Estima-se que mais de 50 milhões de abortos são
realizados no mundo, por ano. Isso é mais de 8 vezes o número de judeus que
morreram no holocausto nazista, que foi de 6 milhões. O genocídio nazista foi
uma mancha na história da humanidade, sem dúvida. Mas o que dizer do
assassinato de milhões de crianças indefesas? Mais: o que dizer de cristãos que
se dizem discípulos de Jesus e fazem apologia do aborto? Para responder estas
questões exponho abaixo 3 motivos pelos quais o cristão deve ser radicalmente
contrário ao aborto:
1º A Sacralidade da Vida
A vida humana é sagrada. Não pertence a nós,
pertence ao Criador. Deus fez homem e mulher de modo singular, diferente do
restante da criação. Primeiro, soprando em suas narinas o fôlego da vida (Gn
2.7). Nenhum animal teve este privilégio. Segundo, colocando toda a criação
debaixo do domínio do homem: Tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as
aves dos céus, etc (Gn 2.26). Terceiro, criando homem e mulher à sua própria
imagem e semelhança (Gn 1.26,27). Os animais foram criados “segundo a sua
espécie”, todos de uma só vez. Já o ser humano foi uma criação única, à imagem
e semelhança do Criador. No momento da criação do homem a Trindade se reúne e
delibera (no plural): Façamos o homem à nossa imagem. Veja os textos abaixo. Eu
grifei as expressões que dignificam e sacralizam a vida humana.
“Também disse Deus:
Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança; tenha
ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais
domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela
terra. Criou Deus, pois, o homem à sua
imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” Gênesis 1.26,27
“Este é o livro da
genealogia de Adão. No dia em que Deus
criou o homem, à semelhança de Deus o fez; homem e mulher os criou, e os
abençoou, e lhes chamou pelo nome de Adão, no dia em que foram criados.”
Gênesis 5.1,2
“Se alguém derramar o
sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem.” Gênesis 9.6
“... que é o homem,
que dele te lembres E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no
entanto, por um pouco, menor do que Deus e
de glória e de honra o coroaste.” Salmo 8.4,5
“... o homem não deve
cobrir a cabeça, por ser ele imagem e
glória de Deus” 1 Coríntios 11.7
“Com ela, bendizemos
ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.” Tiago 3.9
Repare em Gênesis 9.6 o motivo pelo qual nós
não podemos tirar a vida de alguém: “porque Deus fez o homem segundo a sua
imagem”. Por isso, não podemos tirar a vida do próximo. Atentar contra a vida
do meu semelhante é, em primeira instância, atentar contra Deus, pois o meu
próximo carrega consigo a imagem e a semelhança do Criador.
Por consequência, quando um aborto é
realizado, a vítima do assassinato é uma criança que traz em si a imagem e
semelhança de Deus. Isso é sério.
2º A Antiguidade da Vida
Este assunto sempre suscita a pergunta:
Quando começa a vida? A ciência não tem uma resposta consensual. Há aqueles que
admitem começar na fecundação; há os que apontam para o período entre o 7º e o
10º dia, quando ocorre a fixação do óvulo fecundado no útero; há os que
defendem começar na 3ª semana de gestação, quando o embrião pode se dividir
dando origem a outros indivíduos e, por fim, há os que marcam o início da vida
somente após a 8ª semana de gravidez, com o início da atividade cerebral.
O curioso é que quando a ciência encontra uma
bactéria na lua a considera como vida, sem hesitar. Curioso também é que a
ciência não tem valores absolutos. O que é verdade hoje pode não ser amanhã.
Portanto, é necessário cautela.
Neste assunto, o referencial mais seguro é a
Palavra de Deus. Nela nós temos evidências de que a vida começa na fecundação.
Veja os textos abaixo que mostram vida já no ventre das mães:
“Os filhos lutavam no ventre dela; então, disse: Se é assim, por que
vivo eu? E consultou ao Senhor.” Gênesis 25.22
“Respondeu-lhe o
Senhor: Duas nações há no teu ventre,
dois povos, nascidos de ti, se dividirão...” Gênesis 25.23
“... porquanto o
menino será nazireu consagrado a Deus
desde o ventre de sua mãe; e ele começará a livrar a Israel do poder dos
filisteus” Juízes 13.5
“... porque o menino
será nazireu consagrado a Deus, desde o
ventre materno até ao dia de sua morte” Juízes 13.7
“Nunca subiu navalha
à minha cabeça, porque sou nazireu de
Deus, desde o ventre de minha mãe...” Juízes 16.17
“As tuas mãos me plasmaram e me aperfeiçoaram, porém,
agora, queres devorar-me. Lembra-te de que me formaste como em barro; e queres, agora, reduzir-me a
pó? Porventura, não me derramaste como leite e não me coalhaste como
queijo? De pele e carne me vestiste e de
ossos e tendões me entreteceste. Vida me concedeste na tua
benevolência, e o teu cuidado a mim me guardou.” Jó 10.8-12
“Aquele que me
formou no ventre materno não os fez também a eles? Ou não é o mesmo que nos formou na madre?” Jó 31.15
“A ti me entreguei desde o meu nascimento; desde o ventre de minha mãe, tu és meu Deus”
Salmo 22.10
“Eu nasci na
iniqüidade, e em pecado me concebeu
minha mãe” Salmo 51.5
“Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre seu galardão” Salmo 127.3.
