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June 28, 2018

Eis a Identidade Presbiteriana - Rev. Ageu Magalhães



INTRODUÇÃO

A “identidade presbiteriana” é bastante citada no contexto presbiteriano, mas é quase um jargão não muito bem definido. Por conta desta indefinição foi que resolvi escrever algumas linhas sobre o assunto, algo sintético mesmo.

Alisto abaixo o que é distintivo em nosso sistema e, na sequência, a explicação de cada um dos pontos:

- Governo: Representativo
- Ofícios: Presbíteros (docentes e regentes) e Diáconos
- Regra de Fé e Prática: Bíblia
- Teologia: Reformada, Aliancista
- Subscrição: Confissão de Fé, Catecismos Maior e Breve de Westminster
- Culto: Princípio Regulador do Culto (só o que é prescrito na Bíblia é permitido)
- Dons espetaculares: Cessacionista 
- Ceia: Presença Espiritual de Cristo
- Batismo: Aspersionista e Pedobatista


1. GOVERNO REPRESENTATIVO

As 3 principais formas de governo de igreja são:

1. Episcopal - Um governa todos. A decisão final sobre os assuntos da igreja, tanto doutrinários como administrativos, vem do bispo, pastor, presidente ou missionário. É a forma que encontramos na Igreja Episcopal e na maioria das igrejas pentecostais e neopentecostais.

2. Congregacional – Todos governam todos. O processo de decisão passa pela assembleia, a reunião de todos os membros da igreja. É a forma encontrada na Igreja Congregacional e na maioria das igrejas batistas.

3. Representativa – Alguns governam todos. As decisões são tomadas por um conselho de Presbíteros eleitos pelos membros da igreja. É o sistema de governo das igrejas reformadas e presbiterianas.

A IPB segue o governo representativo. Presbíteros são eleitos com mandatos de 5 anos para tomar as decisões da Igreja. Há assuntos que eles não podem decidir como, por exemplo, as eleições de oficiais e decisões quanto ao patrimônio da igreja. Estes temas são decididos pela própria assembleia. A base bíblica deste sistema vem do governo dos anciãos no Antigo Testamento (Dt 22.15), passando pela sinagoga (Lc 7.3-5) e culminando no Novo Testamento (At 14.23). No Concílio de Jerusalém, o problema doutrinário não foi resolvido por um homem, nem pelo grupo de 5 mil crentes, mas por representantes das igrejas (At 15.2,4,6).

Assim, nas igrejas presbiterianas, não é "o pastor que manda". Pastores presbiterianos que agem assim estão indo contra a nossa forma de governo. O Conselho, formado por todos os Presbíteros, é que deve tomar as decisões da Igreja e, diante do Senhor, embaixo de oração, pastorear bem o rebanho de Deus.

Quer aprofundar-se um pouco no assunto. Leia:

- WITHEROW, Thomas. A Igreja Apostólica: Que Significa Isto? Recife: Editora Os
Puritanos.
  

- BANNERMAN, James. A Igreja de Cristo: Um Tratado sobre a Natureza, Poderes, Ordenanças, Disciplina e Governo da Igreja Cristã. Recife: Editora Os Puritanos.


2. OFÍCIOS: PRESBÍTEROS (DOCENTES E REGENTES) E DIÁCONOS

Jesus Cristo é o Rei da Igreja e a governa por meio de oficiais. Nas Igrejas Presbiterianas os oficiais são os Presbíteros e os Diáconos.

Há denominações no mundo que defendem a existência de 3 ofícios permanentes: Pastores (ou Bispos), Presbíteros e Diáconos. Porém, quando estudamos os textos no detalhe percebemos que o Novo Testamento usa os termos Bispo, Presbítero e Pastor com o mesmo significado. Veja, por exemplo, Atos 20 quando Paulo chama os mesmos homens de Presbíteros e Bispos, dando a eles encargos de Pastor.

Em Atos 15, quando uma séria questão doutrinária teve de ser resolvida, não foram Apóstolos, Bispos e Presbíteros que deliberaram, mas Apóstolos e Presbíteros.

Os Diáconos são os homens levantados por Deus para servir. A arrecadação de ofertas para fins piedosos, o cuidado dos pobres, doentes e inválidos e a manutenção e fiscalização dos trabalhos na Casa de Deus são atribuições deles.

O Presbítero, tanto o Docente cuja ênfase está no ensino, quanto o Regente cuja ênfase está no governo, são essenciais para a Igreja. Note que até os Apóstolos, possuidores de dons extraordinários e alvos da inspiração divina, não tomaram decisão alguma no Concílio de Jerusalém sem a participação dos Presbíteros.

Hoje, muito do presbiterianismo nacional ainda está em pé por causa dos Presbíteros Regentes, pois são menos vulneráveis aos ventos de doutrina que assolam a Igreja.

Quer aprofundar-se um pouco no assunto. Leia:

- O ofício de presbítero - Geerhardus Vos - https://goo.gl/HW8qHr
- Dois ofícios e duas ordens de presbíteros - George W Knight, III - https://goo.gl/CEhNQg
- Os membros da Assembleia de Westminster e seus escritos (inglês): https://goo.gl/uuAALN
- O Princípio Regulador do Culto – Brian Schwertley - http://www.monergismo.com/…/principio-regulador-culto_brian…
- Por que sou um cessacionista? - Thomas Schreiner -https://goo.gl/1kWqmY
- Você, provavelmente, também é um cessacionista! - Phillip Johnson -https://goo.gl/evHKQB
- O que o cessacionismo não é - Nathan Busenitz - https://goo.gl/gtDB7P
- WITHEROW, Thomas. A Igreja Apostólica: Que Significa Isto? Recife: Editora Os
Puritanos.
  

- BANNERMAN, James. A Igreja de Cristo: Um Tratado sobre a Natureza, Poderes, Ordenanças, Disciplina e Governo da Igreja Cristã. Recife: Editora Os Puritanos.


3. REGRA DE FÉ E PRÁTICA: BÍBLIA

Quando falamos em “regra de fé” queremos dizer que tudo o que devemos crer, em matéria de fé, tem que seguir a regra, isto é, o padrão das Escrituras. O mesmo vale para “regra de prática”. Significa que a nossa prática de vida deve estar de acordo com a Palavra de Deus.

Isso parece óbvio, mas não é. No Romanismo, a tradição está acima das Escrituras. Não importa o que a Bíblia diz, importa o que a Igreja Romana estabeleceu como verdade.

No Pentecostalismo, a experiência está acima das Escrituras. Não importa o que a Bíblia diz, aconteceu comigo, dirá um pentecostal, e isso é o que vale.

