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December 7, 2015

Eu Amo o Dia do Senhor - Robert McCheyne


E acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mc 2.27)


Queridos concidadãos e compatriotas, como servo de Deus neste escuro e tormentoso dia me sinto constrangido a levantar a minha voz em defesa da eterna santificação do dia do Senhor. Os atrevidos ataques que fazem alguns dos diretores da Estrada de Ferro Edimburgo-Glasgow contra a Lei de Deus e a paz de nosso descanso dominical, tal como se tem observado por muitos anos na Escócia; a blasfema modificação que pretendem propor aos acionistas no próximo mês de fevereiro, e os nefastos folhetos que estão atualmente circulando a milhares, cheios de toda sorte de mentiras e impiedades, convida fortemente a um sereno e deliberado testemunho de todos os fiéis ministros e mais sensíveis cristãos em defesa do dia do Senhor. Em nome de todo povo de Deus nesta cidade e neste país apresento ante vossa consideração as seguintes razões para amar e respeitar o dia do Senhor.

I. PORQUE É O DIA DO SENHOR.

Este é o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele” (Sl 118:24).

Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta”(Ap 1.10).

É Seu como exemplo. É o dia em que descansou de Sua assombrosa obra de redenção. Do mesmo modo que Deus descansou no sétimo dia ao acabar suas obras, declarando bendito assim o sábado, consagrando-o de maneira especial sobre os demais dias, assim o Senhor Jesus Cristo descansou neste dia de toda sua agonia, penalidade e humilhação. “Portanto, resta um repouso para o povo de Deus” (Hb 4.9). O dia do Senhor é Sua propriedade do mesmo modo que a Ceia do Senhor Lhe pertence. Ela é Sua mesa, Seu pão, Seu vinho. Com ela chama Seus convidados. Os enche de gozo e do Espírito Santo. Assim é com o dia do Senhor. Todos os dias do ano são de Cristo, porém de cada sete, um é especial; é para Ele o dia do mercado, o dia em que sai em busca das almas para adquiri-las. Ele o fez e o estabeleceu com este motivo. Do mesmo modo que plantou o jardim do Éden, assim cercou este dia e o fez Seu de forma particular.

Esta é a razão porque o amamos e o dedicamos a Ele inteiramente. Amamos tudo que é de Cristo. Amamos Sua Palavra. Nos é mais preciosa do que milhares de ouro e prata. “Quanto amo a tua lei!” (Sl 119). Amamos Sua casa. É o lugar de nosso encontro com Cristo, onde Ele se encontra conosco e rodeia nosso lugar com suas misericórdias. Amamos Sua mesa. É o lugar em que é adornada diante de nós, verdadeiro banquete em que Sua bandeira sobre nós é o amor, onde desfaz nossa cadeias e unge nossos olhos e faz arder, inflamar nossos corações com santo gozo. Amamos a Seu povo, porque os que o compõem são seus, membros de Seu corpo, lavados em Seu sangue, cheios do Seu Espírito Santo, nossos irmãos e irmãs por toda a eternidade. E amamos o dia do Senhor porque é Seu. Cada hora dEle nos é mui cara, mais doce que o mel, mais preciosa que o ouro. É o dia em que Ele se levantou do sepulcro para nossa justificação. Nos recorda Seu amor e Sua obra completamente acabada e perfeita, e seu descanso da mesma. E ousadamente podemos dizer que quem não ama nem defende a inteira dedicação ao dia do Senhor, não ama de fato a Jesus Cristo.

Ó, transgressores do dia do Senhor, quem quer que sejais, sois ladrões sacrílegos! Quando roubais as horas do dia do Senhor para vossos negócios ou prazeres, estais roubando a Cristo as preciosas horas que Ele reivindica como suas. Não vos ofenderíeis se estivessem tramando algum plano com vistas a abolir a Ceia do Senhor e tratando de convertê-la em uma comida comum, ou numa festa em que se permitisse a entrada aos libertinos ou bêbados? Não se partiriam vossos sentimentos vendo que a taça da comunhão era convertida em uma taça de bebida indecente nas mãos de bêbados? E pensais que é melhor aquilo que propõem os diretores companhia da estrada de ferro? O dia do Senhor está tão sujo como suja está Sua mesa. Certamente podemos afirmar com as palavras do Dr. Love, aquele servo eminente de Deus, agora que se pretende trabalhar no dia do Senhor: “Maldita toda ganância, maldito todo deleite, maldita toda saúde que é obtida por meio da criminosa usurpação do sagrado dia”.

II. PORQUE É UMA RELÍQUIA DO PARAÍSO DO ÉDEN E UM TIPO DO CÉU.

O primeiro sábado surgiu entre os enramados jardins de um paraíso sem pecado. Quando Adão foi feito à imagem de seu Criador, foi colocado no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo. Sem dúvida consumiria suas energias. Recolher os ramos de uva, colher os frutos das figueiras e palmeiras, canalizar a água para regar as árvores frutíferas e flores requeria todo seu tempo e habilidade. O homem nunca foi criado para permanecer inativo.

Quando o sábado se estabeleceu, todos seus instrumentos rurais deviam ser encostados, o jardim naquele dia não requeria mais cuidados. Sua pura e serena mente podia olhar além do que se vê neste mundo de realidades não espirituais. Caminhava no horto buscando um mais profundo conhecimento de Jeová e seus caminhos, com seu coração mais e mais inflamado de amor e com seus lábios em perfeitos louvores. Ainda no paraíso terreno o homem necessitava do sábado. Sem ele ainda o mesmo Éden estaria incompleto. Que pouco sabem dos prazeres do Éden, das delícias da íntima comunhão com Deus, os que desejam arrancar do domingo esta relíquia do mundo que durante certo tempo foi sem pecado!

É também um tipo do céu. Quando um crente deixa de lado sua pluma ou seus telhares, abandona seus cuidados terrenos, troca suas roupas de trabalho pelas de um dia festivo e vem à casa de Deus, prefigura o que sucederá no dia em que cessará a grande tribulação para apresentar-se às bodas do Cordeiro, ao ser levado feliz à presença do Senhor. Quando se senta a ouvir a Palavra de Deus e escuta a voz do pastor, guiando e alimentando sua alma, evoca aquele tempo quando o Cordeiro estará no meio do trono e alimentará e guiará sua alma à fontes de águas vivas. Quando une seu louvor entoando os salmos do saltério, pensa no dia quando terá em suas mãos a harpa celestial entoando o cântico:

Onde das congregações não haverá separação, nem o dia do Senhor nenhuma interrupção”.

Quando ele se recolhe à sua casa e tem comunhão com Deus em seu lugar secreto, ou como Isaque em algum lugar próximo à sua tenda, porém em intimidade, pensa naquele dia quando “será coluna na casa de nosso Deus, e nunca mais sairá fora”.

Esta é a razão porque amamos o dia do Senhor. Esta é a razão porque chamamos ao domingo dia de delícias. Compreendemos e sentimos que um domingo bem dedicado ao Senhor e às almas é um dia de céu na terra. Por esta razão desejamos que nossos domingos sejam inteiramente dedicados a Deus. Amamos passar todas as horas do domingo nos exercícios públicos ou privados da adoração a Deus, a menos que qualquer urgente demanda deva ser atendida por motivos de necessidade ou de misericórdia. Em sua manhã nos é grato levantarmos cedo e dormirmos tarde, com o objetivo de que nos resulte um dia longo, a fim de que seja mais duradoura nossa comunhão com Deus.

Que pouco sabem disso os que nunca estarão no céu! Uma palha flutuando na superfície de uma corrente de água pode indicar-nos a direção que ela segue. Aborreces o dia do Senhor? É para você uma espécie de inferno sua observância? O que te diz estas palavras já passou por um tempo em que se sentiu como você. Não achas em sua observância nenhum descanso ou paz. Dizes: “Que pesado é”. “Quando se abolirá o dia do Senhor e poderei me dedicar inteiramente aos meus negócios?”. Ah, mui certamente te acharás no inferno! O inferno é o lugar único e adequado para ti; é o que te corresponde. O céu é um desejado, permanente santo dia do Senhor. Em troca, no inferno não há dia do Senhor.