“Pois tu formaste o
meu interior, tu me teceste no seio de minha mãe. Graças te dou, visto que por
modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a
minha alma o sabe muito bem; os meus
ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado, e entretecido como nas profundezas da
terra. Os teus olhos me viram a substância
ainda informe” Salmo 139.13-16.
“Assim diz o Senhor,
que te criou, e te formou desde o ventre,
e que te ajuda: Não temas, ó Jacó, servo meu, ó amado, a quem escolhi.” Isaías
44.2
“Assim diz o Senhor,
que te redime, o mesmo que te formou
desde o ventre materno: Eu sou o Senhor, que faço todas as coisas, que
sozinho estendi os céus e sozinho espraiei a terra...” Isaías 44.24
“Ouvi-me, ó casa de
Jacó e todo o restante da casa de Israel; vós, a quem desde o nascimento
carrego e levo nos braços desde o ventre
materno.” Isaías 46.3
“... porque eu sabia
que procederias mui perfidamente e eras
chamado de transgressor desde o ventre materno.” Isaías 48.8
“Ouvi-me, terras do
mar, e vós, povos de longe, escutai! O Senhor me chamou desde o meu nascimento,
desde o ventre de minha mãe fez menção
do meu nome.” Isaías 49.1
“Mas agora diz o
Senhor, que me formou desde o ventre
para ser seu servo...” Isaías 49.5
Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te
conheci, e, antes que saísses da madre,
te consagrei, e te constituí profeta às nações. Jeremias 1.5
“Por que não me matou Deus no ventre materno?
Por que minha mãe não foi minha sepultura? Ou não permaneceu grávida
perpetuamente?” Jeremias 20.17
“No ventre, pegou do calcanhar de seu irmão; no vigor da sua idade,
lutou com Deus” Oséias 12.3
“Pois ele será grande
diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno.” Lucas 1.15
“Ouvindo esta a
saudação de Maria, a criança lhe
estremeceu no ventre; então, Isabel ficou possuída do Espírito
Santo. E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito
o fruto do teu ventre! E de
onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor? Pois, logo que me
chegou aos ouvidos a voz da tua saudação, a
criança estremeceu de alegria dentro de mim.” Lucas 1.41-44
Repare
que os textos não deixam dúvida de que a vida começa no ventre materno.
Portanto, pílulas do dia seguinte ou qualquer outro método abortivo atentam
contra uma vida que já está presente, conhecida e criada por Deus.
3º A Prioridade da Vida
“Não matarás” Êxodo 20.13
Se homens brigarem e
ferirem uma mulher grávida, e ela der à
luz prematuramente, não havendo, porém, nenhum dano sério, o ofensor pagará a indenização que o
marido daquela mulher exigir, conforme a determinação dos juízes. Êxodo 21.22
(NIV)
“Quem matar alguém será morto. Mas quem matar um animal o
restituirá: igual por igual” Levítico 24.17,18
Dentro
deste tema encontramos a atual legislação brasileira autorizando o aborto em 3
situações específicas:
1. Risco de morte da
mãe.
Creio que esta seja a única possibilidade de
um cristão verdadeiro concordar com o aborto. Todavia, os casos desta natureza
são raríssimos hoje em dia, por conta do avanço da medicina.
A medicina atual já tem condições de retirar,
de forma prematura, o feto que oferece risco à vida da mãe e dar a ele boas
condições de sobrevivência. Em 2009, em Pernambuco, uma menina de 9 anos de
idade ficou grávida e, imediatamente, as autoridades médicas da região
indicaram e promoveram o aborto dos gêmeos de 4 meses de vida que estavam no
ventre da menina. A alegação era de que a menina gestante corria risco de
morrer por ter apenas 9 anos de idade. Se eles tivessem pesquisado um pouco antes
de assassinar os gêmeos indefesos teriam descoberto a história da peruana Lina
Medina que deu à luz ao seu primeiro filho aos 5 anos de idade e isso em 1939. Há
registros de muitas outras meninas de 8, 9 e 10 anos, em situações semelhantes,
que não abortaram e não morreram.
2. Gestação
proveniente de estupro.