Foi pensando nestas distorções que a Assembleia de Westminster declarou: "À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens" (Cap. 1.6)

Assim, o crente orienta sua vida pela Palavra. Não por tradição oral e nem por sonhos ou supostas revelações.

Quer aprofundar-se um pouco no assunto. Leia:

- BEEKE, Joel; ARMSTRONG, John et allis. Sola Scriptura: numa época sem fundamentos, o resgate do alicerce bíblico. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
- BOICE, James Montgomery. O Alicerce da Autoridade Bíblica. São Paulo: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova.
- COSTA, Hermisten M.P. A Inspiração e Inerrância das Escrituras. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
- HARRIS, Laird. Inspiração e Canonicidade da Bíblia. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
- MACARTHUR, John Jr. Como Obter o Máximo da Palavra de Deus. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
- MACGREGOR, Jerry. Conhecendo a Vontade de Deus para as Decisões da Vida. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
- SCHWERTLEY, Brian. O Modernismo e a Inerrância Bíblica. Recife: Editora Os Puritanos

- STOTT, John. Crer É Também Pensar. São Paulo: Editora ABU.

4. TEOLOGIA REFORMADA, ALIANCISTA

A Igreja Presbiteriana teve sua origem na época da Reforma Protestante. John Knox, aluno de João Calvino, foi o homem que liderou a reforma na Escócia para que a igreja se tornasse protestante, recebendo o nome de Presbiteriana. Isso aconteceu em 1560.

A teologia escocesa foi profundamente influenciada pelos escritos de João Calvino e, mais tarde, tornou-se a grande influência teológica da Assembleia de Westminster. A Teologia da Aliança nasceu neste período e foi a constatação de que Deus relaciona-se com o seu povo por meio de Alianças. Reino, Pacto e Mediador (RPM) são, como escreveu Van Groningen, os 3 fios do cordão dourado que percorrem toda a Bíblia, de Gênesis a Apocalipse.

A Teologia da Aliança explica a ligação entre as promessas do Messias no Antigo Testamento e o seu cumprimento no Novo. O mesmo se dá com os ritos, sacrifícios e sacramentos do Antigo Testamento. Todos eles apontam para o Novo Testamento, cumprindo-se em Cristo.

A Igreja Presbiteriana também é herdeira dos cânones de Dort (1618/19) onde ficaram definidos os 5 pontos do Calvinismo: 1. Depravação Total, 2. Eleição Incondicional, 3. Expiação Limitada, 4. Graça Irresistível e 5. Perseverança dos Santos.

Devemos nos lembrar, entretanto, que os 5 pontos de Dort se referem apenas à doutrina da salvação. A Teologia Reformada é bem mais que isso. É uma completa cosmovisão em que a Soberania de Deus é abrangente sobre todas as áreas da criação, desde política, economia, literatura, artes, etc.

Quer aprofundar-se um pouco no assunto. Leia:

- O que é Teologia Reformada – R.C. Sproul - https://goo.gl/4M7dT4
- Teologia Reformada é Teologia do Pacto – Richard Pratt - https://goo.gl/QEz9f1
- O Sínodo de Dort – Juliano Heyse - https://goo.gl/X9excW
- ROBERTSON, Palmer. Cristo dos Pactos. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
- ROBERTSON, Palmer. Alianças. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
- GRONINGEN, Gerard Van. Criação e Consumação. São Paulo: Editora Cultura Cristã. 


5. SUBSCRIÇÃO DA CONFISSÃO DE FÉ, CATECISMOS MAIOR E BREVE DE WESTMINSTER

A Igreja Presbiteriana adota a Confissão de Fé e os Catecismos de Westminster como sistema expositivo de doutrina e prática. Isso equivale a dizer que a nossa forma de doutrina está claramente definida nestes documentos.

Algumas pessoas dizem: A Bíblia é a minha única confissão! Sim, mas, em que você crê? Em qual forma de governo? Em qual forma de batismo? Em que linha escatológica? Note que todos temos uma “confissão de fé” isto é, uma forma de crer nas doutrinas bíblicas. A diferença das igrejas históricas, como diria Carl Trueman, é que a nossa confissão é pública e disponível a quem quiser ler. Não está escondida no coração.

A Assembleia que formulou estes documentos iniciou seus trabalhos no dia 1° de julho de 1643 e continuou em atividade durante cinco anos e meio. Nesse período, houve 1163 reuniões do plenário e centenas de reuniões de comissões e subcomissões. Cerca de 150 teólogos, em sua maioria puritanos, trabalharam para nos legar documentos profundamente bíblicos que têm abençoado gerações de crentes.

Na atualidade, os oficiais da Igreja Presbiteriana do Brasil prometem, em sua ordenação, ser leais às doutrinas da Igreja conforme expressas na Confissão de Fé e nos Catecismos de Westminster.

Quando um pastor presbiteriano crê ou ensina doutrina contrária ao que está nestes documentos, comete perjúrio, falso juramento.

Quer aprofundar-se um pouco no assunto. Leia:

- Confessionalidade: Lato ou Estrito Sensu? – Augustus Nicodemus: https://goo.gl/FbfXf7
- Por que cristãos precisam de confissões - Carl Trueman: https://goo.gl/SkrWg2

- BEEKE, Joel R. e FERGUSON, Sinclair B. Harmonia das Confissões Reformadas. São Paulo: Cultura Cristã.
- BOICE, James et al. Reforma Hoje: Uma Convocação feita pelos Evangélicos Confessionais. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
- DIXHOORN, Chad Van. Guia de Estudos da Confissão de Fé de Westminster. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
- HORN, Leonard T. Van. Estudos no Breve Catecismo de Westminster. São Paulo: Editora Os Puritanos.
- ROBERTS, W. H. O Sistema Presbiteriano. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
- TRUEMAN, Carl. O Imperativo Confessional. Brasília: Monergismo.
- SIMÕES, Ulisses Horta. A Subscrição Confessional. Rio de Janeiro: Efrata.
- WATSON, Thomas. A Fé Cristã: Estudos Baseados no Breve Catecismo de Westminster. São Paulo: Editora Cultura Cristã.

6. O PRINCÍPIO REGULADOR DO CULTO

Em matéria de culto há dois caminhos a serem seguidos: Ou o Princípio Normativo (Católicos e Luteranos) que ensina que o que não for proibido na Bíblia é permitido no culto ou o Princípio Regulador do Culto (Reformados e Presbiterianos) que ensina que apenas o que for ensinado na Bíblia é permitido no culto.