III. PORQUE É UM DIA DE BÊNÇÃO

Quando Deus instituiu o sábado no paraíso, disse: “E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou” (Gn 2.3). Não só o consagrou como um dia santo, mas o fez um dia de bênção. Também, quando o Senhor se levantou da morte no primeiro dia da semana antes que alvorecesse, se revelou a Si mesmo aos seus discípulos que se dirigiam a Emaús e com sua conversa fazia arder seus corações (Lc 24.13). Na mesma tarde daquele dia se apresentou no meio dos seus discípulos e disse: “Paz seja convosco!” (Jo 20.19). E soprou sobre eles dizendo: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22). Novamente, passados setes dias, isto é, no domingo seguinte, Jesus de novo veio e se pôs no meio deles e com inefável graça e misericórdia se revelou a si mesmo ao incrédulo Tomé (Jo 20.26). Foi também no dia do Senhor que o Espírito Santo foi derramado em Pentecostes (Atos 2.1, comparado com Lv 23.15,16 – “ Contareis para vós outros desde o dia imediato ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão. Até ao dia imediato ao sétimo sábado, contareis cinqüenta dias; então, trareis nova oferta de manjares ao SENHOR.”). Aquele princípio de bênçãos espirituais, aquele primeiro advento do Espírito à igreja cristã, teve lugar no dia do Senhor. Nesse mesmo dia o amado João, em seu exílio na ilha de Patmos, longe da congregação dos santos, ficou cheio do Espírito Santo e teve a visão celestial que o fez escrever o livro que temos chamado Apocalipse ou Revelação. Assim é que em todas as épocas, desde o princípio do mundo e em qualquer lugar onde há um crente, o dia do Senhor tem sido dia de dupla bênção. Todavia é assim e seguirá sendo mesmo que todos os inimigos de Deus ranjam os dentes. Certamente Deus é um Deus de graça e Sua obra Ele não entrega a nenhum limite de lugar ou de tempo. No entanto, é igualmente certo que todo escárnio e engano dos ímpios não poderão alterar Seus desígnios; desígnios determinados por Sua vontade: bendizer de forma especial e abundante a Sua Palavra no dia do Senhor. Os fiéis pastores de todos os países podem testificar que os pecadores se convertem mais freqüentemente no dia do Senhor, que Jesus se manifesta a Si mesmo por meio da pregação e das ordenanças mais freqüentes em Seu próprio dia. Os santos, como João, são chamados pelo Espírito Santo no dia do Senhor e se regozijam com serenas e profundas visões da eternidade.

Ó, desventurados, que planejais eliminar de nossa amada Escócia este bendito dia de dupla bênção. “Não sabem o que fazem”. Desejais arrebatar dos nossos concidadãos amados o dia em que Deus abre as janelas do céu e derrama sua abundante bênção. Quereis que os céus da Escócia se convertam em céus de bronze, duros, que são uma verdadeira maldição, e os corações de seu povo em corações de ferro? Quereis que o som dos dourados sinos do nosso eterno Sumo Sacerdote, ressoando sobre as montanhas de nosso país e o alento do Espírito Santo manifesto em muitas de nossas congregações, despertem vossos esforços satânicos com vistas a trocar o doce som da misericórdia pelo ensurdecedor estrondo dos vagões de trem? Acaso o notável vigor da vivificada e purificada Igreja da Escócia tem dado passagem às torrentes de blasfêmias que proferis contra o dia do Senhor? Vossas almas murchas não têm necessidade alguma do orvalho e irrigação celestiais? Não compreendeis que vós mesmos estais blasfemando do dia em que vossas próprias almas podem chegar a ser salvas? Não é certo que no inferno, com lágrimas de angústia, muitos de vós lamentarão ao lembrar vossos esforços contra a luz e contra as advertências que são feitas, e vão se amontoando sobre vossas almas tudo aquilo que lhes conduzirá à eterna perdição?

Aos que são filhos de Deus neste país, desejo agora, em nome do nosso comum Salvador, que é o Senhor de Seu dia, dirigir esta exortação.

I) TER EM ALTA ESTIMA O DIA DO SENHOR

Quanto maior for o desprezo e desdém dos que o tratam, vós amai-os mais e mais. Quanto mais fortemente se desencadeia a tormenta de blasfêmias uivando ao vosso redor, sente-se aos pés do Senhor mais intimamente. Ele deve reinar até que haja posto a seus inimigos por estrado de seus pés (Hb 10.13). Aproveite diligentemente todo seu santo tempo. Deverias convertê-lo no dia mais ocupado dos sete; embora que somente nos negócios do vosso Pai. Evita o pecado nesse dia santo. Todo filho de Deus deve evitá-lo cada dia, porém principalmente no dia do Senhor. É tanto um dia de dupla bênção como de dupla maldição. O mundo terá que responder pelos seus pecados cometidos no santo tempo do Domingo. Passa o dia do Senhor em Sua presença. Passa-o como havereis de passá-lo no céu. Que os louvores e as obras de misericórdia ocupem muito do seu tempo como ocupam do Senhor mesmo.

II) DEFENDENDO O DIA DO SENHOR

Levante vosso sereno e de algum modo acovardado testemunho contra as profanações do dia do Senhor. Use toda vossa influência, seja como homem de estado, ou como magistrado, ou professor, ou como pai, ou como amigo tanto publicamente como em secreto, para  lutar em defesa da eterna dedicação ao dia do Senhor. Esta obrigação é imposta pelo mesmo quarto mandamento. Não olheis nunca qualquer infração do domingo sem reprovar o transgressor. Mesmo os mais mundanos, com todo seu orgulho e menosprezo contra nós, não podem impedir que os recriminemos de quebrar o dia do Senhor. Recordais sempre que Deus e a Bíblia estão a vosso lado e vereis como estes homens maldirão seu próprio pecado e loucura mesmo que infelizmente tarde demais. Todos os filhos de Deus na Escócia devem levantar seu testemunho unanimemente  de forma especial contra estas três profanações públicas do dia do Senhor.

1. Manter abertas nesse dia as bibliotecas públicas. Nesta cidade e em todas as cidades da Escócia, digo-vos que podeis encontrar em suas salas muitos de nossos homens de negócios consultando e revistando todo tipo de periódicos, revistas e livros, durante todas as horas do culto. E especialmente durante as tardes do domingo estas salas estão cheias como qualquer pequena igreja. Ah, pecadores cheios de culpa! Quão claramente mostrais que vos encontrais no caminho largo que conduz à perdição! Se fosses assassinos ou adúlteros, talvez não vos atreverias negar esta acusação. Não sabeis vós — e todos os sofismas do inferno não poderiam provar o contrário — que o mesmo Deus que disse: “Não matarás”, também disse: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar”? O assassino que é levado ao patíbulo e o educado e fino transgressor do dia do Senhor são um, são iguais aos olhos de Deus.

2. Manter abertos no domingo os estabelecimentos, como bares, cervejarias, cafés... Tais lugares são a maldição da Escócia. Nunca posso evitar quando vejo em um de tais estabelecimentos o letreiro: “Autorizado para vender licores”, o pensar que a licença que têm é a de arruinar as almas. Tais estabelecimentos são amplas avenidas à pobreza e farrapos desta vida e, como alguém tem dito: “o curto atalho que conduz rapidamente ao inferno”. Pode permitir-se, assim que nesta terra de luz e testemunho reformado, esses lugares de perdição e antros de iniquidade — verdadeiras armadilhas de almas — abram suas portas no dia do Senhor? Podemos permitir que os donos dos mesmos se enriqueçam e prosperem graças a este mercado sujo, e que muitos deles se atrevam a dizer que, a não ser pelo negócio que fazem no dia do Senhor não poderiam seguir avante sem prejuízo? Com forte fundamento podemos dizer: malditas sejam as ganâncias deste dia! Ó homens baixos e miseráveis! Não pensais que cada moeda que cai sobre o caixa, naquele dia devorará vossa carne como se fora fogo, e que cada gota de licor consumido em vossos palácios de perdição servirá para avivar mais a chama daquele “fogo que nunca se apaga”?

