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February 6, 2015

Por que, na minha opinião, o “culto infantil” é um equívoco


1. Porque não há base bíblica para retirada das crianças para um culto em separado. E, considerando o Princípio Regulador do Culto, a falta de determinação sobre esta prática já deveria ser motivo para não criarmos um princípio novo. Se não há base bíblica, não cabe no culto.
2. Porque nas Escrituras as crianças recebem a Palavra de Deus junto aos pais. Senão vejamos:
- “Tocai a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum, proclamai uma assembleia solene. Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, reuni os filhinhos, e os que mamam, saia o noivo da sua recâmara, e a noiva, do seu aposento.” Joel 2.15-16
- “Então, Moisés e Arão foram conduzidos à presença de Faraó; e este lhes disse: Ide, servi ao Senhor vosso Deus; porém quais são os que hão de ir? Respondeu-lhe Moisés: Havemos de ir com os nossos jovens, e com os nossos velhos, e com os filhos, e com as filhas, e com os nossos rebanhos, e com os nossos gados; havemos de ir, porque temos de celebrar festa ao Senhor.” Êxodo 10.8-9.
- "Quando o Senhor te houver introduzido na terra dos cananeus, e dos heteus, e dos amorreus, e dos heveus, e dos jebuseus, a qual jurou a teus pais te dar, terra que mana leite e mel, guardarás este rito neste mês. Sete dias comerás pães asmos; e, ao sétimo dia, haverá solenidade ao Senhor. Sete dias se comerão pães asmos, e o levedado não se encontrará contigo, nem ainda fermento será encontrado em todo o teu território. Naquele mesmo dia, contarás a teu filho, dizendo: É isto pelo que o Senhor me fez, quando saí do Egito." Êxodo 13.5-8
- “Todo o Judá estava em pé diante do Senhor, como também suas crianças, as suas mulheres, e os seus filhos.” 2 Crônicas 20.13
- “Palavra nenhuma houve, de tudo o que Moisés ordenara, que Josué não lesse para toda a congregação de Israel, e para as mulheres, e os meninos, e os estrangeiros, que andavam no meio deles.” Josué 8.35
O próximo argumento, que diz respeito à linguagem compreensível às crianças, não vou enumerá-lo porque é mais fraco. Na minha visão, os dois argumentos acima são conclusivos. Todavia, para dar algumas sugestões a pregadores, eu diria o seguinte:
1. A criança com menos de dois ou três anos de idade compreenderá muito pouco, tanto no culto normal quanto no culto infantil.
2. Crianças maiores que isso já entendem muita coisa. Certa vez, em um culto solene, domingo à noite, minha filha, com 3 anos de idade, virou-se para minha esposa e perguntou: - Mãe, como é o nome desse homem que queria matar Jesus? - É Herodes, minha filha. - Mas o Faraó também não quis matar? - Não. O Faraó quis matar Moisés... Em outra ocasião, meu filho, com 4 anos, um dia depois do culto, me disse: "Pai, eu já sabia daquela história do sangue nas portas que você contou ontem". Ele prestou atenção nas palavras ditas na Ceia. Dois anos depois, meu filho, agora com 6 anos, depois do culto me disse: "Pai eu ouvi a história que o Marcos contou. Primeiro foi da ovelha perdida, depois foi da moeda e depois foi do filho pródigo." O curioso é que isso aconteceu em uma leitura responsiva no culto. Via de regra, subestimamos a atenção e a compreensão das crianças.
3. Pregadores devem se acostumar a usar linguagem simples no púlpito. Devem pregar em um nível que até as crianças entendam. E, se elas entenderem, saiba que a maioria da congregação entenderá.
4. Nossos pais puritanos eram especialistas em aplicação. Aplicavam a todos os grupos presentes no culto. Se há crianças no momento do sermão, aplique o sermão a elas também.
5. Pais cristãos devem se acostumar a conversar sobre o sermão que foi pregado no domingo. Essa prática é boa para avaliar se os filhos entenderam o sermão, reforçar o ensino e esclarecer eventuais dúvidas.
Termino citando Van Groningen: “Quando Deus fez um pacto com o Seu povo, eles todos tiveram que estar presentes, até mesmo as crianças de peito; e não havia um culto especial para as crianças lá (estou pisando em terreno perigoso?) Talvez possamos falar um pouco sobre isso. No Antigo Testamento, as crianças tinham que ser trazidas ao templo já no oitavo dia para circuncisão, e na idade de 12 anos já deviam ser consideradas adultas, no que diz respeito ao culto; as crianças eram os futuros servos do rei. Deixem-me lembrar também que as crianças deviam participar da páscoa, e elas tinham inclusive o privilégio de perguntar: ‘O que significa isso’? E os pais tinham que responder. Isso certamente foi na época em que o culto estava centralizado na família, mas o mesmo é verdadeiro quando o culto foi transferido e centralizado no templo. Eu sou pai de oito filhos, e eu e minha esposa temos experimentado o que é educar, em termos de culto, a essas crianças. Eu sei o que estou falando; nós somos avós de vinte e nove meninos e meninas, então podemos falar a partir de uma situação concreta. Estou pronto para falar sobre isso. Eu acredito em culto familiar, em casa e na Igreja.’ (Gerard Van Groningen, As Influências do Culto do Antigo Testamento na Liturgia.)