Os ensinos são opostos entre si. No primeiro, para algo não entrar no culto é preciso uma proibição explícita. Assim, posso cultuar dando cambalhotas, acendendo velas e fazendo coreografias? A resposta católica/luterana é: Há alguma proibição quanto a isso na Bíblia? Não? Então, pode.

Já no Princípio Regulador do Culto, para algo não entrar no culto basta não ser ordenado na Bíblia. Assim, posso cultuar dando cambalhotas, acendendo velas e fazendo coreografias? A resposta reformada é: Há alguma ordem de Deus para que isso seja feito no culto? Não? Então, não pode.

A Bíblia é a nossa única regra de fé e de prática também nas questões de adoração. Apenas tendo base bíblica é que algo pode ser permitido no culto.

Qual é o embasamento bíblico do Princípio Regulador do Culto? Por exemplo, Levítico 10, onde Nadabe e Abiú são reprovados por Deus porque trouxeram fogo estranho perante Ele, “o que lhes não ordenara”. Veja que Deus não disse: “o que lhes proibira”. Ou Deuteronômio 12.32: “Tudo o que eu te ordeno observarás; nada lhe acrescentarás, nem diminuirás” e outros textos.

A Igreja Presbiteriana adota oficialmente o Princípio Regulador do Culto. Ele está descrito no texto da Confissão de Fé de Westminster: “... o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por ele mesmo, e é tão limitado pela sua própria vontade revelada, que ele não pode ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens, ou sugestões de Satanás, nem sob qualquer representação visível, ou de qualquer outro modo não prescrito nas Santas Escrituras.” (CFW 21,1)

Quer aprofundar-se um pouco no assunto. Leia:

- Nove Linhas de Argumentos em Favor do PRC – T. David Gordon - http://www.monergismo.com/text…/liturgia/nove_argumentos.htm
- HORTON, Michael. Um Caminho Melhor. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
- ANGLADA, Paulo. O Princípio Regulador do Culto. São Paulo: PES.
- JOHNSON, Terry L. Adoração Reformada. Recife: Os Puritanos.

7. DONS ESPETACULARES: CESSACIONISTA

A Igreja Presbiteriana do Brasil é, por definição, Cessacionista. A Confissão de Fé de Westminster afirma: “... para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isso torna a Escritura Sagrada indispensável, tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo.” (CFW 1.1)

Quais eram estes antigos modos de revelação que cessaram? Sonhos, visões, profecias, teofanias, línguas... Alguns destes foram dons espetaculares que funcionavam como credenciais, isto é, poderes que validavam a pregação da Palavra, para que o povo acreditasse que a mensagem vinha de Deus. Eis alguns exemplos:

Paulo e Barnabé demoraram-se em Icônio “falando ousadamente no Senhor, o qual confirmava a palavra da sua graça, concedendo que, por mão deles, se fizessem sinais e prodígios.” (At 14.3). Paulo relata que os gentios se converteram “por palavra e por obras, por força de sinais e prodígios, pelo poder do Espírito Santo” (Rm 15.18) e que “... as credenciais do apostolado foram apresentadas no meio de vós, com toda a persistência, por sinais, prodígios e poderes miraculosos.” (2Co 12.12) Na mesma linha, o escritor de Hebreus registra: “... como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade.” (Hb 2.3,4)

Com o fechamento do cânon, isto é, com a Bíblia toda escrita, não há mais necessidade de que Deus fale da forma como falava antes. Hoje a Bíblia é a palavra de Deus. O Espírito Santo fala na Palavra. Ela é a “espada do Espírito” (Ef 6.17).

Quanto ao dom de cura, que fazia com que até a sombra (At 5.15) e os lenços (At 19.12) dos apóstolos curassem, ele cessou no período apostólico. Possivelmente, até antes da morte de todos os apóstolos, visto que há relatos de doenças não curadas no Novo Testamento (Fp 2.26,27; 1Tm 5.23; 2Tm 4.20). Deus cura hoje? Com certeza. O dom cessou, mas o poder de Deus continua.

Sobre o dom de línguas, ele nasceu da necessidade de pregação do Evangelho. A questão é: Como aqueles homens simples, alguns pescadores iletrados, pregariam o Evangelho em outros países sem saber o idioma daqueles lugares? Dom de línguas. Em Atos 2, quando o dom é inaugurado, Lucas diz que estavam ali pessoas de “todas as nações debaixo do céu” (v. 5) e que estas pessoas ouviram a mensagem em sua “própria língua materna” (v. 8). Foi uma mensagem compreensível, no idioma dos ouvintes. Em Corinto, nada mudou. Uma cidade banhada por mares dos dois lados, rota do comércio marítimo da época e hospedeira de milhares de estrangeiros. Natural que nesta cidade (a única para a qual Paulo escreveu sobre esse assunto) o dom de línguas fosse utilizado na pregação do Evangelho.

Em suma, o cessacionismo da Igreja Presbiteriana não é a descrença no Espírito Santo e nem no poder de Deus. Cremos que Deus ainda cura, ainda liberta, ainda faz milagres. Todavia, não na dependência de dons apostólicos, pois o ofício apostólico acabou, e nem com base na agenda ou determinação humanas. Deus é soberano e opera onde, quando e como quer.

Quer aprofundar-se um pouco no assunto. Leia:
- O que dizer sobre profecias e línguas hoje? - Richard B. Gaffin, Jr. -https://goo.gl/enBVAJ
- BRUNER. Frederick Dale. Teologia do Espírito Santo. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
- GAFFIN, Richard B. Perspectivas sobre o Pentecostes. Recife: Os Puritanos.
- KNIGHT III, George W. A Profecia no Novo Testamento. Recife: Os Puritanos.
- MACARTHUR, John Jr. O Caos Carismático. São José dos Campos: Editora Fiel.
- ROBERTSON, Palmer. A Palavra Final. São Paulo: Editora Cultura Cristã.


8. CEIA: PRESENÇA ESPIRITUAL DE CRISTO

A questão da presença de Cristo na ceia foi alvo de muita discussão na história da Igreja. Os romanistas criaram a visão de que o pão e o vinho têm a sua substância transformada em corpo e sangue de Cristo a partir das palavras de consagração do sacerdote. Isso se chamou Transubstanciação.

Os luteranos criaram a posição que afirmava a presença física do corpo e do sangue de Cristo juntos com o pão e o vinho. Isso se chamou Consubstanciação. O reformador Zwínglio criou a posição que afirmava a ausência de Cristo na ceia. Para ele a ceia era apenas um memorial ou lembrança da morte de Cristo.

