08 de Agosto de 1536. Ao anoitecer,
chega de viagem o jovem francês Jean Cauvin na cidade de Genebra, Suíça,
acompanhado de dois irmãos mais novos, Antoine e Marie. O seu plano era passar ali
uma noite e prosseguir viagem até a cidade de Estrasburgo. De temperamento
introspectivo e tímido, Calvino desejava um lugar calmo para estudar, escrever
livros, e oferecer um recomeço de vida aos seus dois irmãos mais novos.
Calvino é reconhecido por algumas
pessoas e a notícia de seu pernoite chega a Guilherme Farel, pregador do
Evangelho, homem que lutava para que a Reforma Protestante atingisse Genebra.
Farel rapidamente vai encontrar-se com Calvino e, na conversa, Farel mostra a ele
a necessidade de uma reforma em Genebra. Farel tenta convencer Calvino de que
ele é o homem certo para aquela obra. Calvino não aceita. Ele se considera
jovem demais, inexperiente, e tamanho trabalho estava fora de seus planos. Cansado
de argumentar em vão, Farel, dedo em riste, solta uma imprecação dizendo que
Deus poderia amaldiçoar o tempo livre e a paz para estudar que Calvino buscava
se ele lhe virasse as costas, recusando seu apoio e ajuda em uma situação de
tamanha necessidade como aquela. Calvino abala-se com as fortes palavras. Ele sente
que é o próprio Deus chamando-o para o serviço. Percebe que o Reino de Deus
deveria estar em primeiro lugar e não o seu descanso e tranquilidade.
Alguns anos mais tarde, ele
escreve “o bem-estar desta Igreja, é verdade, era algo tão íntimo de meu
coração, que por sua causa não hesitaria a oferecer minha própria vida; minha
timidez, não obstante, sugeriu-me muitas razões para escusar-me uma vez mais
de, voluntariamente, tomar sobre meus ombros um fardo tão pesado. Entretanto,
finalmente uma solene e conscienciosa consideração para com meu dever
prevaleceu e me fez consentir em voltar ao rebanho do qual fora separado.” (João
Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1, p. 42).
O patriarca Abraão deixou todo o
conforto de sua cidade, rumo ao incerto, quando atendeu ao chamado de Deus para
a obra. O mesmo fizeram os profetas e os apóstolos de Cristo. Entre o conforto
de suas casas, famílias e planos pessoais, optaram pelo serviço ao Reino de
Deus.
Os tempos mudam, mas Deus
continua chamando seus filhos ao trabalho. A Sua Igreja necessita de pessoas
para trabalharem nas sociedades internas, na Escola Dominical e na
evangelização. Assim, quando você for nomeado ou eleito para algum serviço no
Reino de Deus, não vire as costas diante da necessidade. Entenda que é Deus
quem nos chama. As nomeações do Conselho ou os votos dos crentes são apenas os
instrumentos que Deus usa para efetivar seu chamado individual.
É triste pensar que alguns
crentes não atendem ao chamado de Deus alegando cansaço e falta de tempo, mas,
se lhes fossem oferecidos mil reais mensais para fazer este serviço o cansaço
sumiria e o tempo apareceria. Quem merece mais atenção de nossa parte: Deus ou
o dinheiro?
Na dúvida, entre os seus planos e o chamado de Deus, fique com o chamado. Buscai primeiro o reino de Deus.
1 comment:
Que texto lindo caríssimo rev.Ageu, inspirador! Me fez lembrar da palestra na comemoração dos 500 anos da reforma no Mackenzie no último sábado dia 16/09/17! Como detalhes da vida e obra do nosso reformador João Calvino nos impactou profundamente, quando ele continua o curso de direito mesmo após a morte de seu pai, e tornou-se mestre e a sua fidelidade ao desejo do seu mesmo após morte, no futuro foi fundamental seu conhecimento para editar leis, defender-se e trabalhar pela causa do Senhor em Genebra influenciando e marcando todos e até hoje! Glória Deus pela sua vida, família e mistério amado irmão!
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