Pós-escrito 1: Muita gente argumenta em favor do culto infantil dizendo que ele se trata apenas de uma circunstância de culto. Veja o que escreveu um dos membros da Assembleia de Westminster, George Gillespie, puritano escocês:  "Circunstâncias devem, em primeiro lugar, não ser uma parte substancial do culto, o que significa que elas não devem ter nenhum significado religioso. Em segundo lugar, as circunstâncias dizem respeito a questões que facilitem a adoração, mas que não podem ser determinadas pela Escritura. Em terceiro lugar, deve haver "uma boa razão" para as circunstâncias, tornando-as necessárias para o cumprimento dos mandamentos de Deus". (George Gillespie, A Dispute English Popish Ceremonies Obtruded on the Church of Scotland (Dallas: Naphtali Press, 1993), 112-115.

Pós-escrito 2: Aos presbiterianos, a prova de que o "culto infantil" não cabe em nosso sistema é a total ausência de qualquer menção a ele nos Princípios de Liturgia da IPB, que tratam e regulam o culto em nossas igrejas e a seguinte alínea no Artigo 2º do Modelo de Regimento para a Junta Diaconal: " l) evitar de modo absoluto que haja reuniões em outras salas ou palestras entre membros da igreja ou simples assistentes, dentro do Templo ou nos pátios, durante as horas de culto."

17 comments:

Érica said...

Sensacional!
Amei o texto. Ele foi base de um debate na nossa igreja. Foi muito edificante.

SandraMac said...

Excelente, Reverendo!

Liziane Santos said...

Na nossa igreja o culto de crianças ę para todos

Anita Oyaizu said...

Que pena reverendo....foi ridículo o seu esforço para fundamentar tamanha ignorância de sua parte referente ao culto com as crianças. Que Deus abra a sua mente irmão e te dê discernimento sobre a Palavra de Deus.

Rev. Ageu Magalhães said...

Prezada Anita, então, por favor, me ajude a sair da ignorância. Me dê um versículo, apenas um, mostrando crianças na Bíblia sendo retiradas na hora do culto. Faça isso e eu mudo de pensamento.

Rev. Ageu Magalhães said...
This comment has been removed by the author.
Thamires Meninel said...

Deus o abençoe Reverendo, continue dando forças e paciencia para lidar com esses "cristãos" que se opoem à Palavra de Deus! Não sou presbieriana mas minha família e eu somos crentes da doutrina Reformada e concordamos plenamente com o que o senhor escreveu. Nossas filhas participam dos cultos solenes junto conosco e a cadadia elas caminham um pouquinho mais perto do corpo de Cristo e aprendem a importancia desse momento.

Thamires Meninel said...

A prezada Anita ainda está procurando?!?

Unknown said...

Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.

Com base nas orientações de Paulo sobre a ceia entendo que do culto onde é celebrada a ceia as crianças não deveriam participar.
A base bíblica são textos Paulinos enfocando a necessidade do discernimento que as crianças menores não possuem.

AMAURY CARVALHO said...