3. O funcionamento da estrada de ferro no domingo. A maior parte dos diretores da Companhia da Estrada de Ferro de Edimbugo-Glasgow tem evidenciado sua decisão para fazer valer seus serviços também aos domingos. Todos os canais de infidelidade têm sido abertos a unha e circulam abundantemente os folhetos e tratados blasfemos por todo o país desacreditando e menosprezando o bendito dia do Senhor, como se não houvesse olho onisciente no céu, como se não existisse rei sobre o monte Sião, nem houvesse de ocorrer um dia em que se haverá de prestar contas a Deus.

Compatriotas cristãos, despertai e, cheios do mesmo espírito que libertou nosso país das negras superstições do passado, lutemos contra a invasora corrente de infidelidade e inimizade contra o domingo.

Vós, homens culpados que sob a inspiração de Satanás estais guiando os obscuros exércitos dos que quebram os dia do Senhor, vossa situação está carregada de responsabilidade. Sois ladrões; roubais ao Senhor Seu santo dia. Sois assassinos: atentais contra a vida das almas de vossos servos, ou dependentes. Deus disse: “...não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro” (Ex 20.10), porém vós os compelis a quebrar a Lei de Deus e vendeis suas almas para obter com miserável ganância. Sois pecadores que pecais conscientemente contra a luz de vossa consciência. Vossa Bíblia, as palavras de vossos familiares piedosos e as ternas admoestações dos fiéis homens de Deus soam em vossos ouvidos, no entanto permaneceis perpetuando vossa vergonhosa obra e os vos gloriais nisso. Sois traidores de vosso país. A Lei de vosso país declara que deveis “observar um descanso santo de todas vossas palavras, obras ou pensamentos durante o domingo” e vós a desprezais considerando-a como fruto de uma superstição antiquada. Não foi a quebra constante do sábado o que fez com que Deus reprovasse a Seu povo, Israel? E vós tratais de trazer a mesma maldição sobre a Escócia. Sois suicidas morais, que assassinais vossas próprias almas, proclamando ao mundo que não sois povo de Deus e precipitando sobre vossas almas a sentença de que se fazem réus os que quebram o dia do Senhor.

Concluindo, proponho a calma e serena consideração a todo homem sério as seguintes perguntas:

1. Podeis nomear algum ministro, de qualquer denominação em toda a Escócia, que não sustente a inteira dedicação do dia do Senhor como um dever inevitável?
2. Haveis falado a algum verdadeiro crente em qualquer país, que ame a Cristo e viva santamente, que não se deleite em guardar inteiramente santo para Deus o dia do Senhor?
3. É sábio participar da opinião dos que interpretam a seu gosto a vontade de Deus relativa ao dia do Senhor; interpretação dos infiéis, os que menosprezam, os que não vivem santamente; homens que têm os olhos cegos para as coisas de Deus; os inimigos da justiça, que citam a Sagrada Escritura como Satanás, para enganar e trair?
4. Se, em oposição ao unânime testemunho dos mais sábios e mais santos servos de Deus, contra os claros avisos da Palavra de Deus, contra as mesmas palavras de vosso catecismo aprendido aos joelhos de vossa piedosa mãe, contra a voz de vossa injuriada consciência, vos unis às fileiras dos que traspassam o dia do Senhor, não é isto pecar contra a luz, não é enganar gravemente as vossas almas; não é constituir-se réus do justo juízo de Deus?

Minha oração é que estas palavras de verdade e sobriedade os chame a atenção com as mesmas palavras de Deus e alcancem vossos corações com todo Seu divino poder.

  • Dia Do Senhor Como Mandamento: Ex 16.22-30; 8-11; 35.1-3. Lv 19.3-30. Dt 5.12-15. Ne 9.14.
  • Dia Do Senhor: Sinal Do Povo De Deus: Ex 31.12-17. II Re 4.23. Ez 20.12. Lm 1.7. Hb 4.9.
  • Castigo Para Os Que Não Guardam O Dia Do Senhor: Nm 15.32-36. Lv 26.33-35. II Cr 36.21. Jr 17.19-29. Lm 2:6. Ez 20.12-26. Amós 8.4-14.
  • O Dia Do Senhor: Dia De Bênção: Gn 2.2. Ex 16.24. Lv 24.8. Nm 28.9,10. Is 56:1-8; 58.13-14. Jo 20.1,19,26. At 2:1. (Comparar com Lv 23.15. Ap 1.10)
  • O Dia Do Senhor No Tempo Dos Evangelhos: Sl 118.24. Is 66:23. Ez 46.1. Mc 2.27,28. At 2.1; 20.6-7. I Co 16.2. Ap 1.10

Fonte: Os Puritanos

November 30, 2015

7 motivos para você trabalhar na Igreja


Quando chega o final do ano é comum as igrejas tratarem das eleições e nomeações daqueles que vão trabalhar no ano seguinte. Se o seu nome for eleito ou nomeado para algum cargo, antes de recusar, leia o texto abaixo:

1. Por obediência a Deus. A Bíblia diz que nós somos servos de Deus, assim, devemos trabalhar para ele com alegria. A Palavra diz também que devemos ser generosos no trabalho, sabendo que, no Senhor, o nosso trabalho nunca é em vão (1Co 15.58).

2. Para descobrir quais são seus dons e talentos. A Bíblia mostra que Deus concede dons e talentos ao seu povo, para edificação e desenvolvimento de sua Igreja (Ef 4.7,8).

3. Para ser alvo e canal de bênção na vida das pessoas. Trabalhando para o Senhor, você se torna alvo de suas bênçãos. Deus te dá mais conhecimento, mais consagração, mais responsabilidade e torna você um canal de bênção na vida dos outros. Deus usa você como ferramenta para a edificação dos seus irmãos (Ef 4.12). 

4. Para obter novos conhecimentos. Trabalhando na Igreja você tem a oportunidade de aprender coisas novas, desenvolver-se pessoalmente e aperfeiçoar-se na vida cristã (Ef 4.13).

5. Para amadurecer na fé. Aqueles que se envolvem nos trabalhos da igreja experimentam amadurecimento na vida cristã. Muitos dos que são críticos, quando começam a trabalhar, percebem que alguns problemas não são tão fáceis de se resolver, pois pessoas são complexas e pecadoras (Ef 4.14).

6. Para colaborar com o desenvolvimento da Igreja. Trabalhando na igreja você coopera com o crescimento dela. O desenvolvimento de uma igreja não depende do pastor, mas de todo o corpo (Ef 4.15,16).

7. Para fazer parte da história das pessoas. Trabalhando na igreja você acaba fazendo parte da história de vida das pessoas. Seja pelo fato de você as ter ensinado algo que mudará suas vidas ou pelo fato de as ter ajudado. Eu me lembro ainda hoje, com muito carinho e gratidão, das professoras de Escola Dominical na minha infância. Elas foram usadas por Deus em minha vida (Fp 1.3-5). 

Por isso, não recuse convites para trabalhar na obra do Senhor. Quando você é eleito ou nomeado para uma função, os instrumentos são humanos, mas o chamado é do próprio Deus.

November 19, 2015

Uma Breve Lista de Cientistas Cristãos


Quando alguém disser que o Cristianismo representa o retrocesso da humanidade, que o mundo seria melhor sem ele, etc... apresente esta listinha de cientistas cristãos:

