que instrumentos musicais não tinham o mesmo status dos outros elementos do sistema sacrificial.
2.
Instrumentos musicais são utilizados no culto porque há registro deles depois
do sistema levítico.
2.1. No Salmo 150
O Salmo 150 descreve o louvor final dos santos nos céus:
“Aleluia! Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento, obra do seu poder.” (v.1)
João Calvino comenta que “Quanto ao termo santuário, há pouca dúvida de que ele se refere ao céu, como é frequente em outras passagens.” (CALVINO, João. Salmos. São José dos Campos: Editora Fiel, 2009, Sl 150.1)
O final do salmo faz paralelo com a adoração descrita no Apocalipse:
“Todo ser que respira louve ao Senhor. Aleluia!” (v. 6)
Allan Harman, no seu comentário dos
Salmos, escreveu: “Este imperativo final ao louvor no Saltério tem seu eco numa
visão do Livro do Apocalipse. João diz: ‘Então ouvi toda criatura no céu e na
terra e debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles existe, cantando: àquele
que se assenta no trono e ao Cordeiro seja o louvor e a honra e a glória e o
poder, para todo o sempre!’ (Ap 5.13)” (HARMAN, Allan. Salmos. São
Paulo: Editora Cultura Cristã, 2011, Salmo 150.6).
Nesta antevisão dos céus, vários
instrumentos são mencionados:
“Louvai-o ao som da trombeta; louvai-o
com saltério e com harpa. Louvai-o com adufes e danças; louvai-o com
instrumentos de cordas e com flautas. Louvai-o com címbalos sonoros; louvai-o
com címbalos retumbantes.” (vs. 3-5).
Simon Kistemaker aplica a variedade
instrumental descrita neste Salmo ao culto dos nossos dias:
"As liturgias diferem em todas
essas igrejas. Algumas não possuem qualquer acompanhamento musical; em outras,
o órgão ou o piano acompanham o cântico congregacional, e ainda em outras os
violões, flautas ou tambores fazem parte do culto. A variedade de instrumentos
musicais usados para louvar a Deus é refletida no último salmo do Saltério (Sl
150), onde o salmista menciona a harpa, a lira, o tamborim, instrumentos de
cordas, flauta e címbalos." (KISTEMAKER, Simon. Atos. São Paulo: Editora
Cultura Cristã, 2016, Vol. 1, p. 350).
2.2.
Em 1 Coríntios 14.26, Efésios 5.19 e Colossenses 3.16
Paulo utiliza a palavra “salmo”, grego ψαλμος, três vezes em suas cartas. A palavra “salmos”, no grego, significa “toque, ato de fazer vibrar e produzir som” (Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong, # 5568)
John Stott, comentando Efésios 5.19, escreveu: “... a menção de ‘salmos, hinos e cânticos espirituais’ (que não se distinguem facilmente entre si, embora a primeira palavra subentenda um acompanhamento musical) indica que o contexto é o culto público” (STOTT, John. A Mensagem de Efésios. São Paulo: ABU Editora, 1994, Efésios 5.19).
A pergunta que naturalmente surge é: Por que não temos registros da Igreja Primitiva utilizando instrumentos musicais? O não uso de instrumentos naquele período se deve às perseguições que a igreja sofreu. A partir de 35 d.C. a igreja não teve mais paz. Sempre sob perseguição, não teve condição alguma de estabelecer um culto em lugar amplo e mais conforto. Como explicam H.M. Best e D. Huttar:
“A Igreja Primitiva era sempre uma hóspede temporária, alojada temporariamente em casas, navios, praias e praças públicas. Estava frequentemente escondida daqueles que tentavam eliminá-la. Ela não tinha tempo para coisa alguma a não ser para os mais simples meios musicais e atividades em sua prática de adoração” (H.M. Best, D. Huttar, Música: Instrumentos Musicais. In: Merrill C. Tenney, Org. Ger., Enciclopédia da Bíblia, São Paulo: Cultura Cristã, 2008, Vol. 4, p. 418).
2.3.