O movimento feminista insiste que a mulher é
dona do seu próprio corpo e que tem total direito sobre ele. Isso lhe dá total
direito ao aborto, principalmente, no caso de um estupro. A cristã verdadeira
saberá que, primeiro, o corpo não pertence a nós. O corpo e a vida são
propriedades de Deus. Eis a razão porque o suicídio é um pecado (e crime em
alguns países).
Mesmo na situação crítica de um estupro, a
mãe não tem o direito de assassinar a criança inocente que não tem culpa alguma
do ato violento sofrido pela mãe. Em casos assim, o melhor caminho é dar
prosseguimento à gravidez, cuidando desta mãe e, se no nascimento da criança
ela não tiver condições de cuidar deste filho, submetê-lo a alguém que queira
cuidar.
Sei que as feministas que leem este texto
devem estar revoltadas dizendo: Mas e a vida da mulher que foi estuprada? Ela
não tem direitos? Como ela vai viver com esta dor? Ora, a resposta é que uma
dor emocional é menor que um assassinato. Ambos são difíceis, mas assassinar
uma criança inocente nunca será o caminho.
Cuidemos do trauma emocional da mãe, vítima
de um estupro, mas não cometamos um mal ainda maior que é assassinar uma
criança que não tem nada a ver com este mundo violento.
Aliás, pensando nesta argumentação feminista
de que o que importa é o sentimento emocional desesperador da mulher, eu
gostaria de propor um teste:
Imagine que você tem na sua frente uma mesa
com 2 botões e, do outro lado da mesa, uma mulher e uma criança. Você,
obrigatoriamente, tem que apertar um dos botões. Se você apertar o botão azul a
mulher é estuprada. Se você apertar o botão vermelho a criança leva um tiro na
cabeça. Qual botão você apertaria?
É óbvio que o mal menor é o estupro. Não podemos
assassinar crianças, nem em situações críticas assim. Nosso Deus é Deus vingador.
Ele vingará as crianças assassinadas, não importam os motivos.
3. Gravidez de feto
anencefálico.
Ultimamente a justiça tem autorizado a
interrupção da gestação de feto anencefálico. A argumentação é a de que uma
criança com este diagnóstico será natimorta, isto é, nascerá morta. A
experiência tem mostrado o engano deste argumento. O caso mais conhecido é o da
Marcela. Ela nasceu anencéfala, mas sentia, ouvia e tinha consciência. Viveu durante
1 ano e 8 meses contrariando o que vinha sendo dito sobre os anencéfalos.
Teríamos outros casos assim se lhes fossem dados o direito à vida.
O que está por trás desta autorização
judicial é o pensamento evolucionista (feto não é vida), materialista (esta
criança atrasará a sociedade) e eugenista (precisamos melhorar a raça). O
nazismo começou assim. Hoje em dia não é incomum vermos médicos orientando suas
pacientes ao aborto ao constatarem que o filho em gestação terá alguma
deficiência física ou mental. Fico imaginando o que um médico desta linha diria
a um pai sifilítico e uma mãe tuberculosa que tiveram quatro filhos: o
primeiro, cego de nascença; o segundo, morto logo após o parto; o terceiro,
surdo-mudo; o quarto, tuberculoso, e que, agora, a mãe está grávida do quinto
filho. O que um médico abortista recomendaria? O aborto, por óbvio. Se este
médico tivesse existido no passado, teria matado Beethoven.
A palavra de Deus nos ensina que toda a vida é
sagrada e bem de Deus, mesmo a dos deficientes. “Quem fez a boca do homem? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que vê,
ou o cego? Não sou eu, o Senhor?” (Êx 4.11)
Não são poucos os casos de sobreviventes de
aborto que hoje mostram o seu valor à sociedade. Talvez o caso mais conhecido
seja da jovem Gianna Jessen (link abaixo), todavia, dia desses, por ocasião das
paraolimpíadas, apareceu na mídia a história de Eliza McIntosh, uma
atleta de 21 anos que só está hoje entre nós por graça divina e zelo dos pais. Na
sua gestação, os médicos recomendaram o aborto aos pais porque, com “dysgenesis
espinhal”, a garota, na melhor
das hipóteses, viveria em estado vegetativo e que seria necessário um tubo de
respiração durante toda a vida. Agora ela é uma atleta.
Histórias assim confirmam o que a Bíblia nos
orienta: Não matarás. A vida é sagrada e não pertence a nós. O feto, por menor
que seja, já é portador da imagem e semelhança de Deus e tem de ser preservado.
Que Deus nos dê coragem para defendermos estas vítimas inocentes.
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5 comments:
Que texto bom, Ageu.
:-)
Texto Muito bom
Muito bom e esclarecedor!
Meus maiores aplausos!
Só um pitaco.Segundo a crença Cristã, Jesus estava com Deus desde o princípio. E o Espírito Santo sempre esteve. Justifica o plural usado e comprova a Trindade Sagrada.sem celeuma.
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