- Antony Hewish – Físico, Prêmio Nobel de Física de 1974
- Arno Allan Penzias – Físico, Prêmio Nobel de Física de 1978
- Arthur Holly Compton – Físico, Prêmio Nobel de Física de 1927
- Arthur L. Schawlow – Físico, Prêmio Nobel de Física de 1981
- Blaise Pascal – Matemático
- Carolus Linnaeus – Fundador da Biologia Sistemática Moderna
- Charles Babbage – Matemático e criador do computador
- Charles Bells – Anatomista - o primeiro homem a mapear extensivamente o cérebro e o sistema nervoso.
- Charles Townes – Físico, Prêmio Nobel de Física de 1964
- Francis Collins – Geneticista, Diretor do Projeto Genoma Humano
- Friedrich Dessauer - Físico, pai da engenharia biomédica
- Georges Cuvier - Fundador dos estudos da Paleontologia e Anatomia Comparativa
- Georges Lemaître - Engenheiro, Físico, Astrônomo, pai da teoria do “big-bang”
- Gottfried Wilhelm Leibniz - Matemático, engenheiro e filósofo
- Gregor Mendel – Pai da Genética
- Isaac Newton – Formulador da estrutura matemática para o cálculo dos movimentos de todos os corpos do Universo, formulador da Lei da Gravidade, criador do telescópio refletor, etc...
- Johannes Kepler – Astrônomo e matemático
- John Bartram - Botânico – classificou praticamente todas as plantas existentes dos EUA, em sua época.
- John Flamsteed – Astrônomo, criador do primeiro catálogo de estrelas moderno. 
- John Mitchell - "O pai da Sismologia" e o primeiro a considerar a existência de buracos negros.
- John William Strutt – Físico, Prêmio Nobel de Física de 1904
- Karl Ernst von Baer - Biólogo, pai da embriologia
- Karl Friedrich Gauss - Matemático e físico
- Leonhard Euler - Matemático e físico
- Louis Agassiz – Geólogo, Paleontólogo - considerado "O Pai da Ciência Glacial"
- Louis Pasteur – Químico e microbiologista
- Max Planck – Físico, Prêmio Nobel de Física de 1919
- Michael Faraday - Descobridor da indução eletromagnética e fundador da Teoria do Campo Eletromagnético.
- Nevill Mott – Físico, Prêmio Nobel de Física de 1977.
- Robert Boyle – Fundador da Química moderna. 
- Roger Bacon – Precursor do Método Científico. Foram seus estudos e experimentos que deram origem, logo após a sua morte, aos óculos e, posteriormente, ao microscópio e ao telescópio.
- Ruy Barbosa de Oliveira - Filólogo e cientista político
- Samuel Morse – Inventor do telégrafo
- Stephen Hales – Fisiologista e Químico. Foi o primeiro a fazer a medição quantitativa da pressão sanguínea. Foram seus experimentos que proporcionaram a criação dos instrumentos usados até hoje para medir a pressão arterial.
- Thomas Edison – Inventor da lâmpada, do gramofone, do cinetoscópio, da locomotiva.
- Werner Heisenberg – Físico, Prêmio Nobel de Física de 1932
- William Daniel Phillips – Físico, Prêmio Nobel de Física de 1997
- William Herschel – Astrônomo, descobridor do planeta Urano.

September 4, 2015

Lágrimas por Aylan


O mundo amanheceu mais triste com a terrível cena do corpo de Aylan Kurdi, um garoto de apenas 3 anos de idade, estirado em um praia da Turquia, afogado por conta de um naufrágio. Aylan e mais 11 refugiados sírios morreram em uma pequena embarcação tentando chegar à ilha de Cos na Grécia. Aliás, mais de 300 mil imigrantes já arriscaram suas vidas este ano tentando atravessar o Mediterrâneo  para chegar na Europa. Sem entrar no mérito do problema migratório, que é complexo, e falando do pequeno Aylan, esta situação angustiante nos traz algumas lições:

A primeira, é que o mundo evoluiu em termos científicos e tecnológicos, mas não em questões humanitárias. A maior parte dos líderes mundiais toma suas decisões pensando nos aspectos econômicos e não pelo prisma humanitário. A ciência evoluiu, mas o ser humano continua pecador, e por causa disso, egoísta e autocentrado.

A segunda lição é que ainda há um reflexo do amor de Deus nos sentimentos da humanidade. A Europa hoje está chorando a morte de Aylan. Isso mostra que o Materialismo e o Ateísmo ainda não conseguiram apagar a imagem de Deus gravada no coração do ser humano. Isso deve nos animar a continuar enviando missionários para o Velho Mundo, a fim de que eles olhem para suas origens cristãs e retornem aos caminhos do Senhor.

Quanto a Aylan, retirado desta vida com apenas 3 anos de idade, eu tenho boas esperanças de que o nosso Deus amoroso tenha compensado seu sofrimento com a salvação eterna. O Deus que elege é Deus bondoso e gracioso. Nos firmemos nisto.

Se preferir em áudio, clique para ouvir

August 11, 2015

Mudanças na Confissão?


Gordon Clark

Visto que ninguém alega que a Confissão de Westminster é inerrante, ela está teoricamente sujeita a melhoria. Mas assumindo que o objetivo da reformulação inclua a preservação de todo o pensamento inalterado, e que não se trata de uma dissimulação para rebaixar os padrões, alguém deve ainda fazer duas perguntas: a geração atual é capaz de melhorar o credo? E, se sim, valeria a pena a energia?
Uma resposta à segunda pergunta seria um subsídio do governo para que centenas de teólogos pudessem se encontrar por cinco anos numa catedral nacional. Ou agora somos tão hábeis que um comitê de três poderiam fazer o trabalho num verão?
Não seria uma tarefa fácil. Quem desempenharia o papel de George Gillespie? Ou do moderador Twisse? E de Samuel Rutherford? A capacidade teológica de tais homens era enorme; o dr. J. Gresham Machen afirmou que ela não poderia ser duplicada hoje.
Em adição ao conhecimento de teologia deles, o domínio do inglês é dificilmente igualado numa época em que Joãozinho não pode ler.  Exemplos de palavras e fraseologia, a precisão das quais os teólogos contemporâneos poderiam ser duramente impelidos a duplicar, são os verbos “imputar” e “transmitir” e a frase “qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação”.
O que parece mais necessário é um estreitamento dos votos de ordenação que hoje permitem uma subscrição muito vaga ao “sistema de doutrina”, e não severamente a cada uma das doutrinas.
Finalmente, a única coisa que eu mudaria seria adicionar a palavra “inerrante”.

Fonte: The Presbyterian Journal, 21 de junho de 1978, p. 9. Via site Monergismo
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto, 10/04/2015.

June 15, 2015

Cristo cumpriu os 10 Mandamentos

Por Mark Jones
Adão quebrou os Dez Mandamentos no Éden. Mas Cristo guardou os dez mandamentos no “deserto”, sob circunstâncias muito mais intensas do que aquelas às quais Adão foi submetido.
Guardou o primeiro mandamento. Ele trouxe glória a Deus o Pai enquanto esteve na terra (Jo 17.4). Temeu, creu, e confiou em seu Pai (Hb 2.13; 5.7; Lc 4.1-12). Cristo zelou pela glória de seu Pai (Jo 2.17) e foi constantemente grato ao seu Pai (Jo 11.41). Ele prestou completa obediência ao Pai em todas as coisas (Jo 10.17; 15.10).
Guardou o segundo mandamento. Ninguém jamais cultuou como Cristo (Lc 4.16). Ele leu, pregou, orou e cantou a Palavra de Deus com um coração puro (Sl 24.3-4). Ele condenou o falso culto (Jo 4.22; Mt 15.9). Além disso, aquele que era a imagem visível de Deus não precisou fazer imagens ilícitas de Deus.
Guardou o terceiro mandamento. Como portador da imagem de Deus (Cl 1.15), ele revelou o Pai de modo perfeito (Jo 14.9). Falou somente aquilo que havia recebido do Pai (Jo 12.49). Em outras palavras, ele jamais tomou o nome de Deus em vão, mas falou apenas a verdade sobre o Pai e trouxe glória ao Pai por viver em conformidade com quem ele é (o Filho de Deus).
Guardou o quarto mandamento. “Entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga…” (Lc 4.16). Ele fez obras de piedade, misericórdia e necessidade no dia de descanso (e.g.: Mc 2.23-28). Além disso, o Senhor do Sábado assegurou nosso sabá eterno por meio de sua morte na cruz, permanecendo no sepulcro no sábado, e ressurgindo no domingo.
Guardou o quinto mandamento. Ele sempre fez aquilo que agradava a seu Pai celestial (Jo 8.29). Sobre a cruz, mesmo enquanto estava morrendo, preocupou-se em cuidar de sua mãe (Jo 19.27). Ele também guardou as leis terrenas (Mc 12.17; Mt 17.24-27).
Guardou o sexto mandamento. Jesus preservou a vida. Ele fez isso física e espiritualmente. Ele salvou pecadores de seus pecados (Jo 5.40). E também curou muitas pessoas (Mt 4.23). Foi manso, gentil, amável e pacífico enquanto esteve na terra (e.g.: Mt 11.29). Sua vida foi de misericórdia e compaixão (e.g.: Lc 18.35-43).
Guardou o sétimo mandamento. Cristo, o marido, entregou sua vida por sua noiva (Ef 5.22-33). Embora eu não tenha dúvidas de que ele achava algumas mulheres atrativas, ele jamais cruzou os limites adequados com respeito à interação entre homens e mulheres, e seus pensamentos sempre foram puros com respeito a pessoas do sexo oposto (cf. 1Tm 5.2).
Guardou o oitavo mandamento. Cristo doou livremente (Jo 2.1-11). Ele se opôs ao roubo (Jo 2.13-17). João 2 retrata, entre outras coisas, Cristo guardando o oitavo mandamento. Aquele que era rico se tornou pobre para que nós, em nossa pobreza, pudéssemos nos tornar ricos (2Co 8.9).
Guardou o nono mandamento. Ele sempre falou a verdade (Jo 8.45-47) porque falou somente as palavras que o Pai lhe havia dado (Jo 12.49). Ele defendeu a verdade porque ele é a Verdade (Jo 1.14, 17; 14.6). Ele não maquiou a verdade (Mt 23), não a falou fora de tempo ou a sonegou (Mt 26.64).
Guardou o décimo mandamento.  Aquele que é dono do céu e da terra é aquele que também disse: “As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9.58). Aquele que poderia facilmente saciar sua própria necessidade e desejo contentou-se com aquilo que vinha da mão do Pai (Lc 4.1-12). Ele não cobiçou aquilo que não era propriamente seu, mas com paciente resistência recebeu sua herança por meio da cruz.
Nos círculos reformados devemos, em nossa pregação, fazer um melhor trabalho em explicar como Cristo guardou perfeitamente a lei. Uma coisa é dizer e sempre repetir: “Jesus guardou a lei perfeitamente por nós [como um pacto de obras] para que pudéssemos ser salvos”; mas outra coisa é explicar precisamente como ele guardou a lei e o que estava envolvido nessa guarda da lei. Ouvir sobre a obediência ativa de Cristo e sobre a imputação gratuita de Deus a nós, por meio da fé, dessa obediência ativa, não deve nunca ser algo que se resuma a frases de efeito.
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Fonte: Monergismo

