Desde a minha conversão, nos anos 90, é a primeira vez que
não irei participar da Ceia do Senhor, e por um motivo realmente justificável.
Eu imagino que será algo realmente lamentável não ter aquele momento tão especial.
Acredito ainda que este será o sentimento de todo crente verdadeiro no próximo
domingo. Infelizmente, temos notícias de que algumas igrejas desavisadas
“celebrarão virtualmente” a Ceia do Senhor, como se isso realmente fosse
possível. É uma grande contradição, uma vez que a Ceia, além de tudo, é símbolo
de comunhão, no contexto do povo da aliança reunido em culto público. Diante
dessa situação tão difícil, o que devemos ter em mente?
Em primeiro lugar, precisamos considerar que a Ceia do
Senhor é um sacramento – uma santa instituição de Cristo – contudo, a Ceia (bem
como o batismo) não é absolutamente necessária à salvação. Não é a participação
nela que manterá segura a salvação do crente. Quanto a isso, podemos ficar
totalmente tranquilos e confiantes na eficácia da obra redentora de Jesus
Cristo.
Em segundo lugar, o sacramento da Ceia é um elemento
exterior e visível. Sendo a Ceia um sinal, ela aponta para algo significado.
Este algo constitui a substância interior do sacramento, como muito bem afirmou
Louis Berkhof. Portanto, participar da Ceia é muito mais do que meramente comer
um pedaço de pão e tomar um cálice de vinho. Sabiamente, a nossa Confissão de
Fé diz que “os que comungam dignamente, participando exteriormente dos
elementos visíveis deste sacramento, também recebem intimamente, pela fé, a
Cristo crucificado e todos os benefícios da sua morte, e nele se alimentam, não
carnal ou corporalmente, mas real, verdadeira e espiritualmente, não estando o
corpo e o sangue de Cristo, corporal ou carnalmente, nos elementos pão e vinho,
nem com eles ou sob eles, mas espiritual e realmente presentes à fé dos crentes
nessa ordenança, como estão os próprios elementos aos seus sentidos corporais.”
(CFW 29, 7). A Ceia transcende o visível e nos leva ao invisível – à comunhão
espiritual com Cristo.
Em terceiro lugar, embora estejamos “impedidos” de
participar do sinal (o pão e o vinho), não estamos separados do seu significado
– a morte de Cristo em nosso lugar. Eu creio que seja uma excelente
oportunidade para que relembremos o sacrifício de Cristo em nosso lugar, mesmo
sem a mesa posta diante dos nossos olhos. E, para isso, temos a proclamação da
Palavra que exalta a obra de Jesus. Mesmo sem Ceia, devemos examinar o nosso
coração (1Co 11.28), confessar os nossos pecados, buscar a misericórdia do
Senhor, perdoar os nossos irmãos faltosos e, sobretudo, anelar pelo dia no qual
estaremos, novamente, diante da mesa do Senhor, lado a lado com nossos irmãos.
Lembre-se de que, embora você esteja separado momentaneamente
da Ceia, isto é, do sinal, nunca estará realmente separado de Cristo, da sua
obra e do seu amor sacrificial, o real significado da Ceia. Amém!
No comments:
Post a Comment