Ontem, ao retornar do trabalho, minha esposa me chamou para
mostrar uma das árvores do quintal ̶ um pé de orvalha, fruta pouco conhecida.
A árvore estava tomada por trepadeiras sugando suas forças e apodrecendo alguns
galhos. Resolvi cuidar da árvore e passei ali mais de uma hora retirando as
trepadeiras parasitas.
Enquanto retirava cuidadosamente as plantas daninhas da árvore me lembrava das aulas de Teologia Bíblica, quando aprendíamos sobre o
reino parasita de Satanás. A ideia de que Satanás não tem um reino próprio, mas
se estabelece no Reino de Deus como parasita, usufruindo da criação do Senhor.
Me lembrei também dos parasitas que existem nas igrejas.
Pastores que entraram no ministério sagrado por interesses baixos, visando dinheiro, status, fama, poder. A motivação para alguém ingressar no ministério sagrado
deveria ser, sempre, evangelizar pessoas, ajudar os carentes, cuidar de gente, contribuir para o avanço do Reino de Deus, mas, infelizmente, alguns hoje estão querendo ser pastores pelos motivos errados.
Ao retirar as dezenas de raízes sugadoras, emaranhadas no tronco e enroladas nos galhos eu me lembrei de homens que ocupam postos
importantes na Igreja, mas que trabalham contra os princípios da Igreja. Dia
desses um colega me contou que um destes declarou a plenos pulmões em um evento: “Eu odeio os puritanos!” Enquanto meu colega contava o
ocorrido eu pensava “Que ignorância”. Não sabe este pastor que nossa Igreja foi
fundada por puritanos? Não percebe ele que os padrões confessionais de nossa
Igreja, os Símbolos de Fé de Westminster, foram produzidos pelo que havia de melhor do puritanismo da época? Não atina ele para o fato de que “odiar os puritanos” é rejeitar a
própria história?
Estes, afinal, são os parasitas eclesiásticos. Fazem o curso do Seminário financiados
pela Igreja. São acolhidos e sustentados pela Igreja. Recebem a honra de serem
identificados como pastores da Igreja, mas trabalham contra a Igreja. Pregam
contra a doutrina da Igreja e criticam a história da Igreja. No momento da
ordenação pastoral juram lealdade às doutrinas da Igreja, mas, passado pouco tempo, quebram o juramento solene.
Retiram da árvore os nutrientes, sugam tudo o que podem, mas não para o bem da árvore, e sim para o bem do estômago e do próprio ego. Sobre estes foi que Paulo nos alertou: “Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos” (Rm 16.17,18).
Depois de muito trabalho e cuidado eu consegui
extirpar da árvore a trepadeira parasitária. Valeu a pena ver novamente o tronco e os
galhos da árvore e saber que agora ela poderá retomar o crescimento e gerar
novos frutos. Minha esperança e oração é que a Igreja de Cristo se veja livre dos
parasitas! Só assim, com unidade de pensamento e propósito (1Co 1.10) poderemos
crescer e gerar frutos. Que Deus cuide desta árvore.
3 comments:
Rev. Ageu, hoje, enquanto refletia sobre um texto muito bom de outro pastor sobre "10 maneiras de você 'matar' seu pastor" ocorreu-me algo parecido sobre os pastores "10 maneiras de um pastor matar sua igreja" (Está na minha linha do tempo no Face). Só apresentei 7 maneiras e deixei o restante para que outros dissessem. Mas, bem que seu texto responde muito melhor a questão.
Além de pastores, tem muito presbítero, diácono e membro de igreja assim também. Professam conhecer a Deus, mas o negam por suas obras.
Chegará a hora em que nosso bondoso Deus fará a "limpeza", não sobrará um parasita sequer.
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