June 5, 2015

Desabafo de uma Mulher Moderna


Por Ana Kessler

São 7hs. O despertador canta de galo e eu não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede. Estou TÃO acabada, não queria ter que trabalhar hoje. Quero ficar em casa, cozinhando, ouvindo música, cantarolando...

Se tivesse filhos, gastaria a manhã brincando com eles, se tivesse cachorro, passeando pelas redondezas. Aquário? Olhando os peixinhos nadarem. Espaço? Fazendo alongamento. Leite condensado? Brigadeiro. Tudo menos sair da cama, engatar uma primeira e colocar o cérebro pra funcionar. Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a matriz das feministas que teve a infeliz idéia de reivindicar direitos à mulher e por quê ela fez isso conosco, que nascemos depois dela. Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós, elas passavam o dia a bordar, a trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das hortas, educando crianças, freqüentando saraus, a vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária. Aí vem uma fulaninha qualquer que não gostava de sutiã tampouco de espartilho, e contamina várias outras rebeldes inconseqüentes com idéias mirabolantes sobre 'vamos conquistar o nosso espaço'. Que espaço, minha filha? Você já tinha a casa inteira, o bairro todo, o mundo aos seus pés. Detinha o domínio completo sobre os homens, eles dependiam de você para comer, vestir, e se exibir para os amigos, que raio de direitos requerer?

Agora eles estão aí, todos confusos, não sabem mais que papéis desempenhar na sociedade, fugindo de nós como o diabo da cruz. Essa brincadeira de vocês acabou é nos enchendo de deveres, isso sim. E nos lançando no calabouço da solteirice aguda. Antigamente, os casamentos duravam para sempre, tripla jornada era coisa do Bernard do vôlei - e olhe lá, porque naquela época não existia Bernard e, se duvidar, nem vôlei.

Por quê, me digam por quê um sexo que tinha tudo do bom e do melhor, que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com o macharedo? Olha o tamanho do bíceps deles, e olha o tamanho do nosso. Tava na cara que isso não ia dar certo. Não agüento mais ser obrigada ao ritual diário de fazer escova, maquiar, passar hidratantes, escolher que roupa vestir, que sapatos, acessórios, que perfume combina com o meu humor, de ter que sair correndo, ficar engarrafada, correr risco de ser assaltada, de morrer atropelada, passar o dia ereta na frente do computador, com o telefone no ouvido, resolvendo problemas. Somos fiscalizadas e cobradas por nós mesmas a estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, cheirosas, unhas feitas, sem falar no currículo impecável, recheado de mestrados, doutorados, e especializações.


Viramos super mulheres, continuamos a ganhar menos do que eles. Não era muito melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira de balanço? Chega, eu quero alguém que pague as minhas contas, abra a porta para eu passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores com cartões cheios de poesia, faça serenatas na minha janela - ai, meu Deus, 7h30, tenho que levantar!, e tem mais, que chegue do trabalho, sente no sofá, coloque os pés pra cima e diga 'meu bem, me traz uma dose de whisky, por favor?' Descobri que nasci pra servir. Cês pensam que eu tô ironizando? Tô falando sério! Estou abdicando do meu posto de mulher moderna... Troco pelo de Amélia. Alguém se habilita? 

May 17, 2015

Sábado para Domingo: O Dia Mudado: A Obrigação não Mudada - Joseph A. Pipa


No segundo século, um herege chamado Marcião ensinou uma forma de gnosticismo cristão. Ele distinguia entre o Deus do Antigo Testamento e o Deus revelado em Jesus Cristo. Ele negava que Cristo fosse verdadeiro homem e também rejeitava o casamento. Visto que muitas de suas doutrinas eram contrárias ao Antigo Testamento e porções do Novo, ele desenvolveu seu próprio cânon (livros aceitos da Bíblia). A Bíblia de Marcião incluía só um Evangelho editado de Lucas e dez das Epístolas de Paulo. Nem é preciso dizer que, se o indivíduo edita a Bíblia, ele pode conseguir que ela diga o que ele quer.

Hoje, um grande número de cristãos está editando suas próprias Bíblias. Mesmo que teoricamente aceitem o Antigo Testamento como parte da Bíblia, basicamente ignoram seu ensino ético. Crêem na sua história, apontam para suas profecias que foram cumpridas em Cristo, mas insistem que suas doutrinas e regras devem estar repetidas no Novo Testamento para que sejam imperativas para a igreja de hoje. Para todos os efeitos, eliminam da Bíblia grande parte do Antigo Testamento.

Em resposta, os teólogos pactuais reformados afirmam a unidade da Bíblia: que tudo que o Novo Testamento não revoga permanece efetivo. Por exemplo, muito daquilo que os cristãos crêem e ensinam sobre o casamento e a família está revelado no Antigo Testamento. A doutrina nossa do pacto e do lugar de nossos filhos no pacto se baseia, em parte, nos procedimentos de Deus com seu povo nas Escrituras do Antigo Testamento. De modo semelhante, os alicerces da doutrina do sábado como instituição cristã foram construídos nas Escrituras do Antigos Testamento. Buscamos estabelecer, a partir de Gênesis 2.1-3 e Êxodo 20.8-11, que a observância do sábado é uma exigência moral permanente. Essa convicção é confirmada na gloriosa promessa de Isaías 58.13,14. Portanto, a não ser que o Novo Testamento revogue essa ordenança, ela permanece em vigor. Alguns sugerem que Jesus anulou a observância do sábado em Mateus 12.1-14; já vimos, entretanto, que Jesus restaurou o sábado e nos deu diretrizes de grande auxílio pelos quais devemos examinar nosso comportamento nesse dia.

O ensino de Paulo

Há outros que sugerem que o apóstolo Paulo repudiou a idéia da observância do sábado. Esses adversários do sábado neotestamentário baseiam seus argumentos em três textos. O primeiro é Romanos 14. 5,6:

“Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua propriamente. Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus, e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus”.

O segundo é Gálatas 4.10, 11:

Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de v6s tenha eu trabalhado em vão para convosco”. [NT]

O terceiro é Colossenses 2.16, 17:

Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir, porém o corpo é de Cristo”.