No Apocalipse
No livro do apocalipse, com o Cordeiro que foi morto já glorificado e exaltado, vemos a presença de harpas na adoração em duas passagens:
1ª Os 4 seres viventes e os 24 anciãos adorando com harpas:
“Veio, pois, e tomou o
livro da mão direita daquele que estava sentado no trono; e, quando tomou o
livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se
diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de
incenso, que são as orações dos santos, e, quando tomou o livro, os quatro
seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro,
tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as
orações dos santos, e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro
e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para
Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os
constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.” (Ap 5.7-10)
2ª Os remidos louvando a Deus com harpas:
“Vi como que um mar de vidro, mesclado de fogo, e os vencedores da besta, da sua imagem e do número do seu nome, que se achavam em pé no mar de vidro, tendo harpas de Deus; e entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações! Quem não temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor? Pois só tu és santo; por isso, todas as nações virão e adorarão diante de ti, porque os teus atos de justiça se fizeram manifestos.” (Ap 15.2-4)
Os que defendem a proibição de instrumentos no culto dizem que estes textos são simbólicos, por isso não servem de base para a aceitação de instrumentos. A isso respondemos que o livro de Apocalipse está repleto de linguagem simbólica, mas há muito de literalidade também. As perguntas a serem feitas aos textos acima são: É verdade que estes dois cânticos de exaltação ao Cordeiro serão entoados em algum momento? Se é verdade, quem os cantará? E quais instrumentos o texto informa que acompanharão o canto? Observe que, olhando deste prisma, não há linguagem simbólica. São instrumentos de fato.
3.
Instrumentos musicais são utilizados no culto porque os sacrifícios foram
revogados no Novo Testamento, os instrumentos não.
Com a chegada de Cristo, o Cordeiro Perfeito, todo o sistema sacrificial foi revogado. Não há mais...
- Local consagrado para adoração (Jo 1.14; Jo 4.19-24; 1Pe 2.5)
-
Separação pelo véu (Mt 27.51; Hb 10.19-25)
-
Sacrifícios pelos pecados (Hb 7.26-28; 9.11-14; 10.8-10)
-
Sacerdotes humanos (Hb 6.20; 10.11-14)
-
Leis dietéticas (At 10.10-15; Rm 14.1-3; 1Tm 4.3-5)
Se os instrumentos musicais faziam parte da lei cerimonial, onde está a sua revogação? A resposta é que, como não faziam parte do mobiliário do tabernáculo ou do templo de Salomão, não podem ser considerados tipos da obra consumada de Cristo e, portanto, não foram revogados no Novo Testamento.
4.
Instrumentos musicais são utilizados no culto porque não são elementos de
culto, mas de circunstância.
O culto ao Senhor é formado por elementos determinados pelo próprio Deus nas Escrituras. Antes de entrar na terra prometida, Deus advertiu o povo:
“Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes, para que vivais, e entreis, e possuais a terra que o SENHOR, Deus de vossos pais, vos dá. Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que eu vos mando.” (Dt 4.1-2).
Como escreveu Jeremiah Burroughs (1599-1646) “... no culto a Deus não pode haver nada apresentado a Deus, que Ele não tenha ordenado; o que quer que pratiquemos no culto a Deus, deve ter fundamentação proveniente da Palavra de Deus".