Anita.
Alguns pastores pararam de escovar os dentes... pq na Bíblia não tem versículo recomendando ou informando que "Jesus escovou os dentes".
Tem várias outras coisas, também, que não constam no registro bíblico...

Rev. Ageu Magalhães said...

Wesley Amancio, as crianças podem (e devem) participar do culto, mesmo sem participar da ceia.

Emerson Costa said...

Wesley, veja isso:

13Então, trouxeram-lhe (para Jesus) algumas crianças, para que lhes impusesse as mãos e orasse por elas. Os discípulos, contudo, os repreendiam. 14Mas Jesus lhes ordenou: “Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o Reino dos céus pertence aos que se tornam semelhantes a elas”. 15E, depois de ter-lhes imposto as mãos, partiu dali. (Mateus 19)

O homem sempre olhando para as crianças como algo menor (estorvo). O Diabo ama as crianças e é nela que ele investe. Gasta muito tempo com elas. Pois, depois que elas crescem, já estão no caminho que ele quer.

Ewerton B. Tokashiki said...

Creio que este artigo some no esclarecimento deste assunto. Boa leitura:

http://www.seminariojmc.br/index.php/2018/02/26/criancas-pequenas-devem-participar-do-culto-ao-senhor/

Maxwel Marinho said...

O culto para infantes é um equívoco, assim como é um equívoco o culto irreverente dos adultos...

Tiago Stofel said...

"A criança com menos de dois ou três anos de idade compreenderá muito pouco, tanto no culto normal quanto no culto infantil."

Minha filha tem 2 anos de idade e me conta todos os domingos sobre quem foi a história bíblica que ouviu e o que aconteceu.
Pergunto: devemos acabar com a escola dominical também? Se é como diz o artigo, qual a diferença em separar as crianças das classes dos adultos? Outra: faço culto doméstico com minha filha e esposa. Devo pregar um sermão de 30 minutos pra ela ou ler a bíblia com ela contando todas as verdades contidas nas escrituras com uma linguagem que ela entenda? Sou presbiteriano reformado e na igreja que frequento todos os professores se preparam e falam apenas o que está contido nas escrituras. Nada além disso.

Rev. Ageu Magalhães said...

Caro Tiago,

Graças a Deus a tua filhinha, com 2 anos, já tem esta capacidade. Você mencionou Escola Dominical e eu explico: Escola Dominical não tem base bíblica direta. É uma criação do século 18. Até aquele século, não havia. É errado fazê-la? Não, de forma alguma. É um bom local para, no dia do Senhor, a Bíblia ser estudada.

Culto é outra coisa. O culto é uma instituição divina, ordenada e detalhadamente orientada por Deus. E, nas Escrituras, culto é para toda a família. Por isso, escrevi este artigo. O cultinho é uma invenção moderna. Sem base bíblica. Procure base bíblica para ele e você ficará surpreso. Um abraço.

TS Artes Graficas said...

Amado Rev. Ageu.

No caso da minha igreja, as crianças participam da liturgia do culto e do momento do louvor com toda a Igreja no domingo à noite. Separam-se apenas no momento da mensagem, e repito, ouvem estritamente as Escrituras, logicamente em linguagem mais simples. Creio que nessa situação não cabe a palavra "cultinho", do qual também não sou a favor.

Mas como o Sr. mesmo disse sobre a Escola Dominical, que é uma criação e também não tem base bíblica, mas não é errado fazê-la e é uma ótima oportunidade para se estudar a bíblia, em minha humilde opinião e ancorado ainda por estes argumentos trazidos pelo irmão, creio não ser errado separar as crianças menores neste único momento, desde que, como o fazemos e prezamos, se estude apenas as escrituras sagradas.

Divergimos neste assunto do artigo e entendo as convicções do irmão, assim como também as minhas. Contudo, o mais importante é a exposição das ideias de maneira respeitosa e humilde, afinal somos irmãos em Cristo Jesus.

Sou um profundo admirador de suas mensagens e sermões por transmitirem unicamente as Escrituras que nos são suficientes. Tive ótimo exemplo disso dentro de casa, pois meu pai também é pastor. Que Deus continue usando sua vida ricamente para honra e glória do nome Dele e para o crescimento do corpo de Cristo.

Forte abraço!

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