A partir de João Calvino, formou-se a visão da presença real e espiritual de Cristo na ceia, que é a posição seguida pela Igreja Presbiteriana e pelas demais igrejas reformadas. De fato, Cristo está presente na ceia e é por isso que ela é um meio de graça, isto é, um canal através do qual Deus abençoa os participantes. O pão e o vinho continuam sendo pão e vinho, todavia, como Cristo disse “isto é o meu corpo” e “isto é o meu sangue” (Mt 26.26-29) há a presença espiritual, mística e sobrenatural do Redentor no sacramento.

A ceia deve ser ministrada por um ministro da Palavra. Isso deve ser assim por dois motivos: Primeiro, porque na Bíblia não temos sacramentos sendo administrados por não oficiais e, segundo, porque os sacramentos não são divorciados da Palavra, assim, cabe ao ministro da Palavra a sua administração.

Participam da ceia os membros da igreja que já foram batizados e que tem condições de fazer uma autoavaliação de sua fé (1Co 11.28). Crianças não devem participar.

Quer aprofundar-se um pouco no assunto. Leia:
- A Santa Ceia do Senhor – João Calvino: https://goo.gl/4U4hso
- Da Santa Ceia – Gordon Clark: https://goo.gl/LJrWvn
- A Ceia do Senhor – Bíblia de Genebra: https://goo.gl/FPDVUh
- A Presença de Cristo na Ceia – Ronald Hanko: https://goo.gl/yS6iYX
- Um Resumo... da Ceia do Senhor – John Knox: https://goo.gl/5xXPT3
CALVINO, João. As Institutas, Livro 4. São Paulo. Editora Cultura Cristã.
- WATSON, Thomas. A Ceia do Senhor. Recife: Os Puritanos.

9. BATISMO: ASPERSIONISTA E PEDOBATISTA

O elemento exterior utilizado no batismo é a água e não importa a quantidade usada, pois trata-se de um símbolo apenas. Por isso, a Igreja Presbiteriana aceita o batismo praticado em outras igrejas, mas insiste que o batismo por aspersão é bíblico. Textos como o do batismo de Paulo (At 9), do carcereiro de Filipos (At 16) e dos 3.000 convertidos (At 2.37-41) mostram a evidência maior para batismo por aspersão, pois não havia rios ou tanques de água nestes locais para imergir estas pessoas.

Na Igreja Presbiteriana nós batizamos os filhos dos crentes. No Antigo Testamento as crianças eram incluídas no Pacto da Graça por meio da circuncisão (Gn 17.9-14). No oitavo dia de vida, sem ter a mínima ideia do que estava acontecendo, o bebê era circuncidado, sendo introduzido assim, por seus pais, no povo de Deus. Mais tarde, aos 13 anos, ele ia ao templo para confirmar o ato de seus pais, tornando-se um “filho do mandamento” (Bar Mitzvá).

Pedro confirma que a promessa é para nós e nossos filhos: ‘‘Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos, e para todos os que ainda estão longe’’ (At 2.39) e Paulo ensina que os filhos dos crentes, mesmo quando apenas um dos pais é crente, são santos perante o Senhor: ‘‘o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte, vossos filhos seriam impuros; porém, agora são santos’’ (1Co 7.14)

No Novo Testamento temos o batismo de casas inteiras e não há registro de exceção, isto é, não é dito que todos da casa foram batizados, exceto as crianças. Mesmo porque, como já vimos, as crianças sempre fizeram parte do povo de Deus mediante a circuncisão. Assim, Lídia e todos da sua casa foram batizados (At 16.15), o carcereiro de Filipos e todos os seus familiares (At 16.33) e todos da casa de Estéfanas (1Co 1.16).

Além da evidência bíblica, a história da Igreja testemunha o batismo infantil. Justino Mártir (130), Irineu (180), Orígenes (230) e Agostinho (354) escreveram sobre o assunto. Cipriano de Cartago (200) escreveu uma carta testemunhando que o batismo das crianças poderia ser feito a qualquer momento, mesmo antes do oitavo dia de vida.

Batizar nossos filhos é uma bênção dada pelo Senhor. O povo da aliança sempre inseriu seus filhos no pacto com o Senhor. Nas igrejas reformadas as crianças não são apenas apresentadas na frente da Igreja. São batizadas. São inseridas formalmente no povo da Aliança. Os pais são instados a fazerem isso cedo. Oficiais que não concordam com a aplicação deste sacramento, não deveriam estar no oficialato. A teologia do pacto é central na teologia reformada.

Quer aprofundar-se um pouco no assunto. Leia:
- Porque Batizamos por Aspersão - J. B. Green - https://goo.gl/ecJjT3
- Defendendo o batismo infantil em 60 segundos - Bryan Holstrom -https://goo.gl/j488G1
- A pergunta batista mais comum – Brian Crossett – https://goo.gl/ejcSxJ
- Batismo de Crianças – Augustus Nicodemus - https://goo.gl/UqRFiQ
- Batismo: a circuncisão cristã – Paulo Anglada - https://goo.gl/91hUR1
- Por que batizamos crianças – John Murray - https://goo.gl/jvcqrx

CALVINO, João. As Institutas, Livro 4. São Paulo. Editora Cultura Cristã.
- SARTELLE, John, EVANS, John, ANGLADA, Paulo, PIPA, Joseph Pipa. Batismo Infantil. Recife: Os Puritano.


CONCLUSÃO

Em 1970, ao ser reeleito presidente do Supremo Concílio, o Rev. Boanerges Ribeiro fez um importante discurso em que, dentre outras afirmações, disse: "Ninguém nos obriga a ser presbiterianos. Mas, se queremos sê-lo, sejamo-lo honradamente."

Estava certo, aquele querido pastor. Nós respeitamos todas as igrejas genuinamente cristãs, mas defendemos aquilo que cremos porque temos convicção de nossa fé. Todos são bem-vindos a se tornarem membros de nossas igrejas, mas, para isso, têm que aceitar as nossas doutrinas bíblicas. De outra forma, não cooperarão com a unidade de pensamento da Igreja.

A Igreja Presbiteriana do Brasil, por ter se afastado, aos poucos, do estudo da Confissão de Fé e dos seus catecismos vive hoje uma crise de identidade. Temos igrejas bem diferentes, espalhadas pelo país. Quem sabe você, leitor, ao aprender o que foi escrito neste texto, seja um instrumento de transformação, juntamente com muitos outros irmãos, a trazer de volta a nossa amada Igreja Presbiteriana do Brasil às suas antigas doutrinas. Que Deus te abençoe.