Os adversários da guarda do sábado mantêm que a igreja neotestamentária não é mais obrigada a observar um dia especial, e existem alguns que vão mais longe para dizer que observar o sábado no primeiro dia da semana é uma forma de judaizar. De acordo com eles, guardar o sábado rouba da pessoa a liberdade cristã; um indivíduo pode observar o dia que preferir, mas não pode exigir que outros o observem.

Essa visão se deve a um mal-entendido do que Paulo está dizendo nessas passagens. O texto-chave para o entendimento da visão de Paulo é Colossenses 2.16, 17. Essa passagem não só nos ajuda a compreender a abordagem de Paulo aos “dias”, como também ensina que não podemos observar o sábado judeu ( ou judaico) do sétimo dia. Em outras palavras, Paulo anula a observância do sétimo dia, mas não o princípio envolvido na lei do sábado.

Uma rápida verificação do contexto nos ajudará a entender corretamente a proibição de Paulo. No livro de Colossenses, Paulo está contra-atacando uma heresia híbrida que combinava a doutrina judaizante da salvação pelas obras, que incluía a observância da lei cerimonial com a filosofia ascética do agnosticismo, que ensinava que Cristo era uma emanação de Deus por intermédio de uma série de seres divinos menores, com a adoração dos anjos e a abstinência de certas comidas e prazeres materiais e físicos.

Em Colossenses 2, Paulo estabelece a autoridade suprema do Senhor Jesus Cristo como Salvador e Legislador. Ele ensina que nós não servimos Cristo pela obediência a leis, tradições e cerimônias de fabricação humana. Além disso, não chegamos a conhecer Deus por meio da filosofia do mundo, mas sim por meio da revelação de Deus nas Escrituras. À luz dessas coisas ele diz: “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados”. Na primeira metade do versículo, ele trata da afirmação de que, por serem certos alimentos imundos, os verdadeiramente santos irão se abster de comê-los. Mais tarde Paulo faz referência às doutrinas ascéticas a que ele se opõe:

...ordenanças: não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro -segundo os preceitos e doutrinas dos homens ? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem. Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético, todavia, não têm valor contra a sensualidade” ( CI 2.20-23 ).

Nessa passagem, ele repudia todo ensino ascético sobre alimentos. A Escritura ensina claramente que um cristão pode comer e beber com moderação qualquer coisa que Deus tenha dado (81 104.15, Mc 7.19; 1Tm 4.3-6).

No versículo 16 (em Cl 2), Paulo trata do assunto dos dias: “Ninguém vos julgue por causa de dia de festa, ou lua nova, ou sábados”. Está Paulo anulando a observância do sábado como tal, ou a observância do sábado do sétimo dia junto com os outros dias cerimoniais? Encontramos a resposta a essa pergunta ao examinarmos os três termos que Paulo usa: “dia de festa ou lua nova ou sábado (ou dias de sábado)”. Esses três termos são usados frequentemente no Antigo Testamento para descrever os vários dias cerimoniais que o povo de Deus era obrigado a observar.

Por exemplo, 2 Crônicas 31.2,3, descrevendo as reformas de Ezequias, diz:

Estabeleceu Ezequias... a contribuição que fazia o rei da sua própria fazenda... destinada para os holocaustos, para os da manhã e os da tarde e para os holocaustos dos sábados, das Festas da Lua Nova e das festas fixas, como está escrito na lei do Senhor”.

E com respeito às reformas de Neemias, ouvimos:

Também sobre nós pusemos preceitos, impondo-nos cada ano a terça parte dum siclo para o serviço da casa de nosso Deus: para os pães da proposição, e para a contínua oferta de manjares, e para o contínuo holocausto dos sábados e das Festas da Lua Nova, e para as festas fixas, e para as coisas sagradas...” (Ne 10.32,22).

A tradução grega desses trechos (na chamada Septuaginta) usa exatamente os três termos que Paulo usa em Colossenses 2.16.

Levítico 23 faz um comentário detalhado desses termos. Nesse capítulo, Moisés coloca o calendário litúrgico todo da igreja do Antigo Testamento. Os versos 1-3 tratam do sábado semanal:

Fala aos filhos de Israel e dize-Ihes: As festas fixas do Senhor; que proclamareis, serão santas convocações; são estas as minhas festas. Seis dias trabalhareis, mas o sétimo será o sábado do descanso solene, santa convocação; nenhuma obra fareis; é sábado do Senhor em todas as vossas moradas”.

À luz disso, vemos que Paulo usa o termo “dias de sábado” para incluir o sábado do sétimo dia.

Nos versículos 4 a 44 do capítulo 23, Moisés explica as grandes festas da igreja do Antigo Testamento: a Páscoa, ao qual está ligada a Festa dos Pães Asmos, a Festa do Pentecostes e a Festa dos Tabemáculos. Paulo chama estas pelo termo “festas”.

Além disso, em Levítico 23.24, 25, Moisés legisla observâncias especiais a serem realizadas no dia primeiro do mês:

“Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis descanso solene, memorial, com sonidos de trombetas, santa convocação. Nenhuma obra servil fareis, mas trareis oferta queimada ao Senhor”.

Paulo tem em mente essa observância quando usa a frase “luas novas”. Assim, com essas três frases, Paulo está descrevendo os dias cerimoniais e sábados do Antigo Testamento, e diz que o cristão não fica sob nenhuma obrigação de observar esses dias.

Essa instrução era necessária no tempo da transição da Antiga Aliança à Nova. Muitos cristãos judeus continuavam a observar as festas e dias especiais da Antiga Aliança. Embora não estivessem sob nenhuma obrigação de fazer assim, já que Cristo cumpriu o que essas festas comemoravam, adoravam-no por meio delas. Durante esse tempo de transição, estavam livres para agir assim. Não foi isso mesmo que Paulo estava fazendo quando foi preso em Jerusalém (At 21.26)? Antes, havia dito que queria estar de volta a Jerusalém a tempo para a Festa de Pentecostes (At 20.16). Embora Pentecostes não fosse uma celebração cristã, durante o período de transição da adoração da Antiga Aliança à adoração da Nova Aliança, os apóstolos e outros cristãos judeus observavam-no para celebrar a obra salvífica de Cristo. Da mesma forma, hoje alguns judeus convertidos com frequência celebram ainda a Páscoa em família para refletir sobre Cristo como o verdadeiro cordeiro Pascoal.

Uma sombra do que virá

Alguns, entretanto, sob o mesmo zelo mal-orientado que motivou os judaizantes a exigirem que os gentios fossem circuncidados, estavam procurando impor esses dias aos cristãos gentios. Em resposta, Paulo repudia qualquer observância obrigatória dos dias religiosos ou festas judaicas, afirmando que a Igreja não poderá exigir a observância de nenhum dia cerimonial do Antigo Testamento, porque foram “sombra das coisas que haverão de vir, porém o corpo é de Cristo” (C12.17). Paulo nos faz lembrar que os rituais do Antigo Testamento prenunciavam a pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo. [1] A pessoa e obra de Cristo estão atrás de todas as observâncias cerimoniais do Antigo Testamento: as festas, os sábados da lua nova e o sábado do sétimo dia como o original divino.

Desde a eternidade, Deus, tendo nos escolhido em Cristo, planejou a encarnação e sua grande obra da redenção. Desde o começo da História, quando Deus começou a revelar sua verdade, Deus o Filho, na perspectiva da encarnação, salientou-se acima de todas as coisas. A luz da revelação brilhou sobre ele e projetou uma sombra sobre todos os eventos da revelação do Antigo Testamento. Na providência de Deus, o adorador do Antigo Testamento não pôde ver Cristo claramente; essa visão estava reservada para nós que vivemos na plenitude do tempo (Hb 1.1,2; 11.39,40). Mas por meio dos rituais e cerimônias eles viram, sim, sua sombra poderosa e majestosa.

Assim, todas as partes da adoração cerimonial faziam referência àquele que era a substância. A luz da glória brilhava de tal maneira sobre o Cristo pré-encarnado que sua sombra caiu sobre os i séculos por intermédio dos sacrifícios, do tabernáculo, do templo, do sacerdócio, das escolas dos profetas, dos reis de Israel, das festas, das luas novas dos dias de sábado. Tomemos, por exemplo, o tabernáculo e o templo. João nos diz que a Palavra se tornou carne e tabernaculou entre nós (Jo 1.14). Cristo afirmou que ele era o templo verdadeiro (Jo 2.19), que cumpria tudo que o templo prometia. Ele é o verdadeiro Deus que habita em meio do seu povo.

