Hoje minha esposa foi fazer compras em um hipermercado e, de repente, se viu em uma batalha de cosmovisões diferentes.
Em um dos corredores ela parou para comprar sabão líquido e uma promotora de vendas a abordou:
− Este sabão líquido está em promoção. Se você levar a partir de três unidades você paga 7,99 cada um. Só que, lá na frente, tem um estande com outra promoção em que o mesmo sabão vem com amaciante junto. E mesmo levando três frascos de sabão, você ganha três amaciantes.
− Quer dizer que levando três frascos eu levo três amaciantes junto?
− Sim, isso mesmo.
A promotora saiu e voltou com as três embalagens da promoção. Três frascos de sabão e três amaciantes.
− Se eu levar os três eu ainda ganho três amaciantes pelo mesmo preço do sabão sozinho?
− É isso mesmo.
− Puxa. Só é uma pena que vão vir três amaciantes do frasco azul, e eu queria comprar o do frasco laranja. Ah, mas tudo bem, eu levo os três da promoção e levo também um do frasco laranja. Aí eu uso um pouco de um e um pouco do outro.
Neste momento, outra promotora, que estava próxima e ouvia o diálogo, entrou na conversa:
− Ah, se eu fosse você, eu abria estas caixas tirava todos os azuis e colocava os laranjas. Porque é um absurdo... você é a compradora... você tem que levar aquilo que você tem vontade. E eles fazem isso pra forçar a gente a usar um produto que a gente não gosta.
− Não, de jeito nenhum. Eu não vou trocar - respondeu minha esposa − Eu levo o laranja que eu gosto e vou usar o amaciante azul, não tem problema.
− Ah, mas isso é um absurdo. Você não acha que ela tinha que trocar tudo? − perguntou indignada para a primeira promotora, esperando aprovação.
− Não, eu também não trocaria de jeito nenhum − replicou a primeira promotora − Não é do meu feitio fazer uma coisa dessa. Isso está errado. Eu não acho correto trocar assim. Se eles colocaram este produto, a gente não pode alterar. Isso veio de fábrica...
− Eu também penso a mesma coisa − concordou minha esposa − a gente não pode ficar alterando. Isso não está certo. Eu não vou fazer isso...
− Não, mas você é a consumidora − repetiu a promotora insistindo no delito.
− Então, porque nós não vamos ali falar com o diretor do hipermercado, pra ver se ele não deixa trocar o produto − sugeriu a promotora honesta, com um ar de ameaça.
Minha esposa olhou para o diretor apontado e disse à promotora com cautela:
− Olha, se você quer falar com ele, pergunte apenas se isso pode ser feito, se isso é possível.
A promotora foi falar com o diretor e, depois de um breve diálogo, retornou:
− Ele concordou e já fez a troca ali mesmo. Está aqui.
− Está vendo.. quando a gente faz as coisas certas, a gente fica com a consciência tranquila − disse minha esposa à promotora honesta, mas com a outra promotora por ali, ouvindo o desfecho da situação.
− É mesmo. Eu sou assim − respondeu a promotora honesta − Está vendo este carrinho aqui − apontando para um carrinho de compras − se está proibido movê-lo daqui, eu não mexo nele, eu não faço...
− Eu também − completou minha esposa − A minha menina, às vezes abre um pacote de bolacha aqui no mercado e eu não vejo. Abre um iogurte, mas eu não fico largando no mercado. Eu levo para o caixa, mostro para a atendente e pago pelo que foi consumido.
− Deixa eu te perguntar uma coisa − indagou minha esposa, intrigada com a moral da promotora − Você é crente?
− Não. Eu sou Católica Apostólica Romana. Não vou na missa todo domingo, mas não faço estas coisas erradas.
− Puxa.. eu até achei que você fosse crente. É difícil as pessoas terem um comportamento como o seu. Eu sou crente − continuou minha esposa − da Igreja Presbiteriana.
− Ah − com ar de deboche, a outra promotora falou − você não ia fazer isso mesmo porque você é crente...
− É − se defendeu a promotora católica − mas eu sei que há coisas que a gente não deve fazer, porque são erradas.
O clima ficou meio tenso e a promotora desonesta mudou de assunto, oferecendo à minha esposa os produtos que estava expondo. Minha esposa saiu e se despediu das duas, levando os produtos para o caixa.
Interessante como, mesmo em assuntos aparentemente corriqueiros nossa cosmovisão e nossos valores vêm à tona. As três jovens ali, naquele corredor de hipermercado, revelaram seus princípios e valores. Uma, com princípios cristãos bem claros, solidificados em anos de estudo da Palavra e comunhão com o Senhor. Outra, com princípios cristãos, mas, ao que parece, resultantes de uma tradição recebida, sem muito embasamento ou raízes mais profundas. E a outra, com os princípios hedonistas e relativistas deste século. A ideia de se obter benefício pessoal sem se importar com certo e errado. Bem o espírito de nossa época.
Por alguns minutos, Romanos 12.2 ecoou em um dos corredores daquele hipermercado "... e não vos conformeis com este século...". Que ele continue ecoando, aonde quer que os discípulos de Cristo forem.
2 comments:
Rev Ageu,
Trabalho na área (sou analista financeiro de sabões e amaciantes da P&G) e garanto que sua esposa pode trocar a fragrância dos amaciantes de assim desejar. Todos os analistas dessa categoria (independente da empresa) antecipam esse tipo de coisa. O que não poderia seria pegar outro produto que não o amaciante, mas a escolha da fragrância/cor cabe somente ao consumidor.
A outra promotora estava certa no aspecto de que o cliente que manda e leva o tipo que preferir.
Abs em Cristo
Muito interessante, a visão reformada da vida cristã, deve permear não só nossas grandes escolhas, mas também como foi dado esse exemplo, citaria situações como uma partida de futebol, ou mesmo quando o caixa erra para mais o troco do nosso cafezinho. Parabéns Rev. Ageu, seu site sempre tem somado. Está adicionado no meu ipad! forte abs. de seu companheiro de comissão LJ1. Pb. Frank Penha (Olinda-PE)
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