May 25, 2018

50 Artigos e 2 Vídeos sobre o Dispensacionalismo


O Dispensacionalismo, corrente escatológica surgida no século 19 com John Nelson Darby, popularizou-se bastante no Brasil graças à Bíblia de Referência de Scofield, aos livros da Editora Chamada da Meia Noite e, por fim, ao best seller "Deixados para Trás" de Tim LaHaye e Jerry Jenkins.

Com o aumento da produção de livros de teologia reformada, a corrente se enfraqueceu, todavia, com o advento da internet e das redes sociais ganhou novo fôlego. Com o objetivo de mostrar o erro desta corrente, amplamente refutada nas últimas décadas, foi que selecionei 50 artigos em português e inglês sobre o tema e 2 vídeos muito instrutivos sobre o assunto. Seguem abaixo:


April 8, 2018

O Sinal da Cruz - Kevin Reed





É apropriado oferecermos alguns comentários sobre a colocação de cruzes em edifícios de culto. Quando falamos da cruz, ou cruzes, estamos nos referindo ao símbolo visível chamado cruz, não aos sofrimentos do Salvador. Quando o apóstolo Paulo exclamou: "Deus não permita que eu me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo" (Gálatas 6:14), ele proferiu uma verdade preciosa. Mas a expressão do apóstolo é obviamente uma sinédoque, pela qual ele exalta a obra salvadora de Cristo. A declaração de Paulo não tem referência a símbolos visíveis, conhecidos entre nós como cruzes.

A adoração direta ou adoração de cruzes é claramente proibida pelas escrituras, no primeiro e segundo mandamentos, que proíbem adorar alguém ou alguma coisa além do Senhor. Historicamente, os protestantes condenaram a adoração de cruzes; por exemplo, a Confissão Escocesa de 1580 lista especificamente a "adoração de imagens, relíquias e cruzes", entre as práticas deploráveis do "Anticristo Romano". (Esta condenação foi estendida ao gesto supersticioso de "cruzar", que também é empregado dentro de ritos e cerimônias romanas).

A maioria dos protestantes ainda reconhece que o culto direto das cruzes é pecaminoso. Mas uma disputa resulta quando muitos protestantes professos defendem o uso da cruz como um símbolo.

Agora, o que é um símbolo? É uma representação visível de algo. Se eles dizem que a cruz é um símbolo da divindade, então eles novamente violam o segundo mandamento, que proíbe fazer ou usar representações do Senhor (Cf. Deuteronômio 4: 15-16; Atos 17:29). Naturalmente, a maioria dos protestantes não afirmaria que a cruz é uma representação de Deus. Portanto, os defensores de cruzes devem explicá-lo como um símbolo de outra coisa; então eles mudam o argumento para dizer que uma cruz é um símbolo da redenção ou da obra de Cristo.

Nesta situação, a cruz torna-se agora um rival feito pelo homem para os sacramentos. Como já observamos, o batismo e a Ceia do Senhor servem como sinais visíveis e selos da obra redentora de Cristo; os sacramentos são uma palavra visível para testemunhar a redenção. "Porque, da mesma maneira que comeste este pão e bebe deste cálice, mostra a morte do Senhor até que ele venha" (1 Coríntios 11:26).

Os defensores de cruzes implicitamente impugnam a sabedoria de Cristo ao suplementar os sacramentos com a cruz como um sinal acessório. É uma implicação inevitável que a cruz, empregada como um símbolo ou como uma ajuda para a devoção, participe de uma característica sacramental como um sinal.

Alguns dirão que a postagem de uma cruz em uma casa ou em um prédio da igreja é uma coisa incidental, assim como o arranjo de cadeiras, carpetes e papel de parede. Mas tais elementos incidentais da decoração não possuem o caráter simbólico da cruz. Os observadores de cruzes devem se opor ao fato inegável de que a colocação de uma cruz dentro de um edifício de culto não é um aspecto meramente indiferente do projeto arquitetônico. Os únicos incidentes em um local de culto são aquelas "circunstâncias concernentes à adoração de Deus, e o governo da Igreja, comum às ações e sociedades humanas, que devem ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, de acordo com a lei geral. regras da palavra, que devem ser sempre observadas. "[10]

É preciso também considerar as associações más da cruz. A cruz, como símbolo ou gesto, não é encontrada nas escrituras. Durante séculos, a cruz tem sido e continua sendo um implemento proeminente do culto e da superstição papista. Nenhum homem sensato pode negar esses fatos. Visto que a cruz não tem garantia bíblica para seu uso, por que ela deveria ter algum lugar entre aqueles que adoram "em espírito e em verdade"? (João 4: 23-24). O povo de Deus foi ordenado a purgar do meio deles os instrumentos da adoração corrupta usada pelas falsas religiões (Deut. 12: 2-3, 30-31).

Além disso, mesmo que a cruz possuísse uma origem nobre, a superstição agora ligada a ela argumentaria pela sua abolição. Considere o exemplo de Ezequias em referência à serpente de bronze. A serpente de bronze foi originalmente construída por ordem de Deus, mas foi destruída quando se tornou uma armadilha para o povo de Deus (2 Reis 18: 4). Quão mais rapidamente, então, devemos descartar um símbolo feito pelo homem que continua a ser um estandarte do Anticristo Romano?

Em resumo, não há autorização bíblica para designar a cruz como um símbolo (ou gesto) para adornar as assembleias do povo de Deus. Até que os detentores de cruzes possam produzir tal mandado, o uso de cruzes é condenado somente com base nisso, uma vez que o princípio regulador do culto proíbe todas as adições humanas aos rituais e símbolos designados por Deus no culto. Além disso, a superstição fomentada pelas cruzes exige que sejam expurgadas do meio do povo de Deus.

February 20, 2018

Problemas na Eclesiologia de Tim Keller



Timothy J. Keller é pastor norte americano, fundador da Redeemer Presbyterian Church, em Nova Iorque. Tim Keller escreveu livros muito bons na área do aconselhamento. Estes livros têm edificado vidas. Todavia, na área da Eclesiologia ele, infelizmente, não é confiável.

No livro "Worship by the Book", recentemente publicado em português pela Editora Thomas Nelson com o título "Louvor: Análise Teológica e Prática" Tim Keller defende que músicos não crentes podem tocar no culto. Veja o trecho abaixo:




Fruto desta visão, em 06 de Novembro de 2016, em um culto dominical, com celebração da Santa Ceia, um trio de bailarinos se apresentou no culto:


Esta apresentação de dança foi duramente criticada. Nota-se que uma visão mais próxima da cultura e mais distante da Bíblia gera este tipo de anomalia no culto ao Senhor.


October 24, 2017

A Ideologia de Gênero sendo desmantelada pela feminista Camille Paglia

A feminista Camille Paglia, no programa Roda Viva Internacional, em 22/10/2015.