Depois de seu advento, o templo foi se apagando até perder toda sua significância e não ser mais necessário (10 4.21-24), porque com todas as suas festas e sacrifícios era apenas uma sombra.

De forma semelhante, cada um dos dias cerimoniais apontava para o Senhor Jesus Cristo e seu relacionamento com seu povo. A Festa dos Tabernáculos lhes lembrava que Deus era o Deus da salvação que livrara seu povo, e que eles eram nada mais que peregrinos e viajores nesta terra que estavam indo adiante para uma cidade celestial, indo da sombra para a realidade. No último dia da festa (chamado o oitavo dia como tipo ou prenúncio da ressurreição), enquanto o sacerdote derramava água, Jesus apontou para si: “No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus, e exclamou:

Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (1o 7.37, 38).

A Páscoa o retratava como o Cordeiro de Deus que veio para tirar o pecado do mundo (Jo 1.29). Junto a essa figura temos a da Festa dos Pães Asmos, um retrato de sua ressurreição (lCo 15.23). Exatamente na manhã em que o sacerdote se punha de pé no templo e movia os primeiros pães de cevada (Lv 23.15-17), Cristo surgia dos mortos, como os primeiros frutos, primícias dos que dormiram.

Pentecostes, a grande festa da colheita, era a sombra do derramamento do Espírito Santo e o ajuntamento das nações para o Senhor Jesus Cristo. Em Pentecostes os judeus observavam a inauguração do pacto no Monte Sinai pelo qual foram feitos reino teocrático de Deus. Portanto, o Pentecostes é cumprido na inauguração da igreja do Novo Testamento com o derramamento do Espírito Santo e o começo da colheita mundial do evangelho.

Israel observava a lua nova com sacrifícios e ritual especial. O primeiro dia do mês era visto como o sábado semanal. O retorno da lua nova provavelmente lembrava ao povo a certeza eterna das promessas pactuais de Deus (Gn 8.21,22; Jr 31.35,36; 33.25,26). E porque Cristo cumpriu todas as promessas do pacto, ele substituirá a luz do sol e da lua (Ap 21.23).

O sinal de maior significância, contudo, foi o sábado do sétimo dia. Quando Adão caiu em pecado, Deus deu a promessa do Salvador. Até que ele viesse, os santos do Antigo Testamento permaneceriam sob a servidão, aguardando o dia de sua herança (Gl 3.23- 26). No sábado do fim da semana, aguardavam a vinda do Messias, o verdadeiro doador do descanso. Portanto, o dia que observavam, o sábado, era sombra da vinda do Salvador. Quando ele veio, ele realmente fez parte de sua obra expiatória no sábado do sétimo dia, ao ficar no túmulo, sofrendo morte e sepultamento em lugar de seu povo. Quando ressurgiu no primeiro dia, entrou no seu descanso.

Embora Paulo não mencione o sábado do sétimo ano e o jubileu, eles também foram cumpridos em Cristo. Como notamos no Capítulo 4, os sábados anuais não só ensinavam o povo a confiar em Deus para sua subsistência, como também os ensinavam a ansiar pelo dia quando a dívida do pecado será remida e os prisioneiros do pecado libertados. Em Lucas 4.18, 19, Jesus, citando Isaías 61.1, 2, aplica a linguagem do jubileu a si mesmo.

Um dia em sete - o modelo que continua

Portanto, o santo do Novo Testamento não é mais obrigado a observar os dias cerimoniais do Antigo Testamento, nem o sétimo dia do Antigo Testamento. Mas repare que nessa argumentação, Paulo nunca abre mão do dever moral de se observar um dia em sete. Como vimos, na criação Deus estabeleceu a obrigação moral de se guardar santo um dia em sete, e repetiu essa obrigação nos Dez Mandamentos, junto com todos os outros grandes princípios da religião revelada. O dia em si, no entanto, não foi parte da exigência moral da lei, e sim uma lei positiva para regulamentar o cumprimento da responsabilidade moral. Portanto, o dia da semana podia ser mudado. O Novo Testamento revoga a observância do sétimo dia, mas nunca a obrigação de guardar um dia em sete como sábado do Senhor. [2]

Está claro que a igreja primitiva continuou a observar um dia em sete. Por que não adotaram outro modelo como cada terceiro dia, ou cada décimo dia? John Owen responde a essa pergunta:

“E embora fique absolutamente certo que outro dia poderia ter sido fixado sob o Novo Testamento, e não um em cada revolução hebdomadária (de sete dias), por seus trabalhos próprios não terem sido bem terminados em seis dias, contudo esse tempo sendo antes fixado e determinado pela lei da criação. nenhuma inovação ou alteração seria permitida no assunto”. [3]

Nem existe qualquer prova de que algum intervalo tenha transcorrido entre a prática do adorar no sétimo dia e o adorar no primeiro dia da semana. A igreja neotestamentária, mantendo a norma de um dia em sete, imediatamente começou a adorar no primeiro dia da semana. E mais, a prática do próprio Paulo confirma que ele não está removendo a observância de um dia em sete, mas sim os dias cerimoniais judaicos. Em Atos 20.7, ele adora com a igreja de Trôade no primeiro dia da semana. Em 1 Coríntios 16.1,2 ele dá a entender que mandava todas as igrejas recolherem sua oferta para os pobres no primeiro dia da semana.

Um entendimento correto de Colossenses 2.16, 17 também nos possibilita interpretar Romanos 14.4-6. Nesse capítulo, Paulo está discutindo leis cerimoniais judaicas. Como em Colossos, algumas pessoas em Roma estavam propondo a observação de certas leis judaicas que diziam respeito a comida e dias santos. Paulo diz que, embora as pessoas sejam livres para seguir as leis judaicas de alimentos e dias santos, elas não poderão exigir que outros sigam tais leis. Paulo, portanto, remove toda e qualquer obrigação de se guardar os dias santos judeus.

Paulo discute a relação do cristão para com a lei cerimonial judaica também em Gálatas 4.10. A lista, “dias, e meses, e tempos, e anos” se refere às várias observâncias cerimoniais do povo da Antiga Aliança, parte daquele velho sistema ao qual os gálatas foram tentados a se tornar escravos.

Portanto, Paulo nunca anulou a obrigação moral de separar um dia em sete para adorar a Deus. O que ele fez foi revogar a prática dos sábados e dias cerimoniais do Antigo Testamento. Vamos resumir o que dissemos até aqui nas palavras de R.L. Dabney:

“Os fatos com os quais todos estamos de acordo, que explicam o sentido dessas passagens do Apóstolo, são os seguintes: Depois de estabelecida a nova dispensação, os cristãos convertidos dentre os judeus geralmente combinavam a prática do judaísmo com as formas do cristianismo. Observavam o dia do Senhor; o batismo e a ceia do Senhor; mas continuavam também a guardar o sétimo dia, a páscoa e a circuncisão. A princípio era proposto por eles impor esse sistema duplo sobre todos os cristãos gentios, mas o projeto foi repreendido pela reunião dos apóstolos e presbíteros em Jerusalém, registrado em Atos 15. No entanto, grande parte dos cristãos judeus... continuava a observar as formas de ambas as dispensações, e os espíritos inquietos dentre as igrejas mistas de convertidos judeus e gentios estabelecidas por Paulo continuavam a tentar impor I isso também sobre os gentios; alguns deles juntavam a essa I teoria ebionita a heresia mais grave de uma justificação por observâncias ritualistas. Assim, nessa época, era esse o quadro. Nas igrejas mistas da Ásia Menor e do Ocidente, alguns irmãos iam à sinagoga no sábado e à reunião da igreja no domingo, guardando os dois dias religiosamente,. enquanto alguns guardavam só o domingo. Alguns se sentiam obrigados a guardar todas as festas e jejuns judaicos, enquanto outros não Ihes davam atenção. E aqueles que não tinham luzes cristãs que Ihes ajudassem a compreender que as observâncias judaicas não eram nada essenciais, sentiam sua consciência oprimida ou ofendida pela diversidade. Foi para resolver esse problema que o Apóstolo escreveu essas passagens. Até aqui estamos de acordo”. [4]
No entanto, prosseguindo, afirmamos que com a mesquinha lista de “dias”, “meses”, “tempos“, “anos”, “dias santos”, “luas novas”, “sábados”, o apóstolo quer dizer as festas judaicas, e apenas essas. A festa dos cristãos, o domingo, não está em questão aqui, porque sobre a observância deste não havia disputa nem diversidade alguma nas igrejas cristãs. Judeus cristãos e gentios cristãos consentiam universalmente na santificação do domingo. Quando assevera que a consideração ao dia, ou a não-consideração a ele, não é essencial, assim como comer ou não comer, a interpretação natural e legítima é que ele quer dizer aqueles dias que estão em questão e não outros. Quando Paulo afirma que 'julga iguais todos os dias' (Rm 14.5), devemos entender que fazia referência a cada um daqueles dias que eram objeto de diversidade -não ao domingo dos cristãos, sobre o qual não havia qualquer discussão. 