De acordo com a Confissão de Fé de Westminster, estes são os elementos do culto:
“III. A oração com ações de graças, sendo uma parte especial do culto religioso, é por Deus exigida de todos os homens; e, para que seja aceita, deve ser feita em o nome do Filho, pelo auxílio do seu Espírito, segundo a sua vontade, e isto com inteligência, reverência, humildade, fervor, fé, amor e perseverança. Se for vocal, deve ser proferida em uma língua conhecida dos circunstantes (...) V. A leitura das Escrituras com o temor divino, a sã pregação da palavra e a consciente atenção a ela em obediência a Deus, com inteligência, fé e reverência; o cantar salmos com graças no coração, bem como a devida administração e digna recepção dos sacramentos instituídos por Cristo - são partes do ordinário culto de Deus, além dos juramentos religiosos; votos, jejuns solenes e ações de graças em ocasiões especiais, tudo o que, em seus vários tempos e ocasiões próprias, deve ser usado de um modo santo e religioso.” (CFW, cap. 21)
Em suma, estes são os elementos de culto e suas bases bíblicas:
Oração - Dt 6.9; 1Ts 5.17; Hb 13.18; Fp 4.6; Tg 1.5; 1Co 11.13-15; Dt 22.5
Leitura
da Palavra - Mc 4.16-20; At 13.15; 1Tm 4.13; Ap 1.13; At 1.13, 16.13; 1Co 11.20
Pregação
- Mt 26.13; Mc 16.15; At 9.20; 2Tm 4.2; At 20.8, 17.10; 1Co 14.28
Cântico
- 1Cr 16.9; Sl 95.1,2; Sl 105.2; 1Co 14.26; Ef 5.19; Cl 3.16
Sacramentos
- Mt 28.19; Mt 26.26-29; 1Co 11.24-25
Votos
- Dt 6.13; Ne 10.29; Ec 5.4,5
Elementos são os formadores obrigatórios de um culto. Sem eles, a reunião não pode ser considerada culto. Por exemplo, se você for comemorar o aniversário de um filho e chamar o pastor para ler um texto e orar, isso não se constitui culto, mas reunião de ações de graças. Culto é quando a maioria dos elementos está presente e o culto é cristocêntrico, isto é, tem Cristo no centro.
Auxiliando a compreensão deste assunto temos as chamadas circunstâncias de culto, que tratam daquilo que não é obrigatório, mas varia de acordo com o tempo, o lugar e a cultura vigentes. Sobre este assunto, a Confissão de Fé de Westminster diz o seguinte:
“VI.
Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória
dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na
Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se
acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por
tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima
iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas
reveladas na palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de
Deus e ao governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm
de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as
regras gerais da palavra, que sempre devem ser observadas." (CFW, cap.
1 – grifos meus)
Um dos mais capazes membros da Assembleia de Westminster, George Gillespie, disse o seguinte sobre as circunstâncias de culto:
"Circunstâncias devem, em primeiro lugar, não ser uma parte substancial do culto, o que significa que elas não devem ter nenhum significado religioso. Em segundo lugar, as circunstâncias dizem respeito a questões que facilitem a adoração, mas que não podem ser determinadas pela Escritura. Em terceiro lugar, deve haver "uma boa razão" para as circunstâncias, tornando-as necessárias para o cumprimento dos mandamentos de Deus". (GILLESPIE, George. A Dispute English Popish Ceremonies Obtruded on the Church of Scotland. Dallas: Naphtali Press, 1993, pp. 112-115).
São exemplos de circunstância de culto: Instrumentos musicais, energia elétrica, púlpito, internet, ventilador, ar-condicionado, bíblia em papel, uso de capítulos e versículos, bancos de madeira, horário de culto. Tudo isso é neutro, não tem significado religioso em si mesmo e facilita a adoração.
Dentro do nosso assunto, o elemento de culto é o canto congregacional. Os instrumentos musicais são circunstanciais, pois não têm significado religioso e facilitam a adoração.
5.
Instrumentos musicais são utilizados no culto porque, entre os reformados, esta
é uma questão adiáfora.
Adiáfora significa algo secundário, indiferente. Em teologia o termo é usado para questões que não são essenciais à fé cristã.
No decorrer da história o entendimento quanto a esta questão foi diverso. Entre os reformadores e entre os puritanos houve os que rejeitaram instrumentos e os que os admitiram. No mundo reformado atual, a situação é semelhante. No Brasil, a maioria dos pastores reformados é favorável aos instrumentos no culto. Nos Estados Unidos, Joel Beeke, por exemplo, tem órgão em sua igreja.
Nestas questões, o princípio bíblico de Romanos 14.1-12 se aplica. Que Deus nos dê sabedoria, discernimento e amor neste sentido.