September 26, 2017

Mudanças no Culto



"Muitas igrejas mudaram a natureza de elementos tradicionais do culto. Os dirigentes leem textos muito mais curtos da Bíblia e passam muito menos tempo em oração. É mais provável os sermões serem psicológicos em lugar de teológicos ou expositivos. Como cuidar do estresse ou do tempo ou do dinheiro parece estar entre as questões espirituais mais prementes da época. A Ceia do Senhor pode ficar ou eliminada ou enfeitada de novidades cerimoniais e simbolismo.

Muitas igrejas viram mudanças grandes na área da música. Dão muito mais tempo à música e fazem uso de maior variedade de instrumentos e mais música especial, notadamente de solistas e corais. O estilo da música também mudou em muitas igrejas. Música clássica e os hinos tradicionais deram lugar a cânticos de louvor em estilos que variam do rock ou pop ao country e sertanejo. Mais importante ainda, o papel da música mudou para muitos. Enquanto que a música tradicional era parte importante do diálogo entre Deus e seu povo, para muitos a música tornou-se a alma do culto, até sendo chamada da parte de “Louvor e Adoração” do culto. A música para alguns parece ter-se tornado um novo sacramento, transmitindo como intermediário a presença e experiência de Deus, estabelecendo um elo místico entre Deus e o adorador. Com os olhos fechados e as mãos no ar, os participantes repetem frases simples que se tornam mantras cristãos.

Muitas igrejas abandonaram a prática histórica de um ministro ordenado dirigir o culto. Várias partes da liturgia são agora dirigidas por profissionais ou membros da igreja. Em alguns lugares nenhuma parte do culto—nem sermão, sacramentos, bênção—parece estar reservada para o ministro.

Há igrejas que têm feito mudanças quanto ao horário do culto. Em muitos lugares o culto de domingo à noite morreu. Mas sábado à noite apareceu como novo horário de culto para os ocupados, que guardam o domingo para trabalho ou recreação. Algumas igrejas dão muito maior atenção aos dias “santos” do ano eclesiástico. O Natal recebe pelo menos um mês de preparação em muitas igrejas (bem como no comércio). Mas, estranhamente, muitas vezes não se fazem cultos no próprio Dia de Natal."

W. Robert Godfrey, no livro “Reforma Hoje”, da Editora Cultura Cristã, p. 159


December 27, 2016

Sobre comidas e bebidas...




Quando eu tinha 9 anos de idade, em 1981, o primeiro McDonald’s de São Paulo chegou na Avenida Paulista. Foi um evento! Naquela época não havia muitas opções de restaurantes. Na verdade, ir a um restaurante era algo apenas para quem tinha muito dinheiro. Não havia também a enormidade de shoppings centers que hoje temos no país, com suas grandes praças de alimentação. Em São Paulo, em 1981, só havia dois shoppings. Bebida também era algo de pouca opção: Refrigerantes, tubaína, Tang e algumas poucas marcas de sucos.

Trinta e poucos anos depois e o universo de comidas e bebidas ficou imenso. Você entra em uma praça de alimentação e tem todo tipo de opções, para todos os tipos de paladares e bolsos. Você vai a um hipermercado e encontra todo tipo de bebidas: de refrigerantes a bebidas lácteas, chás, bebidas energéticas, etc...

Os programas de televisão que envolvem gastronomia fazem muito sucesso e alguns alimentos triplicam de preço quando acompanhados do nome “gourmet”. Por exemplo, brigadeiro gourmet, pipoca gourmet e até tapioca gourmet...

A grande pergunta é: Por que o mercado de comida e bebida evoluiu tanto? A resposta não é difícil. Alguém já disse que quando uma sociedade se afasta dos prazeres do espírito, o que restam são os prazeres da carne... Desde a época do profeta Isaías (Is 22.13), passando pelo tempo do apóstolo Paulo (1Co 15.32) e chegando aos nossos dias, o lema prático da maioria das pessoas é “comamos e bebamos porque amanhã morreremos” ou, em outras palavras, aproveitemos os prazeres da mesa e da cama enquanto há tempo. Neste sentido, o pensamento existencialista de Kierkegaard, Sartre, Camus e outros continua vivo. Embora as pesquisas apontem um brasileiro que crê em Deus, na prática, a situação é bem outra. A maioria das pessoas usa a ideia de Deus apenas para satisfazer ao verdadeiro ídolo, o próprio ego, com todos os seus prazeres materiais.

Aos que se identificam como discípulos de Cristo vai o alerta: Não viva como aqueles que não temem a Deus. Não coloque a mesa e a cama antes do Reino de Deus. Busque os prazeres do espírito antes que os prazeres da carne.

Em dias comemorativos, de festas, infelizes são aqueles que estão correndo para preparar as comidas e as sobremesas especiais, mas não estão preocupados com o alimento espiritual. Nestas épocas os shoppings, os restaurantes e as casas ficam cheios, mas, as igrejas, vazias... Volta ao primeiro amor, povo de Deus, antes que seja tarde.


Que sigamos o nosso Mestre Jesus ao ponto de dizer com ele: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou...” (Jo 4.34).

December 12, 2016

12 conselhos para festas de crianças cristãs



Como Deus nos deu a bênção de termos 3 filhos e, sendo pastor, a questão das festas de aniversário já ocupou boa parte de nosso tempo e pensamentos. Posto abaixo algumas conclusões que eu e minha esposa temos obtido no decorrer destes anos, em forma de 12 conselhos:

1. Sempre comemore o aniversário da sua criança. Não deixe passar em branco. Nem que seja um bolinho feito em casa na presença apenas dos pais e dos irmãos. Reúna-se em torno da mesa, ore ao Senhor, cante o parabéns e celebre o ano de vida. Tire fotos para registrar o momento.

2. Não ensine materialismo à sua criança. Se para você a coisa mais importante em um aniversário é um buffet luxuoso, roupas impecáveis, a melhor comida e bons presentes, sem querer você pode estar passando ao seu filho a ideia de que coisas são mais importantes que pessoas e do que Deus.

3. Ensine a humildade, não ostentação. As festas infantis de boa parte dos que não temem a Deus são festas de ostentação. Os pais acabam usando o luxo das festas para ostentarem sua condição financeira nas redes sociais. Lembre-se de que Deus nos chama para uma vida de humildade na Sua presença.