Duas lições

Tendo estabelecido, pois, o princípio apresentado por Paulo, podemos extrair duas lições muito importantes. Primeiro, Paulo afirma claramente que a igreja do Novo Testamento não deverá observar o sábado do sétimo dia. Grupos como os Batistas do Sétimo Dia e Adventistas do Sétimo Dia reivindicam que, visto o Quarto Mandamento estar em vigor permanentemente, a igreja deve continuar a observar o sábado do sétimo dia.

Esses grupos mantêm que a igreja primitiva adorava no sétimo dia e só mais tarde, sob Constantino e o papado subsequente o dia de adoração foi mudado para o primeiro dia da semana.

“ ... as pessoas guardam o primeiro dia da semana porque a igreja apóstata dos tempos primitivos emprestou dos r pagãos o costume e passou-o para o protestantismo. Os ! pagãos adoravam o sol nesse dia...”

“O domingo sempre foi o dia do culto pagão. Sempre foi dedicado ao deus do sol Da prática pagã da adoração do sol temos a palavra “domingo“. [NT] Falando das abominações sendo praticadas no tempo de Ezequiel, o profeta disse: 'Levou-me para o átrio de dentro da Casa do Senhor; e eis que estavam à entrada do templo do Senhor; entre o pórtico e o altar; cerca de vinte e cinco homens, de costas para o templo do Senhor e com o rosto para o oriente 1. adoravam o sol, virados para o oriente' (Ez 8.16)”. [5]

Muitos adventistas interpretam o selo sobre os 144 mil de Apocalipse 7 como sendo a adoração do sétimo dia, e vêem Daniel 7.25 como sendo uma profecia de que o apóstata mudaria o dia do sétimo ao primeiro dia da semana.

Mesmo se houvesse evidência de que a igreja primitiva (incluindo os gentios) adorava no sétimo dia (e não há evidência disso), não se pode escapar das referências à adoração do primeiro dia (Atos 20.7; 1Co 16.1,2; e Ap 1.10). Nem podemos escapar da proibição de se guardar o sábado do sétimo dia, de Colossenses 2.16, 17. Para os adventistas, infelizmente, a proibição e prática apostólica não pesam. Um escritor adventista diz: “Seja enfatizado que, mesmo se fosse encontrado apoio apostólico para o domingo, ainda o cristão bíblico não o poderia aceitar. Nem mesmo um apóstolo poderia mudar a lei de Deus”. [6] Uma abordagem tão soberba ao Novo Testamento se deve principalmente a seu compromisso com as profecias de Ellen G. White. Na visão deles, essas profecias têm autoridade divina e têm precedência sobre a prática apostólica. No entanto, o ensino claro da Bíblia é que o sétimo dia foi revogado.

A segunda lição é muito importante para toda essa discussão sobre o dia em que a Igreja deve adorar. Se Paulo revoga o sétimo dia mas não o princípio moral de um dia em sete, como determinamos qual o dia? Temos duas opções: ou a Bíblia nos revela qual o dia apropriado, ou a igreja pode escolher o dia. Muitos, em toda a história da igreja, incluindo Calvino, ensinaram que, como a igreja deve ter um dia para a adoração, ela pode escolher o dia. A Igreja apropriadamente escolheu o primeiro dia por causa da ressurreição. Contudo, fica aí entendido que a igreja está livre para mudar o dia se assim desejar. Lutero ensinou em seu Catecismo Maior:

“Mas visto que a grande maioria está sobrecarregada com negócios, precisa haver algum dia da semana para atenção a esses assuntos, Como o costume inócuo do dia do Senhor conseguiu um consentimento unânime, somente confusão poderia resultar de uma inovação desnecessária”. [7]

Calvino expressa estar de acordo:

“Embora o sábado tenha sido revogado, ainda nos assiste ocasião: (1)para nos reunirmos em dias determinados para o ouvir da Palavra, o quebrar do pão místico e as orações públicas...”; (2) para dar descanso do trabalho a servos e operários... Porém, estamos usando-o como um recurso, um medicamento necessário para se manter ordem na igreja... Também devemos observar juntos a ordem prescrita pela igreja para o ouvir da Palavra, a administração dos sacramentos e as orações públicas”. [8]

Quanto ao dia, Calvino acreditava que a Igreja apostólica escolheu sabiamente o primeiro dia, porque foi o dia da ressurreição de Cristo, Mas diz: “Nem me prendo ao número “sete” de modo a obrigar a igreja sujeitar-se a ele, E não condenarei igrejas que têm outros dias solenes para suas reuniões, contanto que não haja nenhuma superstição”. [9]

Mas de acordo com Paulo em Romanos 14 e Gálatas 4, nenhum homem ou igreja tem a prerrogativa de estabelecer um dia para outros, Portanto, se somos proibidos de adorar no sétimo dia e não podemos legislar um dia, a única alternativa é que Deus já legislou um novo dia. Citando Dabney novamente:

“Se fomos bem-sucedidos em provar que o sábado é uma instituição perpétua, a evidência parecerá perfeita, A lei perpétua do decálogo mandou que todos os homens, em todos os tempos, guardassem um dia de sábado, e “até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra” (Mt 5,18), O Apóstolo, em Colossenses 2,16, 17, diz-nos claramente que o sétimo dia não é mais nosso sábado, Que dia é, então? Deve ter sido substituído por algum dia, e qual deles é mais provável de ser o substituto verdadeiro senão o dia do Senhor ? A lei não é revogada; não pode ser. Mas Paulo mostrou que ela está mudada, Para qual dia mudou o sábado, senão para o primeiro: nenhum outro dia da semana tem sombra de direito. Precisa ser este, ou nenhum; mas não pode ser nenhum; portanto tem de ser este”. [10]

Como, então, Deus revelou à Igreja a mudança de dia? Buscaremos a resposta a esta pergunta no próximo capítulo.

NOTAS:

[NT] — Gl 4.10-11; "Vocês estão observando dias especiais, meses, tempos definidos e anos! Temo que os meus esforços por vocês tenham sido em vão" (NIV).
[1] — Joseph A. Pipa, Jr., Root and Branch (Filadélfia: Great Comission Publications, 1989), cap. 7-10,
[2] — Ver H.C.G. Moule, Colossians and Philemon Studies (Londres: Pickering & Inglis Ltd) p. 175.
[3] — Owen, p. 362 (com minha ênfase).
[4] — Dabney, Lectures, pp. 385, 386 (ênfase minha)
[NT] — Em inglês, Sun - day, dia do sol. Em contraste, no português: Domingo: (do latim, dies dominicu), dia do Senhor, Novo Dicionário Aurélio).
[5] — Richard Lewis, The Protestant Dilemma (Mountain View, Cal., 1961) pp. 85, 141, citado em Jewett, 113.
[6] — Lewis, p. 103, citado em Jewett, 113.
[7] — Martin Luther, The Larger Catechism (Filadélfia: Fortress Press, 1959), 20.
[8] — John Calvin, lnstitutes of Christian Religion (Filadélfia: The Westminster Press, 1967) II, viii, 32, 33, 34, [As lnstitutas: João Calvino]
[9] — Calvin, II, VIl, 34,
[10] — Dabney, Lectures, 390, 391.

Fonte: O presente artigo é o capítulo 7 do livro O Dia do Senhor, de Joseph Pipa, publicado no Brasil pela Editora Puritanos.

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