4. Buffets oferecem uma estrutura que deixa os pais sem preocupações quanto à comida, entretenimento, etc, todavia, têm custos altos. Se você não tem dinheiro sobrando, saiba que há opções mais baratas. Nos shoppings centers há espaços de brinquedos, com pequenas salas de festas, que podem ser locados para aniversários. O valor é acessível e as crianças desfrutam dos brinquedos. É preciso, porém, atentar para a segurança, pois o local fica aberto para outras pessoas estranhas à festa.

5. Outras opções de festa possíveis são: 1. A escola da criança. Em algumas escolas é possível combinar com a professora e organizar a festa no final de uma aula para os amiguinhos da classe participarem. 2. O salão social da igreja. Algumas igrejas têm salões sociais que comportam bem a festa. Converse com a liderança da igreja sobre esta possibilidade. 3. O salão de festas do prédio. Se você mora em apartamento sabe que, na maioria dos prédios, há um salão de festas. O espaço não costuma ser grande, mas é possível organizar uma festa ali para pessoas mais próximas. 4. Sua própria casa. No passado, quando não havia buffets, essa era a principal opção. Reúna familiares e amigos em sua casa e faça ali uma agradável festa.

6. Tenha critérios com a decoração da festa de sua criança. Hoje vivemos em um mundo mau e, infelizmente, alguns desenhos infantis são sensuais e outros exaltam as obras das trevas por meio do terror. Analise bem os personagens que seu filho tem apreciado.

7. Não permita bebidas alcoólicas na festa da sua criança. A Bíblia não condena a bebida, mas a embriaguez. Todavia, não faz sentido bebida alcoólica em uma festa infantil. Afinal, que tipo de exemplo você quer deixar aos seus filhos?

8. A quem você deve agradecer pela vida do seu filho ou filha? A Deus, sem dúvida. Então, não realize a festa sem um momento de gratidão a Ele. Convide o seu pastor para, antes do partir do bolo, ler e explicar um trecho da Palavra de Deus e dirigir a todos em oração. Este será um momento de gratidão pela vida de sua criança. Isso tem sido esquecido em muitos aniversários de famílias cristãs. Se você é um dos esquecidos, conserte isso. Aliás, lembre-se de que esta é uma excelente oportunidade para pregar o Evangelho aos convidados não-crentes da festa.

9. Como o aniversário de sua criança deve ser uma expressão de gratidão a Deus por mais um ano de vida, troque a trilha sonora do aniversário por músicas mais saudáveis. Hoje em dia há músicas boas, cristãs, que são bem mais apropriadas que algumas trilhas que os buffets utilizam. Faça uma seleção e leve o pendrive ou cd à festa.

10. Em alguns buffets o momento de cantar o parabéns e partir o bolo é uma grande bagunça conduzida pelos funcionários do salão de festas. Se você pretende ter um momento de leitura da Palavra e oração, avise a liderança do buffet que este momento será do seu jeito e não do deles.

11. Cuidado com a exaltação humana. Na vida do cristão quem deve ser exaltado é Deus. Os buffets têm algumas práticas que transformam a homenagem em exaltação desnecessária e prejudicial ao ego da criança. Entradas triunfais, luzes, discursos... fique atento a isso.

12. Nesta sociedade materialista é um grande desafio convencer nossas crianças de que o maior presente é a salvação que temos em Cristo, a presença de pessoas queridas e não os brinquedos recebidos. Mas, semeie os valores corretos no coração da sua criança. Como nos é ensinado em Deuteronômio 6, os valores de Deus devem ser inculcados em nossos filhos durante todo o dia, naquilo que falamos e não falamos. Invista nisso.

Os conselhos acima podem ser facilmente adaptados às festas de aniversário de adultos. Aliás, dia desses, eu tive uma grata surpresa: Fui convidado à festa de aniversário de uma jovem senhora da igreja e, quando cheguei, perguntei ao marido: “Posso dar uma palavra e orar na hora de partir o bolo?” Ao que o marido me respondeu: “Pastor, eu já preparei uma pequena liturgia e uma palavra. O sr. se importa?” “É claro que não”, respondi. O que se seguiu foi um precioso momento de oração, cânticos de gratidão acompanhados por um violão, exposição da Palavra e oração. Eu, feliz, comentei com a minha esposa: “Festa de crente é outra coisa...”

Que Deus nos abençoe para aplicarmos a nossa fé em Cristo em todos os momentos de nossa vida, até nas festas. “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” 1 Coríntios 10.31

Na dúvida, Eu ou o Reino?



08 de Agosto de 1536. Ao anoitecer, chega de viagem o jovem francês Jean Cauvin na cidade de Genebra, Suíça, acompanhado de dois irmãos mais novos, Antoine e Marie. O seu plano era passar ali uma noite e prosseguir viagem até a cidade de Estrasburgo. De temperamento introspectivo e tímido, Calvino desejava um lugar calmo para estudar, escrever livros, e oferecer um recomeço de vida aos seus dois irmãos mais novos.

Calvino é reconhecido por algumas pessoas e a notícia de seu pernoite chega a Guilherme Farel, pregador do Evangelho, homem que lutava para que a Reforma Protestante atingisse Genebra. Farel rapidamente vai encontrar-se com Calvino e, na conversa, Farel mostra a ele a necessidade de uma reforma em Genebra. Farel tenta convencer Calvino de que ele é o homem certo para aquela obra. Calvino não aceita. Ele se considera jovem demais, inexperiente, e tamanho trabalho estava fora de seus planos. Cansado de argumentar em vão, Farel, dedo em riste, solta uma imprecação dizendo que Deus poderia amaldiçoar o tempo livre e a paz para estudar que Calvino buscava se ele lhe virasse as costas, recusando seu apoio e ajuda em uma situação de tamanha necessidade como aquela. Calvino abala-se com as fortes palavras. Ele sente que é o próprio Deus chamando-o para o serviço. Percebe que o Reino de Deus deveria estar em primeiro lugar e não o seu descanso e tranquilidade.

Alguns anos mais tarde, ele escreve “o bem-estar desta Igreja, é verdade, era algo tão íntimo de meu coração, que por sua causa não hesitaria a oferecer minha própria vida; minha timidez, não obstante, sugeriu-me muitas razões para escusar-me uma vez mais de, voluntariamente, tomar sobre meus ombros um fardo tão pesado. Entretanto, finalmente uma solene e conscienciosa consideração para com meu dever prevaleceu e me fez consentir em voltar ao rebanho do qual fora separado.” (João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1, p. 42).

O patriarca Abraão deixou todo o conforto de sua cidade, rumo ao incerto, quando atendeu ao chamado de Deus para a obra. O mesmo fizeram os profetas e os apóstolos de Cristo. Entre o conforto de suas casas, famílias e planos pessoais, optaram pelo serviço ao Reino de Deus.

Os tempos mudam, mas Deus continua chamando seus filhos ao trabalho. A Sua Igreja necessita de pessoas para trabalharem nas sociedades internas, na Escola Dominical e na evangelização. Assim, quando você for nomeado ou eleito para algum serviço no Reino de Deus, não vire as costas diante da necessidade. Entenda que é Deus quem nos chama. As nomeações do Conselho ou os votos dos crentes são apenas os instrumentos que Deus usa para efetivar seu chamado individual.

É triste pensar que alguns crentes não atendem ao chamado de Deus alegando cansaço e falta de tempo, mas, se lhes fossem oferecidos mil reais mensais para fazer este serviço o cansaço sumiria e o tempo apareceria. Quem merece mais atenção de nossa parte: Deus ou o dinheiro?

Na dúvida, entre os seus planos e o chamado de Deus, fique com o chamado. Buscai primeiro o reino de Deus.

October 27, 2016

Liberais parasitas


Ontem, ao retornar do trabalho, minha esposa me chamou para mostrar uma das árvores do quintal  ̶  um pé de orvalha, fruta pouco conhecida. A árvore estava tomada por trepadeiras sugando suas forças e apodrecendo alguns galhos. Resolvi cuidar da árvore e passei ali mais de uma hora retirando as trepadeiras parasitas.

Enquanto retirava cuidadosamente as plantas daninhas da árvore me lembrava das aulas de Teologia Bíblica, quando aprendíamos sobre o reino parasita de Satanás. A ideia de que Satanás não tem um reino próprio, mas se estabelece no Reino de Deus como parasita, usufruindo da criação do Senhor.

Me lembrei também dos parasitas que existem nas igrejas. Pastores que entraram no ministério sagrado por interesses baixos, visando dinheiro, status, fama, poder. A motivação para alguém ingressar no ministério sagrado deveria ser, sempre, evangelizar pessoas, ajudar os carentes, cuidar de gente, contribuir para o avanço do Reino de Deus, mas, infelizmente, alguns hoje estão querendo ser pastores pelos motivos errados.

Ao retirar as dezenas de raízes sugadoras, emaranhadas no tronco e enroladas nos galhos eu me lembrei de homens que ocupam postos importantes na Igreja, mas que trabalham contra os princípios da Igreja. Dia desses um colega me contou que um destes declarou a plenos pulmões em um evento: “Eu odeio os puritanos!” Enquanto meu colega contava o ocorrido eu pensava “Que ignorância”. Não sabe este pastor que nossa Igreja foi fundada por puritanos? Não percebe ele que os padrões confessionais de nossa Igreja, os Símbolos de Fé de Westminster, foram produzidos pelo que havia de melhor do puritanismo da época? Não atina ele para o fato de que “odiar os puritanos” é rejeitar a própria história?

Estes, afinal, são os parasitas eclesiásticos. Fazem o curso do Seminário financiados pela Igreja. São acolhidos e sustentados pela Igreja. Recebem a honra de serem identificados como pastores da Igreja, mas trabalham contra a Igreja. Pregam contra a doutrina da Igreja e criticam a história da Igreja. No momento da ordenação pastoral juram lealdade às doutrinas da Igreja, mas, passado pouco tempo, quebram o juramento solene.

Retiram da árvore os nutrientes, sugam tudo o que podem, mas não para o bem da árvore, e sim para o bem do estômago e do próprio ego. Sobre estes foi que Paulo nos alertou: “Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos” (Rm 16.17,18).

Depois de muito trabalho e cuidado eu consegui extirpar da árvore a trepadeira parasitária. Valeu a pena ver novamente o tronco e os galhos da árvore e saber que agora ela poderá retomar o crescimento e gerar novos frutos. Minha esperança e oração é que a Igreja de Cristo se veja livre dos parasitas! Só assim, com unidade de pensamento e propósito (1Co 1.10) poderemos crescer e gerar frutos. Que Deus cuide desta árvore.

September 24, 2016

1‎0 motivos para crianças cultuarem junto com os pais


Na igreja em que pastoreio os professores da Escola Dominical realizam campanhas para os alunos terem frequência na ED, trazerem bíblias, visitantes, etc. Um dos elementos da campanha é a participação dos alunos no culto e a anotação do sermão. Desta forma, eu tenho a grata satisfação de, como pastor, olhar do púlpito e ver crianças e adolescentes prestando atenção máxima no sermão, fazendo anotações. Tem sido uma bênção preciosa ter as crianças e os adolescentes cultuando junto com os pais e recebendo o sermão com atenção. Pensando nisso, resolvi colocar no papel alguns dos motivos que são importantes para mantermos as crianças em todo o período do culto adorando ao Senhor junto com os seus pais.

1°. Crianças aprendendo o que é culto e como cultuar a Deus de forma reverente, não lúdica.

2°. Crianças sendo instruídas sobre o sentido de corpo, de adoração comunitária, adorando com os pais e os outros irmãos do Corpo de Cristo.

3°. Crianças descobrindo, pela simples observação dos adultos, algumas emoções importantes e pouco encontradas em outros ambientes como reverência, alegria, contrição, arrependimento, exortação, consolo...

4°. Pastores pregando mensagens com linguagem mais simples e aplicações direcionadas também para crianças e adolescentes.

5°. Pais treinando os filhos para o culto, durante a semana, por meio do culto doméstico diário.

6°. Pais ensinando seus filhos a permanecerem em silêncio em ambientes que o requerem, como o culto.

7°. Pais continuando o ensino do sermão em casa, verificando se os filhos entenderam a mensagem, resolvendo dúvidas, e aplicando o ensino mais diretamente na vida do filho.

8°. Adultos sendo menos egoístas, aprendendo a suportar algum eventual barulho infantil.

9°. Adultos “adotando” crianças no culto, isto é, trazendo para seu banco crianças cujos pais não são crentes, para que elas não fiquem sozinhas;

10°. Pastores com a consciência tranquila em cumprir exatamente o prescrito na Palavra: Família da Aliança em adoração conjunta.

Por estes motivos tenho incentivado meus colegas pastores a deixarem as crianças no culto, não apenas no domingo da Ceia, mas em todos os domingos. A recomendação do Pastor John Piper, neste sentido, é eloquente: "Você quer que eles aprendam o que é um culto autêntico. A adoração autêntica, verdadeira é a coisa mais valiosa na experiência humana. Pense nisso. O efeito acumulativo de 650 cultos com a mãe e o pai em uma autêntica comunhão com Deus e o seu povo com seus filhos de 4 à 17 anos de idade não tem preço. Isto é incalculável!"

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